A Hard Love escrita por Raiane C Soares, Isa Lopes


Capítulo 10
Once Upon A Time


Notas iniciais do capítulo

Hey! Nyah! voltou! E eu fiz mais um cap fofo, super fofo, na verdade.



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– Aquela se chama Quinn. – Rachel disse, apontando para uma estrela.

– Quinn tem uma estrela com o mesmo nome? – perguntei, virando meu rosto para ela.

– Sim. Noah disse que ela era valiosa demais e única, e precisava ser lembrada, então deu o nome dela à uma estrela.

– Primeiro, quem é Noah? E segundo, como diabos você sabe que é aquela estrela?

– Noah é o namorado da Quinn, e aquela estrela é amarela. Ele disse que sãos os cabelos dela, que desta... destaca...

– Destacam?

– Destacam o que ela tem, além dos olhos.

– Isso foi bonito. – sussurrei, voltando a olhar para as estrelas.

– O que é destacar?

– É como... o que mais chama a atenção. Quinn tem lindos olhos verdes, e eles se destacam ao resto que há nela. Entendeu?

– Acho que sim... Como Brittany? – a olhei confusa, ela sorriu e olhou para mim. – Brittany tem olhos azuis, e eu acho que eles são o que mais chamam atenção nela.

– Exatamente, como Brittany.

Nós voltamos a olhar para as estrelas. Estávamos deitadas na grama, o céu estava escuro, sendo iluminado pela lua, com as estrelas presentes, enfeitando o céu. Passava das oito da noite, Shelby estava assistindo televisão, um programa que, segundo Rachel, era sobre pessoas que precisavam de dinheiro, e respondiam perguntas difíceis.

– Aquela é bonita. – ela comentou, apontando para uma das estrelas.

A estrela era pequena, talvez a menor de todas, mas tinha um brilho diferente, um brilho especial, como se ela fosse feita para ser diferente.

– Aquela devia se chamar Rachel.

Ela se virou para mim rapidamente, um pouco confusa. Eu não havia percebido o que tinha falado, até perceber Rachel me encarar.

– Por quê? – ela finalmente perguntou, voltando a olhar para a estrela.

– Porque ela se parece com você. Sabe? Ela é diferente de todas, mas é a mais bonita, e brilha mais. – seu rosto começou a corar, me fazendo sorrir. – E ela é a menor de todas.

Rachel franziu a testa e me encarou, se sentindo ofendida. Eu já imaginava Rachel correndo para sua casa na árvore, me ignorando o resto da noite, mas ela não fez isso. Ela apenas voltou a olhar para as estrelas.

– Eu daria seu nome à uma estrela, mas não posso.

– Por quê?

– Porque não há estrela bonita o bastante, para desta...

– Destacar...

– Destacar sua beleza. – senti meu rosto começar a corar. – Você já beijou alguém?

Engasguei rapidamente, sentindo um buraco me puxar para dentro da terra. Rachel parecia tão inocente fazendo aquela pergunta, e esperava pacientemente pela resposta. Me sentei, tentando acalmar meu coração, que começou a bater rapidamente.

– P-por que você... – pigarreei e olhei para qualquer lugar. – Por que você quer saber isso?

– Porque eu quero saber. – ela respondeu, como se fosse óbvio.

– Hum... Sim, eu já beijei alguém.

– E... como é isso?

– Eu não sei... é... como um beijo.

Ela se sentou, parecendo mais curiosa. Aquela pergunta não era tão difícil de responder. Era como sentir seu corpo tremer por dentro, suas mãos soarem com a ansiedade, seu coração bater o mais forte possível, seus lábios sentirem formigamento com o toque, e sua boca ficar seca. Mas como eu explicaria isso para Rachel?

– Meninas! – Shelby chamou, me fazendo suspirar de alívio. – Está na hora de ir dormir!

Rachel se levantou rapidamente e olhou para mim, fiz o mesmo, me sentindo aliviada por não ter que responder à pergunta dela. Shelby me emprestou uma camisa grande que era dela, da cor azul, com “Boston” escrito na camisa. No momento achei que seria alguma brincadeira sem graça, por Boston ter ganhado, mas ela disse que não tinha outra camisa daquele tamanho para me emprestar. Assim que parei na porta do quarto de Rachel, a vi em pé, usando um short vermelho, podendo ser visto apenas as barras do mesmo, já que era escondido pela camisa verde que ela usava, de mangas mais compridas que seu próprio braço, e tinha um jogador de baseball desenhado no canto de baixo. Seus cabelos estavam soltos com uma touca vermelha com estrelas brancas, caída para o lado esquerdo, com uma bola fofa na ponta. Rachel estava extremamente fofa usando aquele pijama, e para ficar mais fofa ainda, ela estava agarrada à um coelho de pelúcia rosa, que era maior que seus braços, usando uma touca parecida com a dela.

– Onde vou dormir? – perguntei, evitando olhar para suas pernas.

– Hum... Dino quer saber se você quer dormir conosco. – ela respondeu, abaixando a cabeça.

– Dino?

– Meu coelhinho.

Me aproximei dela, tentando não rir, com tanta fofura.

– Então Dino quer dormir comigo?

– Na verdade ele quer dormir com nós duas.

– Certo... Na sua cama?

– Sim. Eu queria que fosse na casa da árvore, mas mamãe não deixa.

Eu sorri, Rachel se sentou em sua cama e cruzou suas pernas, colocando Dino em cima delas. Me sentei ao seu lado, esperando o momento para me deitar, Shelby apareceu na porta do quarto e sorriu.

– Estão todas prontas?

– Sim. – Rachel respondeu, sorrindo.

Shelby se aproximou e beijou a testa da Rachel, a fazendo deitar.

– Quer beijo de boa noite também, Santana?

– Não, obrigada. – respondi, revirando meus olhos.

Ela riu e foi até a porta, desligando a luz em seguida.

– Boa noite, meninas. Não durmam muito tarde.

Depois que a porta foi fechada, me deitei e olhei para o teto, percebendo algumas estrelas de plástico presas no mesmo.

– Santana?

– Sim?

– Conta uma história para mim?

Me sentei rapidamente e a encarei confusa, vendo seu rosto virado para a janela.

– Eu não sei contar história, Rachel.

– Não é tão difícil assim.

Ela se sentou e abraçou Dino, eu me virei de frente para ela e suspirei, já pensando na história certa.

– Certo. Vou contar uma história que minha mãe contava quando eu era criança.

– Ótimo!

Me levantei rapidamente e fui até o baú de brinquedos, olhei algumas bonecas e peguei uma de porcelana, que tinha os cabelos castanhos, as bochechas rosadas, e um vestido rosa, com flores de várias cores.

– Era uma vez uma linda princesa chamada Dorothy. – me aproximei da cama, vendo Rachel sorrir mais. – Sua beleza era intrigante! Tinha lindos olhos castanhos, lindos cabelos, também castanhos, que terminavam em sua cintura, com leves cachos no final, as bochechas sempre rosadas e macias, o corpo estupendo que...

– O que é estupendo? – ela me cortou, franzindo a testa.

– Hum... Incrível, admirável, adorável...

– Certo, continue.

– Então... Seus vestidos sempre eram perfeitos, feitos com os melhores costureiros, com os melhores tecidos, detalhados com as melhores flores...

– Qual era a cor preferida dela?

– Rosa. Sua cor preferida era rosa. – ela deu alguns pulinhos na cama e sorriu mais ainda, fazendo seus olhos brilharem. – Todos os seus vestidos eram rosa, todos os seus chapéus eram rosa e todos os seus sapatos eram...

– Rosa!

– Exatamente. Mas Dorothy não era totalmente feliz com tudo o que tinha.

– Por que não?

– Porque Dorothy não tinha amigos. – Rachel abriu a boca em surpresa, a deixando mais fofa. – Seus pais perceberam que sua filha não estava feliz, então perguntaram o que tinha de errado. “Eu quero amigos.”, ela respondeu. O rei, que estava preocupado com a filha, mandou trazer princesas de todos os tipos de lugares, para uma festa especial, apenas para sua menina ter amigos. – voltei até o baú e peguei algumas outras bonecas. – Havia princesas de todos os tipos. Loiras, morenas, ruivas... algumas com olhos claros, outras com olhos escuros. Cada uma com um vestido lindo, de cores diferentes, com brilhos em todos os lugares...

– E ela achou uma amiga?

– Embora todas aquelas princesas fossem lindas e encantadoras, nenhuma delas despertou o lado amigo de Dorothy. Durante toda a festa, ninguém viu Dorothy, porque ela havia se escondido no jardim dos fundos do palácio.

– Que pena dela...

– Sim... – guardei todas as outras bonecas e sorri. – Mas naquela mesma noite, enquanto Dorothy dormia em seu quarto, um vento forte começou a soar do lado de fora. Ninguém sabia o grande motivo do vento, pois todos acharam que aquela noite seria calma, já que não havia indícios de chuva, ou qualquer outra coisa. – peguei uma joaninha de pelúcia e me virei de frente para Rachel. – Com todo aquele vento, uma joaninha entrou em seu quarto. Esta parecia frágil, não conseguia mais voar.

– Ela vai morrer? – Rachel perguntou, se inclinando para frente.

– Bem... não. Dorothy, com pena da joaninha, a levou para o jardim, sem que ninguém soubesse. O vento ainda estava forte, mas para Dorothy, aquela joaninha precisava mais de ajuda do que ela. A menina colocou o inseto em baixo de uma das flores mais lindas que havia no jardim. “Obrigada, Dorothy.”, a joaninha disse, surpreendendo Dorothy.

– O que é surpreender?

– Admirada, surpresa... entendeu?

– Sim.

– Com aquela ajuda, a joaninha lhe prometeu um desejo. “O que quer que você queira, eu lhe darei.

– O que Dorothy pediu?

– O que ela mais queria, uma amiga. – coloquei a joaninha no baú e sorri, ao ver uma boneca no final. – A joaninha abriu suas asas e começou a batê-las, mesmo não podendo voar. Suas asas brilharam cada vez mais, alguns pozinhos começaram a sair, deixando Dorothy mais encantada. “Batatum, batunti! Uma amiga, será dada para Dorothy!

– E uma amiga apareceu, certo?

– Não exatamente. Algumas semanas começaram a passar, Dorothy ainda não havia encontrado sua tão esperada amiga.

– Então a joaninha mentiu!

– Foi a mesma coisa que Dorothy pensou. “Aquela joaninha é uma farsa! Me prometeu uma amiga, mas essa não veio!”. Dorothy até pensou em mandar seus guardas procurar a tal joaninha, e matá-la, por fazê-la de tola. Mas um dia... – peguei a boneca que havia visto e escondi atrás de mim. – Enquanto Dorothy caminhava pela cidade, com sua mãe, viu uma menina da sua mesma altura, brincando de amarelinha com outras crianças.

– Como ela era?

– Ela tinha a pele escura, como o carvão, os cabelos pretos, trançados para trás, os olhos pretos com um brilho especial. Suas roupas não eram das melhores, apenas um vestido indo até os joelhos, com algumas partes rasgadas e sujeiras em todos os cantos, seus pés estavam descalços, mas a menina não parecia se importar, na verdade, ela estava bastante feliz. Dorothy sentiu a necessidade de conhecer aquela menina, pois algo dentro dela se acendeu, algo como...

– O lado amigo dela.

– Isso mesmo! Enquanto sua mãe comprava lindos tecidos para seus próximos vestidos, Dorothy se afastou dela e se aproximou das tantas crianças que brincavam. Ela estava maravilhada em como aquelas crianças se sentiam felizes. Elas não tinham nada no valor material, parecia o lado mais pobre da cidade, mas estavam mais radiantes que ela mesma, que morava no palácio. A menina, que antes pulava amarelinha, percebeu sua presença ali, mas ela não sabia quem era aquela garota, que tanto as olhavam. Ela se aproximou de Dorothy e sorriu, um lindo sorriso de dentes brancos. “Você quer brincar conosco?”. Dorothy apenas sorriu e segurou a mão escura da garota ao seu lado. À partir daquele dia, Dorothy e Florence, a garota carvão, como muitos a chamavam, passaram a brincar todos os dias, dentro e fora do palácio, como grandes amigas.

Rachel sorriu e bateu palmas, eu ri com seu entusiasmo, coloquei as bonecas no baú e me deitei, junto com Rachel.

– Essa é uma linda história. – ela sussurrou, fechando os olhos.

– Sim.

– Boa noite, Santana.

Olhei para o seu rosto, ela tinha um pequeno sorriso, que quase estava sendo escondido por Dino.

– Boa noite, Rachel. – respondi, lhe dando um beijo em sua bochecha, em seguida.


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Notas finais do capítulo

Já podem vomitar arco íris.. kkkk