Um novo conto da Bela e a Fera escrita por Dani Silva


Capítulo 2
Capitulo 2




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Ficar em casa estava fora de cogitação e fugir resultaria na morte de meus parentes e amigos. Então aqui estou presa em uma cela há mais ou menos uma semana, não sei bem como o tempo esta passando mais ele passa. Meu diário é meu único companheiro agora, a Fera não apareceu aqui nem alguns de seus criados. Mas sei que eles me dão comida e água, pois os ouso sussurrar.

Alguém andava de um lado para o outro lá fora e as vezes eu ouvia suspiros de alguém, não sei porque mais a cada passo meu coração se acelerava. Meu diário já não era uma companhia bem vinda, suas palavras ali escritas me faziam pensar ou necessitar de liberdade. Os pássaros não cantavam ali, havia apenas o oco do terror do castelo da Fera.

– Isabella? – chamou uma voz. Parecia uma mulher.

Não respondi mais escondi meu diário, eu já não conseguia sobreviver sem sair dali, seria pior sem meu diário cheio de palavras de liberdade.

– Meu nome é Alice. – disse a voz. A menina Alice não parecia distante, sua voz vinha do outro lado da porta. Me ajoelhei de frente a porta e escutei com atenção.

– Eu... Não a conheço. – disse a menina.

– Eu sei... Mas você tem que saber, essa noite meu chefe vira falar com você! Não faça muitas perguntas e não o olhe nos olhos, se não fizer nada disso... Talvez ele a solte e deixe que viva no castelo. – disse ela.

– Mas eu não quero viver aqui. – choraminguei. Ouvi a menina sorrir.

– Eu sei, mas depois que você conhece Ed... Quer dizer a Fera, ele se torna alguém mais...

– Intimidador? – completei.

– Eu ia dizer confiável. Eu volto depois, lembre-se do que lhe disse. – disse Alice se afastando.

Olhei para os lados atônica. Quem era aquela menina? O que fazia ali? E porque me ajudou?

Me deitei na cama de palha que foi uma de minhas companhias durante a noite. E adormeci.

Algumas horas depois...

Se reconquistei a consciência não me lembro, mas abri os olhos devagar e dei de cara com sapatos negros.

A Fera estava ali me encarando com uma sobrancelha perfeita erguida, não olhei em seus olhos, mas pude sentir que eles me acusavam de algo.

– Vejo que já se acostumou às noites aqui. – disse ele rudemente.

Não ousei levantar, mas me sentei sobe minhas pernas de cabeça baixa. Não fazer perguntas, nem olhar em seus olhos.

– Porque não responde senhorita? – perguntou ele. Meus olhos se encheram de lagrimas de vergonha.

Eu imaginei ser levada de minha casa muitas vezes, encontrar o grande amor da minha vida e viver feliz para sempre... Mas jamais imaginei isso.

– Não gosto de ser ignorado! Olhe para mim. – rosnava ele.

Sem querer olhei. Não fitei seus olhos mas levantei a cabeça. Meus lábios tremiam, não sei se por medo ou pelos soluços que eu segurava.

– Senhor... Ela deve estar mal... Talvez o senhor... – dizia Alice.

Me virei para ela e não pude conter o choque. Ali estava uma menina talvez da minha idade, era jovem e linda. Mas havia algo diferente nela, algo que a fazia parecer brilhante.

– Quieta Alice! – rosnou a Fera lançando um olhar intimidador para a jovem que não se contraiu em medo, mas apenas revirou os olhos.

A Fera não pareceu se incomodar.

– Qual o seu problema? Eu sei que sabe falar. – disse a Fera se aproximando e examinando meu rosto.

– Sim, eu sei falar. Mas meu pai me deu educação, não posso chamar um cavalheiro de todos os nomes que passam em minha mente para dizer-lhe. O silencio para mim, já lhe diz algo. O senhor não concorda? – disse irritada.

Eu não deveria ter dito nada, eu sabia disso. Mas estava com raiva e não queria admitir para mim mesma que estava na hora de mostrar para ele que eu era diferente dessas outras jovens que ele raptava.

– Não eu não concordo, Isabella. – disse a Fera. – Mas creio que estou te tratando como uma dama deve ser tratada, aqui lhe dei água e comida não concorda?

– Sim... Mas eu não pedi para estar aqui. – disse e encarei seus olhos.

O verde selvagem se tornou negro, e escuro. Como se a escuridão estivesse dentro dele.

– Não você não me pediu... Mas se ofereceu, a não ser que queira que eu volte a sua casa e... – começou ele indo em direção a porta.

Agarrei seu pulso, o que o fez olhar para mim surpreso.

– Por favor... Não faça isso. Faço qualquer coisa, não machuque meu pai. Ele é tudo que tenho. – disse e o soltei. Algumas lagrimas escorreram pelo meu rosto e as limpei com cuidado.

– Alice! – rosnou a Fera. A menina apareceu em um piscar de olhos.

– Sim? – disse ela.

– Mostre a Isabella o castelo, e depois de a ela um quarto. – disse ele e saiu pela porta.

Alice sorriu para mim amigavelmente.

– O que ele...?

– Você vai morar aqui! E ira gostar, no começo é ruim, mas depois fica... – disse Alice.

– Pior? – completei.

– Eu ia dizer divertido... Você não é muito positiva não é? – disse ela pegando meu braço e me tirando da cela.

– Fui arrastada a um lugar que não conheço, com um cara que me da medo, pra um castelo onde passei dias sem ver a luz do dia, uso esse vestido o mesmo tanto de dias que não vejo a única pessoa que amo de verdade. Por isso não sou positiva! – disse.

– Eu... – começou a jovem Alice.

– Tudo bem... Eu não devia ser grosseira não é culpa sua afinal. – disse.

– Eu não deveria perguntar... Mas o que você fez a ele? – perguntou.

– Se você quer saber eu não sei. – respondi.

Começamos a descer uma escada cheia de poeira e cheiro de mofo. Parecia que ninguém limpava ali a anos.

Quando chegamos ao final, uma enorme sala com um candelabro enorme pendia no teto, as paredes de um ton de bege gritavam paz e sussego, o teto era tão branco que dava a impressão que brilava como o sol.

– Uau. – disse sem poder me conter.

Alice deu uma risada musical.

– Eu sei lindo né? – disse Alice.

– Sim é perfeito! Porque ele tem uma casa tão tranquila se é...

– Uma Fera? Bem, você vai aprender que a muito mais além do que medo e terror nos olhos dele... – disse ela.

– Porque você disse que eu não podia olhar nos olhos dele? – perguntei.

– Porque ele sempre diz, que é isso que o faz se sentir uma Fera... O medo estampado nos olhos dos outros que encaram seus olhos. – disse ela.

Foi exatamente o que fiz.


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