Gaara: Você não parece ser do tipo que convida homens para irem na sua casa a primeira vez que o vê. Ou me enganei?
Ino: Péssima insinuação. Mas qual seria o problema exatamente em levá-lo para a minha casa?
Gaara: O fato de você nunca ter me visto antes?
Ino: Eu já disse que não perco tempo com bobagens. Você é legal e eu sei disso. Sei que posso confiar em você.
Gaara: Eu poderia ser um estuprador ou um assaltante. Você está agindo de forma incoerente.
Ino: Não sou boba ou ingênua se é o que pensa. Se você fosse um estuprador como afirma, bem, esse jardim está deserto e já escureceu. Acho que se você fosse fazer algo, faria aqui, e não na minha casa onde meus pais estarão presentes, já que como cancerígena, preciso de cuidados constantes, por isso não moro sozinha. Assaltante você poderia ser, mas estou usando um brinco que vale mil dólares sem contar minha pulseira e você nada fez. E caso roubasse minha casa, tudo está no seguro e todo nosso dinheiro no cofre. Não teria nenhum prejuízo. Além disso, não temo que vá tentar qualquer tipo de avanço comigo, porque sei que não sou atrativo para homem nenhum.
Ela o fitou divertida a todo o momento, mas no fim, suas palavras soaram amargas.
Gaara: Você tem razão quanto ao fato de eu não ser um mau caráter. É uma observadora nata Ino e estou impressionado. Não é a toa que age de maneira espontânea e impulsiva, já que sabe avaliar o caráter das pessoas antes de agir. Mas se engana quanto a sua aparência. (tocou os cabelos dela e sorriu) Você é linda. Talvez a doença tenha consumido sua cor e parte da sua vitalidade, mas você é uma das mulheres mais lindas que eu já vi. Pode ter sido mais bela quando sua doença ainda não estava tão adiantada e talvez por isso diga tanta besteira, mas eu afirmo: saudáveis ou doentes, nunca vi mulher nenhuma que se comparasse a você nesse instante ou a primeira vez em que a vi, nesse jardim. E se você me conhece tão bem quanto diz, sabe que eu não estou falando por gentileza.

Ino: Talvez eu não o conheça tão bem quanto achei... pois sei que não é gentil... e sei que está mentido.
Gaara: Já eu digo que está precisando de um espelho novo... ou de um namorado novo, porque o seu é um idiota se não diz a cada dois minutos que você é linda.
Ino: (depois de uma pausa) Eu... não tenho namorado. Nunca tive... (se calou)
Ela havia dito aquilo antes que pudesse se refrear. Gaara a encarou, um olhar observador e penetrante, como se estivesse avaliando alguma coisa.
Ino: (voltando ao normal) Agora que esclarecemos que você não é um estuprador ou assaltante... dormirá na minha casa? Vai chover e eu me sentiria muito mal em deixar você dormindo na chuva e no frio.
Gaara: O que seus pais vão dizer quando você chegar com um completo desconhecido na sua casa?
Ino: Eles vão entender... eles sempre entendem... sabe como é, eles entendem que eu queira viver bem cada minuto... e não questionam. Sou obcecada por esse jardim e minha mãe nunca perguntou nada... isso se chama ligação entre pais e filhos. Eu acho isso.
Gaara cruzou os braços e ficou pensando por um momento. Enfim, respondeu.
Gaara: Irei para a sua casa. Mas com uma condição.
Ino: Exigente você. O que quer para não dormir mal e no frio durante a noite?
Gaara: Quero que me conte o que busca na outra vida que não conseguiu ou conseguirá nessa.

Ino: Isso é um pedido muito pessoal.
Gaara: Bem, então você será a culpada por um homem dormir na chuva e no relento.
Ino: Eu posso mentir para você, sabia?
Gaara: Sei que não o fará.
Ino: Como pode ter certeza?
Gaara: Porque a conheço mais do que você pensa. E sei que você não mentiria Ino. Você não consegue mentir. Talvez por isso tenha sofrido demais na sua vida... por não conseguir ocultar a sua doença.
Ela ficou em silêncio novamente. Ele ergueu o rosto dela delicadamente, e sentiu que ela estava ficando intimidada. Com medo... mas medo do que? Os sentimentos de Ino eram inconstantes demais... ele sorriu, pensando que era suspeito para falar de qualquer coisa em relação aos sentimentos.
Gaara: Tem amigos?
Ino: Não. (com voz fraca)
Gaara: Motivo?
Ino: Crianças não entendiam porque eu ia para a escola dia sim e dia não e passava de ano. Achavam que eu era a favorita da professora e me odiavam. Adolescentes tem vida muito intensa para entender que eu não posso beber, fumar e entrar em ambientes com cheiro de cigarro e drogas... enfim sou sozinha porque é mais fácil.
Gaara: Mas mesmo assim está tentando... ser minha amiga, não é verdade?
Ino: Sim. É difícil ser sozinha... claro, tenho a Tenten mas... ela é distante e fria demais para eu chamá-la de minha amiga íntima.
Gaara: Preconceito... você é sozinha por preconceito.
Ino: Você tem amigos?
Gaara: Não... eu tenho medo das pessoas.
Ino: Motivo?
Gaara: Elas sempre acabam me machucando... de uma maneira ou de outra. Tenho medo de me aproximar.
Ino: E teme que eu faça o mesmo?
Gaara: Não mais... embora eu não saiba o motivo... talvez porque nós dois tenhamos sofrido e... as pessoas nos desapontam...
Ino: É... talvez.
Gaara: Acho melhor irmos. Está ficando tarde e sua mãe vai ficar preocupada. Vem... vai começar a chover em breve.
Ino: Eu não disse que vou contar o que busco na próxima vida.
Gaara: Você vai... não agora mas... você vai me dizer.
Ino: Como tem certeza?
Gaara: Eu simplesmente sei.

Não eram nem oito horas da noite quando Tenten acordou. Sakura havia mandado ela ir para a casa, então ela havia dormido das duas da tarde até aproximadamente oito horas. Ficara dois dias inteiros sem dormir e agora dormira seis horas... mal dormidas ainda por cima.
Ela se sentiu tentada entre tomar um calmante ou ir ver televisão. Acabou ficando deitada na cama, olhando para o teto. Neji Hyuuga ... o nome apenas lhe lembrava o milionário, mas o rosto... ela já havia visto aquele rosto antes. Franziu a testa e apertou o lábio. De onde o conhecia?
Não conseguiu se lembrar. E tentou a todo o custo. Tenten se virou para o lado e pensou em ir até o hospital, rever o rosto daquele homem para saber de onde o conhecia. Teria visto ele em alguma foto? Não. Sabia que seu conhecimento ia além de uma foto ou imagem. Ela já tivera contato com ele... mas quando?
Tenten : Pensamentos estranhos Tenten ... pensamentos estranhos.
Ela sentia vontade de ir para o hospital, mas se lembrou da ameaça precisa de Sakura , dizendo que a demitiria se a encontrasse lá antes das duas da tarde do dia seguinte. Suspirou. Não tinha escolha. Teria que esperar.
Finalmente decidiu pegar um calmante. Sabia que café em excesso e calmantes para dormir não lhe fariam bem. Mas não queria nem pensar naquilo no momento. Pegou o remédio, tomou um gole de água e esperou fazer efeito. Algum tempo depois, mergulhou em um sono incerto, onde via o rosto de Neji e se sentia angustiada por não saber de onde o conhecia...