Mistaken Identity escrita por callmenikki, Mariced


Capítulo 1
1 - O Pesadelo.


Notas iniciais do capítulo

Primeiro capítulo postado por mim, callmenikki.Ainda não sei como vai ser a divisão de capítulos, e nem vou ficar dando ideia aqui, porque se não a MariihGoomes vai jogar tudo na minha cara depois rs.Aproveitem e comentem! (:



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Capítulo Um – O Pesadelo

Ponto de Vista: Vanessa

Eu não entendia o que estava acontecendo. À minha frente estava uma bela mulher de cabelos castanhos e olhos cor de âmbar. Ao seu lado, um estonteante homem de madeixas cor de bronze e olhos da mesma coloração dos da mulher. Eu me sentia pequena, como se houvesse voltado à infância, e sabia, mesmo sem olhar, que estava sentada sobre algo macio, quente, peludo e que se movia para cima e para baixo quase que imperceptivelmente, como uma respiração.

Olhei ao redor, notando que estávamos em uma clareira. Alguns metros às costas da mulher havia uma formação de mantos negros. Eu não os enxergava perfeitamente por causa das lágrimas que me toldavam os olhos, mas sabia que deveria temê-los.

A moça aproximou seu rosto do meu e sussurrou:

– Lembra-se do que eu lhe disse?

Concordei com a cabeça, uma parte de meu cérebro notando que eu entendera o significado por detrás daquelas palavras.

– Amo vocês. – As palavras voaram de minha boca, e notei que o sujeito englobava também o ruivo.

– Nós também te amamos, querida. – O homem murmurou, se aproximando também. A mulher tocou o medalhão dourado em meu pescoço, e completou:

– Mais que a minha própria vida.

Por algum motivo desconhecido, aquelas palavras fizeram um enorme desespero crescer dentro de mim. Era uma despedida.

O casal à minha frente virou-se um para o outro, abraçando-se e beijando-se como se fosse sua última chance. O grupo do outro lado da campina havia começado a murmurar, os burburinhos dos três que tinham mantos de cores diferentes – estes eram cinza, mais claros que os outros – escorregaram lentamente pela neve e se arrastaram até nós. Notei que eles pareciam deliberar algo.

O que quer que fosse o animal no qual eu estava sentada prendeu a respiração e, inconscientemente, o imitei.

Meus olhos se arrastaram pela pelagem castanho-avermelhada, e demorei alguns segundos para perceber que estava sobre um lobo gigantesco. A parte racional de meu cérebro me disse para temê-lo, mas todo o meu corpo gritava que ele era inofensivo. Curvei-me sobre ele, de modo que meus lábios alcançassem sua enorme orelha, e repeti o que falara para o casal:

– Amo você.

O animal abaixo de mim estremeceu, e então voltou a respirar de modo irregular. Ele virou sua grande cabeça em minha direção e esfregou o focinho úmido em minha bochecha. Entendi aquilo como um “eu também”.

O grupo que deliberava hesitou por meio segundo, e então o mundo pareceu acelerar. Algumas pessoas daquela formação nos atacaram, correndo em nossa direção com os olhos vermelhos faiscando, e os lábios arreganhados, deixando os dentes à mostra.

Alguns minutos depois, a briga ainda continuava. Não havia como dizer quem iria ganhar, os dois lados estavam enfraquecidos. Até que aconteceu. A mulher com aparência selvagem que estava protegendo a moça de cabelos castanhos foi atacada.

Na mesma hora, o homem de cabelos cor de bronze correu para ajudar – quem eu achava que era – sua namorada, mas um cara musculoso o pegou pelo pescoço e fez força. Depois de um grito agoniado, sua cabeça não estava mais grudada no corpo, estava no chão.

Eu tentava ajudar, mas parecia que eu só podia assistir. A dor que passou por mim foi extremamente grande, porém, não era nada comparada a que eu sentiria em seguida. O lobo se mexeu debaixo de mim e uivou. Claramente um uivo de dor.

A moça que havia conversado comigo, pareceu descontrolada. Gritou, sem dizer uma palavra, e avançou no cara musculoso.

Ela estava tão focada nele, que não viu outro cara vindo por trás e imobilizá-la. Depois, arrancando a cabeça, do mesmo modo que fizeram com o homem.

Naquele momento, foi como se tivessem tirado um pedaço de mim. Gritei, com tamanha dor. Preferia que eu morresse no lugar deles. Gritei novamente, mas algo prendia meus braços.

– Nessie – A voz rouca me chamava; ainda presa em minha agonia, tudo o que eu conseguia fazer era me debater. – Nessie! – A voz agora era exigente. – Vanessa, acorde!

Abri os olhos, assustada, deparando-me com duas orbes negras. Rolei os olhos pelo local, quase suspirando de alívio ao encontrar as familiares paredes lilás de meu quarto, agora quase cinza pela penumbra que entrava pela janela. Meu padrinho, Jacob, me encarava preocupado.

– Foi apenas um pesadelo. – Falei mais para mim mesma do que para ele. Meus olhos se enevoaram com lágrimas enquanto as última cenas do sonho passavam novamente por minha cabeça. Jake me puxou para seu peito, apertando-me com força em um abraço quente e confortável.

– Foi apenas um sonho ruim, Ness. – Ele sussurrava. – Não é real.

– Parecia tão real. – Murmurei contra a pele quente de seu pescoço. Meu corpo tremia tanto que parecia ter sido feito de gelatina. Respirei fundo, tentando controlar as lágrimas.

– Quer me contar sobre o que era? Talvez eu possa ajudar – Jake perguntou atencioso. Balancei a cabeça em negação. Não estava afim de pronunciar me voz alta o pesadelo. Jacob franziu o cenho, preocupado.

– Mais tarde, se eu lembrar, eu conto. – Completei quando passei os olhos pelo relógio digital no criado-mudo e vi que o mesmo marcava três e meia da manhã.

– Tudo bem, minha Nessie. – Ele murmurou depositando um beijo em minha testa. – Até amanhã querida.

– Até, Jake.

Eu não queria fechar os olhos, eu iria ver o rosto daquela mulher e daquele homem. Eles pareciam tão familiares e ao mesmo tempo tão estranhos. No sonho, eu sentia um amor muito grande por eles, em especial pela mulher. O jeito em que ela falou comigo, foi com carinho e com amor. Como uma mãe falaria com sua filha.

Virei bruscamente para o outro lado. O que eu sabia sobre isso? Minha mãe morreu quando eu tinha apenas dois anos, assim como o meu pai. Jake tem cuidado de mim desde então. A minha testa queimava no local em que seus lábios haviam encostado.

Havia mais isso: Além de todos os meus problemas de adolescente normal, eu ainda era uma tarada de primeira linha que possuía um amor platônico por seu padrinho, homem já feito que a criara desde pequena.

Toda essa situação Eu-amo-o-Jake-mas-ele-não-pode-saber era um dos maiores dilemas de minha vida. Jacob Wolfe era um belo moreno de quase dois metros de altura, excelente porte físico e sorriso mais belo de todo o estado do Rio de Janeiro. E, mesmo assim, eu nunca o vira sair com uma única mulher; ou demonstrar qualquer interesse por elas.

Então, ou ele era homossexual, ou ele conseguia esconder sua vida amorosa dos meus olhos de águia perfeitamente bem. Eu nunca criara coragem para perguntar-lhe sobre isso, apesar da insistência de Mari e Momo, minhas melhores amigas. Elas viviam me dizendo que eu deveria simplesmente chegar e dar-lhe o maior beijo – tudo bem, Momo vivia dizendo – mas eu realmente não tinha coragem para fazê-lo. Afinal, ele me criara; provavelmente me via como uma criança; ou pior ainda, como sua filha.

E foi, pensando nele, que finalmente adormeci.

[...]

Assim que meu pé tocou a rua do colégio, apenas a alguns metros da entrada, o grito familiar de Monique me cumprimentou.

– Nessie! – Gritou ela, correndo em minha direção. Mariana vinha mais atrás, com seus passos calmos e bem calculados, que representavam muito de sua personalidade tranquila, porém um tanto explosiva e muito violenta quando necessário.

– Olá, Momo. – Cumprimentei-a rindo enquanto a loura de cento e sessenta centímetro se jogava em meus braços. – Tudo bom?

– Tudo ótimo! – Ela respondeu com sorriso de rasgar as bochechas.

– Credo, Vanessa, que olheiras são essas? – Perguntou-me Mariana, que acabara de chegar.

– Bom dia, Mari. – Murmurei sarcástica. – Foi só um sonho que eu tive. – Menti dando de ombros.

– Um sonho? – Perguntou-me ela com a sobrancelha arqueada. Monique estava entretida demais observando um gostoso do terceiro ano para prestar atenção na conversa.

– É, eu acordei e não consegui dormi por um bom tempo... – Murmurei andando em direção aos prédios.

– Nessie, hoje nós vamos no shopping, não é? – Momo perguntou, alheia a conversa anterior.

– Momo, fomos semana passada – Reclamou Mari.

– Mas Mari, eu quero ir de novo. Até a Nessie vai, não vai? – ela me perguntou com cara de cachorro sem dono.

– É, vou – suspirei. Eu simplesmente não sabia dizer não pra ela. E Momo sabia e usava isso contra mim.

– Tudo bem, mas você tem que prometer que não vai exagerar – Mariana falou séria, mexendo no celular roxo.

– Eu prometo que não vou exagerar – Momo falou. Quem não a conhece, não sabe que ela esta cruzando os dedos nas costas...

– Monique, é sério... – Mari foi interrompida pelo o sinal.

– Meninas, eu preciso ir para a sala. Minha primeira aula é com o Nelson e vocês sabem como ele fica quando alguém se atrasa, né? – Momo falou, correndo para a sala.

– Ah, ela vai comprar o shopping todo, como você pode concordar com ela? – Mari me perguntou bufando.

– Vamos lá Mari, o que custa fazer a Momo feliz? – Retruquei.

Ela bufou, mas acabou concordando.

– Tenho aula de Inglês agora, até depois Nessie. – Despediu-se Mari, já andando na direção das escadas, indo para o terceiro andar.

– Tchau! – Respondi com a voz mais alta do que deveria, fazendo com que todos os alunos que ainda estavam ali parassem para me encarar.

Com as bochechas ardendo em brasa, caminhei o mais rápido que consegui para a minha sala. Para meu deleite, teria aula de Matemática.

Segui direto para o meu lugar, no fundo da sala. No caminho, cumprimentei alguns colegas. Infelizmente, os alunos eram divididos em três turmas e, ironicamente, consegui ficar separadas das minhas únicas amigas. Eu na turma A, Momo na B e Mari, na C. Depois de pensar muito sobre o assunto, cheguei a seguinte conclusão: o universo conspirava contra mim e não havia nada que eu pudesse fazer.

– Bom dia turma – Uma voz tirou-me de meus devaneios. Não era a voz de Manuela, nossa amada professora de Matemática. Levantei os olhos apenas para encontrar uma mulher jovem e de aparência dura colocando sua bolsa e livros na mesa do professor.

– Cadê a tia Manu? – Perguntou Guilherme do fundo da sala. Sim, tia Manu. Era assim que a maioria dos alunos se referia a gentil senhora de sessenta e poucos anos, e ela simplesmente amava isso.

– A professora Manuela está doente, e eu estou aqui para substituí-la. Meu nome é Katia. – a mulher falou. Suspirei e abaixei a cabeça até encostá-la à mesa gelada. Tinha como o meu dia ficar pior?

A aula passava arrastada, os alunos todos em silêncio, tentando entender o que Katia passava mecanicamente na lousa.

– Wolfe, já que está tão interessada na aula, poderia me dizer qual é o valor da equação no quadro? – perguntou com sua voz anasalada e sua mania irritante de nos chamar pelo sobrenome.

– Setenta e dois – Respondi automaticamente, sem nem mesmo ler a equação completamente. Alguns garotos começaram a gritar, batendo em suas mesas, por conta da resposta certeira e nenhum pouco pensada que dei.

Ela me olhou de olhos arregalados antes de perceber a bagunça.

– Calados – gritou – Como... Como você sabe disso? – perguntou surpresa.

– Eu estava prestando atenção na aula professora – falei na maior cara de pau. Ela bufou e se virou.

Era estranho, eu admito. Tinha vezes que embora eu não soubesse do assunto, eu sabia a resposta. Jake falava que era porque eu tinha o QI acima da média, mas eu, por algum motivo, não acreditava nisso.

Depois de alguns minutos o sinal bateu, anunciando o final da aula. A mulher resmungou um “Tchau” ao pegar suas coisas e seguir para fora. Guardei o caderno na mochila e esperei o próximo professor, Marcos, de Educação Física.

O tempo passou rápido. Quando dei por mim, já estava na hora do intervalo, onde Mari e Momo me esperavam.

Fui para a fila, comprar meu refrigerante e meu salgado. Olhei em volta, procurando as garotas. Elas estavam em uma mesa afastada, como sempre.

Enquanto eu caminhava até lá, recebi vários “Oi Nessie” e “Bom dia, Vanessa”. Não que eu fosse popular, mas eu e as garotas ajudávamos os outros: nos trabalhos, estudar para prova e essas coisas.

– Nessie, Mari e eu estávamos conversando, e achamos melhor irmos depois da aula, almoçar lá.

– Achamos não seria uma boa palavra... Você achou, seria melhor. – Mari retrucou.

– Então vamos só passar em casa pra deixar a bolsa e ir. – Encerrei uma possível briga ali.

– Mudando de assunto, você vai ao passeio? – Mari perguntou sorrindo, mordiscando seu pão de queijo.

– Que passeio? – perguntei interessada.

– Hoje a Karen passou na minha sala, falando sobre um passeio para a Itália – Karen era a inspetora.

– Itália? – perguntei empolgada – Bom, tenho que ver com o Jake...

– Bom dia meninas – falou Wesley, nos interrompendo. Ele era bonitinho, olhos azuis e cabelo loiro. O único problema era que ele gostava de mim.

– Bom dia – nós falamos juntas, exceto Monique, que ficou emburrada.

– Nessie, que tal sairmos hoje? Cineminha, pipoquinha, escurinho... – Ele falou com um sorriso malicioso.

– Não – Momo respondeu por mim, apoiando seus cotovelos na mesa – Ela vai sair comigo e com a Mari.

– Vão pra onde? Posso sabe? – Bryan perguntou bravo.

– Ao shopping – Momo respondeu de nariz empinado.

– Mas Nessie não gosta de fazer compras – suspirei, sabendo o que viria.

Os dois começaram a discutir, enquanto Mari e eu reviramos os olhos ao mesmo tempo. Eles sempre discutem. Isso antes mesmo que eu estudasse aqui, há um ano.

O intervalo terminou e levantei, assim como Mari.

Aqueles dois estavam tão entretidos na briga, que nem perceberam Mari e eu saindo do refeitório.

[...]

O resto das aulas passou normalmente. Chatas e sem graças. Embora não querendo, eu estava empolgada por ir ao shopping depois das aulas. Já fazia algum tempo que eu não saia. Só de casa pra escola e escola pra casa.

Saí como um foguete do colégio, indo para casa. Como Mari morava longe, seguiu com Momo até a casa da mesma para deixar seu material. Depois, nos encontraríamos no metrô.

Demorou uns vinte minutos até a minha casa. Entrei rapidamente, indo para o meu quarto. Peguei a minha bolsa, onde já estava o meu celular, batom, carteira... Enfim, tudo o que eu precisava. Depois fui até a cozinha, e deixei um bilhete para Jake, avisando aonde ia.

Sai de casa, trancando a porta e colocando a chave debaixo do tapete. A estação ficava apenas dez minutos de distância. Ao chegar, encontrei Mariana parada ao lado da catraca, sem sinal de Monique. Vendo as dúvidas nos meus olhos, disse:

– Ela foi comprar o passe. O cartão dela tá zerado.

– Ah, sim. Bem a cara dela – sorri, apoiando-me ao seu lado.

– Não quer desistir? – perguntou em tom de conspiração.

– Desistir?

– É, Momo já deve estar lá, mas podemos dizer que você estava com dor de barriga.

– Porque eu tenho que estar com dor de barriga? Fica você.

– Eu não quero – Falou rindo.

– Eu também não – Respondi também rindo.

– Então deixa, ela vai nos matar se não formos, de qualquer modo – ela murmurou quando a loira sorridente apareceu em nosso campo de visão.

Continua...


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