É eu já havia percebido, meu corpo lutava com todas as foças para não responder àquela mensagem, eu sabia que se respondesse não conseguiria parar, pois aquele belo moreno dos olhos azuis mais penetrantes e maravilhosos que eu já vi dominava a minha mente. Ele era como um belo pôr do sol que quando admiramos nos deixa extasiados com tamanha beleza e simplicidade. O Damon não precisava dizer palavra alguma para se tornar interessante, ele era elegante a seu modo, era belo em cada traço, tanto fisicamente como interiormente, ele era digno de ser eternizado em uma pintura de Leonardo da Vinci. Meu Deus, eu estou simplesmente apaixonada! Sim. É verdade. Eu me apaixonei pelo garoto que me atropelou por eu ser uma completa atrapalhada... Droga! Não da para acreditar!

Resolvi levantar dali, e caminhar até meu apartamento novamente, aquela música e o rosto do Damon não saiam de minha cabeça, nada que eu fizesse mudaria aquilo.

Cheguei em meu apartamento, estava tudo calmo e silencioso; acho que tia Jenna não estava em casa. Avistei apenas Maria cozinhando alguma coisa, acho que era o jantar e pelo o aroma perfeito deduzi que era o ensopado de carne que, pelo que eu sei, é a especialidade da Maria. Caminhei com uma certa lentidão até meu quarto, passando pela cozinha, dei um "oi" para Maria e peguntei sobre Tia Jenna,

— Ela disse que iria visitar uma amiga, acho que se chama Clarice Salvatore, mas disse que não iria demorar. - disse Maria com um dar de ombros para mim. Apenas sorri para a Maria e continuei meu trajeto até meu quarto.

 Minha vontade era de apenas esquecer tudo o que aconteceu, simplesmente, apagar tudo, mas infelizmente eu não possuía o lazer dos homens de preto, e muito menos o poder de deletar a memória que os  vampiros de The Vampires Diaries tinham. Então sendo assim, o que me resta é tomar um bom banho e ler um bom livro.

Quando estava caminhando até meu banheiro, lembrei da minha condição maravilhosa que não me permitia nem se quer tomar um banho sozinha. Sabe de uma coisa!? Eu vou tirar esses troços de mim! Fui até uma de minhas gavetas, em meu Closet e peguei um atesoura grande de ponta que estava guardada lá há algum tempo.

— Caramba! Isso vai doer, e tia Jenna vai me matar. - falei em voz alta para mim mesma.

Não importa. Isso coça demais e é ridículo permanecer com esses gessos, uma vez que o doutor Sr.Emburrado disse que era para permanecer com eles só por precaução, então não terá problema em tira-los, certo?

Comecei a rasgar com força primeiro o gesso que estava em meu braço. De início foi um pouco complicado, pois estava sem apoio e tive que colocar bastante força, mas depois consegui retirar todo o resto. O braço não doeu muito, para meu alivio, mas não consegui flexiona-lo com facilidade. Não fiquei tentando, preferi tirar logo o gesso da perna, pois não queria correr o risco de que tia Jenna chegasse antes que eu terminasse; ela, com toda certeza, me impediria.  Me abaixei um pouco, levando meu tronco até os joelhos e comecei a retirar o gesso da perna, com uma mão só. Foi meio difícil, mas consegui. Para minha alegria eu estava livre daquele troço quente e pinicante.

Andei em direção ao meu banheiro, ainda mancando um pouco, mas agora bem menos do que quando estava com o gesso, assim como o Sr.Emburrado havia dito, foi apenas por precaução.

Me despi, tirei a trança dos cabelos e fui pro boxe, ligando o chuveiro numa temperatura morna, me deixei sentir as gotas que caiam fortemente sobre minha cabeça e escorria sobre meu corpo, ao fechar os olhos o olhar do Damon inundava minha mente. "Meu Deus! Há quanto tempo ninguém me olhava daquele jeito..." Deixei escapar um sorriso, simplesmente, por lembrar do jeito que ele dizia meu nome, mas no instante que meu sorriso se foi, uma lágrima se misturou a água que escorria em meu rosto.

— Droga, droga! Ele não sai de minha cabeça, eu preciso fazer alguma coisa. Eu já sinto falta dele, não dá para maquiar isso dessa forma! É do Damon que eu preciso, é pelo seu sorriso que eu anseio presenciar mais uma vez e a sua voz que eu quero ouvir junto aos meus ouvidos.

Tentei desviar meus pensamentos o máximo que pude e sai do boxe, pegando uma toalha de banho e me enxugando, colocando-a em volta do meu corpo, e outra em meus cabelos, ao olhar para frente me deparei com uma garota no espelho, os olhos inchados, com um olhar meio perdido, como se buscasse por algo que havia deixado passar. Além de perdido, seu olhar era vago, triste... A garota era eu, como eu podia ter deixado aquilo tudo acontecer comigo? Como eu pude permitir que por 2 anos o Matt me tratasse dessa forma? Eu sentia raiva de mim mesma. Isso não era justo! ele tomou tudo de mim e eu deixei... _ Merda ! - exclamei alto.

Minha vontade era gritar, mas silenciei, deixando apenas as lágrimas rolarem, lavando minha alma machucada e amenizando a dor que eu sentia em meu coração.

Sai do banheiro e fui para o closet, peguei minha roupa íntima, uma camiseta azul marinho e um shorts jeans, eu amava aquele shorts! Me vesti com uma certa dificuldade e fui até o banheiro novamente pentear meus cabelos, tentei encarar o menos que pude a imagem que refletia no espelho, eu mal conseguia olhar para mim mesma. Quando terminei de penteá-los, deixei o banheiro e fui até minha prateleira de livros, não pude deixar de fitar o título à minha frente: "A Escolha", de Nicholas Sparks.  A vontade de pegar o livro foi maior  do que eu, então o peguei e caminhei até minha cama, abri em meu capítulo preferido. Ao ler algumas páginas, notei que tinha um papel entre as elas fazendo um pequeno volume, então foliei algumas páginas e encontrei um papel pequeno dobrado no centro da divisão do livro, peguei e o abri, ao ler as palavras que estavam naquele pequeno pedaço de papel, eu quase não acreditei no que vi, era do Damon.

Oi, Lena, agora você deve estar se perguntando o motivo que me levou a escrever nesse papel e deixá-lo dentro desse livro... Bom, eu só gostaria de te dizer que sonhar o mesmo sonho, e compartilhar dos mesmos sentimentos não é algo que devamos relevar; creio que seja algo a mais, pois, antes de te conhecer, meu mundo estava completamente destruído e meu coração massacradamente machucado. Mas depois que te vi, ali no chão deitada, algo mudou dentro de mim. Sim, eu não te conhecia, mas algo me dizia que você era especial, e ao ter uma primeira conversa com você naquele hospital, eu apenas constatei o que já sabia: você é incrível, Lena! Hoje tive, mais uma vez, a prova disso. Saiba que eu jamais deixarei você sozinha. Sei que pode parecer estranho e prematuro tudo o que estou te dizendo, mas acredite, é o que eu sinto. Uma força muito grande não me deixa te deixar, essa força me impulsiona a te conhecer cada vez mais e te proteger de qualquer perigo, e agora, aqui, velando o seu sono, eu sei que nunca irei querer ir embora! estarei sempre aqui, Lena, não importa o que aconteça!

Com carinho,

Damon Salvatore

Oh, meu Deus, Damon! ele havia escrito tudo isso enquanto eu dormia, como eu pude não notar!? Neste momento, tia Jenna bateu na porta do meu quarto, eu disse um "entra" num tom de voz alto, dobrando novamente o papel e guardando-o no livro. Ao entrar, tia Jenna me viu sem os gessos e quase teve um ataque.

— Caramba, Lena! Como você é teimosa!

— Calma, Tia, isso é besteira. Eu não estou sentindo dor alguma. Está tudo bem e sob controle!

Tia Jenna caminhou em minha direção com uma cara meio emburrada, mas eu sabia que, no fundo, ela não tinha ficado tão chateada quanto parecia estar, eu sorri de leve olhando para ela assim que se sentou ao meu lado na cama.

— Fui visitar a Clarice. Ela estava radiante e empolgada com o baile do sábado. Sabe que ela perguntou sobre você..?

— sério? - perguntei um pouco espantada, pois não sabia que a Clarice Salvatore me conhecia...

— sim. Você sabe que ela conhecia sua mãe há muito tempo, elas eram amigas desde a adolescência, então a Clarice acompanhou a gravidez da sua mãe e a sua mãe a dela. Você e o Damon cresceram juntos até os 4 anos de idade, mas um pouco antes de você completar 5 anos, sua mãe e seu pai resolveram vir morar em Nova york, então você foi para uma escola e o Damon para outra e quando os seus pais iam visitar os Salvatore, na Flórida, você nunca os acompanhava, pois estava estudando ou ocupada com alguma coisa.

— hum... e por que os pais do Damon resolveram sairam da flórida para cá? - perguntei curiosa demais, eu mal conseguia acreditar que eu e o Damon nos conhecíamos desde tanto tempo atrás. Eu estava, simplesmente, chocada. Como assim nossas famílias eram amigas?

— Aconteceu uma tragédia dentro da família deles por lá, então a Clarice e o Christian resolveram se afastar para  criar o Damon e o Stepan em paz.

— Uma tragédia? E o Damon tem um irmão?

— Sim. Foi algo de muito ruim que aconteceu no passado e não é necessário voltar ao assunto. É. O Stefan é o irmão mais novo do Damon, a Clarice me disse que ele está terminado a faculdade e vai chegar de viagem no sábado para o baile.

— hum, certo. Que engraçado, eu já conhecia o Damon desde quando praticamente usávamos fraldas! - disse com um sorriso para tia Jenna, aquilo tudo era incrível, e agora algumas coisas faziam sentido, mas por que os meus pais nunca comentaram nada comigo? Na verdade, talvez tenham comentado e eu nunca liguei os o nome as pessoas...

— Elena Gilbert, você realmente não deveria ter tirado os gessos. Sabe que agora você merece até umas palmadas!? - Tia Jenna disse com um ar de riso, olhando pra mim ainda sentada ao meu lado.

— Ai, tia, relaxa! Nem tá doendo. - disse com um dar de ombros.

— Tudo bem, mas não exagere, ok!? Fique o máximo de tempo que conseguir deitada para não forçar sua perna.

— Sim, senhora! Vou ler um pouco e depois vou jantar para ir dormir, não se preocupe.

— Tudo bem, engraçadinha. Qualquer coisa estarei em meu quarto.

— Obrigada!

Tia Jenna levantou-se e saiu fechando a porta atrás de si. Eu fiquei a encarar o livro, repassando em minha mente tudo o que tia Jenna havia falado. Meu coração batia num compasso intenso. Caramba! Eu já conhecia o Damon muito antes daquele acidente! Agora eu concordava plenamente com o Damon, pois, com certeza, tudo não era apenas uma simples coincidência da vida. Talvez o destino quisesse nos juntar novamente, talvez nunca devêssemos ter nos separado. Mas e essa tal tragédia? o que será que pode ter acontecido com a família dele?