Existem momentos da sua vida que você pensa que o universo está contra você, só por que fugi do internato, fiz chantagem com alguns campistas, menti para uma deusa, estou pondo a vida deles em risco, entre outros probleminhas que eu causei tenho que ainda aturar um bode caquético me encarando com tanta raiva que a qualquer momento ele deve me acertar uma bengalada na cabeça. Tudo bem, não eu sou nem um anjo, mas poxa custa às coisas darem certo de vez em quando. Eu posso não ser semideusa, mas parece que nasci com a "sorte" deles.

O Velho decrépito bufava então resolvi falar.

– Am, senhor Bode velho, me desculpe pelo nosso ultimo... Incidente, mas não deixe de nos ajudar por aquele pequeno problema...

– Pequeno problema?! PEQUENO? - Ele encarou todos com seus olhos castanhos escuros, parece que seus pés de bode tremiam de raiva. - Vocês sabem o que essa idiota fez?! Ela destruiu as minhas plantações! Minhas árvores, verduras, tudo! Até hoje não consegui recupera-las 100%... - Ele fungou.

Eric me encarou, provavelmente sentido meu nervosismo.

– O que você fez?

– Eu... Estava aqui em uma viagem escolar, aí encontrei alguns morangos e resolvi comer... Aí esse Sátiro Ancião deu um chilique que eu invadi as terras dele e que não poderia comer sem permissão e blá blá blá. E como o ignorei, ele resolveu tocar sua flauta e simplesmente sua vegetação estava contra mim!

Rick sorriu, provavelmente pensando que faria exatamente a mesma coisa...

– Você fez isso?! – Sofi quase gritou de tão ultrajada.

– Aí! - O satiro resolveu interferir. - Eu queria só que ela fosse embora, mas nãããão ela teve que tirar essas espadas amaldiçoadas e lutas contra! Logo ela destruiu todas as minhas pobres plantinhas... E ainda roubou mais frutas e foi embora!

Ele falando desse jeito, parece até que fiz algo errado... Hm ou talvez ele que seja dramático. (claro que minha consciência ficou pesando 1 tonelada).

– Desculpe. - Murmurei. - Eu não sabia que o que eu fiz fosse tão ruim assim, porém não puna meus amigos por algo errado que eu fiz, por favor. E se tiver algo que eu possa fazer para amenizar, só pedir.

Quando falei, não sabia que seria tão sincero. A pesar de esse satiro ser um rabugento, ele estava certo. Eu invadi a casa dele e destruí suas amadas plantas. Eu estava errada.

– Bem... - Pela primeira vez o satiro sorriu. O que causou mais rugas em seu rosto. - Tem algo sim que eu gostaria que você fizesse ... He he he...

Lembra que eu estava com peso na consciência? Então, estou começando a me arrepender disso. Aquele Bode Centenário me mandou matar uns ogros que estão o incomodado, algo sobre destruir a plantação dele e querer come lo na janta, dá para acreditar? Ele queria que eu fizesse SOZINHA maaas como estou com algemas só veio eu e Eric. Eu poderia até ficar feliz por essas algemas, mas como é culpa delas eu estar aqui nessa situação reprimi esse sentimento (claro que tenho minha “mínima” parcela de culpa...).

– Você tem que aprender a ser mais madura.

– Em?

– Você é muito inconseqüente. - Eric suspirou. - E egoísta também, simplesmente só pensa em você e ignora os outros.

Parei de andar e encarei-o.

– O que?! É claro que não sou assim...

– Não é? Você por acaso pensou por que seus pais te levaram para o internato? Talvez para te proteger! Você pensou duas vezes antes de chantagear a mim e a Sofia? Você conseguiu arruinar a plantação do satiro e nem se preocupou! Por quanto tempo vai continuar pensando só em você?

Eu pretendia dar uma das minhas respostas brilhantes ou simplesmente o mandar ir à merda, mas aquelas palavras vieram como um tapa na cara, eu não pensei em ninguém quando tomei minhas decisões e agora, por minha culpa, esses semideuses podem sofrer serias conseqüências por causa do meu avô (fora que agora posso estar levando o Eric para a morte). É, sou um monstro.

Quando encarei o filho de Hefesto para responder ouvi um rugido e passos pesados, umas árvores caíram a nossa volta e logo a nossa frente tinha uns 5 ogros farejando o ar e repetindo "comida" .

– Que tal falarmos disso depois? - Sussurrei pegando minhas gêmeas.

– Concordo com você.

Antes que os ogros percebessem, já estávamos encima deles.

Voltamos para a casa do bode cansados/exaustos, eu estava toda arranhada nos braços, hematomas para dar e vender e tinha um galo na testa. Apoiado em mim Eric mancava, ele conseguiu estar pior que eu, além dos arranhados, hematomas, ele conseguiu um olho roxo e torcer o tornozelo. Admito que tive minha parcela de culpa (mais uma...), quando o ogro ia me esmagar ele pulou em cima dele e foi jogado longe, nisso torceu o tornozelo.

– Me desculpe. – Murmurei para Eric. – Eu não pretendia ser tão inconseqüente, mas cresci no mundo dos semideuses sem ser um deles, sempre tive que me esforçar muito mais que vocês, treinar mais que o triplo que vocês, aprender a ler grego... E vocês sempre aprendiam tudo os que eu demorava anos para aprender conseguiam em uns míseros meses. Nunca fui de sentir inveja, afinal não queria pais deuses nem nada, só queria ser aceita no mundo em que me colocaram. Porém nem Quíron nem os semideuses me aceitavam direito, só por que sou mortal. – Suspirei, acho que nunca fui muito de falar isso, tanto que falei sem parar. Senti os sentimentos de Eric e algo como pena e raiva se misturavam.

– Você... Você pode ter a vida que tantos semideuses querem e você simplesmente escolheu o mais difícil! Já parou para pensar nisso alguma vez?

– Claro que já. – Ri sem qualquer humor. – Mas como falei, a vida que me foi apresentada foi essa, eu vivia com pais semideuses sendo que um filho de Hades, ou seja, muitos monstros atrás dele. Não posso simplesmente largar tudo e tentar ser uma mortal qualquer, por que eu não consigo! Eu amo essa vida agitada, lutas... Esse mundo. – Bufei exasperada. – Você não entenderia não é mesmo?

Eric estava suado e com roupas rasgadas, sujo na bochecha com terra e seus olhos negros estavam pensativos.

– Se eu não sentisse seus sentimentos, talvez não entendesse. Porém você realmente tentou não é? Ser uma mortal... Mas nunca conseguiu seguir. – Ele parou e me olhou. – Talvez quando tudo acabar você consiga conversar com Quíron e voltar ao que era antes...

– Talvez... – Murmurei, mas a verdade é que acabei pensando que eu posso atrapalhar mais eles do que ajudar então... Será melhor reconsiderar e assim que me livrar das algemas ir embora e dessa vez sem volta.

Quando chegamos, todos pareciam bem, estavam rindo, com sobras de comida na mesa, Sofia estava com um copo de suco de uva conversando com o bode centenário, Isabelle e Rick estavam cochilando em cima da mesa (provavelmente o assunto estava 'emocionante') .

– Podem parar de esconder a preocupação. Chegamos!

Eles ignoraram o que eu falei, mas correram para nos ajudar.

– Bode Velho nós acabamos com os ogros, agora você vem com a gente?

– Hm, pode até ser. Mas pare de me chamar assim, eu tenho um nome... Muito bonito por sinal, meu nome é Anpelos.

Sofi sorriu alegre.

– Significa videira, adorei seu nome Senhor Anpelos!

Rick cruzou os braços com a cara séria.

– Não acredito que foram lutar contra ogros e eu não fui. – Ele bufou.

– Genteee hora de partir! – Isabelle ignorou Rick e começou a aprontar as coisas. – Nosso voou é daqui a três horas e temos que correr ou então Cérbero vai terminar de destruir a cidade.

Eles ficaram falando algo sobre ter que correr e arranjar umas latas para Anpelos, mas não prestei atenção. Na verdade estava pensando em tudo o que Eric disse, chegando a conclusão que sou a pessoa mais egísta do mundo e pretendo parar com isso. Não posso continuar colocando a vida em risco das pessoas. Eric estava tomando sua ambrósia* e néctar*

Ambrósia e néctar = Comidas de semi deuses que os ajudam a se curar bem mais rápido, porém se consumido de mais pode matar hihi. E claro que eu não posso tomar...

Algumas horas depois estávamos no avião a caminho do nosso destino final.

Floquinhos.