Enquanto Nora conversava sobre coisas aleatórias para tentar me distrair, o que não dava muito certo, eu ficava apenas olhando para o plano que tínhamos desenhado no papel, será que tudo o que tínhamos feito daria certo?

Nora tinha dito que o único lugar que David e Hiley poderiam estar seria em seu castelo, pois era onde as almas mais recentes ficavam.

Durante todo o caminho nos deparamos com várias criaturas inimagináveis, e graças ao nosso disfarce, ninguém nos reconheceu ou algo parecido.

Começo a me lembrar de como a minha vida era simples e pacata antes de conhecer David, as únicas coisas que importava era Felipe, a escola, as minhas amigas, nunca poderia imaginar que todo esse mundo existisse realmente, e agora olha onde eu estava o meu mundo tinha virado de cabeça para baixo de tal modo que qualquer pessoa normal ficaria louca.

Dou de cara nas costas de Nora, sem perceber que ela tinha parado, sigo o seu olhar e percebo que já tínhamos chegado piscos algumas vezes para assemelhar melhor o que eu estava vendo.

Era um castelo imenso, em algumas partes as paredes estavam quebradas, e em outras intactas, ao redor desse castelo continha várias árvores, todas elas secas e sem vidas, como se estivesse sido queimada, o que eu não duvidava muito.

Dentro do castelo era como se estivesse pegando fogo, pois tinha várias luzes vermelhas e um barulho de alguma coisa crepitando.

_ Tem certeza que quer seguir em frente? – Pergunta Nora me dando um olhar incisivo.

_ Absoluta – Digo admirada com a firmeza em minha voz, não tinha saído como uma adolescente medrosa, eu estava amadurecendo, e acho que isso era muito bom.

_ Muito bem, então mãos a obra. – Diz Nora dando um sorriso de felicidade, ela nunca tinha planejado e executado um plano e esse sempre tinha sido o seu sonho, o lado bom é que eu estava realizando isso e o ruim é que nunca saberíamos se iríamos sair viva dali.

A primeira coisa que pensei quando entramos no castelo era que iria aparecer qualquer dragão como no Shrek, no caso era fêmea, só faltava o burro, que era o meu personagem favorito.

No mínimo alguns guardas, mas nada, aquilo já estava ficando muito estranho.

Passamos pelo hall de entrada e nos deparamos com um portal todo feito de ferro puro, dois guardas, ou melhor, brutamontes estavam de guarda, ele nos olha de cima a baixo e um deles diz:

_ Monges, muito bem, hoje é o dia da reunião, podem entrar. – Terminam liberando a entrada.

Então quer dizer que tínhamos planejado tudo para nada? Aquilo tinha sido muito fácil, e no dia certo, eles nem se quer tinham nos revistados como seria o normal, mas espera aí, eu estava no mundo das almas, isso significava que nada ali era normal.

Eles abriram a porta e acenaram para que pudéssemos entrar, olho para dentro embasbacada, era um salão imenso, tipo, muito imenso, todo coberto de ouro, e era tão brilhoso que acabava machucando as vistas, no meio do salão continha uma mesa com 12 cadeiras todas feitas de mogno, e no meio era um vidro fumê, todas as cadeiras estavam ocupadas, e na ponta estava o mesmo homem que eu tinha visto antes, alto, loiro, super branco, dos olhos azuis, é claro que era Lúcifer, adentramos o recinto, Lúcifer levanta os olhos e dá um sorriso impecável.

_ Vejo que irá faltar algumas cadeiras, se importariam de ficarem de pé?

_ De modo algum. – Responde Nora, o seu tom de voz estava tão diferente que quase não reconheci.

_ Então iremos prosseguir, como eu estava dizendo, nesses últimos dias, mais duas almas adentraram o nosso mundo, cabem a vocês a decisão do que iremos fazer com eles. – Lúcifer gesticula com a sua mão para um guarda que estava do seu lado, que logo some por uma porta pequena, segundos depois ele retorna com mais quatro guardas, dois estavam segurando Hiley e os outros dois David, seguro um grito que estava prestes a sair de minha garganta.

David estava de cabeça para baixo, e era como se estivesse pendurado em alguma coisa invisível no ar, e Hiley estava com a cabeça caída e sendo segurado pelos guardas para que não acabasse desabando no chão.

Lúcifer aponta o seu dedo para David que começa a se contorcer de dor, ele não tinha mais forças para poder gritar ou algo do tipo, aquilo doía tanto em mim, eu tinha que fazer alguma coisa, mas isso acabaria estragando todo o plano.

_ Para aqueles que querem que eles sejam destruídos levante o dedo, e para aqueles que querem que eles continuem sofrendo durante toda a eternidade também podem levantar o dedo.

Olho para todos os monges ali presente e a maioria vota para que eles sejam destruídos.

_ Vocês não iram votar? – Pergunta Lúcifer em nossa direção.

_ Não estamos dispostas. – Responde Nora mais uma vez.

_ Sendo assim. – Diz ele, e quando ele se levanta em direção a David, o meu coração para, não iria agüentar nem mais um minuto.

_ Não, por favor. – Grito.

David abre os olhos lentamente e olha em minha direção, eu já tinha tirado o meu capuz, e lágrimas escorrem de seu rosto.