LEIAM AS NOTAS FINAIS

— Bom dia. — Peter disse, sorrindo.

— Oi. — Falei com os olhos semicerrados, e o encarei.

— Você tem que comer, já são três da tarde. — Ele sentou-se na pontinha do sofá.

— Se você sentar por cima de mim vai ver. — Falei, me sentando. — Me vê uma comida então, tô com preguiça.

— Tá.

Ele disse aquilo e eu fiquei pasma observando-o ir até a cozinha e começar a remexer nos armários. Eu estava brincando. Mas, já que ele foi, fazer o quê. To começando a perceber que o Peter anda revelando uma personalidade que eu nunca vi que ele tinha, muito menos qualquer pessoa ao redor dele.

Eu já estava com as peças íntimas, então fui até meu quarto enrolada no cobertor que eu trouxera na noite anterior e peguei uma calça de abrigo e uma blusa de manga curtas, que enfiei de qualquer jeito. Fui até a cozinha e tinha um bife em cima da mesa num prato junto com arroz. Os talheres estavam um em cada lado do prato e eu já estava pasma. Peter encarava a comida que ele havia feito com um semblante confuso.

Me sentei na cadeira em frente ao prato e comecei a comer.

— Muito bom. — Falei enquanto mastigava.

— Ah. — Ele sentou na cadeira da frente. — Achei que tinha ficado ruim.

Eu ri e continuei comendo. Estava realmente maravilhoso aquele sabor. Nunca tinha comido algo tão bom assim. Corei ao lembrar do que aconteceu noite passada, e comecei a tossir.

— Que foi? — Ele começou a rir.

— N-nada. — Finalmente consegui falar.

— Ah, sei. — Ele soltou um sorriso malicioso e voltou a me encarar.

— Qual é, me deixa comer. — Continuei mastigando sem olhar para aquela face safada.

Ele deu um riso. Percebi que ele ficou mais vermelho também. Haha.

— Por que você está vermelho, Peter? — O encarei, agora sorrindo.

— N-nada. — Ele sorriu, me imitando.

— Não me diga que você era virgem. — Sorri e percebi que ele pigarreou.

— Claro que não. — Ele me encarou como se aquilo fosse óbvio.

Mas pensando bem, era óbvio mesmo, já que uma pessoa linda daquele jeito não deveria ser virgem nem aqui nem na China. Quem resistiria a aqueles cabelos e olhos exóticos?

— E você? — Ele perguntou, sorrindo novamente.

— Não. — Respondi e percebi que ele ficou sério.

— Interessante. — Ele ficou me encarando com o seu típico semblante monótono.

— Vai ficar bravinho agora? — Ri.

— Não estou bravo. — Ele falou, ainda sério.

— Ah é, me esqueci que você fica sério o tempo todo. — Sorri.

Terminei de comer e fui até a pia, começando a lavar meu prato.

— Amanhã tem aula. — Ouvi Peter dizer enquanto bocejava.

— Não me diga, senhor óbvio.

— Ha ha ha. — Ele disse, sem graça.

(...)

— Bom dia. — Disse Julie, me abraçando. — Gostou da surpresa?

— Como você...

— Eu ajudei Peter a escolher uma banda, descobrir seus gostos e etc... — Ela piscou.

— Ah, obrigada. — Sorri. — Estava maravilhosa.

— Eu sei. — Ela sorriu. — Vamos pra sala, já vai bater.

— Ah, vai indo, vou no bebedouro e já vou. — Falei, me despedindo.

— Tá bom, não demora. — Ela sorriu, saindo.

Ajeitei minha mochila e comecei a andar até o segundo andar para ir até onde eu queria ir. Minha vida nunca esteve tão boa. Subi as escadas e o sinal tocou. Tudo o que eu ouvia eram apenas os meus passos. Fui andando até o fim do corredor, uma área que ficava longe das salas, num lugar meio deserto. Cheguei lá e larguei minha bolsa no chão. Me inclinei e comecei a beber.

Peter foi embora ontem de noite e eu vim sozinha pra escola hoje. Quando cheguei eu o vi de longe e ele acenou, mas subiu antes porque segundo ele tinha um trabalho para terminar com Louis e Henry.

Me afastei do bebedouro e limpei meus lábios com as mãos. Juntei minha bolsa-mochila e a ajeitei nos ombros. Virei-me para ir para a sala e dei de cara com Colin.

— Bom dia. — Ele sorriu.

— Oi. — Falei seca, tentando passar por ele, que me segurou.

— Tenho umas coisas pra te contar. — Ele arqueou as sobrancelhas. — E você não vai gostar nada.

— Me solta. — Falei sobre as mãos dele que seguravam meus ombros.

— Eu.. — Ele foi me empurrando até a parede. Bati a cabeça e soltei um gemido. — Acho que você deve estar muito feliz com o Peter, afinal já fazem dois meses que a Lilly foi embora e tal.

Não respondi, eu apenas tentava bater nele o mais forte que eu conseguisse. Ele pisou por cima dos meus pés e me deixou totalmente imobilizada.

— Ele. — Colin fez uma pausa. — Peter. Ele não é perfeito. Muito pelo contrário.

— Imbecil. — Resmunguei.

— Imbecil é o Peter! — Ele disse furioso. — Você que é perfeita, Sarah! Você não faz ideia do que aquele imbecil faz com você. Você não merece isso. Você vai me agradecer!

— O que tá acontecendo? — Disse Henry parado em nossa frente.

Aproveitei que ele estava distraído e soltei meus pés que estavam sob os seus. O segurei pelos ombros como fez comigo e o puxei para frente, dando uma joelhada em seu estômago.

— Vai se ferrar, seu merda. — Falei, enquanto me aproximava de Henry e via Colin se contorcendo de dor no chão.

Henry me olhava confuso.

— Vamos... — Falei, puxando Henry pelo ombro. Ele finalmente se virou e foi andando comigo até a sala de aula.

Entrei lá dentro e expliquei pro professor que estava tomando água. Henry veio logo depois. Me sentei. Senti Peter me cutucar.

— Por quê demorou tanto? — Ele me encarava monótono.

— Depois explico. — Falei e ele voltou a se concentrar na aula.

Eu fiz o mesmo. Mas não conseguia tirar as palavras de Colin da minha mente.

De que diabos ele estava falando?