Minerva entrou na biblioteca e olhou para o marido, queria consolar ele, mas ao mesmo tempo queria que ele sofresse o tanto que Eric sofreu e sentisse exatamente o que o menino sentiu:

– Ele está certo. – disse ele baixo. – ele foi um peão... De todas as pessoas que eu poderia machucar, justo ele.

Alvo não conseguiu terminar a frase quando começou a chorar, ao mesmo tempo em que tentava respirar, aos soluços ele caiu de joelhos e ele de todas as pessoas não merecia que Minerva o consolasse o abraçando. Eric tirou a camisa rasgada e jogou ela do outro lado do quarto, começando a chutar com força o criado mudo, Harry apenas observava sabendo que era melhor ficar calado e deixar o irmão esvair sua raiva, sabia que não seria ferido mesmo se interrompesse, mas que seria relaxante deixar o irmão extravasar, um após o outro os chutes continuaram, mesmo após um estalo horroroso que foi quando Harry se preocupou, ele tinha escutado um estalo desse uma vez na vida e foi quando tio Valter quebrara o braço de Eric, preocupado e sem saber o que fazer principalmente quando escutou um segundo e Eric caiu sentado chorando encolhido, ele correu do quarto. Minerva tinha finalmente conseguido acalmar Alvo e fazer com que ele sentasse na poltrona, durante esse tempo escutavam os chutes que provavelmente Eric dava no quarto em algum móvel:

– Minerva! – gritou Harry entrando pálido na biblioteca. – é o Eric acho que ele se machucou.

– Como assim? – ela começou a sair junto com Harry.

– Ele estava chutando o criado mudo e o tornozelo dele pegou e estalou, ele chutou errado e mesmo assim continuou e teve outro estalo e ele caiu.

– Fique com Alvo. – foi tudo o que ela disse antes de subir as escadas correndo.

Eric tinha parado o choro quando Harry saiu e ficou olhando para a lua através da janela, ele escutou um suspiro alto, mas ele realmente não queria saber disso, sentiu quando alguém colocou a mão em suas costas, mesmo assim permaneceu quieto:

– Eric. – chamou Minerva, tentando não pensar nas cicatrizes que conseguia tocar nas costas do menino só com a mão espalmada no local. – preciso ver seu tornozelo.

Ela não obteve nenhuma resposta, olhou para ele, seus olhos pareciam estranhos e sem vida enquanto olhava a lua, ela olhou o tornozelo dele dando um outro suspiro era óbvio que estava quebrado, ela não sabia o quanto então decidiu chamar Pomfrey e enviou um patrono. Eric viu algo claro no quarto e olhou para o gato que saiu da janela como se voasse, todo prateado, pouco depois ele estava na cama fora levitado, então focou no teto. Alvo limpou as lagrimas e olhou para Harry o menino permanecia calado, então escutaram uma batida na porta, ele se levantou devagar e foi até ela, quando abriu viu Pomfrey:

– Você parece horrível, mas te examino depois de concertar um tornozelo. – disse ela passando por ele e subindo as escadas.

Ele ficou confuso por um momento e olhou para Harry, que corou um pouco:

– Eric quebrou o tornozelo extravasando a raiva. – disse ele.

Isso deixou Alvo num impasse, subia e iria ver o menino ou ficava exatamente onde estava? Pomfrey fez alguns exames em Eric, então avisou que doeria para consertar, ele nem respondeu ainda olhando o teto, ela suspirou e arrumou logo, ele não fez careta de dor, muito menos gritou, estava calado e ela tinha a sensação arrepiante de que ele nem sentira o que houve:

– Vou enfaixar ele teve uma pequena lesão no musculo, nada grave. – disse ela para Minerva.

– Eric. – chamou Minerva olhando para o menino.

– Ele não vai responder Minerva. – avisou Pomfrey enfaixando firmemente o tornozelo com uma poção que seria absorvida pela pele.

– Claro que ele vai. – retrucou Minerva. – Eric olhe pra mim. – pediu ela olhando ansiosa para o menino que nem mesmo moveu um musculo.

– Eu avisei. – Pomfrey puxou a amiga para fora do quarto. – ele fez o que crianças geralmente abusadas fazem para não ter dor, principalmente as magicas.

– E o que ele fez? – perguntou ela.

– Ele provavelmente se trancou do mundo. – respondeu Pomfrey. – seria bom Alvo subir e usar legiminencia e quebrar a barreira que ele fez.

– Quer dizer que ele não me escuta?

Pomfrey não se lembrou de ver a amiga tão aflita na vida:

– Escuta, sente e vê, é como um estado de meditação. – explicou ela. – no entanto ele não fala, podem esperar ele sair dessa até amanhã, mas se ele não sair é melhor usarem legiminencia.

– Certo. – respondeu Minerva, olhando para Eric novamente.

– Vou checar Alvo, ele parece uma bagunça.

– Acredite ele fez bagunça. – respondeu Minerva tranquilamente.

Minerva entrou no quarto novamente, porque sabia que Alvo estava um pouco mais controlado e Pomfrey iria apenas checar seu marido, enquanto isso ela sentou na beirada da cama e pegou a mão de Eric, ele estava com os olhos abertos, olhando o teto, sua respiração era tão calma e tranquila que era difícil realmente perceber que ele respirava em tudo, ela olhou as poucas marcas em seu tórax, mas as que mais doeram nela foram as das costas, mais uma vez ela queria tê-lo protegido do que ele fez para salvar Harry e mais uma vez ela se arrependia de não estar lá, principalmente agora do modo como ele estava, parecia até para um desatento que ele fora morto e não se fecharam os olhos, foi o pior pensamento que ela pode ter e um frio subiu em sua espinha, ela não sabia exatamente se um dia ela poderia viver num mundo sem Eric Potter e então ela chorou. Eric sentiu sua mão húmida, ele piscou e olhou ao redor, ainda estava no quarto, ainda estava escuro e então olhou para Minerva chorando em silencio e isso o assustou:

– Minerva? – perguntou ele se sentando com medo. – Minerva o que foi? – perguntou ele preocupado.

Ela o agarrou em um abraço forte e explodiu mais ainda em lagrimas, ele ficou ainda mais preocupado, sem saber exatamente o que fazer ele pode ver Alvo aparecer na porta, isso não era sua alegria, mas seria o alivio de Minerva:

– Faça alguma coisa. – exigiu ele para o velho.

Alvo lentamente entrou no quarto e colocou a mão nas costas de Minerva, aos poucos o choro foi passando e ele conseguiu que ela soltasse Eric e a levou do quarto em silencio, ele e o jovem não tinham se entendido, mas quando se tratava de Minerva, eles fizeram um esforço.