Tudo pelo Povo escrita por Raquel Ferreira


Capítulo 37
Assumindo Responsabilidades


Notas iniciais do capítulo

e ai, maltinha?
Como estão?
(3 anos depois, pergunta ela, como se nada se passasse)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/440647/chapter/37

A sala estava silenciosa. Ninguém ousava dizer uma palavra. Eu sentia os olhos de todos em mim, inclusive os dele. Scorpius.

Suspirei.

— Acham realmente que realizar o casamento agora irá mudar alguma coisa? – Questionei.

— Temos de tentar alguma coisa, - disse Draco. – Eu sei que não estamos nas melhores condições, mas se pudermos evitar uma guerra, Rose, temos de tentar.

Estávamos todos reunidos na biblioteca, e nunca esta me tinha parecido tão pequena e claustrofóbica.

Os nossos batedores tinham voltado com notícias. Viktor Krum estava a preparar o seu exército para marchar, o que ia de encontro ao que ele nos tinha ameaçado.

— Eu sei, - assenti. – Eu sei que temos de tentar e farei tudo ao me alcance para o conseguir – conclui. – Parece que vamos casar, - disse, olhando para Scorpius que ainda não tinha aberto a boca uma única vez durante toda a manha.

— Bem, temos de começar a preparar o casamento, - iniciou Astória. – Sei que não é bem o que tínhamos pensado, Hermione, mas é o casamento dos nossos filhos, - sorriu.

Todas as mulheres da sala sorriram, a ideia de organizar um casamento era de uma alegria para todas. Eu ouvi-as falar sobre flores e cores, mas os meus olhos não largaram Scorpius, que continuava calado.

Vi quando ele suspirou.

— Eu….eu preciso de ar, com a vossa licença, - informou, enquanto saída da sala.

Scorpius saiu da biblioteca como um raio, batendo a porta atrás de si. Vi Luke largar a mão de Lexi e levantar-se pronto a ir auxiliar o amigo.

— Eu vou ver se ele está bem, - disse o moreno.

— Espera, - pedi, segurando-lhe o braço. Luke olhou para mim. – Eu vou. Nós precisamos de falar, - esclareci.

O moreno assentiu e sentou-se de novo, enquanto eu seguia as pisadas de Scorpius.

Enquanto passava nos corredores, eu sentia os olhos de todos em mim. Os murmúrios dos criados chegavam-me aos ouvidos, embora tentassem não o demostrar. A surpresa, a incredulidade de que eu tinha voltado. E também a magoa e a descrença.

Muitos estavam felizes por me ver, outros não conseguiam acreditar que eu tinha voltado depois de ter fugido.

Tentei ignorar, como fazia todos os dias em que estava de volta ao castelo. Não valia a pena. Eles tinham o direito de me criticar como quisessem, e eu tinha o direito de não me deixar afetar por isso. Eu tinha as minhas razões e nunca, nunca, os tinha deixado para trás, mas isso eles não sabiam.

Segui Scorpius até aos jardins de Hogwarts. No centro do jardim, existia uma macieira enorme, da qual eu me lembrava de tantos anos atrás, quando tinha 6 anos.

O loiro estava sentado, no banco redondo que existia a toda a volta da arvore, com a cabeça baixa, poisada nos braços. Sentei-me a alguns centímetros dele. Scorpius não se mexeu, embora eu soubesse que ele me tinha sentido aproximar.

Suspirei.

— Sabe, alteza, eu lembro-me desta árvore, - comecei– Costumávamos brincar à apanhada aqui, - informei a sorrir.

— Eu lembro-me, -disse Scorpius, - tu perdias sempre e ficavas chateada por isso. – Concluiu. – E também me lembro de te pedir para me chamares Scorpius.

O loiro levantou a cabeça, olhando para mim, mas ainda mantinha os braços apoiados nas pernas.

Sorri.

— Não sabia se ainda o querias, - disse.

— Aparentemente, vamos casar, - disse, com um esgar do canto da boca, - Acho melhor tratarmo-nos pelo nome.

— Tu não queres casar comigo. – Não era uma pergunta.

Scorpius suspirou e endireitou-se.

— Sabes, quando nos conhecemos, há um ano, eu não queria casar de todo, - informou. – A ideia de ter de assumir essa responsabilidade era-me aterradora, - admitiu. – E depois, tu apareceste, e fizeste-me acreditar que não era assim tão mau. Olha para ti, - pediu, apontando para mim. – Tu és linda, inteligente, leal aos teus amigos, e, por muito que me custe a admitir, provavelmente melhor esgrimista que eu. E eu comecei a aceitar isso, - continuou. – Era o meu dever, e eu devia ficar contente por, pelo menos, a minha noiva prometida não era uma mulher qualquer. – Suspirou.

— Mas? – Incentivei-o a continuar.

— Mas tu foste embora – acusou. – Tu fizeste-me começar a aceitar o casamento e depois foste embora. Abandonaste-me, - disse, levantando-se. – Eu estava pronto a mudar a minha vida por ti, - disse enquanto andava de um lado para o outro. – E tu foste embora, sem dizer nada! Tens ideia do que isso me fez sentir? – Perguntou, olhando-me. E eu vi a magoa que lhe tinha causado. Odiei-me por isso.

— Scorpius, eu…

— Não me interpretes mal – cortou-me, - eu entendo por que o fizeste, mas mesmo assim…

Suspirei.

— Eu não tive opção, - disse.

— Sim, Rose, tu tinhas opção, - argumentou. – Tu podias ter vindo ter comigo e falado sobre o que te estava a incomodar. Eu ter-te-ia dito que a opinião do teu pai de nada valia comigo. Que eu tinha a minha própria opinião sobre ti e que não queria que mudasse em nada – informou. – Mas tu não conseguiste confiar em mim para isso. Decidiste por ti, sozinha. E não é assim que um casamento deve ser.

— Scorpius, - levantei-me, ficando frente a frente com ele. – Eu…- suspirei, sem saber o que dizer. – Tu tens razão, eu poderia ter ido ter contigo. Alias, eu devia ter ido ter contigo – admiti. – Eu vejo isso agora. – E vi-a, o último ano, fez me perceber várias coisas sobre Scorpius que eu não me permiti ver antes. – Mas eu não sabia, eu estava habituada a estar sozinha. Só eu contra tudo e todos. – afirmei.

— Rose, tu quebraste a minha confiança em nós, nesse dia – admitiu, com magoa nos olhos.

E algo dentro de mim apertou. Scorpius não confiava em mim, em nós. Eu…eu tinha-o magoado com as minhas decisões e agora, vê-lo com esta dor nos olhos, fez me sentir perdida. Um sensação que eu nunca antes tinha experimentado, um aperto no peito que me fazia acreditar que não valia a pena. Que, se ele me negasse agora, eu estaria perdida e sem retorno. Eu… eu…

— Eu vou casar contigo – informou, sério. – Mas só e apenas porque o meu povo não tem de sofrer pelos atos de outros. – Scorpius estava tão sério. – Nós vamos casar. E não me entendas mal, eu continuo a achar que tu és uma grande mulher, e que farias tudo pelo teu povo, assim como eu – afirmou. – E eu continuo contente por ter uma noiva como tu – admitiu. Mas eu sentia que havia mais. – Só não me peças para ficar feliz por casar com alguém que eu sei que mais facilmente iria embora do que confiava em mim. E, sinceramente, por muito que te estime, não sei se alguma vez conseguirei esquecer isso.

Scorpius deu um passo atrás, ainda com dor nos olhos.

Eu senti os meus arderem.

— Scorpius, - senti a garganta apertada, - eu… - não conseguia formular uma frase. Suspirei. – Eu lamento que te sintas assim em relação a mim. Eu juro que nunca te quis magoar ou fazer perder a confiança em mim – afirmei. – Eu tentei fazer o melhor que sabia e conseguia – disse. Senti um lagrima cair, rolar pela cara. – Eu prometo que serei uma boa esposa, mesmo sabendo que tu preferias não ter de casar comigo. Eu prometo que farei tudo ao meu alcance para proteger os nossos povos. Tens razão, eles não merecem sofrer pelos meus atos. – Suspirei, de novo. – E, eu vou fazer de tudo para que tu um dia possas olhar para mim sem essa magoa nos olhos.

O loiro suspirou.

— Um dia, íamos casar par proteger o meu povo – disse EU, - agora, eu prometo-te que não vou baixar os braços enquanto o teu não estiver a salvo.

— Agradeço-te por isso, Rose, - disse o loiro, e começou a afastar-se.

Mas eu tinha de perguntar. Tinha de saber.

— Scorpius – chamei. Ele parou e olhou-me.  Suspirei. – Tu… disseste que não querias casar de todo antes, - comecei, - mas agora querias? É isso? – Tentei esclarecer. – Existe mais alguém?

Vi Scorpius baixar o olhar, dando-me a minha resposta silenciosa.

— Não te preocupes, Rose, - pediu ele, olhando-me de volta. – Eu sei as minhas responsabilidades!

E dito isto, foi embora, deixando-me sozinha debaixo da macieira, com o aperto no peito ainda maior.

Ele não queria casar comigo. Eu abandonei-o. Ele gostava dela, Joanne. Ele pensava em casar com ela. Ele não sabia que eu era ela.

E eu estava com ciúmes de mim própria.

Scorpius ia casar com Rose Weasley, mas aparentemente amava Joane.

Eu estava a magoá-lo. Continuava a magoá-lo. E não sabia como por fim a tudo isto.

Não sabia como por fim a dor que me atingiu no peito e que me cortava o coração em pedaços, porque nunca antes a tinha sentido.

Eu… eu…

Eu acho que o amo…


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Tudo pelo Povo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.