P.O.V Beky

Logo depois que a trombeta soou, eu e Leae ficamos em silêncio. A tensão reinando no ar. Então ouvimos um ruído. Eram passos e se aproximavam rapidamente. Eu prendi a respiração. Não eram somente um ou dois passos, era vários passos. Então Sabrina saiu de dentro da escuridão e atacou. Mas Leae foi mais rápida e usou a aste da lança para lhe dar uma pancada na lateral. Ela cambaleou um pouco, mas continuou firme.

Logo Hally e Selly aparecem na mesma hora. Era um truque. Eles estavam atacando por trás. Leae estava cuidando de Hally, mas este somente se posicionou um pouco mais distante e começou a lançar flechas. Selly e Sabrina avançaram para mim na mesma hora. Leae usou a aste da sua lança de novo, atingindo Sabrina e esta se virou para lutar contra ela. Sobrou Selly para mim. A espada dela era de ouro imperial, um dos materiais dos deuses que eu mais odeio.

Eu levantei a minha espada para defender o primeiro golpe, depois eu dei minha própria investida, mas ela bloqueou. Investi de novo, gostava de lutar na ofensiva. No meu redor tudo estava parado, mas só na minha mente. Eu estava ciente de Leae lutando com Sabrina e Hally desmaiado do outro lado. Selly investiu de novo e eu me defendi, mas nesse momento algo me acertou forte na cabeça.

A última coisa de que me lembro é do rosto zombeteiro de Mandy olhando para mim, então eu desmaiei.

_________________________________

– Ela já acordou? – perguntou uma das vozes.

– Não. – respondeu uma voz grossa.

– O próximo desafio é daqui a meia hora, se ela não acordar até lá, será desclassificada. – disse uma voz fina.

Eu abri meus olhos e dei de cara com uma luz branca. Primeiro eu pensei que estivesse na enfermaria do Acampamento Clube dos Deuses, mas então eu me lembrei de que estava nos Jogos e que provavelmente não me levariam para lá. Quando me acostumei com a claridade, vi as três faces pairando acima de mim.

Uma delas era de Summy. Eu sorri com isso, ele também deu um sorrisinho, um pouquinho tímido. A outra era de Leae. Ela estava com um livro embaixo do braço. A última era um homem que devia estar pelos trinta. Ele tinha cabelo e barba curta preta, assim como seus olhos. Usava um jaleco branco, então eu imaginei que fosse um médico.

– Onde estou? – perguntei, me sentando na maca.

– Esta na enfermaria. – disso o homem. – Eu sou o doutor Albert.

– O que aconteceu?

Enquanto Leae explicava como tinham sido dizimados, Summy pegou os meus óculos na mesinha de cabeceira e me entregou.

– Perdemos? – perguntei, quando a filha de Atena acabou o relato.

– Sim. – ela admitiu. – Mas ainda temos o desafio de Hermes.

– Será como Caça a Bandeira.

– Será mesmo.

– O que é isso? – indagou o filho de Ares.

– Você teria que ir lá a Long Island para saber.

Eu e Leae rimos.

– Melhor você vir logo. Ainda tem que trocar de roupa e o próximo desafio é em vinte minutos. – falou Leae.

– Ok. – respondi.

Levantei-me e sai da enfermaria, agradecendo ao doutor Albert. Então eu troquei rapidamente de roupa, nem tendo tempo de tomar um banho. O meu broche continuava ali, como sempre. Ele sempre voltava para a minha roupa, mas nunca era necessário, porque sempre que eu acabava alguma luta, guardava minha espada de volta.

Na sala plataforma, os semideuses estavam divididos. O meu grupo conversava perto do sofá e o outro grupo estava conversando do outro lado da sala. Quanto me aproximei todos perguntaram como eu estava e eu afirmei que estava bem, apesar da pancada que Mandy me dera ter doido. Sentei-me no sofá entre Mark e Carol. Summy e Leae se sentaram em cadeiras próximas. Percebi que depois que o silêncio reinou, todos começaram a olhar para Summy.

– Por que estão todos olhando para mim? – ele indagou.

– Porque você fez um ótimo plano de batalha da última vez e agora precisa fazer outro. – disse Grus.

– Mas o meu plano não deu certo.

– Por que eles usaram um truque. – afirmou Bonny.

– Um truque muito esperto, mas não passou de um truque. – falei.

– Ok. – se rendeu Summy. – Teremos um monstro protegendo a nossa bandeira, mas não será o suficiente. Acho que podemos manter o mesmo plano, com algumas mudanças. Carol vai com Leae para a ofensiva, já que as duas são rápidas. Grus pode montar uma ou outra armadilha pelos acessos. Mark, Beky e eu ficamos na defesa.

– Hum, eu acho melhor ajudar Grus. Ele não vai conseguir montar muitas armadilhas sozinho e eu tenho a impressão de que o tempo vai ser mais curto. – falou Mark.

– Não. – retruquei. – Tem um rio na arena. Mark, você fica lá. É a fronteira. Se eles conseguirem pegar a bandeira, você da um banho neles e eles não vão conseguir cruzar o rio.

– É um bom plano. – afirmou Bonny.

– Resultado da benção da minha mãe. – disse Leae.

Então a plataforma começou a subir, antes mesmo que pudéssemos rir. Olhei para o outro grupo. Eles estavam rindo muito enquanto Mandy fazia uma imitação ridícula de um desmaio. Comecei a perceber que era o MEU desmaio. Uma raiva cresceu dentro de mim. Eu ia dizimar essa garota na primeira oportunidade que eu tivesse.

Então eu me lembrei de Sara dizendo que não era para eu pegar muito pesado com ela, porque apesar de ser uma idiota, ainda era irmã dela. Isso controlou minha raiva. Apesar de tudo eu sabia que Mandy também se importava com Sara e depois que os Jogos acabassem eu ia fazer de tudo para trazer a antiga Mandy de volta.

A arena apareceu na nossa frente. Como no último desafio, não havia mais capsula. Isso me deixou feliz. O sol nascia no horizonte, o céu alaranjado. Apolo e Ártemis trabalhando em perfeita sincronia para isso. Não pude deixar de sorrir.

– Terão meia hora para se prepararem! – anunciou uma voz vinda de algum lugar. – Começando já!

Caminhamos para um lado, enquanto o outro grupo caminhava para o outro. No meio da trilha encontramos a bandeira. Summy a retirou do chão e continuamos caminhando. Achamos um monte de terra, era um lugar alto e atrás dele não tinha muita coisa, já se podia ver a parede.

Todos se dirigiram a seus postos.