Stereotypes escrita por Bruna


Capítulo 9
Always Someone Better 1.


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas! Eu não estava morta, rsrs
Me desculpem pela demora de postar esse novo capítulo, estive ocupada com escola e cursos, além de ter tido vários bloqueios. Hoje estou postando dois capítulos.
Ah sim, antes que me esqueça, também estou reescrevendo alguns capítulos.



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Nicky Jones.

(3 anos atrás)

Mordeu o lápis e voltou-se para a pequena janela salpicada por pequenas gotas. Os grossos pingos faziam questão de dificultar sua visão do gramado verde e vistoso do quintal. Via apenas grandes borrões coloridos e misturados. De vez em quando só identificava um clarão ou outro de um relâmpago, sendo seguido por som estrondoso de várias panelas caindo ao chão.

Poderia estar na praia aproveitando o sol ou quem sabe estar no Shopping fazendo inúmeras compras, mas, infelizmente, estava trancada em casa. Tudo culpa do tom melancólico e cinzento que o dia tinha se tornado.

Seria uma tarde bem tediosa se não tivesse tido a brilhante ideia de jogar RPG com seus melhores amigos, Alice Stamford e Drew Campbell. Eles haviam dormido em sua casa na noite anterior e que, também, haviam sido pegos de surpresa pelos relâmpagos e trovoadas.

O dilúvio de hoje não a impediria de aproveitar o dia.

Para falar a verdade, estava até ansiosa para o começo das aulas. A entrada no Ensino Médio marcaria um novo início para si, pois tinha esperanças de entrar para as líderes-de-torcida e conquistar Ryan Miller. Pena que seus dois amigos fossem um ano mais velho e estudassem em outra escola.

Drew estudava numa escola particular por perto e ultimamente estava conquistando o coração de várias garotas e andava com um grupo de meninos egocêntricos Pensando bem, até que era melhor que o Drew ficasse por lá mesmo. Ele costumava ser bem chato, quando começava a cantá-la a torto e a direita.

Já Alice estudava num internato rigoroso fora do estado. Aparentemente a amiga não gostava do colégio, pois quando perguntara a ela como era o Ensino Médio, recebeu uma resposta bem depreciativa por parte dela. Por fim, Alice não tirou suas dúvidas e assim, resolveu que o melhor era ver com os próprios olhos.

— E agora? — Foi tirada dos seus pensamentos ao encarar o brilho azulado à espera da resposta. Drew era muito lindo, principalmente quando sorria e mostrava as covinhas. Pronto, admitiu.

— Agora…— Olhava do tabuleiro de Dungeons&Dragons para as anotações do caderno escondido por uma folha.

Almejara por tanto tempo a posição de Mestre e, agora, sabia o quanto era difícil ter criatividade por cada decisão do jogo e divertir a todos.

“Se Alice consegue ser um Mestre eu também consigo” pensava.

Batia o pé sem parar tentando pensar em algo para a continuação da aventura. Porém, era quase impossível de raciocinar quando tem duas pessoas discutindo igual a um casal de velhos.

Sabia desde o início, quando Chuck resolvera jogar sem ser convidado, que não ia dar muito certo por causa das implicâncias dele e da Alice. Não entendia como os dois quase não trocavam nem duas palavras e já começavam uma discussão.

“Isso ainda vai dar em casamento!” subiu os óculos que escorregaram até a ponta do nariz. “Hum… até que poderia ser uma boa ideia.”

— Agora Morgue e Damon irão se casar. — Alice e Chuck pararam. — Assim, vocês poderão recuperar a Espada de Cristal!

Drew tocou a marcha nupcial com um violino imaginário. Ele parou ao sentir os olhares flamejantes dos “noivos”.

— A Morgue é uma sacerdotisa que prometeu a castidade em troca dos poderes. — A morena argumentou com a voz baixa. — Entenda, ela não pode se casar.

— Damon e Morgue precisam se sacrificar em prol de um bem-maior. — O discurso havia saído bem mais brega do que imaginava.

Stamford mastigou um chocolate.

— A minha querida Morgue não vai se casar com a personagem dele.

— Não é como se eu tivesse pulando de alegria, gótica. — O irmão passou a mão pela longa cabelereira cacheada. — Você bem que poderia ter me arrumado uma noiva mais gostosa, né gordinha?

Socou o ombro esquerdo do irmão. Esperava que ficasse uma marca roxa do seu punho ali.

— E por que a Morgue tem que se casar com o personagem ladino dele? Não poderia ser com o Aspen?

— Aspen é um Hobbit e a Morgue uma humana.

— E daí? Qual é o problema? — Drew corou. Ele não havia gostado muito de ter escolhido um hobbit como a personagem dele, pois pensou que estava caçoando da altura dele.

—São raças diferentes. — Justificou olhando a sua unha pintada de rosa. Drew bufou, provavelmente frustrado por achar Aspen, como personagem, inútil.

— Pode até serem raças diferentes, mas acho mais aceitável a Morgue se casar com Aspen, já que assim poderia juntar o exército do povo dele com a magia dela. Afinal, o que Damon teria para oferecer? Apenas suas habilidades de furtos que, embora sejam eficientes, não têm sido de grande ajuda nesse momento. Ainda mais que durante a Idade Média, uma nobre não se casaria com alguém de estamento inferior.

Não fica dando opiniões quando a Alice era a mestre, então por que ela teve que abrir a boca agora?

Ainda mais que o Aspen é um noivo muito mais lindo e gostoso, ao contrário de certos idiotas por aí.

— É porque você ainda não me viu pelado.

— Vai para o inferno, Jones!

Assobiou, os chamando a atenção, pela centésima vez.

Sentia-se como um leão desafiado para uma luta valendo o seu domínio. De semblante sério, voltou-se para a amiga.

— Não. — Negou categoricamente. — Eu sou a Mestre, então vocês têm que fazer tudo o que eu mandar, certo? — Alice resmungou algo relacionado a Tolkien se contorcendo no caixão. — Ainda bem que vocês concordam. Hum… certo… Damon e Morgue se casaram, o que você irão fazer agora?

— Consumar o casamento! — Chuck se pronunciou primeiro, jogando a cabeça para trás, radiante. Stamford revirou os olhos.

— Me recuso a participar dessa decisão incongruente. — Apertou os olhos em direção a Alice. Qual era o problema dela?

— Não é de verdade esse casamento. — Seu estômago apertou. Alice-eu-sei-fazer-tudo-melhor-que-você estava de volta — Eu já expliquei o motivo.

— Uma explicação bem absurda e sem sentido, para dizer a verdade. Essa não tem como relevar como das outras vezes, também, infelizes escolhas. Penso que numa próxima vez, eu deveria ser a Mestre. Como sempre. — A Stamford terminou com um meio sorriso.

A vezes dava uma vontade de dar uns belos tapas na sua amiguinha para ver se ela parava de ser tão... ela. Alice a lembrava uma certa pessoa que preferia deletar da sua memória e vida.

Um raio caiu.

Limpou a garganta.

— Para de se achar só porque já leu todos os livros daquele filme “O Senhor dos Anéis” e aquela série do Rei Arthur que não faço o menor interesse de lembrar o nome. — Replicou voraz.

— Como se ler “Crepúsculo” fosse muito melhor.

— Ei, meninas vamos parar de brigar! — Drew ergueu as mãos. — Paz e amor!

— Por mim tudo bem. E você, Dominique?

Alice arqueou uma das sobrancelhas e elevou a cabeça. Uma última troca de olhar.

— Ok. — Empurrou a cadeira. — Pode voltar a ser a Mestre, Stamford. Cansei de jogar.

Abriu o armário, ignorando o olhar vitorioso da Alice. “Exibida”. Correu os olhos e apanhou os dois primeiros pacotes que viu. Prendeu a respiração e pisou duro até a sala.

Sentou no sofá amarelo-mostarda e ligou a TV, emburrada. Zapeou os canais a procura de algo interessante.

Abriu o Ruffles e encheu a boca de batatas chips pensando no quanto Drew e Chuck deveriam estar se divertindo com a história que Alice estaria inventando. Tinha que confessar, ela era mesmo uma boa Mestre. Por que Alice tinha que ser sempre a melhor?

Tinha devorado as batatas chips e, sem nem ao menos sentir o gosto, já estava abrindo a próxima.

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(Atualmente)

Lá estava a cadeira vazia de Chuck que, pela quinta vez, não se juntava a eles para fazer uma refeição em família. Lá estava Frederick lendo jornal, de testa franzida e lábios comprimidos, se importando mais que os problemas de desconhecidos. Lá estava Britney com os olhos molhados pela bronca que recebeu de Chloe. Lá estava ela, Dominique Jones, esboçando o que parecia ser um sorriso, enquanto tentava não ser enfeitiçada pelo cheiro doce e tentador da pilha de panquecas no centro da mesa.

Cerrou os olhos, ignorando “Me coma! Me coma!” suplicado por elas. Abocanhou um enorme pedaço de maça e procurou se concentrar no pensamento dos benefícios que ela trazia. A riqueza em vitaminas B, C e E. O fato dessa fruta ajudar na digestão e ser um antioxidante. O cálcio e cobre, tão importantes. Quem precisa de panquecas? Resposta: Ninguém.

— Não vai querer nenhuma panqueca, Nicky?

— Sim! — A madrasta limpava a sujeira feita pela caçula. Piscou rapidamente processando o que acabara de dizer. — NÃO! Quer dizer… não quero panquecas, Chloe.

— Tem certeza?

Chloe tinha cabelos castanhos ondulados, presos em um rabo de cavalo desajeitado, pele macia e brilhante e um corpo incrível depois de ter engordado 14 quilos durante a gravidez da Brits. Tudo isso, era graças as corridas matinais que ela tinha tempo de fazer. Chloe era perfeita e não tinha medo do reflexo do espelho.

Cadeira vazia. O pai ignorando. Lá estava querendo ter uma borracha e um lápis para reescrever e consertar tudo. As vezes, queria que sua família fosse iguais a daqueles comerciais que passavam de vez em quando na televisão.

— Sim!

— Sabe Nicky, não faria mal você quebrar essa sua dieta somente por um dia. — Chloe continuou puxando o assunto.

“Isso mesmo, Dominique. C-continue comendo feito… uma baleia assassina! Você… você não conseguirá... conseguirá segurar nenhum homem assim… Será trocada por outras… f-fracassada.”

Mal abrira boca para mentir, quando ouviu o ronco do motor de um carro. Era Ryan. Pulou radiante da cadeira.

— As panquecas ficam para uma outra hora. Tchau Brits! — Beijou as bochechas macias e coradas da irmãzinha. — Tchau pai e até mais tarde Chloe.

Deu as costas e colocou a mochila sobre o ombro direito.

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Não dava para acreditar que Peter enviava mensagens até na hora intervalo. Seria mesmo ele?

Bufou alto e se encostou no armário, esperando que Ryan terminasse de responder o maldito SMS. Se sentia incrível por acabar uma sessão de amasso por um “bip” e, pior ainda, ter a atenção do namorado centrado no celular no que nela, A NAMORADA.

— Ah… me desculpa, Nicky. — disse ele, guardando o celular no bolso da jaqueta letterman. — Acho que… me empolguei um pouco. Você sabe como eu e Peter somos, não é?

— Tudo bem, Ryan. — Colocou as mãos na cintura. — Pode ficar com a consciência em paz. Não me senti nenhum pouco ignorada.

Ultimamente, estava tendo vontade de tacar o celular dele na parede, ou o esmagar em pedacinhos com o seu par de Jimmy Choos. Ou até mesmo, quem sabe o sr. Black não tomasse o celular dele? Ah, isso com certeza seria um alívio. Se Ryan não respondia suas simples mensagens de “Bom dia!”, não iria responder de mais ninguém.

Ryan coçou a nuca.

— Você parece um pouco irritada?

— Irritada? — Repetiu, irônica. — Por que eu estaria irritada? Tenho motivos para está irritada? Estou calma. Calmíssima. Não está vendo?

Mas se eu fosse você ficava de olho no príncipe encantado, principalmente quando ele está se socializando com uma outra garota.”

Balançou a cabeça. Não tinha o porquê de ficar pensando naquele bilhete. Ainda mais quando sabia que era mais uma brincadeira idiota do Chuck. Seu namorado não seria capaz de trai-la. Ou seria?

Soltou um longo suspiro e contou até 10 mentalmente. Era bobagem acreditar em alguém que não tinha provas. Principalmente, quando esse alguém é seu irmão e tem uma cara de pau que devia ser lavada todo dia com verniz.

— Ryan…— Murmurou, com uma leve calma. — O que aconteceu com você? Está tão diferente…

— Eu não estou diferente! — Ryan a interrompeu. — V-você está um pouco… p-paranoica. Isso, paranoica. — Ele passou a mão pelos cabelos nervosamente e baixou a cabeça. — Naquela noite… você… ahn, n-não estava pronta e… só acho que você estava querendo… s-se entregar… hum… só acho que você fez aquilo só para me segurar.

Paranoica. O comportamento dele estava estranho. Ele vivia gaguejando quando falava com ela. Não estava sendo paranoica, apenas queria garantir o que era seu. Segurá-lo. É uma prova de amor se entregar ao namorado, certo? Talvez não fosse sua hora, mas… gostava dele desde a sétima série, quando ele deu a maquete de ciências sociais à ela, após ter destruído, acidentalmente, o dela. As palavras eram um furacão em sua cabeça loira.

Paranoica. Já tinha ouvido isso antes, mas em outra situação e com outras pessoas. Será que estava se tornando como ela?

— Você está certo. — Ponderou. — Me desculpe por meu comportamento de ultimamente.

— Ahn… tudo bem.

Não iria cometer os mesmos erros que ela. Tinha feito uma promessa e não iria quebra-la. Não seria como ela.

Talvez fosse hora de dar uma puladinha no carrinho de cachorros-quentes da esquina. Dava água na boca só de imaginar o bacon, a maionese, a cebola-frita e aquela pimenta.

Ryan colocou o braço sobre ela. Ele nunca a trairia. Principalmente, quando sabia que odiava traição.

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— Mas Nicky… era somente um sanduíche.

— Somente um sanduíche? Sabe quantas calorias têm isso? — Annie olhou para o lado. — 352 calorias têm essas fatias de pão, presunto e queijo. Você sabe o que irá acontecer se você engordar, não é?

— Eu estava com fome.

— Que continuasse com fome. — Cerrou os olhos respirando profundamente. 1,2,3. — Regra nº 1: as líderes de torcida devem comer somente no horário de almoço. Entendeu? O quer que eu desenhe?

— Desculpa, Nicky. Juro que isso não vai mais se repetir.

— Vou dar meu voto de confiança, Annie.

Decidiu por se afastar a passos longos da novata, afinal não queria que nascesse mais rugas de estresse em sua testa.

Circulou pelos corredores do vestuário, cheios de vermelho e azul perambulando de um lado para o outro e que combinava com os armários. Agilizou algumas das líderes-de-torcida que todo santo dia encarnavam uma lesma.

Cumprimentou Larissa e Melissa, onde ambas discutiam sobre o novo parceiro de química da primeira. Rapidamente, fugiu das duas antes que o bate-boca delas sobrasse para ela.

Interrompeu a caminhada ao se deparar com a parede dos fundos e começou a observar os times dos outros anos. Se reconheceu em dois quadros.

Parou e piscou rapidamente. Uma foto em particular lhe chamou a atenção.

Era um quadro em formato retangular rodeado por uma moldura de madeira, não ornamentada. Para dizer a verdade, nem precisava, a perceptível união e amizade das líderes-de-torcida tornava a fotografia bela. Suspirou ao ler o número “1992” na legenda da imagem. Voltou sua atenção para o time, mais precisamente para uma loira que pulava radiante em cima de outras duas líderes, as abraçando e, provavelmente, as derrubando segundos depois da tirada da foto. Será que ela já era uma louca desde essa época ou tinha se tornado depois? Preferia nunca saber a resposta, não sabia qual das duas era pior.

Balançou a cabeça se repreendendo por está pensando em algo que não valia a pena. Águas passadas eram águas passadas.

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O som da batida de Pump it entrava por suas veias, a enchendo de energia. Enquanto seguia a coreografia, conseguia esquecer todos os problemas que, ultimamente, assolava a sua cabeça. Pai. Mãe. Irmão. Namorado. Eles não existiam mais.

Ser uma líder-de-torcida a deixava com a cabeça e o corpo muito ocupado.

Após várias sequências de saltos, piruetas e estrelas, a música termina rápida. Automaticamente, está lá no topo, se apoiando em Joan e com o calcanhar estirado um pouco acima da cabeça. A mágica chegara ao fim.

Sra. Nelson apita e a pirâmide Hell Strech se desfaz.

Depois de uma hora e meia de treino, seu corpo, assim como o das outras líderes-de-torcida, estava exausto, desgastado e clamava por uma cama quente e aconchegante. Apesar do cansaço, não queria que essa fosse a última coreografia do dia.

— Bem, bem, bem, bem. Muito bem. — Ao som da voz da sra. Nelson, formaram uma linha, uma ao lado da outra. — Vocês foram bem, mas estamos com alguns pequenos probleminhas que precisam ser resolvidos, como as nossas coleguinhas Gwen e Heather. — Esticou o pescoço para fuzilá-las. — Elas estão sempre atrasadas. Vocês que são a base, não souberam jogar a Nicky e a Larissa alto o bastante para realizar um bom Tuck Basket Toss. Time lamentável! Teremos que ensaiar por mais meia horinha.

Imediatamente, um coro de reclamações de vozes irritadas e ofegantes se formaram. Enojava-se com a capacidade delas de se queixarem após a professora ter acabado de citar as falhas? Será que não percebiam que não ainda estavam perfeitas?

— Cinco minutos de descanso e depois voltaremos. — Sorriu ao ser fitada pelos olhos escuros e severos da sra. Nelson. — Nicky, minha querida. Fique no comando e tente motivá-las, como só você sabe fazer.

Nelson se distanciou após o seu aceno positivo e entusiasmado.

Tomou a frente das garotas e as calou com um sonoro “silêncio”.

— Como vocês acabaram de ouvir da própria boca da nossa professora, nós estamos péssimas.

— Não é para tanto, Nicky. —Semicerrou os olhos em direção ao comentário impertinente de Larissa. — Nós estamos nos esforçando!

— Se esforçar é pouco. — Argumentou. — Nós temos que vencer o torneio das líderes-de-torcida.

Larissa Elliot levantou a mão.

— Mas o importante não é competir e se divertir? — Ela arriscou.

A ignorou completamente. Teria que concordar com a pessoa que disse que essas palavras eram discurso de “perdedor conformado”.

— O que quero dizer é que… eu não quero ver suor saindo do poro de vocês, quero ver sangue. — Terminou sentido os olhares chocados das suas colegas. — Vocês entenderam?

Recebeu vários “sim”. Talvez tenha sido terrível o seu modo de falar, mas precisava chocá-las para fazê-las acordaram para realidade e quererem o troféu de ouro assim como ela.

Foi em direção à pequena mesa que ficava próxima a arquibancada vermelha da quadra de basquete. De relance viu, no alto da arquibancada, sua ex melhor amiga conversando com a sra. Nelson. Piscou algumas vezes. Era quase impossível não reconhecer aquela jaqueta de aviação e aquele par de coturnos pretos.

Apanhou sua garrafa e bebeu toda a água restante. Que raios ela estaria fazendo aqui? E que raios ela conversava com a professora? Será que ela estava querendo se juntar as líderes?

Não, não, não, não. Não. Não. NÃO!

Alastrou-se pela escada acima.

A Stamford não poderia se juntar ao grupo, isso seria muito injusto. Não tinha como competir com Alice Stamford. Era impossível. Já até podia ver várias cenas de um filme com ela entrando para o time, ficando amicíssima da sra. Nelson, tomando o seu lugar como chefe das líderes-de-torcida… Ficar ao lado de Alice Stamford era pedir para que o seu brilho fosse roubado.

— O que você está fazendo aqui? — Perguntou com o tom de voz áspera e com as bochechas pegando fogo.

Alice num primeiro momento ficou com os olhos arregalados, e no outro, voltou a seu semblante indiferente de sempre.

— Estou gozando do meu direito de ir e vir.

Nicky 0X1 Alice.

— Ela estava aqui fazendo algumas perguntas para mim, Nicky. — Explicou sra. Nelson dando uma olhadela no pulso. — Os cinco minutos já acabaram, Nicky. Venha!

— Vou ficar mais um pouco, professora.

— Dois minutos e nada mais.

— Tchau!

Escutou os passos da treinadora se afastando.

Alice arqueou a sobrancelha esquerda.

— Qual foi a justificativa da vossa alteza vim se dirigir a mim? — O sotaque londrino era o mesmo.

— Pelo mesmo motivo que você resolveu viajar para Austrália sem avisar a ninguém. — Respondeu, colocando as mãos na cintura e sem deixar de fitar as orbes de tonalidade cinzentas.

Nicky 1X1 Alice.

Estava engasgada com isso desde o ano passado, quando num belo dia ligou para a casa dela e a sra. Stamford disse que ela tinha ido passar as férias na Austrália. Ficou chateada com isso por vários dias. Poxa, será que custava se despedir? Custava ter pelo menos dito um simples “tchau”. Nem o coitado do Drew ficou sabendo do passeio de férias dela.

Porém, isso serviu para que percebesse que era mais fácil de ser notada quando não estava andando ao lado da melhor amiga.

— Sabe o que é mais interessante? — Alice perguntou, levantando o queixo. As olheiras dela estavam piores desde a última vez que a havia visto nos corredores de Verona. Será que ela ainda continuava tomando remédios para dormir sem prescrição médica? — Há alguns dias ter me encontrado com a sra. Jones e ela ter me questionado sobre o meu afastamento desses últimos meses. Esqueceu de avisar que não trocamos mais palavras? Que não somos mais amigas?

Nicky 1X2 Alice.

Odiava o modo que Alice trocava de assunto para ataca-la. Odiava ficar sem ter o que replicar.

— Como imaginei, nenhuma resposta. — Stamford se levantou. A altura dela a deixava mais intimidante do que era. — É compreensível, afinal são todos iguais. Au revoir!

Au revoir! — Despediu-se seca.

Não tinha sido boa ideia ter vindo conversar com ela, após 8 meses sem trocarem nenhuma palavra. Não dava para acreditar que ainda sentia saudades dessa naja em pele humana.

— Você já foi mais inteligente, Dominique Jones!


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.



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