Stereotypes escrita por Bruna


Capítulo 7
The Black Sheep 1.


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora pessoal, é que eu tive um bloqueio de criatividade, mas após ouvir algumas músicas, a critividade voltou. o/
Espero que gostem da primeira parte



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/440496/chapter/7

Chuck Jones.

(6 anos atrás)



Vozes altas e enfurecidas. Som de vidros se chocando contra parede. Era só mais uma noite comum que fora trancando em seu quarto, para que não se intrometesse nas discussões dos pais.

Pegou uma garrafa de vodka- recém afanada do estoque particular de Fred- e a esvaziou com o único gole. O líquido incolor e amargo desceu queimando por sua garganta. Achava o sabor horrível, mas a bebida tinha um efeito analgésico sobre si. A vodka fazia com que a raiva deles não machucassem os seus ouvidos.

Colocou a garrafa vazia no canto e voltou-se para o tela de pintura, que estava fazendo para se distrair. Novamente, apanhou a paleta e usando um pincel de forma arredondada e de cerdas naturais, fez os toques finais.

Enfim, o quadro da família sorridente já estava terminado. Era assim que gostaria que a sua família fosse na realidade.

Há vários anos que assistia Violet e Fred brigando, mas nunca resolvendo os problemas. Até tinha suspeitas que em algum momento, seu pai iria querer pedir divórcio da sua mãe. Quem sabe não era hoje?

Talvez até fosse melhor assim, não veria mais Violet chorar e encher a cara com vinho, nem Fred chegaria tarde com marcas de batom na camisa. E até quem sabe ele não parava de gritar e começasse a elogiá-lo nem que fosse um pouquinho.

Mal sabia o que o futuro lhe preparava…



(Atualmente)



Arrancou a folha do caderno que tinha um desenho recém feito do ‘South Park’. Usando uma régua, retirou com um único puxão a rebarba. A dobrou ao meio e a marcou bem.

— Sr. Jones!

Abriu a folha com o vinco para baixo e em seguida, dobrou os dois cantos adjacente até a metade marcada.

— Jones!

Dobrou ao meio novamente. Abaixou as asas. As abriu e as deixou perpendiculares ao corpo. Já havia acabado de fazer seu aviãozinho de papel do ‘South Park’ e agora era só testá-lo.

— CHARLES JONES! — Olhou assustado para a sra. Day que acabara de dá um berro estridente. — Você não me ouviu chamá-lo as outras duas vezes?

Parece que havia se distraído mais uma vez.

— Não. — Respondeu.

— Isso não me surpreende. — Falou a professora com uma face decepcionada na fisionomia latina. — Agora vem aqui!

Gelou. O que tinha feito? Tudo bem que não estava prestando muita atenção no que a Day falava, mas jurava que em nenhum momento tinha se comportado mal. Por fim, decidiu seguir as ordens dela, se levantou e dirigiu-se a mesa.

— O que quer que seja, não fui eu. — Anunciou ao chegar lá.

Sra. Day deu um suspiro profundo, enquanto folheava algumas folhas.

— Você sabe o que é isso? — Ela lhe questionou ao mostrar o seu trabalho.

— É a minha interpretação do Rei Lear! — Exibiu um sorriso. — Ficou ótimo, não?

— Ficaria, se não fosse uma cópia da página da Wikipedia. — Explicou a professora irritada. — Achou o que? Que era só trocar algumas palavras por seus sinônimos que eu não perceberia que você tinha feto uma xerox?

— Não custava nada tentar. — Deu de ombros.

Até que tinha tentado ler o, mas Rei Lear era tão tedioso que no início já estava com os olhos pesados, isso sem contar que tinha tirado um pequeno cochilo na metade da décima página. Sem contar as várias palavras complicadas que Shekespeare tinha feito questão de colocar.

Não compreendia o porquê da Sra. Day passar livros tão desinteressantes para os alunos.

Imaginava que seria mais interessante acompanhar as sagas dos HQs da Marvel e da DC. Ou até mesmo alguns mangás.

— Eu tentei te ajudar, pena que você não quis. — Ela pegou uma caneta vermelha e rabiscou na folha. — Sabe o que esse F significa?

Observou a letra vermelha e grande dentro de uma circunferência.

— Sim. — Falou, ao terminar de pensar sobre alguma palavra que iniciasse com F. Sorriu de lado. — Significa ‘Feliz’!

–-------------------------------------------------------------------------------------------------------

Hora do jantar, porém, desta vez não estaria sentado na cadeira ouvindo as idiotices que seu pai falaria. Havia decidido que seria um telespectador, que assistiria toda a cena a partir de uma janelinha, onde não poderia ser descoberto.

Contemplou a sua irmã Dominique com os cabelos dourados em um ‘rabo-de-cavalo’ pondo os pratos, em por conseguinte os talheres e os guardanapos. Logo depois, Chloe trazia o purê de batata que emanava um delicioso aroma e o deixava com água na boca.

O estômago roncou ao ver as travessas já ali postas em mesa.

Fred Jones adentrou com a sua costumeira aura de autoridade e mau humor. Ele se sentou e foi seguido pelas duas. Em seguida, Britney chegou correndo feito um furacão.

— Britney! — Censurava Chloe. — Quantas vezes vou ter que dizer que casa não é lugar de correr.

— O Chuck sempre corre. — Argumentou a pequena.

Corria porque não se importava nem um pouco com as regras sem noção do Fred e, porque Chloe não era a sua mãe.

— Estão vendo? — Exclamou o único homem da mesa ao colocar um bife no prato.— É o que eu venho dizendo a anos: aquele inútil está dando exemplo para a menina.

— Papai! — Advertiu a loira, aparentemente contando as ervilhas.

O pai desconsiderou o comentário.

— Por que tem cinco pratos ao invés de quatro?

— O quinto é para o Chuck, papai.

Não pode conter a satisfação de pelo menos ser lembrado por Dominique.

“Boa gordinha!”

— Não defenda o seu irmão, Dominique! — Sr. Jones recriminou com uma leve veia dilatada na testa. — O idiota do seu irmãozinho deve estar fudendo com a vida dele e não está nem aí para você. — Levantou o dedo do meio. Como Fred estava de costas, não iria vê-lo fazendo esse gesto obsceno. —Agora guarde esse prato!

Dominique se levantou a contragosto. Ela sempre seria obediente ao Frederick Jones.

— Há muito tempo que estou querendo pegar aquele… aquele...— Fred bateu o punho na mesa. — … AQUELE INÚTIL… SÓ. FAZ. MERDA!

— Calma, querido...— Chloe colocou a mãe sobre o ombro do Sr. Jones numa tentativa falha de acalmar ele.

Agora iria começar a parte mais engraçada: Ver Fred explodindo de fúria e arrancar os cabelos.

— CALMA? EU. ESTOU. CALMÍSSIMO! CALMÍSSIMO! — Ironizou Fred.Pena que ele estava de costas e não dava para ver a cara que ele estaria fazendo. — Dou casa, comida, roupa e sem cobrar… PORRA NENHUMA. COMO VOCÊ QUER QUE EU FIQUE CALMO?

“Vai tomar no cú!”

Era o velho discurso de sempre. Seu gostava de sempre posar de herói e bonzinho, enquanto fazia o papel de menino mau que só maltrata o pobre Fred.

— Mas ele é seu filho. — Insistia a esposa.

— Infelizmente. — Enrijeceu o corpo. “Idem”. Cerrou os punhos. — Desde criança ele já tinha o dedinho podre. Ele já era um grande… grande… ahn… Malcriado. — “Fazer o que se eu era sempre o culpado pelo o que a Dominiquezinha fazia”. Mantia o contato visual na cabeça de fred, que a cada 5 segundos passava a mão. — Ainda por cima, aquela coisa tem um comportamento agressivo difícil de se controlar. Lembra da fortuna que tive que gastar só porque o bonitinho resolveu quebrar tudo com a PORRA DO TACO DE BEISEBOL?

Se lembrava desse dia. O pai já havia se casado com Chloe quando, após a morte de sua mãe, resolveram irem morar na casa. Ao saber disso, ficou cego de ódio e saiu quebrando tudo com o taco de beisebol. Não queria deixar ninguém usar o que tinha sido de Violet.

— E te digo uma coisa, se eu pegar aquele moleque me desrespeitando mais uma vez vou f…

Dominique trouxe um copo.

— Papai, tome isso para acalmar os seus nervos.

Já tinha ouvido demais por uma noite. Deu as costas e se afastou da janela.

Pisava duro por onde passava deixando um rastro de grama devastada.

— Você não faz porra nenhuma direito! — Imitou a voz do seu pai. — Por que você não pode ser como a sua irmã. VAGABUNDO! — Sua respiração estava descompassada. Queria socar alguém. — Você é um grande fracassado hoje e amanhã também será! — Abriu a porta do depósito do fundo do quintal com um chute potente. —Sabe o que você vai ser quando crescer? — Bateu a porta. — UM NINGUÉM!

Com o punho fechado, esmurrou a parede. Ignorou a dor latejante que vinha da sua mãe direita. Deu mais um soco usando a mão esquerda

Direita…

–-------------------------------------------------------------------------------------------------------

Levou o baseado a boca e tragou mais uma vez, prendendo o ar. Após um tempo soltou lentamente.

Observou a mancha de óleo no teto ou seria do chão? Estava confuso. As cenas pareciam se repetir sem parar.

Só sabia que estava tranquilo e calmo, nem se lembrava direito o porquê de ter estado irritado. Só tinha uma leve sensação que o motivo da raiva era o seu pai. Ou talvez fosse o contrário. Ou os dois. Ou ninguém. Tantas respostas para uma pergunta. Ou seria a tantas perguntas para uma resposta?

— Que brisa! — Piscou as pálpebras rapidamente e deu um longo bocejo.

–-------------------------------------------------------------------------------------------------------

No fim das aulas, havia sido convocado para conversar com William Bender, o novo Conselheiro Escolar. Diziam os rumores que o antigo conselheiro, tinha tido um ataque cardíaco na diretoria. Deveria ser verdade.

Não era o único que tinha sido chamado, havia um garoto com a jaqueta do time de futebol, sentado ao se lado, além de haver alguém por de trás da porta com o letreiro amarelo e graúdo, onde se lia:



CONSELHEIRO ESCOLAR



Encostou a cabeça na parede, enquanto esperava que sua vez chegasse para acabar logo e ir para casa. Sabia que ouviria as mesmas palavras que todos insistiam em lhe dizer.

A porta se abriu, surpreso avistou Alice saindo da sala.

Sorriu malicioso ao ver uma garota com que mantinha uma espécie de ‘amizade colorida’.

Alice Stamford tinha sardas espalhadas pela maça do rosto oval, o que a conferiria uma cara mais inocente, se não fosse pela sombra escura que a deixava com um olhar frívolo. Os cabelos pretos dela caiam em onda sobre os ombros. Desceu seus olhos pela extensão do corpo curvilíneo e bem delineado pelo vestido preto podrinho e que, se ajustava na cintura fina da garota. Isso sem falar da jaqueta que estava por cima do vestido, não o deixando ver os seios dela no decote. A saia era solta e extremamente curta, o que dava uma bela visão das belas pernas cumpridas e torneadas. Ela ainda usava os velhos coturnos marrom.

“Bem que dizem que a amizade tem os seus benefícios”, refletiu.

Nem se comparava com a garota de alguns anos atrás, que sempre usava blusas que cabia duas dela dentro. Ela já tinha um rosto bonito nessa época, mas nunca imaginou que o corpo também era.

— A baba está escorrendo! — Voltou a realidade pela voz da Alice.

Fitou o rosto dela.

— Como você ficou tão gostosa assim?

A rockeira se sentou ao lado dele e cruzou as pernas.

— Eu sempre fui linda e maravilhosa. — Alice sussurrou em seu ouvido, como resposta. Ela estava o provocando. — Você que sempre foi tapado demais para não perceber isso e… — Recebeu um tapa na nuca. — Será que dá para controlar a testosterona e parar de babar? —Desviou o olhar das coxas dela. — Acho até que em primeiro de abril, vou te dar um babador de presente.

— Então se lembra do meu aniversário?

— Claro! — Alice confirmou, fazendo o seu ego ronronar de alegria. — Nunca me esqueço das datas das minha vitórias sobre você, perdedor.

Na sua festa de 17 anos, os dois apostaram para ver que bebiam mais cerveja em menos tempo. Acabou que a Stamford venceu e até hoje ela fazia questão de esfregar a derrota em sua cara.

— Eu deixei você vencer, paixão. — Revidou, cruzando os braços com a cabeça inclinada e um sorrisinho maroto na face.

— Como você é nobre, amor. — Ela tinha entrado em seu seu jogo.

— Essa é só uma das minha várias qualidades que você conhece, docinho.

— Algo de bom você tem que ter, né querido?

Caiu na gargalhada, dando o fim ao pequeno debate. Alice só abriu um sorriso tímido e discreto.

Apesar de atualmente estarem mais simpáticos um com o outro, não perdiam a mania de ficarem implicando um com o outro. Tinha até se tornado uma brincadeira particular entre eles.

Encarou o letreiro.

— Foi convocada também? — Stamford confirmou. — O que você aprontou, gótica. —Colocou a franja que caia sobre os olhos dela, atrás da orelha. — Você só tira A+, os professores te adoram, nunca foi para diretoria por mau comportamento, nunca foi numa detenção nem foi suspensa, é chefe do jornal da escola e, com certeza irá ir para uma puta faculdade. Você é quase uma boa garota. — Espiou o decote do vestido. — Quase!

Reparou que ela estava com o brilho da íris ofuscado. Seria um sinal de tristeza?

— O Bender só me aconselhou para me enturmar mais.

— Ele está certo.

— Não, não está. — Discordou Alice. — Eu tenho vários amigos.

— Tem? — O tom era de ironia.

— Sim. Harry Potter, Hermione Granger, a família Weasley, Elizabeth Bennet e sr. Darcy, Julieta e Romeu, as irmãs Katarina e Bianca, Acampamento meio-sangue, Step e Babi, Scarlett O’Hara, Rhett Butler, Hannibal Lecter, Dom Quixote, Hamlet, Fantine, Ana Karênina, Dorian Grey, Tom Sawyer e Hucleberry Finn, Madame Bovary…

— Eles não existem! — A interrompeu.

— Por isso mesmo que eles são meus amigos.

— Você é louca!

— E você é um idiota, portanto estamos empatados! — Retrucou a rockeira.

Pensou em algo para revidar, mas nada veio em sua mente.

— Toma. — A rockeira entregou em suas mãos dois bombons.

— Muito bem, gótica. Nunca pensei que iria presenciar você me dando chocolate. — Brincou.

Ela deu um longo suspiro.

— Bem eu só queria desejar… — A encarou. — nada. Esquece. —Era frustante quando Alice começava a falar algo mas voltava a trás e o mandava ‘esquecer’. — Tchau!

Stamford se levantou num salto e sumiu no corredor rapidamente. Não tinha conseguido se despedir dela.

Abriu um dos bombons e o mordiscou levemente, quando escutou seu nome ser proferido.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

A parte 2 vou postar na segunda que vem, sem atrasos.
Comentem o que gostaram e o que acham que precise ser melhorado e deixem essa autora feliz :D



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Stereotypes" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.