Pov’s Annabeth

Depois da Rachel ter baixado a lei de que eu e o Cabeça de Alga tínhamos que cumprir a aposta juntos, a única coisa que agente podia fazer era obedecer.

Bem, era quarta feira quando o meu plano como Jason deu, não tecnicamente, errado. Na quinta feira, o dia seguiu normal, mas eu não vi nem a Piper e nem o Jason. Na sexta, a mesma coisa, e ainda havia gente comentado sobre o que aconteceu.

Depois da aula, lá estávamos eu e o Cabeça de Alga discutindo o que cada um iria fazer. Claro que nem eu e nem ele queria fazer nada, mas a Ruivinha Mal Humorada falou que se não cumpríssemos ela iria espalhar um podre de cada um cara a escola toda, e, já que ela minha melhor amiga e morava comigo, ela sabia de coisas minhas que nem eu sabia.

Bem, Rachel estava sentada no sofá da sala, com as mãos nas fontes e de olhos fechados como se fosse a pessoa mais estressada do mundo. Já eu e o Percy estávamos um de frente pro outro, na frente da Rachel, discutindo como se o ser humano só soubesse fazer isso.

– Ah, chega vocês dois – Rachel se levantou do sofá – Parecem crianças!

Eu e Percy fuzilamos um ao outro com os olhos.

– Vocês não pararam de brigar? – Rachel pôs a mão na cintura.

– Paramos – eu me virei pra ela – Mas esse é outro caso.

– Não sei se digo “Ai que bom” ou “Pelos deuses do Olimpo, é muita doidera pra dois adolescentes só”!

– A primeira – disse Percy.

Revirei os olhos.

– É uma pergunta retórica, Cabeça de Alga.

– Tudo bem – Rachel ergueu os braços entre a gente – Vamos resolver o problema. Tirem par ou impar pra ver com que lado vocês vão ficar!

– Lado de que? – franzi o cenho.

– Direito ou esquerdo.

– Ah, isso explica tudo – cruzei os braços.

– Quem ganhar, fica com o esquerdo.

– Par – eu disse.

Jogamos os dedos. Eu dois e ele quatro.

– Ganhei! – eu disse.

– Ótimo. Annie você limpa os dois quartos, o seu e o dele, no lado esquerdo e o corredor. Percy, você limpa o lado direito, o meu quarto, o banheiro publico e a sala. Depois lavam as roupas os dois juntos, na área de serviço lá em cima. Pronto! Problema resolvido!

– O QUE? – Percy e eu dissemos juntos.

– Não vale! A sala é enorme! – queixou-se Percy.

– Você perdeu o par ou impar – disse Rachel.

– Porque eu tenho que limpar o quarto dele? – perguntei.

– Considere um bônus – disse Rachel.

– Am?

– Andem! Quero chegar em casa e topar tudo limpo! – Rachel andou ate o sofá e pegou sua bolsa.

– Espera – disse Percy – Aonde você vai?

– Sair – Rachel andou ate a porta – Eu vou na casa da Piper e depois passar na casa do Jason. Quero ver como eles estão, já que vocês não fizeram isso.

– Ele não me atente! – queixei-me – E nem ela.

– Eu nem o numero deles tenho! – disse Percy.

– Então eu vou lá – disse Rachel – Vou tentar aliviar a questão de vocês.

– Mas... – Percy disse.

– Tchau – Rachel abriu a porta e saiu.

Eu fiquei meio “WHAT?” com a boca em um perfeito “O”, mas só percebi quando Percy fechou-a delicadamente com o indicador. Olhei pra ele.

– O que você tem a dizer depois dessa? – perguntei.

– Ao trabalho.

***

Quanto mais rápido eu começasse, mais rápido acabaria.

Então comecei com o meu quarto. Tirei o pó do closet, do criado mudo, passei o aspirador no tapete, recolhi o lixo, arrumei minhas roupas e meus livros, a cama, lavei o banheiro... Em fim.

Quando olhei no relógio, ainda era 16h00min. Ou seja, fiquei pouquíssimo tempo no meu quarto. Então passei para o quarto ao lado.

Estava só imaginado a bagunça que encontraria. Lixo no chão, cama desarrumada, roupas espalhadas, etc...

Quando abri a porta do quarto, meu queixo caiu.

O quarto dele estava todo organizado. Cama arrumada, chão limpo. A única coisa que parecia, não tecnicamente, fora do lugar, era um livro e um caderno abertos em cima de uma mesinha pra estudo no canto. O notebook dele estava aberto e seu papel se parede era uma foto dele e da Rachel na frente do Empire State.

Foi quando resolvi olhar no banheiro. Estava mais limpo que o meu.

Foi quando me lembrei do que Rachel disse. Eu havia perguntado por que eu teria que limpar o quarto dele, e ela me disse: “Considere isso um bônus”.

– Não é possível! – murmurei pra mim mesma.

Prendi o meu cabelo pra trás em um no frouxo e fiz a única coisa que eu tinha pra fazer ali: bisbilhotar.

Achei alguns CD’s de musica, que ate achei boa, dentro da gaveta do criado mudo, além de algumas cartas que nem me preocupei de ler. Achei ate uma foto dele criança, parecia ter uns 12 anos. Acredita que ele era bonito desde criança?

Sobre o criado mudo, tinha um abajur, um despertador, e um porta retrato com uma foto dele e da Rachel em frente a Casa Branca em Washington. Serio, o que eles estavam fazendo lá? Na foto, Percy beijava o rosto da Rachel que sorria como se fosse a pessoa mais feliz do mundo. Será que era assim que Percy a fazia se sentir?

Sentei na cama dele. Quando me dei por mim, eu já estava deitada. Era o mesmo colchão e o mesmo travesseiro que o do meu quarto, só que em trajes azuis em vez de lilás.

Fiquei olhando aquela foto um bom tempo. Eu só não sabia o que me chamava tanta atenção nela.

Passo a mão por trás do porta retrato e puxo a foto. Por baixo havia outra. Era dele, com uma mulher mais velha com cabelos escuros e olhos claros e um homem moreno e bronzeado com os mesmo lindos e impressionantes olhos verde mar de Percy.

– O que você esta fazendo? – Percy apareceu na porta parado com se estivesse lá muito tempo.

Me levantei rapidamente e fiquei de pé, mas acabei tropeçando no meu próprio pé. Percy riu e apoiou a mão na porta.

– Eu... Eu estou... – olhei pras minhas mãos e vi que ainda segurava o porta retrato e as fotos. Idiotamente, escondi atrás de mim, como se ele não tivesse visto. – Eu estou... Limpando, oras!

Ele sorriu sarcasticamente em deboche. Eu já disse que odeio quando ele sorri assim?

– Fuçando minhas coisas? – ele cruzou os abraços e deu alguns passos a frente.

– Eu não estava fuçando!

– Uhum – ele chegou perto de mim – O quadro – ele estendeu a mão.

Entreguei a ele. Ele olhou fixamente para o homem e para a mulher.

– Quem são eles? – perguntei.

– Meus pais – ele disse distraído.

– Você é a cara deles – eu reparei – Talvez um pouco mais bonito! – essa ultima parte eu soltei sem querer.

Então, corei. Ele olhou pra mim com um sorriso de canto de boca e eu baixei o rosto.

– Então você me acha bonito, em? – disse ele.

– Não foi o que eu disse – disse mais que depressa – Eu disse que você er mais bonito que os seus pais.

– Esta chamando os meus pais de feios?

– Não, não foi o que eu... Argh! – bati o pé no chão – Pense o que quiser.

– Eu entendi – ele voltou a olhar pra foto.

– Aleluia!

– Mas ainda acho que você me acha bonito.

– Argh! Acho mesmo! – então bati na minha própria boca.

– Há. Há. Assumiu.

– Nossa! – revirei os olhos – Ganhou um premio!

– Você não é a primeira pessoa que me diz isso.

– Mas com você é convencido!

– E bonito.

– Argh! – meu cabelo se desprende do no.

Começo a amarra-lo.

– Sabia que você fica mais bonita de cabelo solto? – Percy disse encarando a foto dele e da Rachel.

– Esta falando comigo? – perguntei.

Ele sorriu ainda olhando pra foto.

– Tem mais alguém aqui?

– Não, mas eu pensei que você estivesse falando com a foto. – então aproveitei a deixa – Há! Então você me acha bonita?

– Sim – disse simplesmente.

Fico impressionada.

– Serio? – pergunto.

– Aham. Ao contrario de você, eu falo o que eu penso.

– Hey. Eu também digo o que eu penso!

– E no que você pensa?

– Eu te acho bonito.

Ele sorriu, satisfeito. Olhou pra mim com seus olhos verdes mar brilhando.

– Viu? – ele cruzou os braços – Estamos quites! Mas, não se preocupe, não muda nada. Você ainda me odeia.

O olhei curiosa.

– Como você sabe que eu te odeio? – perguntei.

– Não er difícil deduzir – ele olhou para o chão – Olha, eu já acabei minha parte. Te espero pra gente terminar o restante.

– Ah... sim. Só falto o corredor.

Saio do quarto.

Pov’s Percy

Depois que terminamos nossas tarefas individuais, era a hora de nossa única parte em grupo. Colocar as roupas para lavar.

Eu não fazia ideia de como se lavava roupa, já que minha casa tinha empregada. E ter Annabeth me ajudando não me tranquilizava. Olhe só porque:

– Percy, essa é a maquina de lavar – disse ela, apontado pra maquina. Então, ela se voltou para a mesma. – Máquina de lavar, esse é Percy Jackson – ela apontou pra mim.

– Você pirou de vez? – perguntei – Eu sei o que é uma maquina!

– Sabe como funciona?

– Não.

– Então cale a boca e escute! Primeiro vocês precisam se conhecer, se não ela mancha sua roupa.

– É, você pirou de vez!

Ela me ignorou.

– Pois bem, Percy. Vamos começar. – ela disse. Estava vestindo um avental azul de plástico pra não se molhar e seu cabelo estava meio amarrado e meio solto, mas sua franja não estava presa. Ela pareceria uma mãe de família, se não tivesse uma aparência tão jovem. Ela me ofereceu um avental também, mas eu preferi ficar sem camisa mesmo, o que a deixou um pouco nervosa. – A primeira coisa que temos que fazer, Percy, é colocar agua na maquina.

– Avá! – eu disse.

Ela deu uma risada.

– Depois colocamos sabão em pó. Você coloca. – ela me entregou uma caixinha do tamanho da minha mão – Enquanto eu separo as roupas brancas das coloridas – Ela virou-se de costas pra mim e começou a separar. – Pode ligar a maquinha depois que você colocar o sabão.

Eu não fazia ideia de quanto de sabão colocar na maquina. Como eu disse, eu nunca tinha lavado roupa na vida! Então eu despejei o pote todo e liguei a maquina. Que antes sobre do que falte. Mas foi quando tudo começou a dar errado. A maquina começou a produzir espuma. Muita espuma mesmo. Ela cresceu uns quarenta centímetros acima da maquina antes de começar a cair pela lateral. Então o chão começou a molhado e escorregadio. E cheio de espuma. O terraço (elas moravam na cobertura, então ficavam com ele) iria ficar todo sujo.

– É... Annabeth. – eu disse – Isso sempre acontece?

Ela se virou e arregalou os olhos. Logo, estava rindo descontroladamente. Andou ate a maquina.

– Percy – ela disse – Quanto de sabão você colocou?

– A caixa.

– Meu Deus, garoto! – ela ria e ria – Só você mesmo. – ela indicou a espuma – Era só um pouquinho. Esse sabão é superconcentrado!

– Você não disse!

– E precisa?

– Sim. O que vamos fazer com essa espuma?

– Espia só – ela pôs as mãos em concha e colocou na maquina. Pegou espuma com as mãos.

– O que vai fazer? – eu perguntei.

– Isso – ela se aproximou de mim e assoprou espuma no meu rosto, depois deu varias e varias gargalhadas gostosas de ouvir – Pronto! Espuma aproveitada!

Tinha espuma na ponta do meu nariz, na minha boca e no meu cabelo. Annabeth ainda ria da cena, e acho que era principalmente da cara de surpresa que eu fazia.

Mas ela quer guerra? Guerra ela terá!

Enquanto ela ria, eu enchi a mão de espuma sem ela perceber, e assoprei no rosto dela. Foi minha vez de rir. Tinha espuma em sua testa, na bochecha e no cabelo.

– Você não fez isso! – ela disse, brava.

– Xi! Pior que fiz! – devolvi.

Ela melou a mão de sabão de novo e passou no meu cabelo. Eu fiz o mesmo e passei em sua outra bochecha. E assim começou a brincadeira. Eu corria atrás dela e ela atrás de mim como duas crianças, tacando espuma um no outro. Agente ria, gargalhava e reclamava pra não passar nos olhos um do outro. Não sei por que fiz isso, mas abracei-a umas duas vezes por trás enquanto riamos, e ela não falou nada.

Chegou a vez de ela reabastecer a mão de espuma na maquina, mas ela esqueceu de tomar cuidado e correu, esquecendo-se completamente de que o chão estava escorregadio. Quando estava quase chegando, ela escorregou de costas e caiu. Escutei o nauseante barulho da cabeça dela batendo no chão. Corri atrás dela e quase escorreguei também.

Ela estava de olhos fechados. Obviamente desmaiou na queda. Me ajoelhei ao lado dela e pus sua cabeça sobre minhas pernas.

– Annabeth acorda! – eu disse, desesperado – Por favor – dei tapinhas de leve em sua bochecha – Acorde, por favor.

Eu estava louco de preocupação. Limpei a espuma de sua testa e do seu cabelo.

– Annabeth – passei a mão sobre o seu rosto – Por favor acorde, Annabeth – Pus as duas mãos sobre suas bochechas – Por favor. Acorde, se não a Rachel vai botar a culpa em mim e vai me expulsar daqui.

– Acho eu vou fingir ate ela chegar – ela disse com a voz fraca e abriu os olhos lentamente.

– Ah, deuses, obrigada! – baixei a cabeça e encostei as nossas testas.

Ela me empurrou de leve.

– Espero que você não tenha piolho – ela disse, rindo fraca.

Eu fui obrigado a sorrir. Ate em momentos assim, ela não perdia uma chance de implicar comigo. Ela se ergueu e apoiou os cotovelos por trás das costas. Eu me ergui, ficando de pé na frente dela deitada.

– Tudo bem? – eu pergunto.

– Mais ou menos – ela disse, agora se sentando – Minha cabeça esta doendo muito!

– Imagino – estendi a mão pra ela – Vem.

Ela aceitou e eu a puxei. Ela pôs a mão nas têmporas e fechou os olhos. Deu uma cambaleada e eu a segurei pelos braços.

– Quer descer? – eu perguntei – Eu posso terminar tudo sozinho...

Ela começou a rir fraco.

– Você? Terminar sozinho? Você não sabia nem qual era a quantidade de sabão pra colocar na maquina! Imagina terminar sozinho? Não, não! Eu fico!

– Eu consigo terminar sozinho. Vai logo!

– Garoto, você é surdo? Eu fico!

– Como você é teimosa!

– Como você é insistente!

Sorri.

– Ok, Srta. Professora Sabidinha. Vamos continuar. O que eu faço depois de colocar o sabão na maquina?

Ela abriu um lindo sorriso, como se gostasse do fato de eu ser um completo idiota às vezes e não saber nada.

– Ah, Cabeça de Alga – ela disse – Você tem muito que aprender!