Ele olhava para o céu claro, sem nenhuma nuvem. Estava tão fascinado, que seus olhos nem piscavam.

– Seiscentos anos– Cochichou Tirish para si mesmo.

Esse foi o tempo que o feiticeiro ficou preso no limbo, uma dimensão perdida e esquecida, quase impossivel de sair. E o pior, sem saber o motivo de estar la.

Tirish olhou sobre o ombro e viu sua marca de feiticeiro, um par de asas negras como carvão. Ele fez alguns gestos e pronunciou algumas palavras em latim. Talvez algum feitiço para as asas ficarem disfarçadas, mas nada aconteceu. Tentou mais uma vez. E nada.Olhou em volta e viu uma pequena cabana ao longe. Correu até ela e pegou um sobretudo branco que estava estendido no varal.

Jogado no chão perto da janela da cabana, havia um espelho quebrado, ao se ver, Tirish ficou boquiaberto com sua aparência decadente. Seus belos cabelos cor de ouro, agora pareciam mais pálidos que o sobretudo que havia roubado. Seu rosto estava quase tão magro quanto uma caveira, e seus olhos tão fundos que mal dava para ver a cor de mel deles.

– Seiscentos anos – Repetiu o feiticeiro.

***

Tirish viajou as escondidas por uns dias, procurando por algo familiar, poderia ser qualquer coisa, mas queria mesmo era encontrar um Instituto. Um local sagrado, o lar dos inimigos, mas sabia que mesmo correndo o risco de ser morto, os caçadores de sombra poderiam ajudar.

Caçadores de sombra eram seres muito poderosos. Eram humanos, mas tinham sangue de anjo em suas veias. E seu passatempo favorito era matar seres do submundo, o que era o caso de Tirish.

Tirish avistou uma cidade, muito diferente das que ele conhecia seiscentos anos atrás. Prédios altos, muitos meios de transporte que se moviam sozinhos, fora o grande movimento de pessoas vestidas com roupas estranhas (para ele). Andou pela cidade toda sem falar com ninguém, tentando encontrar o Instituto. Por volta das 18:00 horas estava em um bairro com muitos prédios com paredes de tijolos vermelhos, mas uma casa em especial chamou sua atenção.

Uma energia muito poderosa emanava do edificio.

– Um feiticeiro. – Animou-se

Bateu na porta inumeras vezes, até alguém gritar do lado de dentro.

– Ja vou, não precisa derrubar a porta. – A porta se abriu. O homem que saiu por ela era alto, magro, seus cabelos eram espetados e coloridos. E ele usava, maquiagem? – Quem é você? - O homem alto o encarava com olhos verde-dourados.

– Meu nome é Tirish, e preciso de sua ajuda feiticeiro.

– Por que eu o ajudaria mundano?

– Porque sou um feiticeiro, como você. E não tenho idéia de que lugar é esse. Qual seu nome? Sabe onde fica o Instituto dessa cidade? – Tirish não parava de falar.

– Mais devagar camarada. Meu nome é Magnus... Magnus Bane. O Alto Feiticeiro desse lugar. – Magnus falava gesticulando muito com os braços. – E esse lugar, é o Brooklyn.

– O que é um Brooklyn?

– Deixa pra la. Eu sei onde fica o Instituto, mas você deveria se preocupar mais com o fato de não saber que esta na fabulosa Nova York.

– Vai me dizer onde fica ou não? – O feiticeiro de asas negras estava começando a ficar nervoso

– Bom, não agora. – Magnus abriu espaço entre ele e a entrada para sua casa. – Vamos conversar primeiro. Tenho a impressão de que você tem uma looonga história para me contar.

– Você não faz idéia do quão longa ela é.