Sob o Brilho da Lua escrita por Bia Kishi


Capítulo 13
Capítulo 13 - Constatações


Notas iniciais do capítulo

Ele saiu de debaixo do jato de água e abriu a porta de vidro do Box. Seu cabelo preto estava desgrenhado e seus olhos esmeralda brilhavam ainda mais sensuais com os cílios molhados. E o corpo? Bem, o corpo eu nem sabia o que dizer. Damon era a própria estátua de Apollo! Ele era forte e musculoso e tinha uma pele absolutamente quente. Eu podia sentir meu coração a um posso de um colapso, quando ele estendeu a mão em minha direção.
— Vem?
Ai meu Deus! Eu estava certa? Eu havia ouvido bem? Ou era só um sonho e eu ainda estava na cama? Ou pior, eu havia tropeçado e caído e batido a cabeça? Era isso! Só podia ser!
A voz de veludo arrancou os devaneios do meu cérebro.
— É a única maneira de acabarmos de vez com sua vergonha. Venha, venha aqui perto de mim. Eu quero mostrar como pode ser bom.



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         Fiquei feito idiota vendo o carro de Alaric virar a esquina e desaparecer na rua. Eu sentia dentro do meu peito uma sensação tão boa, tão agradável que parecia quase irreal. Por muito tempo em minha vida, eu me senti vazia. Por muito tempo em minha vida, eu senti que não pertencia a lugar nenhum, mas quando eu estava ali, quando eu estava ao lado daquelas pessoas que eu conhecia á tão pouco tempo, eu me sentia abrigada, eu me sentia parte de algo.

            Somente quando as luzes do andar de baixo se acenderam também, eu percebi que estava ainda no jardim e entrei. Stefan me esperava impaciente, sentado no sofá.

-           O que foi aquilo?

            Eu sabia exatamente do que ele estava falando, mas me fingi de boba e fiz cara de inocente.

-           Aquilo o que?

-           Você e o professor Alaric. Quando foi que se tornaram amigos íntimos?

            Eu me joguei no sofá ao lado, atirando meus sapatos no ar.

-           Hey, nós não somos íntimos!

-           Bem, foi o que pareceu.

-           Não seja bobo garoto! Alaric apenas que deu uma carona.

-           Achei que você tivesse um carro.

-           Eu tenho, mas ele resolveu não funcionar.

-           Muito providencial!

-           Stefan Salvatore você não está insinuando que o professor estragou meu carro só para me dar uma carona, não é?

            Stefan se levantou e subiu as escadas despreocupadamente. Eu subi atrás dele.

-           Você é quem sabe Ayllin, só não diga que eu não avisei.

-           Homens!

            Eu entrei em meu quarto e fechei a porta. Tirei a roupa e vesti um pijama. Eu estava casada e confusa, precisava muito, muito mesmo dormir.

            Quando deitei na cama, naquela noite, o sono não quis vir. Minha mente vagava sem rumo por várias coisas diferentes. Eu pensei muito em Miguel. Pensei em seus conselhos nas coisas que ele não me disse. Cheguei á conclusão de que a maioria das coisas sobre minha vida que sabia, eu havia concluído sozinha – Miguel me disse muito pouco. Pensei em Lexi, pensei não ela não teve tempo de me contar. Por será que todos que tinham respostas sobre meu passado acabavam por um motivo, ou outro, nunca me contando? Será que eu estava fadada a não ter um passado? Pelo menos eu teria um futuro. Okay, não era exatamente o futuro que eu planejei para mim, mas era ainda melhor – era um futuro de verdade.

            Virei de lado e tentei fechar meus olhos. Quando comecei a entrar no mundo dos sonhos, braços musculosos e quentes envolveram minha cintura como correntes – não que eu tivesse alguma intenção de fugir deles, ao contrário, naqueles braços eu seria a cativa mais feliz do universo.

            Damon ajeitou seu corpo junto ao meu, seu rosto repousou suavemente na curva do meu pescoço e ele me beijou.

-           Sentiu minha falta?

-           Sempre.

-           Posso perguntar uma coisa?

-           Claro Damon.

-           O que o seu carro estava fazendo no estacionamento do grill?

            Eu senti uma pontinha de desconforto. Fiquei pensando até que parte da história Damon sabia. Por mais que não houvesse nada demais, eu não sabia se devia contar a Damon sobre Alaric. Apesar de tudo, eu não podia mentir para ele, então, eu contei uma meia verdade.

-           Tive um probleminha com o carro, resolvi deixá-lo lá e pegar amanhã.

-           Probleminha? Estranho porque ele parecia perfeito. Eu trouxe para você.

            Tentei ordenar meus pensamentos por um tempo.

  -         Ótimo!

            Eu respondi mais para encerrar o assunto, do que para esquecê-lo propriamente dito. Como assim, estava tudo bem? Eu havia tentado fazer aquele bendito carro pegar por várias vezes. De repente, as insinuações de Stefan começaram a fazer um pouco de sentido – será que Alaric havia mesmo dado um jeito de fazer meu carro não funcionar, apenas para me dar uma carona? Eu não conseguia pensar nele assim. Mesmo porque teria sido bem idiota da parte dele fazer algo deste tipo, principalmente porque se ele queria me ver, eu teria aceitado de bom grado. E por que diabos eu teria aceitado? Esta era a pergunta mais difícil. E eu não tinha uma resposta.

            Minha cabeça parecia que ia explodir com tantas perguntas, nada parecia fazer sentido e ao mesmo tempo, era como se as coisas finalmente estivessem se ajeitando. Eu não consegui dormir novamente. A presença de Damon, seu corpo e seu toque não me permitiam. Ele virou-se sobre mim e escorregou a mão em minhas costas, deixando um rastro de calor em minha pele. Eu não pensei mais em Alaric, ou em Miguel, ou em Lexi, ou em Stefan. Eu não pensei em mais nada, não era possível. Quando eu estava com Damon tudo fazia sentido, apenas parecia certo e bom, e eu não queria parar.

            Não sei exatamente em que momento dos nossos “quase fazer amor” eu dormi, mas eu sei que dormi, porque acordei sozinha na cama. Eu estava um pouco mais relaxada e com muita, mas muita vontade mesmo de ir á escola. Me levantei e fui até o banheiro, meio dormindo, meio acordada. Quando parei na porta, meu corpo todo se paralisou – Damon estava no meu chuveiro, completa e absolutamente nu.

-           Ai meu Deus, ai meu Deus, ai meu Deus!

            Eu fiquei repetindo em minha mente feito uma idiota e provavelmente agindo como uma, porque Damon sorriu.

-           Não acredito que ainda tem vergonha de mim.

            Eu queria ter dito “Ah, mas é claro que não!” o que seria uma completa mentira, porque eu sentia minhas bochechas queimando de vergonha. Mas é claro que eu não iria dar o braço à torcer, então, eu menti.

-           É claro que não!

            Ele saiu de debaixo do jato de água e abriu a porta de vidro do Box. Seu cabelo preto estava desgrenhado e seus olhos esmeralda brilhavam ainda mais sensuais com os cílios molhados. E o corpo? Bem, o corpo eu nem sabia o que dizer. Damon era a própria estátua de Apollo! Ele era forte e musculoso e tinha uma pele absolutamente quente. Eu podia sentir meu coração a um posso de um colapso, quando ele estendeu a mão em minha direção.

-           Vem?

            Ai meu Deus! Eu estava certa? Eu havia ouvido bem? Ou era só um sonho e eu ainda estava na cama? Ou pior, eu havia tropeçado e caído e batido a cabeça? Era isso! Só podia ser!

            A voz de veludo arrancou os devaneios do meu cérebro.

-           É a única maneira de acabarmos de vez com sua vergonha. Venha, venha aqui perto de mim. Eu quero mostrar como pode ser bom.

            Bom? Será que ele achava mesmo que eu tinha alguma duvida do quão bom podia ser? O problema era exatamente que eu não tinha duvidas!

            Eu não sabia o que fazer. Continuei feito uma débil mental, parada na frente do Box, esperando talvez a “fada do dente” ou o “papai Noel” aparecerem e me tirarem dali. Nenhum dos dois apareceu.

Damon segurou meu pulso com a mão e me puxou mais para perto. Suas mãos hábeis escorregaram por minha cintura, e em um instante, o pijama se foi. Ele me puxou para dentro do chuveiro e me envolveu com seus braços. Eu não pensei mais em vergonha, ou em certo e errado. Eu não pensei mais em nada porque eu não poderia. Eu só conseguia senti-lo, tocá-lo, e eu queria mais.

-           Você tinha razão – eu disse, com o pouco de fôlego que encontrei, entre um beijo e outro.  

-           Eu geralmente tenho, amor, eu geralmente tenho.

            Damon beijou meu pescoço, meu ombro, e desceu delicadamente pela linha do osso esterno. Eu sentia como se fosse desmaiar á qualquer segundo. Seu toque era quente e sensual e tão intimo que eu sentia como se já o conhecesse de outras existências. Ele beijou meus seios, minha barriga, minha cintura. Eu senti coisas que nem sabia que eram possíveis. Eu teria feito qualquer coisa que ele quisesse; eu teria feito tudo, se ele quisesse; mas ele não quis. Ele apenas me beijou, me tocou e me deixou completamente fora de mim.

-           Te vejo lá em baixo. Acho melhor eu te dar uma carona e levar seu carro ao mecânico. Não quero você com problemas novamente.

            Eu me sentia verdadeiramente idiota agora.

-           Ok!

            Ok? que tipo de resposta era aquela? Eu devia ter perguntado por que ele não me quis? Porque diabos aquele vampiro idiota não quis fazer amor comigo? Eu estava ainda mais confusa do que ontem, se é que isso era possível.

            Terminei meu banho e me vesti para a escola. Quando desci as escadas, Damon estava lendo um jornal, no sofá.

-           Pronta amor?

-           Sim.

            Ele me conduziu em silêncio pelo caminho até a escola. Eu me sentia estranha e totalmente covarde. Eu queria perguntar a ele, eu precisava. Respirei fundo, e tirei toda a coragem – que não era muita – de dentro de mim, para perguntar a ele.

-           Damon?

-           Hum? – ele se virou e respondeu para mim, fazendo cara de totalmente inocente.

-           Por quê?

-           Porque o que, amor?

            É claro que o terrível e malvado Damon Salvatore, não iria tornar as coisas fáceis para mim.

-           Porque você não quis?

            Ele se aproximou, virando o corpo sobre o meu, o que fez algumas partes do meu corpo – que eu nunca havia sentido antes – responderem ao contato.

-           O que eu não quis, Ayllin? Me diga.

            Eu suspirei ainda mais fundo, quase aspirando os pulmões, fechei os olhos e respondi de uma só vez.

-           Porque você não fez amor comigo?

            Eu continuei com os olhos fechados, com as mãos cerradas em punhos e o coração totalmente gelado. De repente, um toque doce e quente desceu pela linha do meu maxilar. Os dedos primeiro, a boca depois, e então o cheiro familiar de dele me atingiu, acalmando minhas emoções.

-           Porque acha que eu não quis?

-           Eu não sei! É exatamente pó isso que estou perguntando.

            Ele me beijou profundamente, intimamente. Seus lábios, sua língua, seu gosto. E então se afastou só alguns milímetros e sussurrou.

-           Era o que eu mais queria, e eu fiz um esforço insuportável para agüentar.

            Seus olhos encontraram os meus e eu perdi o controle, eu me perdi em seus olhos. Ele sorriu e continuou, brincando com os lábios nos meus.

-           Só vamos fazer, quando você quiser, Ayllin. Só quando você me pedir.

            Eu sorri e o abracei. Eu não contava com aquela resposta. Ele era doce e carinhoso e gentil, e eu o amava. Nada que ele dissesse, ou fizesse poderia ter me feito amá-lo mais. Não me faria sentir mais amada também. Por mais bobo que pudesse parecer, Damon preocupar-se com minhas vontades me quebrou. Eu não tinha mais reservas para ele.

            Quando eu desci do carro e andei até a sala de aula, um sorriso idiota permaneceu em meu rosto. Eu estava feliz e satisfeita e tudo parecia que ia dar certo, até que eu entrei na sala.

            Assim que meus olhos encontraram os de Alaric, meu mundo desabou – lá estava a outra parte dos meus problemas.

            Andei em silêncio até o meu lugar, ao lado de Matt e me sentei. Eu não conseguia esquecer as insinuações de Stefan e o fato de o meu carro estar novamente funcionando, dava ainda mais crédito á ele. Será que Alaric havia mesmo feito algo desse tipo? E o mais importante, por quê?

            Obviamente, eu não ouvi uma palavra do que ele disse sobre “a revolução francesa”, primeiro porque não me interessava em nada, e segundo porque o som da voz dele me hipnotizava. Eu tentei desviar meus olhos dos dele, o máximo que eu pude. Não que eu não quisesse olhar para ele – e eu queria muito – mas, o olhos de Stefan fulminavam minhas costas de uma maneira tão protetora que chegava a ser invasivo, e eu tinha medo do que ele poderia ver.

            Alaric também não me encarou, ao contrário, ele parecia completamente despreocupado e empolgado com a aula. Aula esta que pareceu durar uma verdadeira eternidade, diga-se de passagem.

Quando o sinal tocou, Matt saiu ao meu lado, o que deixou Stefan suficientemente seguro para acompanhar Elena até a em casa. Matt e eu andamos juntos pelo estacionamento.

-           Quer uma carona, ou Damon virá buscá-la?

            Eu estava pronta para aceitar a carona – e principalmente porque eu sabia que Damon não viria me buscar – quando senti o aroma dele. Eu absorvi o cheiro e um friozinho subiu por minha espinha.

-           Matt pode deixar, eu acho que vou caminhar um pouco.

-           Tem certeza?

-           Claro! O dia está tão bonito, eu quero caminhar um pouco.

-           Ok, te vejo depois, então.

            Eu me despedi de Matt e quando o Mustang virou a esquina, eu não me movi – eu não iria caminhar. Ao invés disso, eu continuei ali, parada no estacionamento, sentindo o cheiro vir cada vez mais perto. Eu sabia exatamente quem era, e isso me fazia pensar na razão de estar ali. Ele se aproximou mais e parou. Era como se ele precisasse da minha aprovação par se aproximar o suficiente. Eu não sabia o que devia fazer, mas sabia o que queria fazer, então eu fiz.

-           Achei que não queria falar comigo hoje – eu falei, ainda de costas.

-           Eu sempre vou querer, Ayllin.

            As palavras dele queimavam a minha alma. Eu me sentia tão próxima de Alaric, tão íntima. Era como se fossemos parte da mesma coisa.

            Ele andou até o meu lado e parou, um sorriso doce nos lábios e o mesmo brilho quente e dourado nos olhos.

-           Como você está?

-           Bem.

            Eu estava mesmo bem. Eu sempre estava bem ao lado dele, e isso era bem estranho. Principalmente porque eu amava Damon, eu não sentia nem mesmo uma rachadura nesse amor, nem mesmo um tremor; mas Alaric me completava de outro modo, e eu não sabia qual.

            Como se percebesse minha confusão, ele levantou a mão e tocou meu rosto de leve. Seus dedos percorreram minha face, quase sem tocar. Eu me derreti naquele toque. Era como se ele afagasse minha alma.

-           Acho que não está tão bem quanto diz. Eu posso sentir.

            E eu acreditava mesmo que ele podia sentir, eu quase podia sentir ele sentindo! Ok, eu sei que é meio confuso, mas é totalmente verdade. Alaric atravessava facilmente minhas defesas, eu não conseguia esconder nada dele.

-           Só estou confusa.

            Esta era a parte da conversa em que eu deveria ter perguntado a ele sobre o carro. Eu deveria ter exigido a verdade dele, mas eu não disse nada. Eu não queria encher o pouco tempo que eu tinha com Alaric de desconfianças. Não importava se ele tinha ou não feito algo com o meu carro, a verdade é que eu tinha gostado. Tinha gostado do tempo com ele e de conhecê-lo melhor e eu queria que continuasse assim.

            Como se compartilhasse de minhas confusões, Alaric se aproximou mais e me abraçou. Não um abraço apertado e quente, mas um toque suave e confortador. Ele subiu a mão até a minha nuca e deitou minha cabeça em seu peito. Eu não o contive. Meu rosto encontrou o tecido macio de sua camisa e eu aspirei seu aroma doce. Eu não pensei em mais nada. Não pensei se alguém iria nos ver, não pensei se era certo, eu não queria as respostas.

            Não sei quanto tempo ficamos ali, abraçados no estacionamento, não sei se alguém nos viu. Meus olhos permaneceram fechados, sentindo Alaric afagar meu cabelo. O sentimento era bom e agradável.

Eu não pensei em mais nada por um longo tempo. Então, eu percebi. E a percepção me gelou a espinha fazendo uma bola de espinhos escorregar por minha garganta – ele não tinha batimento cardíaco!


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