Prólogo.

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“Ele encarou a própria espada afiada, antes de caminhar lentamente até o campo de batalha. Ele não queria um simples duelo, ele queria guerra, queria que todos pagassem pelo sofrimento que haviam lhe causado. Mas para que ocasionar tantas mortes inocentes, se o único causador de tudo estava do outro lado do campo a sua espera. Ele fitou o jovem príncipe, o futuro da Arquelândia, o orgulho do rei Miraz, e se decepcionou ao ver a figura de seu oponente. Ele pensara um dia, que ambos poderiam ser grandes amigos, unirem seus reinos, e serem aliados em importantes batalhas para aquele mundo, mas estava enganado, jamais em toda a sua vida imaginou que um príncipe seria capaz de fazer o que ele havia feito. No fim seria ele o vencedor e toda a Arquelândia cairia a seus pés em meio ao caos que ele traria a esse país.

Todos ali estavam polvorosos, os homens gargalhavam e faziam suas apostas, confirmando o favoritismo de seu príncipe, algumas mulheres não ousaram a presenciar o que aconteceria naquela tarde, escondendo-se dentro de casa com suas crianças. Um sorriso brotou em seu rosto assim que pisou onde ocorreria sua vitoria, e assim pode observar atentamente o seu oponente. Um dos generais da Arquelândia se posicionou ao centro do campo, e olhou atentamente para ambos.

– As regras são básicas, o duelo só terá um fim após a morte de um dos oponentes! – o general curvou se para ambos – Que o duelo comece!

– Você sabe que não precisa ser assim Caspian! – o jovem príncipe disse enquanto analisava qual seria o primeiro movimento do rei.

– Só tem um meio de isso acabar justamente! – o rei de Nárnia disse segurando firme em sua espada – Com você morto no final Pedro!

O rei de Nárnia após pronunciar suas ultimas palavras partiu para cima do príncipe, transferindo-o inúmeros golpes com sua grande espada. Pedro por sua vez defendeu-se, até conseguir travar sua espada com a de Caspian. Suas laminas continuaram a se cruzar por um longo período, até que por um descuido do príncipe, Caspian fora mais forte e conseguiu eliminar a espada que Pedro usava, e assim derrubando-o no chão.

– Olhe para seu filho em seu ultimo momento de vida! – Caspian gritou, olhando furiosamente para o rei Miraz que observava o duelo em seu trono – Isso é por minha irmã! – o rei de Nárnia, com pura fúria em seus olhos, transferiu sua grande espada, ao peito de Pedro, atravessando-o o coração ”

Caspian acordou assustado, por noites tivera o mesmo sonho, com aquela mesma recordação que o assombrava. Já havia se passado praticamente um ano desde a luta que resultou na morte do príncipe Pedro, e mesmo assim todas as noites as imagens daquele dia voltavam a sua mente. Ele sentou-se na beira da cama, e passou a mão entre seus cabelos negros, estava perdido em seus próprios pensamentos, e toda a vez que isso acontecia, seus pensamentos sempre eram voltados em sua querida irmã. Caspian ouviu barulhos vindos do corredor, e logo alguém bateu em sua porta.

– Entre! – o rei disse postando-se de pé.

– Perdoe-me vossa majestade! – ele viu o seu general olhá-lo com certa preocupação.

– O que houve Edmundo?

– É melhor o senhor ver com os seus próprios olhos!

– Desço em alguns minutos! – O rei disse, e Edmundo apenas acenou que sim com a cabeça e retirou-se do quarto.

Caspian estava curioso por precisar ser chamando aquele horário da noite, mas sabia que deveria ser algo muito serio, jamais duvidou da lealdade de seu general e exercito diante de Nárnia. O rei apressadamente vestiu suas vestes, e caminhou a passos rápidos até a porta onde Edmundo estava parado a frente, aguardando junto com mais dois soldados a chegada do rei.

– Temo que não fique feliz com o que está dentro desta sala, meu Rei! – Caspian olhou receoso para Edmundo.

– Dei-me licença! – ele disse autoritário, enquanto o seu general dava-lhe passagem para que adentrasse naquela sala.

Ao entrar e observar à sala, seu rosto tomou um ar gélido e frio, seus punhos se fecharam de ódio ao ver a imagem de quem se tratava. Ele estava surpreso, jamais imaginou que seria esse o motivo de tal preocupação de Edmundo. Porém Caspian a reconheceu mesmo estando cabisbaixa, a herdeira da Arquelândia. A curiosidade tomou conta do corpo do Rei naquele instante, queria ele saber o motivo de tamanha visita àquela hora da noite.

– A encontramos vagando sozinha na floresta, com fome e sede, meu Rei! – Edmundo disse posicionando-se um pouco a frente da garota.

– Achei que minhas ordens haviam sido bem claras, não quero nem um tipo de arquelândio vagando por entre minhas terras! -– Caspian a fitou, porem não conseguia ver seu rosto, ela permanecia cabisbaixa, e continuou do mesmo modo após ouvir a voz do rei – O que fazia em minhas terras? – ela parecia imóvel, intocável, mas após alguns minutos de silêncio, a garota o cortou.

– Temo por minha vida... – a voz da jovem era baixa e fraca, mas possuía um timbre doce - E venho até ti, vossa majestade pedir refúgio! – Caspian observou as vestes sujas e rasgadas da garota.

– Edmundo, chame alguém e mande que cuidem dela! - pela primeira vez desde que chegou naquele lugar, ela ergueu a cabeça e pois se a encarar o rei.

– Sim senhor! – Edmundo curvou-se e caminhou ate a saída da porta.

– Amanhã ao amanhecer quero que esteja disposta para que possamos conversar sobre o que acabou de me propor! – Caspian observou os belos olhos azuis que a garota possuía - Agora a levem daqui!

Ambos os dois soldados que estavam ao lado da garota, a tiraram da sala o mais rápido possível. E antes que Edmundo pudesse acompanhá-los a voz de Caspian o impediu.

– Não quero que Lúcia e nem minha noiva, fiquem sabendo que ela está aqui, antes que eu mesmo descubra o que ela realmente quer!

– Sim majestade, cuidarei para que meus soldados não espalhe tal noticia! – Edmundo curvou-se para seu rei, e saiu. Deixando Caspian sozinho naquela sala, mais uma vez perdido em seus pensamentos, porém desta vez eles não estavam voltados a sua irmã, e sim em Susana.