Red Ice Klaroline escrita por Jenniffer, Pedro Crows Nest


Capítulo 15
Capitulo 15 - My Immortal


Notas iniciais do capítulo

8 mil palavras de pura loucura fanfiqueira se seguem.

Desejamos a todos uma boa leitura! :D



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"I'm so tired of being here suppressed by all my childish fears and if you have to leave I wish that you would just leave 'cause your presence still lingers here and it won't leave me alone."

Eu estava debruçada no lavatório, molhando a cabeça com água fria, nauseada de nervoso. A ficha tinha caído e eu estava lidando com a minha morte eminente. Jeremy actualizou Bonnie sobre a recente possessão que tinha sofrido e ela estava falando com fantasmas que eu não conseguia ver, e mesmo que conseguisse não me importava. No momento eu só queria que o meu faniquito passasse. E que eu voltasse a estar no controle. Será que Klaus estava de novo tentando entrar na minha mente? Foi assim que começou da outra vez. Não. Não é ele. Com ele não foi uma sensação de vazio, eu me senti expandir, ocupar um lugar a mais. Agora eu estava me sentindo fraca, caindo sem de facto me mexer. Eu estava gelada. Eu andei até a cozinha procurando um saco de sangue, eu precisava fazer algo que fortalecesse meu corpo e ocupasse minha mente e não tem nada melhor do que sangue para isso. Nós podemos estar controlados a maior parte do tempo, nós podemos fingir que não somos afectados pelo sangue, pela sede, mas quando algo te desequilibra é a primeira coisa à qual você recorre, é a única coisa que de facto te conforta. Sangue. Preenchendo meu corpo e tirando espaço daquela sensação de medo e mal-estar. Era tudo que eu precisava. E eu estava pronta.

Bonnie me viu adquirir uma postura decidida e eu apenas dei um passo antes dela começar a falar num tom mais alto do que o necessário:

– Você precisa me dar algum tempo Caroline. Eu tenho dezenas de bruxas do outro lado que podem me ajudar a achar uma saída para isso. Não se precipite, não pelo…

Ela calou a boca imediatamente antes de dizer aquilo, mas infelizmente eu acompanhei o raciocínio dela. “Não pelo Klaus” era o que ela ia dizer. Ele não merecia que eu me sacrificasse. Eu podia quase apreciar a ironia vinda dela, a mulher que deu a vida para que o Jeremy pudesse voltar. Ela foi um fantasma por meses, ela desistiu de tudo para que ele pudesse ter a vida dele de volta. E era ela, a minha melhor amiga, aquela que me conhecia de dentro pra fora e achava que o meu amor era tão insano que não merecia crédito. Que não merecia nada. Era ela que estava julgando a minha decisão.

– Eu não tenho tempo Bonnie, eu lamento. Essa é a única opção que eu tenho agora. E agora é a hora. Eu não vou arriscar. Você pode tentar expulsa la do meu corpo depois.

Eu não tinha tempo para faze la entender, eu não tinha tempo para faze la aceitar, eu não tinha tempo sequer para deixar que ela tentasse me salvar. O acordo estava feito. E eu seguiria em frente com o único plano que eu tinha.

Eu dei meia volta, e abracei Bonnie muito forte. Eu a senti expulsar o ar dos pulmões rapidamente numa tentativa de tornar aquele abraço menos desconfortável.

– Por favor, não diga pra minha mãe o que aconteceu. Cuida dela por mim Bonnie. Apenas cuide dela, por favor….

Eu tentei sair já com lágrimas nos olhos, e Jeremy tentou me impedir. Verbena. Ele injectou verbena no meu corpo, com certeza esperando que eu desmaiasse. Ele devia ter esquecido que eu já fui torturada demasiadas vezes, e que eu tomava verbena diariamente tinha já algum tempo… Ele não esqueceu, ele apenas não sabia. Eu reagi demasiado depressa e o tirei do meu caminho saindo e esperando que Bonnie não tentasse me impedir, eu não queria machuca la como despedida.

Quando eu abri a porta, Hayley entrou respirando descompassadamente e perguntando por Elijah. Por momentos tive esperança que ela tivesse noticias, boas notícias para variar, mas não, ela apenas trazia piores. Elijah estava incontactável e ela receava que tivessem pego ele também.

Era só o que me faltava mesmo. Com Elijah fora da jogada só restava esperar que Esther cumprisse a parte dela do acordo e salvasse Klaus.

Eu abri a porta e respirei fundo, Hayley segurou meu braço e olhando bem profundamente nos meus olhos disse:

– Faça o que tiver que fazer para traze los de volta. Sejam quais forem as consequências, poderemos lidar com elas depois, juntos.

Ela não sabia que eu tinha feito o pacto, ela não sabia o que estava pedindo. Provavelmente ela achava que independente de qualquer confusão que eu me metesse Klaus e Elijah poderiam dar um jeito depois. Talvez ela achasse que Bonnie tinha achado uma solução. Talvez sim, talvez não. Não é algo que eu esteja a fim de pensar agora. Agora eu apenas quero acabar com isso depressa, esse nervoso miudinho está me deixando louca, eu sempre fui uma pessoa ansiosa, a control freak dos limites de tudo e todos, e saber que você vai morrer e apenas caminhar pra morte com a cara e a coragem requer um pouco menos de amor próprio do que aquele que eu tenho. Eu me amo muito, e eu adoro viver, ainda que morta, então eu não culpava a minha respiração acelerada, o meu sangue correndo mais rápido no corpo, nem a electricidade estática que eu podia sentir entre a minha blusa e a minha pele. Eu estava uma pilha. Quem não estaria? Não é como se eu fosse voltar, embora eu soubesse que Bonnie faria tudo que pudesse para tentar.

Eu tinha que me recompor. E encarar aquilo que eu escolhi. Afinal de contas, tudo está no lugar certo, porque eu tive uma opção. E optei por salvar o homem que eu amo. Nada poderia estar mais certo do que isso. A minha mãe ficaria bem. Todo mundo ficaria bem. Eu poderia ter morrido há tempos atrás quando Katherine me transformou. Mas eu não morri, eu ganhei uma oportunidade de ver a vida de outra forma, de viver as coisas de outra maneira, de sentir e vivenciar o mundo de um jeito que eu nunca imaginei. Eu tive mais num ano que muitos tiveram numa vida inteira. E eu agradecia por isso. Ser vampira foi uma das melhores coisas que aconteceu na minha vida.

E eu estava pronta. Pronta pra entregar meu corpo pra mãe do homem que eu amo e que eu odeio em tal medida que se torna ridículo.

*** Klaus ***

A escuridão daquela caverna e o ar cada vez mais fétido me despertaram. Eu não sabia quanto tempo eu tinha ficado desacordado, mas a ultima sessão de tortura ainda doía e eu podia sentir que as feridas abertas pelas malditas ervas de Ayana nas minhas costas ainda não estavam de todo cicatrizadas. Eu abri os olhos e dei de cara com os olhos insanos da bruxa.

–Desperte bad boy....voce é realmente duro na queda. Mesmo assim é bom ver você gritar enquanto as ervas devoram sua pele, mesmo que o efeito disso seja temporário.

–Você não entende mesmo nada sobre tortura, bruxa. Você não pode me matar e duvido que queira passar sua eternidade me torturando diariamente, até porque seu estoque de ervas não deve ser eterno. O que vai fazer quando elas acabarem.

–Bem, nós já pensamos nisso. Não precisaremos mais das ervas porque descobrimos a sua vulnerabilidade.

–Boa sorte com isso.

–Kai, pode trazer a nossa mais nova aquisição.

A bruxa saiu da minha frente e Kai entrou na caverna arrastando alguém que não parecia se debater. Talvez o ódio tenha me cegado ou alterado algo em meu cérebro. Meu corpo se contraiu, eu senti tudo a minha volta entrar em espiral e eu tive que me concentrar pra permanecer de pé. Ele ergueu a cabeça de quem ele trazia com ele, mas antes que o rosto dela surgisse eu sabia que era ela. Os cabelos loiros caindo delicadamente sobre os ombros, o rosto pálido, os lábios vermelhos, ela parecia olhar para o nada. Caroline. Eles a haviam pego e haviam feito algo com ela. Eu gritei o nome dela o mais alto que pude, mas ela parecia entorpecida demais pra me ouvir. Ela estava usando a camisa, a minha camisa, a mesma roupa que eu a havia visto quando me conectei com ela mais cedo. Eles tinham descoberto onde ela estava. Elijah tinha sido descuidado o bastante para deixar que a pegassem. Eu queria matar todos os incompetentes que a deixaram vulnerável nesse exato momento.

Ayana estava rindo do meu desespero:

–Não adianta gritar, Niklaus, ela não pode lhe ouvir.

–O que você fez com ela Ayana? O que você fez com ela?

–Então, o poderoso Niklaus realmente tem um ponto fraco. A mesma garota que partiu o seu coração é a garota por quem você o daria? Não censuro você, ela é realmente muito linda.

Ele passou as suas mãos imundas no rosto dela, Caroline estava com a mesma expressão paralisada .

–Tire as mãos dela. Eu rosnei isso mais do que disse. Tudo o que eu queria no momento era rasgar a garganta daquele abutre.

–Você não está em condições de exigir nada. O que você poderia fazer se eu decidisse explorar mais de perto esse pequeno tesouro? Ele abriu um botão da camisa que ela estava usando, a minha. Ele abriu mais um e parte do sutian dela estavam a mostra. Eu senti as cordas cortando minha pele até os ossos. Aquele abutre não podia tocar em Caroline daquela maneira. Eu não tinha outra alternativa. Pela primeira vez na vida eu me vi em um beco sem saída e o mais estranho em tudo isso é que não precisei pensar duas vezes pra decidir.

–Liberte-a e temos um acordo. Eu faço qualquer coisa que vocês quiserem, mas antes eu a quero livre, segura, em Mystic Falls. Entregue-a a mãe dela.

–Não queremos um acordo, queremos o seu coração. Disse Ayana.

–Você terá.

Ayana e Kai riram e a gargalhada deles ecoava na caverna e no meu cérebro. De repente ele parou de rir e aproximou-se do circulo onde eu estava, arrastando Caroline, segurando o rosto dela.

–Sim, então temos um acordo agora. Não se preocupe, vamos deixa-la segura, mas antes disso acho que posso me divertir um pouquinho com ela.

Ele puxou a camisa que cobria o corpo de Caroline, a visão das mãos dele percorrendo o corpo dela me fez ter espasmos de cólera, sim eu estava irado, eu senti como se a corda de ervas fosse decepar minhas mãos e pés, mas eu não me importava. Eu devo ter gritado alto o bastante para que Caroline acordasse, mas eu não vi os olhos dela abrirem, meus olhos estava fechados e eu ouvi a voz de Ayana:

–Tudo bem Kai, já chega. Temos o que queremos. Eu sei que o quanto é prazeroso se divertir provocando esse tipo de alucinações nele, mas não temos muito tempo. Vamos pegar a garota e acabar com isso. Acorde, Niklaus!

Eu abri meus olhos, meus pulsos e tornozelos estavam dilacerados pelas cordas, a caverna antes escura, estava iluminada por várias tochas. Kai olhava pra mim com um sorriso sarcástico no rosto. Ayana estava ocupada mexendo em algo que parecia um grande caldeirão, a típica bruxa... eu varri a caverna com os olhos, nem sinal de Caroline.

–Onde ela está? O que você fez com ela?

–Ela estava na sua mente, foi bem fácil capta-la lá dentro. Assim como será fácil captura-la na sua casa, já que seu irmão tem mais com o que se preocupar no momento.

Eles haviam entrado na minha mente e projetado tudo aquilo. E eu não podia respirar aliviado por ter sido uma ilusão, porque agora Caroline corria perigo real. E o que mais me deixava irado era o fato de não poder sair dalí e mata-los, não poder impedi-los de captura-la, machuca-la de usa-la para me atingir. Eu estava exausto, minha pele dilacerada doía, mas nada doía mais do que não poder ajudar Caroline naquele momento. Eu tentei não me mexer, porque eu achei que ficando parado eu poderia me curar mais rapidamente e tentaria me libertar de novo, eu não podia adormecer, não podia deixar a exaustão me vencer. Eu procurei lembranças boas de Caroline e a vi outra vez entrando no baile organizado pela minha mãe em Mystic Falls. A garota mais bonita da festa. Alguma coisa nela radiava naquele dia, ela tinha uma luz. Uma luz que lançou-se naquele dia sobre minhas razões obscuras. Ela não tinha medo de mim, ela foi corajosa pra me dizer o que ninguém antes tinha me dito. Talvez tenha sido naquele dia que alguma parte de mim decidiu que eu queria aquela mulher na minha vida. Para sempre. Mas naquela época eu não sabia que não poderia ter tudo. Eu não sabia que a mesma coragem que ela teve pra me dizer tudo aquilo naquele dia, ela usaria para me mostrar os motivos pelos quais tinha que ficar com o Tyler. Caroline era a contradição da minha vida. Ela parecia ter sido destinada a me dizer que eu tinha que pagar pelos meus crimes da pior forma. E a pior forma era tendo que viver em um mundo onde poderia ter tudo, menos ela.

Eu interrompi meus pensamentos quando Ayana veio em minha direcão. Não haveria muito tempo pra me desviar, mesmo que eu conseguisse me mover. Ela jogou sobre mim a mistura que estava em seu caldeirão e eu me senti desfalecer enquanto minha mente reproduzia a imagem de Caroline entrando no baile. Como se não houvesse mais nada e nem ninguém no mundo. E não havia.

*** Caroline ***

Eu já estava na floresta. Esther também, eu não me apressei, fiquei andando a toa, ela me encontraria eventualmente, afinal a bruxa era ela. Segundo um dos capangas de Marcel, eu estava sendo caçada pelas ruas de Mystic Falls e Nola. Eu me pergunto o que a seita de Ayana fará quando descobrirem que não tiveram o prazer de me matar. Me pergunto como Esther lidará com eles. Será que ela manipularia Klaus o tempo todo? Será que ela usaria as bruxas? Porque de facto ela queria o meu corpo? Eu não acreditava nem por um segundo que ela apenas queria ficar perto do neto. Eu não acredito nem por um segundo que ela possa querer algo de bom. O pacto era que ela me entregasse ele vivo, não que ela o mantivesse seguro ou não tentasse nada contra ele no futuro. Eu comecei a ficar nervosa de novo. E se isso fosse tudo um plano para deixar Klaus mais vulnerável ainda e ataca lo quando ele menos esperasse? Será que tentando salva lo eu estaria candenando o? Eu não posso pensar nisso agora. Bonnie estará alerta, eu pedi para que ela não se metesse nisso mas eu aposto minha vida, que agora não vale muito, em como isso era ultima coisa que ela faria. Ela definitivamente se meteria. Não que ela vá ajudar Klaus por mim ou por ele . Ela não faria isso. Mas ela sabe que a possibilidade de Klaus ser o criador da nossa linhagem é muito grande, se ele cair todos nós cairemos com ele, ela não vai colocar a vida de Elena em risco, ela não vai deixar que milhares de vampiros inocentes morram, embora ela não respeite a raça vampírica. Ela estará alerta aos movimentos da Esther, ela sabe que ela é um perigo não só pros filhos como para todos nós. Afinal, se houver mortes em massa, todos esses seres passarão por ela para ir para o outro lado, todos esses seres provocarão dor nela também. Isso me deixou mais calma.

Eu vi um rastro de fogo se formando no chão. Esther. Ela queria brincar de escondida essa altura do campeonato? O fogo não era quente, era frio. Nada poderia ser mais poético. Esther tinha estilo. Eu segui o rastro que me guiou até ela, que falava aquela língua estranha que ninguém entendia. Ela não me olhou, não se moveu, ela estava concentrada lançando um feitiço aquela gruta. Provavelmente o lugar onde Klaus estava sendo mantido prisioneiro. Eu fiquei parada, estática, com a mente em branco, ansiosa por ve lo sair de lá.

Assim que Esther parou eu me precipitei para a gruta mas dei de cara na barreira invisível que me impedia de entrar. Aquela desgraçada. Ela entrou e eu desesperei nos poucos minutos em que ela ficou lá dentro. Eu não tinha de todo a certeza de que ela cumpriria o acordo, por alguns momentos eu achei que talvez ela resolvesse mata lo de vez. Destruí-lo pra sempre.

*** Elijah ***

Caroline…

Klaus nunca me perdoaria se eu permitisse que ela cumprisse o pacto com nossa mãe. Klaus nunca me perdoaria por não ter estado lá para ela. Nunca. Eu precisava chegar a tempo, eu não podia deixar que meu irmão perdesse a única pessoa que foi capaz de muda lo por pouco que seja ao longo de mil anos. Eu deixei Jeremy e Bonnie para trás, ainda não entendia como eles puderam permitir que Caroline saísse de casa, para um caçador Jeremy se demonstrou especialmente inútil.

Eu senti frio, de novo, aquelas criaturas, atrasando meu caminho. O clã de Ayana parecia ser composto por um verdadeiro circo de horrores sobrenaturais. Estes eram succubus, 3 deles, vindo na minha direcção. Eu nunca tinha estado frente a frente com um Succubus, mas eu conhecia as histórias, as criaturas infestavam o submundo e alguns perambulavam entre os mundos procurando decadência e desespero para se alimentar. Eu devia estar perto do local onde minha mãe estava. A energia que ela usou para permanecer desse lado tempo o suficiente para o que quer que ela planejou foi o que permitiu que os succubus andassem a solta.

Medo. Eles procuravam medo. Como cães farejadores eles se aproximaram de mim. Eu não me movi mas senti asco, o cheiro deles era nojento. O frio que eles provocavam era incomodativo.

Um deles veio para mais perto de mim, e me cheirou como um animal.
Ele sacudiu a cabeça como eu teria sacudido se tivesse cheirado a ele de perto. Aquela coisa podre! Para alguém acostumado com o próprio odor, com certeza meu cheiro devia ser muito diferente. Eu abri um botão do casado quando ele chegou mais perto, e impedi que ele tocasse em mim com uma mão, imediatamente a minha mão ficou presa no corpo dele, era como uma areia movediça, quanto mais eu me movia mais a minha mãe se enterrava. Eu continuei me mexendo e continuei me enterrando até que já estava preso pelo ombro. Eu tentei com toda a minha força me libertar mas não era possível. Era provavelmente a minha própria força que ele estava usando para me manter preso. Eu fiquei imóvel e me concentrei numa ideia fixa de calma. Eu pensei na Hayley, no bebe, no futuro que essa criança significava para nossa família e como nós tínhamos sido abençoados com uma nova oportunidade. Eu senti meu braço afrouxar, e a criatura fez um esgar de dor, como eu supunha ele estava conectado as minhas emoções e era disso que eles se alimentavam. Mas eles não conseguiam permanecer ligados a luz apenas a escuridão. Tão óbvio, tão claro. Criaturas da noite sempre são sensíveis a luz, seja ela a luz solar, a luz lunar, ou a luz da alma… algumas coisas você não pode ver mas você sabe que existem.

Eu irritei o Succubus mantendo a calma e me soltando e ele me atacou junto com os outros dois. Por alguma razão estúpida eu achei que ele não tinha matéria física e seriam como espíritos, mas não! Um deles conseguiu me jogar para longe enquanto o outro me trespassou congelando todo meu corpo por alguns segundos. Era como sentir vários estilhaços de fogo queimando suas veias e ao mesmo tempo sua pele congelando por fora.

Eu sou imortal, mas não sou imune a dor. E aquilo era verdadeira dor. Eu podia ver o que eles estavam tentando fazer, me deixar fisicamente vulnerável para conseguir me fazer psicologicamente frágil.

Ele me trespassou de novo, eu pude sentir que a intensidade do ataque diminuía, ou talvez fosse a minha resistência.

Eu senti sono. Um cansaço súbito e apenas percebi que tinha desmaiado quando acordei naquela clareira onde tudo que eu podia ver eram as estrelas no céu e nada mais. Não, espera, eu podia ver luzes, ao longe, fogo? Sim, era fogo. Eu levantei com dificuldade, e segui aquela claridade que eu conseguia notar ao longe, e a luz foi aumentando até que encontrei a fonte, um rastro de fogo, uma trilha de fogo, que me levaria a algum lugar. Eu podia apostar que seria ao lugar onde a minha mãe estava. Eu não tinha muito tempo, eu não sabia quanto tempo tinha dormido, nem sequer lembrava em que momento fui nocauteado. Porque eles foram embora? Porque me deixaram ali? Eles poderiam ter drenado toda minha energia, eu não morreria, claramente, mas eu poderia ficar por anos inactivo se não me alimentasse. A mordida de um súcubos é como um punhal que te seca como areia. Eles roubam sua alma e deixam um pedaço de vazio ocupando esse lugar. Você nunca volta a ser quem era depois da mordida de um succubus, você nunca volta a ser você, você apenas volta a ter seu corpo, mas não da mesma forma, é como estar vestindo uma roupa demasiado grande, ela não parece sua, ela não é confortável.

Eu segui o rastro de fogo durante alguns minutos até encontrar a caverna.

Eu podia ver Caroline mas não minha mãe, eu tinha que ser rápido, aquela barreira invisível poderia atrapalhar meus planos. Eu não poderia entrar sem que ficasse preso lá dentro. Eu pude ouvir Bonnie me alcançando. Ela trazia algo com ela, um colar, ela colocou no meu pescoço e disse que iria me ajudar. Um objecto enfeitiçado claramente, por quem eu não sabia, mas Bonnie parecia ser uma fonte ilimitada de conhecimentos desde de que tinha se tornado a ancora. Minha mãe saiu da caverna carregando Niklaus irreconhecível pelos ferimentos, e eu podia ouvir Ayana gritando lá dentro. Ela devia estar presa. Prova de que ela também não sabia dos planos da minha mãe. Eu não ouvia Kai, mas eu sabia que ele estava lá dentro também. Será que minha mãe o matou? Eu fiquei observando agora de longe, Caroline correr em direcção a minha mãe, minha mãe soltou Klaus no chão e Caroline segurou a cabeça dele chamando o nome dele baixinho. Dizendo aquelas que eu acho que ela considerou as suas ultimas palavras para Klaus, mas ele não acordou. Ela não conseguiu olhar nos olhos dele uma ultima vez, e as lágrimas escorriam do seu rosto quando ela beijou de leve a boca dele dizendo que o amava uma ultima vez e que sentia muito pelo que estava prestes a fazer. Ele nunca ouviu nada disso, mas ele saberia mais tarde, quando acordasse. Minha mãe mantinha seu olhar gélido em Caroline esperando que ela desistisse mas ela apenas se ergueu do chão olhou para Niklaus uma última vez e abraçou o seu destino com um sorriso cínico nos lábios.

Minha mãe cortou a palma da sua mão e iniciou os dizeres do feitiço que as uniria para sempre, eu entrei na barreira, e como eu imaginava fiquei preso lá dentro. Minha mãe sentiu minha presença mas isso não foi relevante o suficiente para que ela desviasse a atenção do que estava fazendo nem por um segundo. Eu me aproximei tirando Caroline de perto dela e ficando na sua frente como um escudo. Minha mãe teria que me matar antes de conseguir ter o corpo daquela garota. Eu próprio mataria Caroline ali mesmo, perante o corpo inconsciente de Klaus antes de permitir que minha mãe o tomasse como seu. Ela não via que aquele plano não fazia sentido? Ela não via que eu já sabia de tudo e tinha ido tudo por água a baixo? Ou ela planejava me matar depois de concluir o feitiço? Ela invocou um succubus, eu pude sentir pelo frio a minha volta, não precisei me virar de frente para saber que ele vinha na minha direcção. Então era isso, ela achava que poderia me manter imobilizado por tempo suficiente para conseguir o que quiser. Bom, ela estava enganada. Ela não era a única bruxa com conhecimentos do outro lado. Bonnie colocou as palmas das suas mãos na barreira conectando dezenas de bruxas a ela naquele momento. Eu pude ver a surpresa nos olhos da minha mãe, ela não esperava resistência. Ela não esperava que Caroline tivesse ajuda, ela sempre a considerou uma presa fácil. Ela estava enganada. O colar que Bonnie me deu permitia que eu conseguisse tocar nos succubus sem ficar encurralado em seus corpos, o que fez deles uma espécie de pinos de blowling sendo arremessados pelo ar uma e outra vez. Mas não era suficiente, eles continuavam vindo, como se nada fosse, eles continuavam levantando e vindo contra mim. Dois deles conseguiram me atravessar finalmente, num momento de distracção, me deixando tonto por tempo o suficiente para que Caroline caminhasse até minha mãe e se oferecesse para cumprir o pacto. Eu vi minha mãe fazendo um corte grande e profundo na mão dela, ela fechou a mão por reflexo, e o tempo que levou para que o sangue da mão de Caroline escorresse da sua mão para o chão, traçando assim um pacto com a minha mãe através da energia da Terra, foi o tempo que o colar de Bonnie demorou a se enrolar na minha mão direita permitindo que eu arrancasse um pedaço do peito do succubus e fazendo o buraco aberto sangrar uma gosma preta que atingiu o chão e foi absorvido em vez do sangue de Caroline, que caiu depois. Uma vez que o feitiço estava terminado, eu pude ver minha mãe ficar sem ar, ela ficaria ligada aquele succubus para sempre, aprisionada numa criatura das trevas, numa criatura sem terra, cujo o único poder é drenar as almas sujas que encontram pelo caminho. Eu não consegui ver mais nada, porque os outros succubus que apareceram me trespassaram como espadas, desaparecendo em mim, e me estilhaçando por dentro. Mas eu pude ouvir as ultimas palavras ainda na voz ainda original da minha mãe:

– Isto ainda não acabou…

E eu me senti morrer pelos instantes em que me foi permitido sentir algo além da escuridão.

****

Eu estava deitado na cama, com a cabeça apoiada no colo de Hayley

–Você acha que eu devo ir até lá levar uma bolsa de sangue para Caroline? Ou perguntar se ela precisa de alguma coisa?

–Eu acho que você precisa descansar depois de tudo o que passou. E acho que a ultima coisa que Caroline deve estar sentindo agora é fome e que tudo que ela precisa é ficar perto do seu irmão.

–Eu nunca pensei que meu irmão pudesse ser machucado daquela maneira. Eles eram realmente criaturas muito poderosas.

–Você não imagina como eu fiquei. A cada baixa do nosso pessoal eu achava que podia ser algo com você. Você precisa me prometer Elijah que nunca mais vai a frente de algo como isso novamente.

–Eu precisava salvar meu irmão.

–Eu sei, a família antes de tudo. Eu gostaria que da próxima vez você lembrasse que uma parte da sua família está aqui.

–Eu não esqueci nem mesmo por um momento você e o bebê.

–Nós precisamos de você, Elijah. Eu...eu preciso de você.

–Você me terá aqui ao seu lado para sempre, enquanto você quiser.

–Eu tenho sorte de ter você comigo. Você é tão íntegro, tão fascinante. Você me fez ver coisas que antes eu não achava que existiam. A melhor coisa que até agora ser mãe dessa criança me trouxe foi a oportunidade de ter você do meu lado. E eu imagino o quanto isso deve ser complicado pra você....

–Eu não sou meu irmão. Apesar de viver mantendo minha palavra, eu não sou complicado como Niklaus. E com você eu tenho tentado viver as coisas, sem complica-las.

–Eu não sei como se pode amar alguém como o Klaus, mas Caroline o ama. No início eu achava que era apenas o capricho de uma loira líder de torcida querendo sempre os caras mais poderosos. Mas depois de hoje, depois do que ela se propôs a fazer pra salvar seu irmão, eu vi que ela realmente o ama. Pobre garota.

–Nós somos o que a vida faz de nós....assim é Niklaus e eu gosto do fato de Caroline trazer isso que ele chama de "vulnerabilidade" ou "bagunça" a vida dele. Eu acho que ela é um golpe de sorte na vida dele e que ele é uma oportunidade pra ela aprender que o mundo não é apenas preto e branco....mas voltando a pergunta inicial...você acha que é muito invasivo eu ir lá agora?

–Elijah, ela pediu para ficar com ele e não deixou que mais ninguém ficasse lá. Aliás ela expulsou Cami quase jogando-a pela janela. Ela deve saber cuidar dele melhor que ninguém, assim como eu estou dizendo agora que você tem que ficar aqui, deitado comigo, descansando. Porque eu sei o que é melhor pra você.

**** Caroline ****

As feridas nos pulsos e nos tornozelos dele ainda estavam feias, mas estavam bem melhores do que quando o trouxemos pra casa. Ele dormia profundamente e mesmo sabendo que ele estava vivo eu as vezes tinha medo que ele não fosse acordar nunca. Eu estava exausta, mas eu não tinha fome, nem sono, nem nada que fizesse querer sair dali e deixa-lo sozinho. Eu tinha expulsado todo mundo do quarto e foi preciso me controlar muito pra não estraçalhar a cara aquela loira idiota quando ela se ofereceu para cuidar dele. Eu acho que ela devia estar pensando que eu seria idiota o suficiente de deixar o meu homem nu, desacordado, com ela sozinho no quarto e ir "descansar um pouco" como ela disse. Eu tenho certeza que rosnei pra ela, mas eu não lembro exactamente como a fiz desaparecer da minha frente. E agora ali desacordado, ele parecia um anjo ferido. Eu havia dado banho nele e limpado todos os machucados, havia sangue no banheiro que eu limparia depois. Eu agora apenas queria que ele estivesse confortável. eu queria estar ali quando ele acordasse e eu queria que isso fosse logo. Mas ao mesmo tempo eu sabia que ele precisava de repouso, mesmo que eu não conseguisse controlar a minha mão que estava livre e acariciasse o rosto dele a cada dois segundos.

Ele segurava minha outra mão e as vezes apertava quase machucando. Eu acredito que ele deve estar tendo sonhos ruins, revivendo na mente tudo o que viveu. Isso aumentava ainda mais o meu desejo de que ele acordasse. Ele já havia sofrido o bastante, não precisava mais sonhar e sentir tudo de novo. Tudo o que eu queria nesse momento era tentar protege-lo do mundo. Tudo o que eu queria era que nunca mais ele tivesse que pagar pelo que os pais dele o fizeram. Ele já tinha coisas demais pra pegar por elas, não precisava acumular os pecados de todos os Mikaelson. Ele disse meu nome duas ou três vezes enquanto o transportávamos para casa. Eu senti os olhos de Elijah em mim quando isso aconteceu, como se suplicasse que eu não fizesse mais nenhum absurdo que pudesse magoar o irmão dele.

Ele conhecia bem o irmão dele e podia imaginar o quanto era complicada a nossa relação, quando chegamos em casa e Hayley ignorou completamente Klaus ou qualquer outro ferido e se lançou nos braços dele eu entendi o tipo de dedicação que ele queria ver entre mim e o irmão dele. Será que ele sabe o quanto eu e Klaus somos diferentes dele e Hayley. Nós não precisaríamos apenas ignorar o mundo para estar um com o outro, como eles estavam fazendo. Nós teríamos que mudar coisas há muito arreigadas em nós, se quiséssemos ficar juntos. Eu não tinha certeza de como seria quando Klaus acordasse, de qual seria o nosso próximo passo, eu só tinha certeza de que queria ficar com ele, fosse do jeito que fosse. Nós tínhamos que encontrar um caminho e fazer isso ser possível, tinha que existir um jeito.

Eu vi uma lágrima escorrendo do olho de Klaus. Era a segunda que eu via hoje. Ele continuava estremecendo e apertando minha mão. Eu fui pra mais perto dele na cama acariciando seu cabelo. Limpei a lágrima e dei um selinho nos lábios dele que estavam contraídos, mas relaxaram com o meu toque. Ele apertou minha mão mais forte e voltou a dormir.

*** Klaus ***

Eu recobrei a consciência, mas não abri os olhos. Eu ainda não sabia onde estava mas não havia mais o cheiro fétido da caverna no ar e nada amarrado as minhas mãos e pés. Eu tentei lembrar vagamente do que tinha me acontecido, mas as imagens me chegavam como um borrão. Eu lembrei da minha mãe me carregando e do meu irmão e do rosto aflito de Caroline. Eu não consigo distinguir o que era memória do que era alucinação. Eu lembro que todas as vezes que tentava abrir os olhos só conseguia ter força o bastante para vislumbrar os olhos dela fixos em mim. A partir daí tudo martela em minha cabeça. Eu tinha realmente sido resgatado ou seria mais um truque da Ayana? Eu não sabia....por isso eu abri os olhos devagar e me acostumando com a pouca luz do ambiente, fui reconhecendo o meu quarto. Eu estava na minha cama, estava limpo, meus pulsos e tornozelos ainda ardiam, mas eu estava livre. Eu tentei não me mexer, havia alguém comigo segurando a minha mão, sua outra mão repousando perto da minha cabeça. Caroline. Eu nem precisava virar para saber que era ela. Ela estava adormecida, completamente mal acomodada na cabeceira da cama. Aquilo não podia ser mais uma alucinação provocada por Ayana. Caroline parecia cansada, mas dormia profundamente , eu podia ver uma ruga de preocupação na testa dela. Eu poderia olhar pra ela assim por horas, mas aos poucos todas as memórias foram voltando e me dando muito no que pensar. Eu estive correndo perigo de vida, nas mãos de criaturas que eu nem sabia que existiam. Quantos inimigos mais eu teria herdado dos meus pais? Eu nem precisava fechar os olhos para ver o ódio na cara de Ayana e o sarcasmo do Kai e todos os pensamentos obscenos que ele exprimiu em relação a Caroline. Ele nunca teria cumprido a promessa de deixa-la a salvo, mesmo que ele tivesse a minha palavra e que eu desse meu coração em sacrifício. Eu nunca teria conseguido protege-la dele.

E ele a teria encontrado de qualquer maneira porque Tyler nunca seria homem o bastante para protege-la. Mesmo sendo o homem que ela escolheu. Lembrar disso me fazia entender ainda menos porque ela estava aqui, porque eu a encontrei na minha casa quando precisava me conectar com alguém. Eu só posso supor que ela voltou pra tentar justificar o injustificável. Para fazer o que as mulheres fazem quando querem dizer que você é bom de cama, mas não serve pra elas, agradecer pelos bons momentos e dizer "sinto muito".

E provavelmente ficou quando soube que fui capturado porque se sentiu culpada. E nisso ela tem inteiramente razão. Eu saí caminhando a esmo, tentando com todas as forças me concentrar em não voltar e matar o Tyler. Porque eu tinha dado minha palavra a ela que não o faria e eu queria terminar aquela história toda sem mentiras, sem enganos. Pra sempre. Sim, eu tinha ela e todas as mentiras dela na minha cabeça quando aquelas criaturas me capturaram. Eu não tive reflexo suficiente para reagir ou pelo menos atingir um deles. Caroline ocupava todos os meus sentidos. E eu continuei com ela na minha cabeça quando fui torturado, ela era minha vulnerabilidade. Logo ela, a mulher que não me amava e nunca me amaria o bastante. Se a tivessem capturado eu teria entregue a eles o coração que ela destruiu e ela também seria destruída em seguida. Sem a vida perfeita que ela sonhou com o Tyler. Sem nada.

Como isso poderia ser bom? Como qualquer coisa da mentira que insistimos em viver todo esse tempo pode se converter em algo bom ou ser considerado algo bom? Nós éramos dois sociopatas, sustentados por arrogância, aparências, mentiras. E por sermos tão iguais isso nunca poderia dar certo em nenhum outro contexto que não fosse a cama, o box do banheiro o qualquer lugar onde a gente tivesse tido vontade de transar.

Mas isso agora de alguma forma parecia resolvido. Ela tinha escolhido finalmente a vida dela e eu tinha que prosseguir com a minha. Reerguer o meu exército, armar outras estratégias. Eu tinha o que fazer e era um alívio saber que daqui pra frente ela não estaria ali pra desviar minha atenção. Nunca mais.

–Klaus? Você está bem? Klaus, você está me vendo? Klaus sou...

–Eu sei que é você, Caroline.

Ela pulou em cima de mim segurando meu rosto, tinha lágrimas nos olhos, provavelmente por ter se remoído pela culpa.

–Onde está Elijah? Chame meu irmão.

Ela me olhou séria. Eu desviei meus olhos dela, assim como desviei as mãos dela do meu rosto. Ela disse como se eu fosse uma criança que precisava de cuidados;

–É muito tarde, foram momentos difíceis. Ele está descansando e você também precisa descansar.

–Eu estou bem, Caroline. E pelo pouco que conheço do meu irmão tenho certeza de que ele quer falar comigo, não importa que horas são agora.

Eu tentei levantar e foi uma má idéia porque ela sentou outra vez perto de mim, como se pudesse realmente segurar meus braços e me paralisar como estava fazendo.

–Você ainda não pode levantar. Você deve estar faminto. Eu posso buscar algo pra você.

–Você quer mesmo fazer algo por mim?

–Qualquer coisa. Ela balbuciou aproximando-se mais.

–Então cumpra a sua parte no nosso trato e vá embora. Faça isso e não volte mais. Vá viver a sua vida. Leve os seus olhos de culpa pra longe de mim. Eu não preciso da sua compaixão e nem da sua piedade. Eu cheguei a precisar até pouquíssimo tempo atrás do seu amor. Mas isso foi só até que eu percebesse o quanto eu e você não funcionamos juntos.

–Eu amo você. Foi só o que ela disse enquanto as lágrimas desciam de seus olhos.

–Não, você não ama. Você pensa que ama, mas na verdade você é igual a mim: você só ama você mesmo. Isso não é um defeito Caroline, isso só passa a ser um problema quando tentamos enganar a nós mesmo que amamos outra pessoa, como fizemos esse tempo todo.

–Eu só não queria que você matasse o Tyler. Dizer aquilo foi a única forma que eu tinha no momento de parar você.

Eu ri. Ela continuava chorando, sem entender.

–E realmente....quase me parou para sempre.

–Klaus eu sinto muito.....

–Cala a boca! Você não sabe metade do que eu passei ali. Então, em nome das boas noites de cama que tivemos vamos fazer um favor pra nós mesmos e acabar com isso pra sempre. Levando em conta que somos imortais, porque eu não quero viver isso de novo. Eu não quero na minha vida nada parecido com isso que vivemos. Eu não quero na minha vida ninguém como você. Acabou Caroline.

Eu levantei da cama ainda cambaleando e fui até o banheiro. Havia sangue provavelmente meu por toda parte, mas eu precisava vestir o meu roupão e procurar Elijah. Não que eu tivesse urgência realmente em falar com ele, que a essa hora deveria estar com Hayley em algum lugar da casa, mas porque eu precisava sair de perto de Caroline o mais rápido que eu pudesse.

Quando consegui sair do banheiro não havia mais sinal dela no quarto "melhor assim" pensei. Mesmo assim eu sabia que ainda não tinha forças para procurar Elijah. Deitei outra vez na cama e revisei lentamente a minha vida tentando calcular quanto tempo havia perdido com ela. Porque eu precisava da sensação da raiva para me motivar a esquece-la.

*** Elijah ***

Eu estava na cozinha rezando para que em algum lugar houvesse uma maçã verde porque Hayley precisava urgentemente de uma e eu não estava tendo sorte. Eu ouvi passos apressados na sala e me coloquei em alerta.

–Caroline!

Eu me surpreendi quando a vi segurando algo que devia ser sua bolsa. Ela virou e então eu percebi que ela estava chorando.

–Como está, Niklaus? Onde você estava indo? Sente-se venha aqui. Eu praticamente tive que conduzi-la até a cozinha e fiz o que me pareceu mais lógico fazer naquela situação. Ofereci o meu lenço e lhe dei um copo dágua.

–O Klaus quer ver você. Ela disse por fim.

–Ok....você estava indo me procurar então?

–Não, Elijah. Eu estava indo embora. Acabou. Ele está magoado demais e ele decidiu que precisa ser assim. E sinceramente, depois de tudo em não tenho mais argumentos para contestá-lo.

–Porque vocês tiveram que falar sobre isso hoje, Caroline? Depois de tudo o que passamos...não podiam ter esperado pra poderem decidir algo tão importante?

–Foi ele quem decidiu, Elijah. Eu só tenho que acatar e ir embora.

–Fique mais um pouco Caroline, mais tarde de cabeça fria podemos conversar e....

–Não, Elijah, eu tenho que ir. Há um voo que sai em alguns minutos...eu quero estar em casa o mais rápido que eu puder. Há um taxi me esperando aí fora.

Eu pensei nessas horas em apelar pra força bruta e compeli Caroline para que ficasse alí, até que eu fosse lá em cima e sacudisse meu irmão até ele encarar a realidade. Como ele poderia manda-la embora depois do que ela estava disposta a fazer por ele? Como entender Niklaus? Mas a minha experiência me dizia que algumas coisas precisam ser refletidas antes de executadas.

Resignada. Essa era a palavra que eu usaria para descreve-la quando ela saiu pela porta da sala. Eu nunca tinha visto Caroline assim antes. Aquilo estava muito errado. Talvez a tortura de Ayana tenha afetado ainda mais a já conturbada cabeça do meu irmão, mas eu pretendia dar um jeito nisso.

–Você achou que seria uma boa ideia plantar a maçã já que não achava uma?

Hayley havia acabado de chegar na cozinha e estava me olhando impaciente.

–Caroline acabou de ir embora. Niklaus acordou e não quer ela por perto. E eu não acho uma maçã verde em lugar algum dessa casa.

–Hummm, você realmente não tem boas notícias. Mas pelo menos a maçã eu sei que está na geladeira,eu mesmo coloquei lá. Ela se aproximou de mim e me abraçou- Entende quando digo que seu irmão nunca será uma pessoa normal e por isso nunca poderá ser algo de bom para essa criança? Como ele pode manda-la embora depois de tudo que ela fez por ele? Logo ela, a mulher que ele dizia amar?

–Ele passou por coisas bem fortes, não está certamente em sã consciência. E pelo que vi é hábito dos dois tentar resolver as coisas de cabeça quente e sem refletir as consequências.

–Bem, você é a salvação dessa família. O que está esperando para ir lá em cima e jogar umas verdades na cara dele e até aproveitar que ele está fraco pra bater nele um pouco? Ele está merecendo isso hoje mais que nunca.

–Talvez você tenha razão....

–Eu sempre tenho razão, ela riu, vá, eu já encontrei minha maçã verde.

Eu subi as escadas sabendo que Klaus estaria furioso, com o mundo e consigo próprio para não variar. Eu abri a porta respirando fundo porque me meter nos casos de Niklaus não era uma das minhas tarefas preferidas no mundo, principalmente quando era um tão especial.

– Niklaus. Como você está se sentindo?

– Como se tivesse sido torturado durante dias por um clã de bruxas anciãs.

– Você nunca foi muito bom com piadas…

– Eu preciso me alimentar. Onde está Marcel? Eu preciso falar com ele, nós precisamos voltar aquela gruta. Kai e Ayana podem ter deixado alguma pista, algum rastro. E não tem nada que me alegrasse mais no momento do que caçar esses dois animais.

– Niklaus, você precisa saber alguns detalhes sobre o que aconteceu ontem.

– Eu acho que eu já sei tudo que devia saber sobre o que aconteceu ontem Elijah. Eles continuam vindo querendo exterminar a nossa raça e eles continuam sendo mal sucedidos. E nós continuamos imortais.

– A nossa mãe te salvou das mãos de Ayana. Não fomos nós que te tiramos de lá. Nós não fomos capazes de te achar.

– Mãe? Como? Ela está de volta?

Eu pude ver a expressão de preocupação de Klaus se estender ao seu corpo quando falei dela. Ele sabia que ela nunca significava coisa boa, não desde de que tinha tentado acabar com todos nós ainda em Mystic Falls.

– Não. Ela não está. Ela tentou possuir o corpo da Caroline e se infiltrar nas nossas vidas pra sempre.

Ele levantou, pegou uma das bolsas de sangue que eu trouxe e fez cara de nojo. Tirou o roupão e começou a se vestir.

– Onde você vai Niklaus?

– Comer. Eu estou faminto.

– Você ouviu o que eu disse? Você vai atrás da Caroline?

Ele olhou para mim de esguelha, e respondeu com a maior calma do mundo.

– Não. Eu não ando atrás de ninguém Elijah, eu ando à frente dos outros.

– Você não pode simplesmente expulsar Caroline da sua vida Niklaus, ela se sacrificou por você, ele te fez uma prioridade de vida, coisa que você nunca fez por ninguém. Ela aceitou o pacto proposto pela nossa mãe de ficar com o corpo dela pra sempre apenas para que você estivesse em segurança. Você vai deixa la apenas ir embora escorraçada por você sem nem sequer agradecer?

– Agradecer? Eu pude sentir o veneno na voz dele. A voz baixinha sibilante, como de uma cobra. Ele estava possesso. Agradecer que ela tenha colocado a vida dela em risco? Agradecer que mais uma vez ela tenha ignorado toda a racionalidade e tenha feito algo ridículo e inconsequente. Agradecer que ela tenha aceitado de bom grado colocar nossa mãe, a única criatura que poderia de facto conseguir nos tornar mortais e acabar com a gente, na nossa vida? É Isso que eu tenho que agradecer? Ela tem sorte se eu não arrancar o coração dela por segurança geral da raça.

Ele respirava descompassado, provavelmente imaginando como tudo tinha sido e sem querer de facto perguntar e se envolver. Ele estava decido, eu conheço aquele tom, aqueles gestos. Nada o faria mudar de ideias a não ser ele próprio, não adiantava gastar meu latim e energias. Mas ainda assim, eu tinha que dizer algo, eu não podia apenas me calar perante aquela injustiça.

– Ela te ama e faria tudo por você Niklaus.

– Ela me ama e não foi capaz de ver que se ela fosse bem sucedida, ela teria me condenado a uma eternidade de sofrimento e miséria. Ela me ama e não foi capaz de ver que mesmo agonizando eu apenas pedi para que ela estivesse segura, ela me ama e não é capaz de ver que eu só estou bem se ela estiver também. Ela me ama e tudo que ela faz é apenas me deixar vulnerável e fraco. Ela me ama e apenas existe pra me afastar dos meu objectivos. Porque eu deveria querer esse amor se ele só nos faz mal? Amor. “O mais nobre dos sentimos”, a mais estúpidas das doenças.

Eu ia argumentar mas ele não permitiu.

– O único caos que eu aceito na minha vida é aquele que eu mesmo causo Elijah. E dito isso ele saiu pela porta e eu já podia imaginar o rastro de corpos estraçalhados que ele deixaria pela cidade.


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Notas finais do capítulo

E prontinho, para todos que aguentaram até o final do capitulo, um muito obrigada!! :DD