Red Ice Klaroline escrita por Jenniffer, Pedro Crows Nest


Capítulo 14
Capitulo 14 - Tourniquet


Notas iniciais do capítulo

Rélow.

Olhem só, hoje é quarta feira e o capitulo tá pronto! Sim é verdade, quase um milagre! Mas não se acostumem, nós continuamos os mesmos atrasados mentais de sempre. Esse capitulo em tempo foi uma excepção há regra! :P
Esperamos que gostem!



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"I tried to kill the pain
But only brought more
I lay dying and I'm pouring
Crimson regret and betrayal

I'm dying, praying, bleeding and screaming
Am I too lost to be saved?
Am I too lost?"

**** Caroline ****

Eu estava na mansão plantada, criando raízes esperando Klaus dar sinal de vida. Eu estava sentada no sofá, era tarde já, mas eu não conseguia dormir, nem conseguia me concentrar em nenhuma tarefa que envolvesse a utilização do meu cérebro. Estava frio, estranhamente frio comparando com os outros dias da semana. Eu estava aninhada no sofá, olhando o fogo na lareira se extinguir. Eu poderia levantar e reavivar o fogo, mas eu estava apática, eu não queria me mexer. Eu tinha a impressão de que quanto menos eu mexesse e fizesse, menos tempo ia passar até eu conseguir desfazer a confusão em que eu me meti por causa do Tyler. Discutir com Klaus é péssimo. Me deixa triste. Mas não poder sequer discutir, não poder falar, não poder gritar tudo que passa no meu coração é muito pior. É uma agonia sem fim. É como ter uma força estranha ocupando seu corpo e tomando conta dele aos poucos, você vai perdendo o controle, e a dor vai tomando conta. Culpa. Você é uma puta. Esse sentimento deve ser uns dos piores do mundo, e eu estava encharcada nele, impregnada até a alma.

Meu telefone começou a tocar. Não era o toque de Klaus então eu ignorei. E ignorei as 3 chamadas seguintes. Eu sabia que era Bonnie, ela deveria querer saber quando eu voltaria para casa. Eu já estava a muito tempo em Nola. Eu não queria falar com ela agora. Ela era a minha melhor amiga, ela ia perceber o estado que eu estava só pelo meu oi, e no momento eu só queria sofrer sozinha, esperar passar, eu não queria ninguém dividindo aquilo comigo. Eu merecia passar por isso sozinha

.

Eu merecia por ser uma idiota, eu mereço por sempre escolher a pior forma de fazer as coisas. Quem garante que Klaus teria matado o Tyler se eu pedisse para que ele não fizesse? Eu não precisava te lo machucado daquela forma. Eu não precisava faze lo duvidar daquilo que eu sentia mais uma vez. Eu não precisava destruir tudo aos olhos dele para impedi lo de matar Tyler. Ele já o tinha poupado outras vezes por mim, ele poderia ter feito de novo. Ele não teria matado Tyler na minha frente. Ele não teria feito isso comigo, porque ele me ama. Eu tenho essa certeza. E graças a mim, ele não tem a mesma certeza quanto a mim. E eu não podia me sentir pior no momento nem que eu entrasse em combustão espontânea naquela sala.

Bonnie deixou finalmente uma mensagem.

– Caroline. Assim que você ouvir essa mensagem me liga. Eu preciso saber se esta tudo bem com você, se está tudo bem com Klaus. Nós estamos indo pra Nola agora, entre em contacto com a gente assim que você puder, por favor.

– Eu pulei no telefone. E disquei pra chamar de volta. Alguma coisa tinha acontecido. Algo grave. Mas porque eles estavam vindo para Nola? Quem estava em perigo aqui? Eu fiz essa pergunta a mim mesma já sabendo a resposta. E já estava doendo antecipar o que Bonnie ia me dizer. Eu disse que eu não podia me sentir pior? Eu estava prestes a ouvir algo que ia me mostrar que nada pode estar tão ruim que não possa ser pior. Obrigada Murphy.

– Caroline?

– Car?

–Sim Bonnie sou eu. O que esta acontecendo?

– Eu tive um sonho, daqueles....bem no meu sonho o Klaus estava se aproximando de mim, como se quisesse passar....como se estivesse....morto....Então eu fiquei preocupada porque foi um sonho daqueles e eu comecei a pensar que ele podia estar em perigo....Como ele estava com você a gente achou que …

Bonnie estava muito nervosa, a respiração dela estava ofegante. Quanto mais eu sentia o nervosismo dela, mais preocupada eu ficava. Onde Klaus estava? Eu precisava encontra lo logo. Bonnie estava respirando de alivio, e eu podia ver o Stefan dizendo para ela se acalmar porque estava tudo bem comigo.

Se ela estava naquele estado era porque ela tinha visto algo muito ruim acontecer com Klaus. E ela achou que eu estava envolvida. Era inocência dela achar que o facto de eu não estar com ele fosse sinonimo de eu estar bem, estar salva. Só de imaginar o que poderia estar acontecendo, eu já me sentia completamente perdida. Eu estava exausta de lutar contra aquela força esmagadora dentro de mim. Eu precisava que Bonnie me explicasse o que estava acontecendo com Klaus. Mas eu não sabia o que aquelas palavras iam fazer comigo até que Bonnie começou de facto a proferi las, muito calmamente, cravando pequenos punhais imaginários no meu corpo. Eu podia sentir a adrenalina me enchendo, ocupando o espaço da culpa, eu podia me sentir melhor? Não. Diferente. Eu continuava sentindo como se o meu corpo fosse se despedaçar, como se eu não pudesse segurar minha alma dentro de mim. Eu não sabia o que estava acontecendo. Eu estava com medo de estar desligando minha humanidade sem querer. Damon sempre disse que você se sentia fora do seu corpo, fora de controle, e que era uma dor excruciante, algo que você nunca poderia classificar. E depois apenas nada. Vazio. Você ficava em branco. E era assim que eu me sentia, eu achava.

– Caroline? Eu pousei o telefone.

– Elijah. Alguém esta tentando matar o Klaus. E está conseguindo. A Bonnie acabou de me ligar. Ela esta preocupada. Alguma coisa de muito ruim está acontecendo. E não me diga que Klaus é indestrutível e que isso é impossível. Nada é impossível. Alguém arrumou um jeito de machuca lo. Você precisa fazer alguma coisa, você precisa fazer algo antes que seja tarde demais.

Eu queria demonstrar desespero, deixar clara a minha agonia, mas eu não conseguia. Alguma coisa estava errada comigo também. Eu não estava no controle das minhas emoções. Eu estava ficando com medo. Bonnie precisava chegar logo. Eu estava ficando aterrorizada. Eu não conseguia falar do jeito que eu queria.

– Caroline. Eu sei que você está preocupada, que você esta se sentindo culpada pelo vosso pequeno desentendimento. Mas eu sinto em lhe dizer que está tudo bem com Klaus, ele falou comigo não tem nem uma hora. Ele está bem. Ele apenas não quer voltar. Ele quer ficar sozinho. Eu sinto muito.

Elijah olhou pro chão como que com vergonha do que estava dizendo.

Klaus estava bem?

Ele não queria sequer me ouvir?

Ele queria ficar sozinho?

Fazendo o que? Me expulsando da vida dele?

Eu me perguntava como Bonnie poderia estar errada.E de alguma forma eu sentia que ela não estava. Eu sabia que Klaus nunca queria ficar sozinho. Ele sempre queria estar rodeado de pessoas que o venerassem e adorassem, mesmo que falsamente. Ele tinha aquela sede por controle. Ele provavelmente pensava que eu tinha obedecido e ido embora com Tyler. Aquele idiota. Eu deixei Elijah sozinho e comecei a andar sem destino pelas ruas. Ele não me seguiu.

**** Klaus ****

Aquele era certamente o local mais fétido no qual eu já estive. Era escuro, úmido e o a estranha combinação de odores tornava o ar pesado. Aquilo me incomodava mais do que o emaranhado de ervas da cordas que mantinham minhas mãos e pés presos, que estavam fixas no teto e que por mais que eu tentasse não conseguia quebra-las. Eu estava dentro de um círculo e havia alí também uma pedra, como um altar de sacrificios. Eu resolvi sentar nela e esperar que meus captores aparecessem, como se estivesse na sala de espera de qualquer lugar do mundo mais limpo que aquele.

Eu não lembro dos rostos deles quando me capturaram mas eu lembro do cheiro deles, de suas mãos úmidas e do topor que se seguiu quando me atingiram. Eu ainda não consigo definir se eles me pegaram porque são seres realmente poderosos ou se eu estava tão vulnerável com a cabeça a mil e tão concentrado em não voltar ao parque e estraçalhar Tyler na frente de Caroline, que dei a eles a vantagem do efeito surpresa. Eles pareciam espíritos. E um deles agora estava na minha frente.

–Niklaus Mikaelson.

– O próprio. E seja o que for que esteja tentando fazer comigo saiba que não vai conseguir me aprisionar por muito tempo e que eu sou invulnerável. Então não perca seu tempo tentando. Me diga quais os seus propósitos e me liberte, porque se eu sair antes - e é o que sempre acontece - eu vou destruir você seja lá o que você for.

–Ouviu isso Kai? A voz familiar de uma mulher ecoou pela sala. Ela veio juntar-se a ele. Ela tirou o capuz e apesar da aparência disforme eu pode reconhece-la: Ayana. A amiga bruxa da minha mãe. Ela me olhou, como se quisesse analisar minha alma ou saber se eu tinha uma.

– Estou vendo no que se transformou o insubordinado filho da Esther. Michael tinha razão quando falava que enquanto você fosse fraco a humanidade estaria segura.

–Ayana. Eu espero que você não esteja me mantendo aqui só para narrar suas boas lembranças sobre a minha família. Você sabe o quão perigoso eu sou. Diga o que você precisa e liberte-me.

Os dois sorriram. Eu tentei mais uma vez quebrar aquelas cordas e me lançar em cima deles, mas as ervas pareciam dilacerar minha pele e não esticavam ou cediam um milímetro se quer.

–Poupe seus esforços Niklaus, essas ervas são mais antigas que você. E não é o que nós queremos, é o que nós precisamos. Nós precisamos do seu coração

Ela ergueu a tocha que trazia e projetou a chama na parede de fundo, eu virei e vi a coleção bizarra: alojados em fendas que pareciam terem sido cavadas na rocha estavam corações de várias espécies. Não só de espécies sobrenaturais eu pressumo, haviam ali órgãos de animais, os mais diversos formatos, cores... a combinação pesada de odores vinha daquela "estante".

Se Ayana queria me impressionar com a estante macabra e o show de pirotecnia ela tinha no mínimo esquecido quem eu era.

–Talvez isso fosse impressionar Elijah, é mais o estilo dele. Eu prefiro matar a sangue frio e decepar cabeças quando quero causar algum tipo de impacto dramático.

–Você não entendeu. Há muitos séculos atrás eu cometi o erro de ajudar alguém a criar monstros que não deveriam existir. A pena por esse castigo foi imposta pela natureza não só a mim, mas a todo o meu povo.

–E que tipo de pena seria essa? Ter que morar em lugares como esse pela eternidade? Vamos lá, eu creio que posso lhe conseguir acomodações melhores mesmo nos bairros populares de Nola.

O homem olhou para minha expressão de deboche com fúria nos olhos. Ele teria me matado, se pudesse, mas ele não podia, então falou:

–Não precisamos de favores de uma criatura como você. Os ardis de seus pais convenceram Ayana e a corromperam a, sem saber, colaborar com a nossa desgraça. O que você acharia da imortalidade se não fosse capaz de regerar suas feridas? Se o seu corpo continuasse a se decompor lentamente em vida? Se tivesse que viver escondido dos seres humanos porque sua aparência é monstruosa? Se passasse sua eternidade a base de ervas para retardar os efeitos do que acontece no seu corpo? Se tivesse que comer um membro do seu clã para poder retardar o efeito de forma mais eficiente? Se voce não pudesse descansar em paz?

Ele parecia cheio de rancor e eu nunca tinha visto alguém reclamar tão veementemente contra o dom da imortalidade, mas parecia que ele tinha motivos. Eu só não sabia o que eu tinha a ver com isso, não fui em que "corrompi" Ayana. Foi ela quem agora tomou a palavra:

–Nós passamos muito tempo para descobrir como podíamos ficar em paz com a natureza e descansar em paz dessa longa existência atordoada. E desde que descobrimos nós estamos coletando o órgão vital de cada espécie que existe na natureza. Sim, foi uma longa busca que agora chegou ao final porque você tem o que precisamos, a peça fundamental para o nosso feitiço.

Ela projetou outra vez a chama na estante cravada na rocha, havia no centro um lugar vazio. Ela continuou.

–Aquele ali, NIklaus Mikaelson é o lugar reservado para o seu coração.

Ela devia achar que estava em muita vantagem para ter a coragem de me dizer aquilo. Se ela precisava do meu coração para descansar em paz ela teria que esperar sentada ou tentar pegar. E então eu parei e comecei a me perguntar porque eles tinham me capturado, imobilizado e me colocado naquele círculo e no entanto meu coração ainda não estava naquela parede. Eu precisava perguntar.

–Se precisam tanto do meu coração porque não o pegaram? Ou você achou que seria de bom tom me avisar antes que vai abrir meu peito e arranca-lo, pra que eu não me surpreenda com o gesto rude?

–Esse é um pequeno problema que teremos que resolver. Seu coração não pode, como o de outras feras, ser arrancado. Você tem que oferta-lo para o sacrifício.

O meu riso deve ter ecoado por toda a caverna ou seja lá que lugar era aquele. Eu teria que dar de bom grado o meu coração para Ayana? E como eles iriam conseguir isso? Me matando de fome? Eu teria que escolher entre morrer de fome e morrer entregando meu coração para aquela seita de fedidos? Isso não fazia sentido, então me matar de fome não era uma opção. Me torturar? Teriam que me matar pra arrancar qualquer coisa de mim e aparentemente eles pareciam não poder mais entrar no círculo em que me colocaram. Iriam me prender alí para sempre então até um dia eu cansar do cheiro deles e entregar o meu coração em uma bandeja? O cérebro deles devia estar realmente em decomposição...

–Esqueça, Ayana. Vamos sentar aqui e jogar poker pra passar o tempo já que temos a eternidade. Eu jamais vou dar meu coração a vocês e se eu morrer vocês continuam irremediavelmente ferrados, então...boa sorte com isso.

–Deve haver um jeito de você fazer isso, Niklaus. E nós vamos descobrir. Deve ter algo...ou alguém por quem você se sacrificaria. Todo mundo tem um ponto fraco na vida.

Eu ri pra tentar impor respeito e amedronta-los, eu sabia onde eles queriam chegar

:

– Mais uma vez, boa sorte com isso...Não há nada nem ninguém que valha a minha vida! Eu não faria isso por ninguém, então você pode sequestrar, torturar, matar quem você quiser. Vai desperdiçar seus esforços e seu tempo em vão. Aconselho a procurar outra forma de quebrar a maldição sobre vocês, porque essa é patética.

– Tentamos a mulher com a sua criança, mas é difícil captura-la quando seu irmão esta tão concentrado nela e não tínhamos os elementos necessários para capturar mais de um original. Também achamos que não valeria a pena, porque você não parece ter ligação alguma com ela e a criança. Sabemos que seus irmãos são pra você dispensáveis. Mas existe uma certa garota em Mystic Falls.

–Caroline Forbes...Uma certa garota que partiu me coração...isso, mate-a, vai estar me fazendo um favor, aliás eu estava indo fazer isso quando vocês me interromperam me sequestrando.

Ayana e Kai olharam um para o outro e em seguida olharam para mim. Eu me concentrei na cena de Caroline e Tyler no lago porque caso eles fossem capazes de invadir minha mente era isso que veriam. Eu não podia dar a eles o ponto certo da minha vulnerabilidade, eu deveria mante-los longe de Caroline. Eu não sei que parte irracional de mim ainda se preocupava com ela, mas por alguma razão estúpida eu ainda a queria segura. Pensar nela agora não me ajudaria e nem ajudaria a ela em nada. Eu estava fazendo a cara de mais pouco caso que já fiz em toda minha vida e isso enfurecia Kai gradativamente.

–Suas fontes falharam Ayana.Ele disse.

–Isso é o que veremos, Kai.Ela respondeu.

Os dois saíram e eu me senti sufocado, não mais pelo ar pesado da sala. Mas pela lembrança esmagadora de Caroline. Eles tinham me feito pronunciar em alto e bom som o nome dela. Caroline,a garota confusa que nunca seria minha porque nunca seria mulher o suficiente para ficar comigo. A mulher que consumia meu juízo, que me tinha nas mãos e que eu simplesmente não podia ter....a mulher que me amava só o bastante para transar comigo, a mulher com quem eu não podia ter a vida que eu queria. Como eu podia ter compaixão dela? Como eu podia não ter matado o Tyler? Um poeta uma vez falou que você só pode fazer duas coisas com uma mulher: ama-la ou transforma-la em uma obra de arte. Eu não sei nem mesmo se teria talento o bastante para pintar Caroline.

***** Caroline *****

Eu estava definitivamente passando mal. O meu corpo estava completamente maluco. Eu sentia frio e calor, eu tremia e de repente eu perdia os movimentos. A minha cabeça estava criando luzes que em cegavam por alguns minutos. Eu sentia que o meu corpo todo estava dando pane. Talvez isso fosse apenas o vampirismo sendo uma merda e aumentando tudo de ruim que eu estava sentindo. A verdade é que eu nunca passei por uma situação assim desde de que me tornei vampira. Eu fui torturada várias vezes, eu quase fui morta algumas vezes, mas por alguma razão de todas essas vezes, eu estava calma, esperando a morte chegar. Eu não estava desesperada, precisando de algo sem saber o que, ou sabendo exactamente o que , mas sendo isso algo que eu não podia ter. Eu estava fora do controle. Meu cérebro estava me pregando uma peça, e deixando meu corpo combinando com minha mente. E isso era uma merda. Eu estava tremendo de novo. A luzes de novo.

Droga. Estava doendo. Minha cabeça estava ardendo. Eu sentia meus ossos darem espaço pra algo, era como se eu estivesse saindo do meu corpo, me expandindo para algo. Eu entrei no atelier de Klaus. Eu tinha boas memórias de lá. Eu quis ficar lá, sentindo a presença dele até que eu me acalmasse. Até que meu corpo parasse de brincar comigo. Até que eu voltasse ao controle. Isso não ia acontecer enquanto meu cérebro não assimilasse que eu não estava desesperada, sem esperança, perdida, e precisando apenas de estar com a única pessoa que não queria nem olhar na minha cara no momento. Eu estava tendo um ataque de pânico? Talvez fosse isso. Por isso o pane corporal. Eu estava tendo um ataque de pânico. Costumava acontecer comigo em criança quando meu pai nos abandonou. Talvez o facto de saber que Klaus estava bem, e que ele apenas tinha me deixado sem contestar tivesse aberto no meu cérebro a memória do abandono infantil.

Talvez eu só precisasse compartimentar essa emoção de novo e manda la pra longe. Eu pararia de suar frio, de sentir minha boca que nem papel, de estar com lágrimas escorrendo no meu rosto sem que eu as sentisse de facto, e a minha cabeça. Ela pararia de tentar explodir. Eu peguei uma camisa do Klaus e vesti. Eu estou com frio. Eu acho. Eu sentei no sofá, sofá que a gente tinha transado tantas vezes enquanto eu atrapalhava ele de desenhar. Sofá onde eu dormi tantas vezes esperando, enquanto ele me pintava tentando eternizar alguma expressão que segundo ele, eu nunca tinha mostrado antes. Essa mania dele me pintar toda hora me irritava, porque eu sentia como se ele quisesse ter os desenhos pro caso de eu ir embora.

Agora eu via de uma forma ou de outra, que eu tinha razão, ele nunca acreditou que eu pudesse ficar com ele, ele sempre achou que em algum momento eu ia cansar de brincar de casinha e ia embora. Por muito que o ego dele ditasse que eu deveria ficar e me deslumbrar por tudo que ele podia me oferecer, e me mostrar, no fundo ele continuava sendo aquele pequeno garotinho que foi rejeitado pelo pai, e que achava que tinha que ser o maior do mundo para que isso não acontecesse de novo. Eu sempre esquecia que por trás de todo aquele homem existia um garotinho assustado, tão fácil de machucar.

Eu peguei no sono, ainda consciente do cheiro das tintas a minha volta, e por momentos antes de dormir, eu ouvi a voz de Klaus, eu soube que ia sonhar com ele. Então pelo menos enquanto eu dormisse ia ficar tudo bem.

**** Klaus ****

Por alguma conspiração obscura, de todos os espíritos de todos os que eu já matei, eu não conseguia parar de pensar em Caroline pensar nela dessa maneira não ajudava em nada minha situação aqui. Eu precisava buscar ajuda, eu havia tentando mais cedo me concentrar em buscar conexão com uma bruxa, mas Bonnie estranhamente parecia não estar mais propensa para esse tipo de sintonia.

Eu tinha que tentar a conexão com alguém e eu primeiro tentei Elijah. Eu conseguia ve-lo e ele parecia aflito segurando um mapa e marcando alguns pontos, perto dele eu consegui ver Marcel, mas a mente de Elijah estava inteiramente fechada pra qualquer intervenção, o foco dele era outro no momento. Devia ser algo sobre mim, mas ele parecia perdido e inatingível

Eu não tentaria a compaixão de Rebekah que não estava alí e nem eu iria procura-la. Eu vi Hayley mas ela parecia ter uma espécie de barreira .

Eu consegui percorrer os cômodos da casa e foi então que eu a vi no meu ateliê....Caroline. Ela parecia uma garotinha deitada em posição fetal e segurando algo, seus olhos estavam fechados mas haviam lágrimas escorrendo deles. Eu me aproximei e por um momento eu esqueci a cena do lago e todas as palavras duras que ela me disse...eu simplesmente queria poder toca-la agora.

Então eu percebi que o que ela segurava era um pedaço da jaqueta que eu usava quando fui atacado pelo Clã de Ayana e havia sangue ali, o meu, de quando aquelas ervas me prenderam e cortaram e eu perdi os sentidos. Eu não tinha muito tempo, eu precisava me conectar a alguém e falar o que estava acontecendo, mas eu só queria ficar ali e olhar Caroline dormindo e dizer a ela que tudo vai ficar bem.

–Klaus. Ela sussurrou meu nome, Klaus, eu sei que é você...Klaus não me deixa sozinha, eu te amo.

Ela devia estar sonhando comigo. Mesmo essas palavras dela doeram em mim...ela não podia ser a mesma pessoa que disse que amava Tyler.

–Onde você está, Klaus? Onde você está? Onde você está?

Eu sabia o que tinha que fazer. Eu precisava de uma conexão e eu posso jurar que não queria ter agora que me conectar com ela, porque apesar de ama-la tanto ela é alguém que preciso tirar da minha vida e alguns laços não podem ser desfeitos, precisam ser cortados. Mas eu não tinha outra alternativa, a mente dela estava aberta completamente conectada na minha, ciente da minha presença. Então eu entrei.

–Caroline, sou eu.

–Onde você está? Meu Deus o que fizeram com você.

Ela segurava meu rosto e chorava.

Eu queria abraça-la, mesmo sabendo que aquilo não seria físico, mas eu precisava ser forte e sair da mente dela o mais rápido que eu pudesse.

–Caroline eu não tenho muito tempo. Diga a Elijah que Ayana e o clã dela me pegaram. Ayana. Você consegue lembrar desse nome? Ayana.

–Sim, Ayana. Ela balbuciou ainda alisando meu rosto.

–O lugar é uma caverna e eles precisam do meu coração para desfazerem uma maldição, os olhos dela ficaram ainda mais banhados em lágrima, eu estou bem, mas você tem que estar a salvo. Diga a Elijah que cuide de você, que proteja você. Você está entendendo, Caroline?

–Sim, sim...seu coração... as lágrimas escorriam do rosto dela e ela colocou a mão no meu peito. Eu percebi que ela iria me dizer algo, mas então e a deixei.

**** Caroline ****

Eu deveria escrever na testa que nada está tão ruim que não possa ficar pior. Porque a cada segundo a lei do caos estava se tornando mais presente na minha vida. Eu acordei sem respiração, ensopada em suor. Eu não estava tendo um ataque de pânico. Eu não estava sem esperança. Eu estava de facto expandindo minha mente para receber algo maior. A consciência de Klaus, ele entrou em contacto comigo enquanto eu estava dormindo. Ele precisou que eu estivesse fraca para poder induzir a minha mente. Eu sabia que os originais podiam fazer isso, mas nunca pensei que Klaus pudesse conseguir fazer comigo. Eu nunca agradeci tanto a super velocidade vampírica como naquele momento. Eu sai dali,completamente fora de mim procurando Elijah para contar do meu “sonho”.

Eu o encontrei ao lado de Marcel no escritório do Klaus. Ele fechou algo que parecia um mapa.

–Caroline.

Eu ignorei o tom cordial da voz dele, ele devia estar irritado por eu ter entrado sem avisar. Ele tinha mentido, talvez por uma causa nobre, mas mentiu.

–Klaus está em perigo! Você sabe que Klaus está em perigo. Porque ainda estão aqui se sabem disso?

–Do que ela está falando? Quis saber Marcel. O que ela sabe Elijah?

–Uma amiga dela sonhou que o meu irmão a procurava. Caroline é do tipo que acredita em sonhos.

Marcel riu

–Ayana está com o Klaus.

Elijah me olhou como uma estátua de cera. Marcel não parecia entender nada.

–O que você disse? Perguntou Elijah. Quem disse isso a você Caroline?

–Klaus estava na minha mente. Ele me disse que o clã de Ayana o capturou, que ele está em algo que parece uma caverna e que precisam do coração dele pra quebrar algum tipo de maldição. Eu disse a última fase em lágrimas.

–Quem é Ayana? Isso faz algum sentido?

Marcel perguntou mas ninguém respondeu. Elijah se aproximou me deu e me deu um lenço acho que pela milésima vez naquele dia.

–Acalme-se Caroline. Niklaus não entrou na sua mente, isso seria impossível. Foi só um sonho ruim...ele deve ter contado pra você as lendas da criação de nossa família e isso induziu o seu sonho. Você precisa descansar, eu já lhe disse isso. Eu estou indo agora com Marcel pra uma reunião de negócios onde meu irmão provavelmente está nos esperando, vamos ver se conseguimos traze-lo para casa. Eu prometo isso a você.

Hayley olhou para Elijah e olhou pra mim. Outra vez aquela comunicação deles. Elijah queria que eu acreditasse que foi um sonho? Ok, eu ia fingir que acreditaria e daria um jeito nisso, por minha conta. Por sorte eu resolvi omitir o fato do Klaus ter pedido que ele cuidasse da minha segurança

.

–Você tem razão, eu devo ter sonhado tudo isso. E eu realmente preciso descansar. Eu vou estar no atelie quando você voltar com o Klaus. Pode dizer isso a ele?

–Claro.

Elijah saiu com Marcel. Hayley estava sentada no sofá e me olhava:

–Eu sei que você não acreditou em uma palavra dele. O quão perigosa essa Ayana é?

–Eu não sei. mas ela conseguiu capturar o Klaus, lágrimas desceram quando falei o nome dele.

–Ela não vai hesitar de machucar o Elijah....

–Realmente Hayley e é por isso que preciso que você me ajude. Bonnie e Jeremy estão vindo para Nola. Não diga a Elijah que eles estão aqui, se alguém tem alguma chance de chegar ao fim desse mistério, essa é Bonnie você pode ter certeza.

–Faça o que for preciso Caroline, eu prometo que não vou atrapalhar, só não quero que isso me custe a confiança do Elijah.

–Não se preocupe, aconteça o que acontecer ele vai ser sempre o tipo que sabe entender seus motivos.

Duas horas depois Bonnie e Jeremy entraram na casa cercada de híbridos com a autorização de Hayley e fomos direto para o atelie.

Quando Bonnie me disse mais cedo que viria para NOla eu achei que Stefan também viria com ela, mas ela simplesmente disse que Jeremy seria mais util. Ela me olhou e abraçou sabendo que eu estava péssima. Era visível isso. Eu contei a ela sobre o que tinha acontecido ali, sobre como ele tinha entrado na minha mente e ela olhou para Jeremy como se de alguma forma eu não estivesse contando uma novidade.

–O que vocês sabem sobre isso? Eu perguntei quase desabando na cadeira com medo da resposta.

–Hoje, pouco antes de falar com você ao telefone nós recebemos uma "visita".

–Uma visita?

–Sim, na verdade a pessoa em questão está aqui agora. Por isso eu também tive que vir.Disse Jeremy.

Eu olhei pra todos os lados do atelie, mesmo tendo a plena consciência de que eu não poderia ver fantasmas. Bonnie entendeu a minha apreensão e agonia e resolveu terminar com isso:

–Esther, a mãe do Klaus está aqui. Foi ela que nos contou sobre a feiticeira Ayana, sobre o clã e sobre o que desejam fazer ao Klaus. E ela está dizendo que pode fazer algo para salva-lo.

Eu não precisei fazer uma grande retrospectiva nos acontecimentos para me lembrar que a Esther que estava alí se propondo a salvar o filho era a mesma bruxa arrependida que quase conseguiu exterminar toda sua familia para consertar um "mal feito". Ela não me parecia ser a melhor espécie de mãe...então porque agora ela resolveria salvar Klaus? Logo o Klaus?

–Esteja em que lugar dessa sala estiver, senhora Esther Mikaelson, escute uma coisa. Eu não acredito que a senhora de livre e espontânea vontade quer salvar seu filho, eu lembro bem que a senhora queria exterminar não só a ele como a todos os outros. Então eu não vou deixar que a senhora use meus amigos para seus propósitos de comunicação, sem saber dos seus planos.

–Ela está dizendo que agora entende porque o filho dela ama você. Você tem muita ousadia para alguém com tão pouca experiência.

–Diga a ela que elogios não me compram e que ela seja breve porque eu estou de saída pra salvar o filho dela.

–Ela pode ouvir você. Me lembrou Bonnie.

–Que seja, respondi.

Jeremy fez uma pausa como se estivesse ouvindo algo muito longo, suspirou e continuou.

–Ela disse que você é inteligente e perceptiva. Que ela realmente tem um propósito nisso tudo e que no momento esse propósito é estar perto da criança que vai nascer. Ela disse que pode salvar o Klaus, mas que antes precisa fazer um acordo com você.

–Um acordo? Ela pode salvar o filho dela, aliás ela poderia já ter salvo o filho a essa altura e ainda está aqui tentando fazer um acordo comigo?

Nesse momento Bonnie pareceu desfalecer eu e Jeremy tentamos sustentar seu corpo mas ela suava frio. De repente vimos seus músculos enrijecerem e achamos que alguém a estava nesse momento usando como portal e eu temi que fosse o Klaus, mas sabia que podia ser Elijah ou Marcel que saíram em busca dele. O que eu diria a Hayley?

No entanto Bonnie se ergueu e não parecia mais ela. Andou altiva pela sala, como se examinasse o lugar e seu próprio corpo respectivamente. Então descobrimos que ali estava Esther, no corpo de Bonnie.

–Me diga o que a senhora quer de mim para salvar o seu filho e saia do corpo da minha amiga.

–Não se preocupe, nem que eu quisesse eu usaria esse corpo muito tempo. Ela é a âncora, nem mesmo está realmente viva...ou tecnicamente viva como você....

–Eu não tenho tempo para conversas sobre as dores e as delicias da vida de seres sobrenaturais. Seu filho está sendo torturado nesse exato momento.

–Sim, ele está. Ayana o amarrou com ervas de proteção. Isso normalmente dilacera a pele até os ossos...Se você já se queimou com verbena, iria achar que é um balsamo perto do efeito que essas ervas causam. E Ayana é astuciosa, mesmo que ele não entregue a ela o coração como ela quer ela vai enlouquece-lo com alucinações, porque na realidade mais do que acabar com a maldição ela busca vingança.

As palavras dela sobre o que estava acontecendo com ele doíam em mim.

–Ayana deveria se vingar de você pelo que você fez, não dele. Você já parou pra pensar alguma vez que o seu filho foi o mais danificado em toda essa história? Você já foi algum dia capaz de olhar nos olhos dele e ver as ruínas de onde deveria estar alguém? Você não fez de Klaus um monstro quando o transformou em vampiro, você já estava fazendo dele um monstro quando o abandonava aos maus tratos do pai dele, quando não fazia nada por ele. E duvido que você possa fazer algo por ela agora.

–Sim, eu posso. Eu não tenho um corpo físico durável aqui fora. Mas uma vez dentro dos domínios do clã minha força, meu corpo e minha magia voltam tão poderosos quanto antes. Eu sei exatamente onde é a caverna e em que parte da floresta eles tem os seus domínios. Eu lhe entrego meu filho vivo em suas mãos...mas como eu disse, preciso de algo seu.

–O que você precisa?

–Do seu corpo.

Jeremy me olhou atormentado, eu ergui a mão num gesto pra que ele não falasse.

–Meu corpo?

–Sim, eu quero poder estar junto da criança que vai nascer, quero poder estar perto e ajuda-lo a construir o que minha família deveria ter sido capaz de fazer. E que melhor maneira de estar junto dessa criança se não corpo da mulher que o pai dela ama?

–Isso é nojento. Você sabe que eu e seu filho....

–Sim, eu sei. E sei que você partiu o coração dele e que ele não quer ter mais nada a ver com você. E ainda assim nunca irá conseguir manda-la embora. Eu só terei que manter a farsa e ser a amiga dedicada que cuida da criança dele mas que não quer ter nada com ele porque simplesmente não o ama. Sabe, eu acho que isso vai fazer com ele mande a criança pra longe e eu, quer dizer você, iria também. Ou que ele saia de Nola, mas então a criança e você-no caso eu, ficariam aqui. Como vê, meu plano é perfeito.

–Ele vai matar você quando descobrir.

–Ele não vai descobrir. Nunca. E então, Caroline? Eu saio agora e vocês podem ir comigo até os domínios do clã de Ayana onde volto a ter meu corpo e estar visível. Eu entro naquela caverna e quando sair de lá entrego o meu filho nas suas mãos pra que você se certifique de que cumpri minha promessa e ele está vivo. E então juntamos os nossos sangues e seu corpo passa a ser meu.

–Caroline, você não pode fazer isso!

As palavras de Jeremy pareciam longe demais pra fazerem sentido. Eu não tinha outra alternativa e provavelmente nenhum de nós conseguiria salva-lo. Eu não me importaria de morrer, se da minha morte resultasse o resgate dele, mas os prognósticos não eram bons. Eu não tinha outra alternativa a não ser a proposta de Esther.

–Eu aceito.

Ela apertou minha mão, sorriu e deixou o corpo de Bonnie.


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Notas finais do capítulo

E se tiverem gostado, ou mesmo que não tenham, não esqueçam de deixar comentário e dar um feed back pra gente ficar ligado! :D