Jogos Vorazes - Reerguendo das Cinzas escrita por Herdeira de Sonserina


Capítulo 30
Capitulo 27


Notas iniciais do capítulo

Dei uma esticda na fic ;)
Pra não remoer muito com os cap :)
Espero que gostem



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A semana de “apreensão” foi mais dolorosa do que nunca. Sem comida e sem esperanças o povo ficou preso em suas próprias casas. O clima era tão ruim que Nicolas piorou e Anna pegou uma virose forte. O estoque das térsseras e da comida estavam indo de mal a pior e iriamos morrer de fome.

Imagens na TV mostraram as pessoas enforcadas por causa do levante. Entre elas o Sr. Matias estava sendo enforcado. Phil e Dan entraram em uma depressão e eu tive que consolar toda a família. Todos nós agora não tínhamos responsáveis, sem pai e mãe éramos órfãos que moravam sozinhos.

A única coisa boa que aconteceu nesta semana foi à aparição de Plutarch em nossa casa, para falar mais sobre o tal plano. A missão era clara, deixar o Tordo vivo. Ele disse que no momento certo iria voltar para falar mais sobre isso tudo.

Depois que a semana da seca acabou retomamos nosso trabalho na fabrica. E logo no primeiro dia tivemos a tragédia. A grande explosão na fabrica. O chão tremeu e a poeira negra ficou durante horas no ar. Milhares de famílias foram exterminadas em tal momento. Nós salvamos por causa de Nicolas e de Anna que nos prenderam em casa.

Não tinha sinal de Twill nem do grupo dos H. Eles haviam morrido certamente por causa da explosão. Estávamos vivendo numa verdadeira miséria. Não estava com cabeça para pensar em casamento e muito menos em plano confuso. Meus neurônios foram reservados para meus irmãos que precisavam de mim. Dana-se Massacre Quaternário.

A esperança foi embora junto com a alegria. O ferimento de Nicolas ainda estava aberto e Anna esta de mal a pior.

Tento me comunicar com alguém, mas tudo que vejo são lagrimas e grunhidos. O Distrito 8 estava tão podre e sujo que nenhum verme se atreveria a morar aqui nesta situação. Conseguimos algo para comer “pegando” das casas vizinhas que estavam vazias devido às mortes na explosão. O tempo estava tão triste e doentio que estávamos literalmente roubando para sobreviver. Eu também estava sem noticias de Margo ou de Margareth que já deveriam ter morrido debaixo da poeira negra que cobria a fabrica.

Durante semanas passamos por coisas absurdas. Ate o dia do anuncio do Massacre Chegar. Primeiramente eles mostram os vestidos de noiva da garota do 12, que já estava me dando ânsia de vomito. Tanta baboseira pra pouca pessoa. Depois Snow faz um discurso nada discreto e diz alto e claro.

Ele explica que no primeiro massacre houve uma espécie de votação para eleger os tributos. Deve ter sido uma experiência tão doentia e sombria, seus próprios amigos lhe escolhendo para a morte.

Ele fala também sobre a Quinquagésima edição dos jogos vorazes aonde o dobro de tributos foram selecionados. Quantas crianças não morreram naquela edição. 47 para ser precisa. 47 famílias choraram aos brandos por causa de um único jogo.

– E agora estamos honrando o terceiro Massacre Quaternário! – Diz Snow com um sorriso irônico e falso. Um garotinho de terno branco se aproxima dele e lhe entrega um cartão. Como será? Me pergunto. Será muito pior acredito eu. Haverá muitas mortes certamente.

Sua expressão era tão escura e sombria que chega me dava nojo. Sua barba levemente aparada e suas sobrancelhas fortes me faziam ficar ainda mais intrigada.

– No septuagésimo quinto aniversário, como lembrete para os rebeldes, que mesmo o mais forte entre eles não pode vencer o poder da Capital, os tributos femininos e masculinos serão escolhidos a partir dos seus vencedores existentes.

Vencedores? Aquele desgraçado irá me colocar junto a 23 vencedores diferente? Não tenho mais a esperança de voltar! Estarei rodeada de assassinos frios e sanguinários, e quando o gongo soar a primeira vitima serei eu! Não conheço nenhum e eles são amigos íntimos. Adeus meus amigos mesmo com o plano não terei a esperança de voltar como o ano passado.

– Não pode ser! – Grita Phil num lado da sala. – Desgraçado!

– Aquele cara é desumano! Todas as pessoas que sobreviveram iram voltar para essa loucura...

– Inclusive eu... – Completo com um tom baixo.

Era uma jogada de mestre. Snow estava se desfazendo de todos os seus problemas. De mim, da garota do 12 e do resto dos velhos e insignificativos tributos dos outros Distritos. Quem serão eles? Certamente estarão mais preparados do que eu!

Agora só resta esperar. Esperar o Massacre vir e a esperança de passar pelo menos um dia viva! Esperar o plano da certo. O plano! Era por isso que Plutarch me mandou proteger o tordo! Ela é a única garota que ganhou os jogos do Distrito 12, e certamente estará comigo naquela arena.

Será que Plutarch havia controlado o Snow? Acho que não! Mas meu proposito é simples. Manter Katniss viva. Se assim que querem é assim que terão. Minha vida agora pertence a ela.

Depois daquela noticia doentia eu não quis me fazer de forte e confiante. Pois sabia que as chances de voltar seriam mínimas. Deitei na casa do quarto de Martin e pensei. Oque irei fazer antes de morrer? Uma lista afinal. No topo delas era ver James pela ultimas vez e falar com Derick que nunca mais havia visto durantes esses meses.

Depois do grande anuncio do Massacre Quaternário os dias ficaram ainda mais dolorosos. Ausentei-me um pouco do meu treinamento secreto com Phil. A fome e escassez de comida aumentaram a visão de pessoas morrendo entre os becos das ruas. O dinheiro que antes Snow me mandava para sobreviver foi cortado.

Plutarch me chamava para reuniões sobre o plano da revolução. As reuniões ficaram ainda mais frequentes perto do Massacre Quaternário. Acho que irá dar certo. Mesmo com todos nossos problemas, acho que o plano de enganar o Snow pode dar certo. Ele me enganou uma vez e disse que não iria matar James. Agora eu irei engana-lo, inventando um plano mais engenhoso do que fugir da arena.

Plutarch havia escalado um “time” para o plano. Mesmo sem serem escolhidos, todos os tributos vivos dos Distritos 3,4,6,7, 8 e 11 sabiam do plano de revolução. Os meses foram passando e uma carta chegou as minhas mãos.

Um envelope rosado e com a insígnia da Capital pintada no centro.

Carta de convocação. Da Capital para Srta. Elizabeth White

Abro rapidamente o envelope e vejo uma letra detalhada escrita a nanquim.

Prezado(a) Srta. Elizabeth White

Estamos convocando-a a participar da Quinquagésima edição dos Jogos Vorazes. Para não causar transtornos apresente sua carta no dia de Colheita. Evite comentários posteriores sobre tal convocação! Que a sorte esteja sempre ao seu favor

Ass: Presidente Coriolanus Snow

Estou no Massacre Quaternário e nenhum levante ou nenhuma revolução poderia mudar nada a respeito desta carta. Só me resta passar o resto de meus dias em paz. Visitei James algumas vezes, mas Phil fez questão de ir comigo na ultima aparição ao cemitério.

O dia estava levemente nublado, mas o sol insistia em esquentar nossos miolos. Chegamos ao cemitério e ficamos de cara com o tumulo de James. Phil jogou uma rosa branca em seu tumulo e eu não tinha mais nenhuma lagrima a derramar.

– Ele significava algo para você não é...

– Tanto que você nem imagina... Se não fosse por ele, eu não teria me casado com você!

– Obrigado amigo James! – Diz ele com uma voz fria e escura. Não havia sarcasmo em sua voz e Phil era grato a James pela minha vida.

– Pelo menos eu vim ver ele antes de morrer! – Digo.

– Quero que ele tome conta de você ate eu chegar! – Diz Phil pousando suas mãos em meu ombro. Agora eu sabia que Phil era amigo de James, sim! Eles não tinham rancor nem intrigas entre si... Isso me deixava tão alegre que dava vontade de ficar com os dois. Mas como eu disse. O destino escolheu Phil. Phil é o meu marido e James está cuidando de Rue. Mas se eu morrer neste massacre iria adorar reencontra-lo e agradece-lo por tudo que ele me fez nestes poucos momentos de vida.

Depois de me despedir do meu menino que estava dormindo eternamente, decidir buscar por noticias de Derick. O mentor que me ajudou a controlar a fúria naquela cidade de concreto. Conseguir entrar em contato com Mirla que depois de muitos enchimentos disse que ele havia entrado numa espécie de “férias”.

Férias? Ele deveria ou estar num manicômio, ou em uma clinica de reabilitação para alcoólatras. Derick poderia ser um cara meigo e sensível, mas sua boca sempre fedia a álcool puro.

Minha mente só pensava em algo. Como eu poderia sobreviver a um jogo doentio com 23 assassinos em minha cola? Não sou uma vitoriosa. Nunca recebi tal riqueza para me nomear vitoriosa. Mas mesmo assim aquela carta chegou. A carta da morte. E eu irei respondê-la de algum modo.

Os meses se passaram como pétalas de flores ao ar. A colheita chegou e junto a ela o meu tenebroso sofrimento de ver a morte mais uma vez. Mas na ultima noite que ainda me restava, Phil me convidou novamente para conversar no único lugar que não era vigiado pela Capital. O nosso bom e velho teleférico.

Ele chegou primeiro. Estava mirando as estrelas e sentei ao seu lado. Era nossa ultima noite juntos.

– Você sempre chega atrasado...

– Não queria perder tempo hoje! – Seu rosto estava sendo iluminado pela luz da lua e sua blusa branca estava fosca na escuridão.

– Não vamos chorar tudo bem! – Afirmo enquanto sento junto a seu corpo. Aquela noite iria passar tão rápido que não iria dar tempo nem de lamentar as coisas que não fizermos.

– Não precisamos, já derramamos muitas lagrimas durante esses meses! – Diz ele rindo. – Mas vamos começar com algo de nossa rotina! Como foi seu dia hoje?

– Meu dia hoje? Cansativo e ofegante como sempre, foi meu ultimo dia a seu lado! – Digo a ele numa voz baixa.

– Meu dia foi bom como os outros! Acordamos cedo, tomamos café com torradas, treinamos com facas, trabalhamos sem cansar, dialogamos com pessoas comuns e agora eu estou aqui com você!

– Você não se cansa? – Pergunto. – Não se cansa de todo o dia tomar o mesmo café com as mesmas torradas, trabalhar como um bicho, dialogar com as mesmas pessoas tristes e sofridas?

– Temos que aturar! E você acaba se apegando a ela...

– A ela quem? – Digo com um tom intrigado.

– A rotina! – Diz ele como a voz melosa. – Você esta tão diferente hoje...

– Amanhã eu não estarei escutando sua voz ao meu lado... – Digo olhando para o chão.

Seus dedos seguram minha mão e ele me encara com um olhar rígido e cauteloso.

– Tá vendo está aliança? Está sou eu! – Diz ele. – Quando sentir minha falta é só olhar para ela! Mesmo que você não volte...

– Eu não vou desistir, Phil! – Digo segurando seus dedos fortes. – Eu irei tentar ficar o máximo possível viva! Mesmo com 23 assassinos, mesmo sem você, mesmo...

– Lembre-se do que eu lhe disse no edifício da Justiça! Nunca desista!

– Não vou... Por você e pelo nosso futuro! – Digo calmamente. O assusto estava ficando doentio então decidi romper com a tristeza que ainda me atormentava. – Já reparou nas estrelas hoje?

– Estava olhando! Elas estão lindas hoje! – Mudamos de assunto completamente, mas isso era comum entre o casal Lisa e Phil.

– Olha só! Parece que todas estão nos observando hoje! – Digo com um tom de animo. Amava ver as constelações de perto, algumas eram minha favoritas, outras meu pai achava belíssimas.

– Qual é a sua favorita? – Pergunto. Desde criança eu ensino a Phil sobre as constelações.

– Horologium! – Diz ele com um riso.

– O relógio? – Pergunto.

– Sim o relógio que domina nossos corpos! E a sua?

– Orion... O caçador! – Digo apontando para as estrelas. – Elas foram uma das minhas primeiras constelações...

– Nunca ouvimos falar naquela ali... – Diz Phil apontando para a estrela solitária que brilhava mais que as outras. Era a “minha” estrela como sempre ofuscando a lua.

– Eu já havia reparado nela! Sempre neste mesmo lugar, com a mesma luminosidade... Ela sempre esta a nos observar de longe!

– Que tal darmos um nome para ela? – Pergunta ele.

– Não é ela é ele! – Digo rindo. – Sempre achei que esta estrela representava meu irmão em minha vida!

– Hum... Que tal Apolo?

– Deus da luz? – Digo rindo da sua cara. – Ele poderia ser nossa luz! É... Apolo é legal!

– Ele me lembra de seu colar! – Diz ele pousando seus dedos gelados em meu pingente dourado repousado no pescoço.

– Apolo... Deus do sol! – Digo mirando as estrelas. Apolo poderia ser nossa salvação. A luz que ainda não conseguimos enxergar. Confiar em estrelas é melhor do que confiar em pessoas. Ao lado de Apolo uma constelação surgia. As três Marias por sinal. Eu era tão fascinada pelas estrelas que chegava a acreditar nelas. Acreditar que elas poderiam ser minha salvação.

– Oque você trouxe? – Pergunto como se estivesse angustiada de fome.

– Os de sempre! Pão com geleia e suco de cacau! – Diz ele rindo.

– Vou sentir falta do seu suco de cacau... – Digo pegando algumas fatias de pão. Passamos a noite como sempre. Mas não era uma noite como “sempre”. Seria nossa ultima noite. Minha ultima noite com meu marido. Eu com 16 e ele com 17. Sem filhos e sem desespero. Dois loucos no mundo desolado da vida.


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Notas finais do capítulo

Será que Lisa irá se apresentar como tributo na colheita?
Quem será o tributo Masculino?
Altas revelações eu garanto!
No proximo capitulo...



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