Jogos Vorazes - Reerguendo das Cinzas escrita por Herdeira de Sonserina


Capítulo 28
Capitulo 26


Notas iniciais do capítulo

Galera quem puder comenta ai pfv :)
Preciso saber se estou agradando a todos, Please :3



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Acordo sentada em volta de uma mesa bem arrumada. A mesa estava perfeitamente arrumada com quatro xicaras de chá e um bule. No canto da mesinha havia alguns biscoitos decorados. Paredes espelhadas estão ao meu redor. Ao olhar para um espelho vejo que estou transformada. Estou com um vestido branco de seda, com alguns toques de tecido vermelho nas pontas. Estava arrumada para uma festa por sinal. Quantas horas eu dormir? Quem será que me vestiu, enquanto eu dormia? Estava tão confusa e irritada que não conseguia pensar em nada no momento. Nem na possibilidade de fugir daqui. Pois eu estou certamente nas mãos de Snow novamente.

Phil já deve estar morto! Penso. E agora Snow quer me ver destruída. Em meu rosto retiraram toda a tinta negra e colocaram alguns tons rosados em minhas bochechas. Meus cílios também foram modificados e estão maiores do que nunca. Eu tinha virado uma espécie de aberração.

– Aonde eu estou!? – Grito. E a frase ecoa em meus ouvidos. Vejo minhas mãos que estão escondidas em grandes luvas brancas. Meus pés agora estavam repousados em saltos nem tão altos assim. Meus cabelos estavam levemente pintados de branco nas pontas.

Dois homens entram na sala e deixam Phil sentado em uma cadeira ao meu lado. Ele estava tão fabuloso, que nem parecia o garoto que todos os dias treinava comigo. Ele estava numa espécie de inconsciência. Seus cabelos foram transformados. Não num topete. Mas num corte totalmente diferente da rabugice que ele tinha no cabelo. Estava usando um terno branco. Que realçava seus traços fortes do rosto. Em seu pescoço uma gravata borboleta negra. E no bolso do peito de seu terno tinha uma rosa vermelha.

– Phil? – Tento acorda-lo. Ele mexe os olhos um pouco e me encara.

– Ainda estamos vivos? – Diz ele espantado.

– Acho que sim... – Digo. Não deu tempo nem de dialogar e um homem de terno negro entra na sala. Cabelo levemente raspado e com uma carranca entre a cara. – Quem é você? Enviado do Snow?

– Desculpem pelo sequestro... Prazer em conhecê-los meu nome é Plutarch Heavensbee!

– Responda! Quem é você! – Diz Phil batendo na mesa.

– Não fiquem exaltados, sou o novo idealizador dos Jogos! – Fala ele.

– Seneca reivindicou o cargo? – Pergunto.

– Ele teve alguns transtornos... Fatais! – Fala ele com um olhar desconfiante. – Voltando ao assunto, fiquei sabendo que você ira ser o tributo feminino do Distrito 8!

– Como? – Pergunta Phil.

– Tenho minhas fontes pessoais! – Diz ele colocando um pouco de chá numa das xicaras postas a mesa.

– Quero falar com vocês sobre um suposto plano... – Fala ele.

– Plano? – Pergunto. Eu só sabia que ele iria me ferrar ate a morte naquela arena. Vejo as mãos enluvadas de Phil agarrando uma faca sorrateiramente.

Plutarch nos conta que esse não seria um Massacre como outro qualquer. Ele conta que dentro da edição deste ano, existe um plano. Um plano de revolta. Ele me conta sobre o tordo e Phil explica a ele sobre o plano do levante no 8. Ele na verdade não é um idealizador qualquer. Ele pertence a uma organização secreta contra a Capital, e estar disposto a ajudar o povo com a revolução. O plano é simples. Deixar o tordo vivo. O tordo mais conhecido por “ Katniss Everdeen”. Mas proteger de que? Ela agora era uma vitoriosa e seria a mentora de seu Distrito. Eu que estava condenada a morte. Eu que iria voltar para o show de horrores que nem estava tão horroroso assim.

Plutarch diz que quando as revoluções ficarem muito intensas aqui fora ele irá dar um jeito de nos tirar de lá. Snow não poderia nem imaginar que Plutarch era do time dos revolucionários e não do time dos massacradores como ele. Era como uma peça de teatro muito bem detalhada.

– Este é o plano? – Pergunta Phil. – Enganar o Snow com um Massacre Quaternário?

– Não ira ser um Massacre Quaternário! Ira ser uma encenação! – Diz Plutarch.

– É um tipo de show de talentos! – Digo rindo. – E por que nos chamou aqui?

– Você vai manter o tordo vivo! – Ele aponta para meu rosto. – Todos na arena precisaram colaborar...

– Ela vai participar? – Pergunto.

– No momento certo você ira saber... – Diz ele. – Voltando ao assunto, você irá organizar quantos levantes conseguir!

– Eu? – Pergunta Phil. – Porque eu?

– Porque foi você que conseguiu reunir aquela multidão hoje!

– Que horas são? – Pergunto.

– Há duas horas atrás, vocês estavam no Distrito 8 começando o levante! – Diz ele rindo.

– Então você esta dizendo que... Estamos mesmo começando uma revolução! – Digo enterrando meus olhos nele.

– É querida... Todo mundo esta cansado desse país hipócrita! – Fala Plutarch. – Por hoje é só, foi muito bom conhecer vocês!

– Na próxima vez que quiser falar comigo, me peça civilizadamente! – Digo com um sorriso meio irônico.

– Vou me lembrar deste detalhe! – Ele abre uma porta gigante de madeira. – Aproveitem a festa!

Entramos num corredor decorado por pétalas de flores. Andamos como um casal qualquer de apaixonados da Capital. Abrimos uma porta e nos deparamos com uma esplendida festa. Milhares de pessoas ao nosso redor. Comendo. Bebendo. Fumando. Estavam tão loucas que nem perceberam de onde nós surgimos.

– Aonde estamos? – Sussura Phil em um dos meus ouvidos.

– Eu conheço este lugar... – Vi este lugar hoje pela televisão. Nós estávamos todo o tempo na casa do grande presidente Snow. A vontade de queimar aqueles moveis caros e raros com um único fosforo. – Estamos na casa do Snow!

Algumas pessoas que não conhecíamos nos reverenciavam. Andávamos literalmente agarrados pelo salão. Algumas mulheres elogiaram meu vestido. Outras falavam baixinho sobre Phil. Mas eu sabia que não éramos o casal sensação da festa. Os tributos vitoriosos estavam aqui. Nos encostamos numa mesa aonde encontramos tacinhas bonitinhas om um liquido transparente.

– Quer? – Pergunta um velho senhor com barba engraçada.

– Obrigado! – Responde Phil pegando uma das taças em sua mão. A cada gole sua expressão muda. Andamos ate uma espécie de biblioteca e ele me empurra bruscamente para parede.

– Esta tudo bem? – Digo.

Ele tinha colocado tudo que havia em seu estomago para fora. Algumas pessoas riram e outras ficaram comentando.

– Alguém me ajude, por favor! – As pessoas se afastaram da cena e me deixaram cuidando de Phil sozinha. Uma espécie de garçom limpa seu terno com um pano úmido.

– Isto é chamado de Coquetel Follun! – Diz ele no meu ouvido. – Faz você vomitar oque comeu!

Ele limpa o chão com outro pano e se retira rapidamente.

– Me desculpa! Eu não sei oque deu em mim! – Diz ele voltando ao seu estado normal.

– Foi oque você bebeu, estes loucos tomam para voltar a comer! – Digo discretamente.

Tentamos voltar para a festa. Dançamos um pouco para disfarça, mas o clima já estava ficando entediante. Chegamos a um balcão com diversas sopas e carnes de todos os tipos. Comemos ate não aguentamos mais. Um pedacinho de porco aqui, um pedaço de carneiro ali. Comemos de tudo.

Um garçom nos oferece alguns drink’s. Phil já iria por suas mãos no copo quando eu interrompi.

– É aquele Coquetel Follun? – Pergunto ao garçom.

– Não, não senhorita! São só espumantes! – Responde ele.

Bebemos alguns goles ate eu ficar meio tonta. Bebida alcoólica não era a minha praia.

– Não existe um lugar mais reservado, aqui? – Pergunta Phil em meu ouvido.

– Você esta na casa do presidente! Tudo aqui e filmado e gravado! – Digo rindo. Quando acabamos de falar o casal de vitoriosos esbarra em nós.

– Desculpe! – Diz Peeta olhando em meus olhos. Não respondo por que eles somem em meio às pessoas no salão.

Andamos como dois loucos procurando algum lugar reservado para falar sobre o levante e sobre o plano de Plutarch. Meus pés já estavam duros por causa dos saltos e Phil não estava com uma cara muito boa graças ao tal Coquetel Follun. Em sua testa gotas de suor frio escorriam dentre suas bochechas. Algumas pessoas insistiam em tirar foto conosco e falar bobagens que nem mesmo ouvíamos direito. Flash para cá, Flash para lá. Tudo meio iluminado. Conseguimos despistas alguns autógrafos e entramos na primeira por ta que achamos.

– Esse lugar esta enfestado de loucos! – Berra Phil.

– Ate parece que somos o casal de vitoriosos! – Digo rindo.

– Por um lado você se saiu vitoriosa, mas a maioria do país não sabe...

Entramos numa espécie de varanda que tinha uma vista linda para a Capital. Algumas almofadas estavam centralizadas no chão para nós sentarmos. A “Varanda” estava toda enfeitada. Com velas, flores e alguns tecidos de seda entre as paredes.

– O lugar mais sossegado daqui, desde que chegamos! – Digo. Sentei em uma das almofadas e Phil ficou mirando as luzes da Capital do parapente.

– Que lindo... – Sussurra ele.

– Também fiquei admirada quando cheguei aqui! – Falo. – Eles são tão hipnotizados pela modinha que os rodeia que não observam oque realmente é lindo!

– Nós morremos de fome no 8... E eles vomitam para comer mais, aqui! – Fala ele num tom baixo. – Isso é... Desumano!

– Por isso que devemos mudar com isso... Enquanto estamos seguros aqui, eles estão lutando no 8! – Falo para ele. – Demos voltar o mais breve possível, Phil!

– Antes de voltarmos eu quero... Dar-te isso! – Ele se aproxima de meu corpo e pega minha mão suavemente. Entre meus dedos ele deixa um anel de ouro puro. “Para sempre” estava cravado no anel.

– Eu não posso aceitar...

– Eu não estou perguntando! Eu estou te dando! – Diz ele com uma voz grossa.

Ele caminha entre a varanda e pega uma das velas em sua mão. Ele retira suas luvas e trás a pequena vela para junto de mim.

– Eu quero que você seja minha...

– Phil, eu... Eu vou ser oferecida para a morte e não sei se vou voltar! – Digo.

– Por mim! Quero que sejamos um só! – Diz ele colocando a vela em minha mão. – No três, tudo bem?

– Você é mesmo o ultimo garoto que eu irei amar! – Digo rindo. – Eu Phil Matias... Irei te amar, te guiar e te proteger ate os fins de minha vida!

– Eu Elizabeth White... Prometo nunca te esquecer, nunca deixar de te amar, mesmo que eu não volte para ter uma vida decente com você!

Com as nossas mãos tocamos a vela e apagamos-a com um único sopro. Estávamos casados. Rimos da cara do outro e percebemos a loucura que tínhamos feito. Tínhamos nos juntado.

– Agora só falta uma coisa para sermos casados! – Diz ele tirando uma pequena faca de seu bolço. Ele corta um pedaço de seu dedo e um pedaço do meu indicador. Como num aperto de mão juntamos nossos dedos. Juntamos nossos sangues. Juntamos nossa alma. Éramos um só. No sangue de Phil havia o meu sangue e visse versa.

A vontade de abraça-lo cresceu. E o agarrei como louca em meus braços. – Obrigado! – Sussurro em seu ouvido. – Eu nunca imaginei de morrer casada!

– Minha esposa... Você é só minha agora! - Diz ele rindo. – Posso beijar a noiva?

Antes que ele possa se aproximar de mim, lhe dou um dos beijos mais calorosos de minha vida. O primeiro beijo de nosso casamento. E possa ser o ultimo.

– Eu vou tentar! Por você... – Digo com algumas lagrimas entre os olhos.

– Não chores... Por que eu sei de seu potencial! – Fala ele com aquele sorriso debochado.

– Você ainda esta com o gosto de vomito na boca... – Digo rindo. Seus olhos negros agora eram mesmos. Aqueles olhos me olharam como nunca haviam olhado. Ele se afasta um pouco de mim e volta a mirar as estrelas no céu.

– Olha! – Diz ele me puxando. – Ela esta nos observando de novo!

– Nossa estrela... – Digo com a voz um pouco baixa.

Quando estávamos hipnotizados pelos brilhos das estrelas dois homens com ternos negros entraram na varanda. – Venham comigo, por favor! – Um deles me pega pelo braço. Ele nos guia dentre os corredores da casa do queridíssimo Presidente Snow.

Entramos numa espécie de tubo que nos tele transportou diretamente para um Aerodeslizador. Deixaram-nos numa sala com alguns sofás e algumas garrafas de whisky entre prateleiras na parede.

Phil senta em um dos sofás com uma cara de cansaço e abre uma das garrafas de whisky que estavam sobre uma das prateleiras. Nunca vi ele bebendo nada alcoólico mas eu estava com vergonha de o interromper. Ele não bebe como um bêbado, ele só dar pequenos goles e respira com elegância.

– A tecnologia é tão fantástica quanto nosso talento... Em menos de 4 horas estávamos começando o levante, e agora estamos voltando da casa do Snow na Capital! – Diz Phil. Ele estava certo. Com tanta genialidade a vida humana ficou sem rotina. Em menos de 3 horas eles me arrumaram, retiraram minha camuflagem, me vestiram e eu ainda participei da festa dos vitoriosos.

– Oque iremos encontrar quando chegarmos? – Digo baixo ao seu lado.

– Sinceramente eu não sei... – Diz ele com o copo entre as mãos. – Eles podem estar reagindo... Lutando, enfrentando o medo! Mas eles também podem estar em suas casas com o medo dentro de si!

– Isso é verdade... Que noite! – Digo me sentando ao seu lado. – E o plano? Tem certeza que devemos confiar nele?

– O jeito é arriscar! Aposto que se ele trabalha-se mesmo para o Snow, não teria deixado nos dois voltamos para o 8!

– É... tudo esta um pouco arriscado... Minha ida para a arena, o plano de Plutarch, nosso casamento! – Digo a ele com uma expressão não muito boa.

– Oque nosso casamento tem de arriscado? – Ele me pergunta soltando o copo com o drink na mesa.

– Daqui a alguns meses você poderá ficar viúvo! – Digo com uma de minhas mãos na cabeça. – Isso é... Doentio, sabe!

Ele mostra uma carranca entre as bochechas e joga o copo com whisky na parede. Nunca havia o visto assim. Com este temperamento agressivo. Ele era mais calmo e consolador. Eu sou a agressiva!

– Não precisamos perder a cabeça, Phil! – Berro. – Ainda temos uma esperança...

– É bom ter esperança, mas é ruim depender dela! – Diz ele limpando sua mão no terno branco.

Depois daquela frase eu me calo completamente. Nós estávamos dependendo literalmente da esperança, da esperança do povo abrir seus olhos, da esperança do plano sair como planejado, da esperança de Panem finalmente mudar.

Phil esta sentado em um dos sofás quando são jogados dois macacões negros para dentro de nossa sala. – Acho que só para nós dois! – Diz ele pegando um maior. Era um macacão negro como carvão, que cobria desde o pescoço ate os tornozelos.

Duas botas surgem no canto da parede. Uma pequena e uma média. Junto a elas duas mascaras de “ninja” foram amarradas. Entrei no banheiro e demorei uns 20 minutos para me vestir. Era um macacão mais justo que as roupas que eu usava da Anna, literalmente.

– Quase que não entra em mim! – Digo jogando o vestido num canto obscuro do quarto.

– Minha vez agora de me transformar! – Diz ele rindo. – Me ajuda com a gravata?

– Garotos... – Ele ri da minha expressão e me deixa tirar o nó da gravata borboleta.

– Finalmente ar! – Diz ele passando a mão em seu pescoço.

– Que drama por causa de uma gravata! – Digo com um tom de ironia. Esse era o dom dele. Mudar literalmente de assunto. Uma hora estávamos falando sobre a esperança que obviamente não poderia morrer, mas agora estamos brincando por causa de um nó de gravata!

Ele entra silenciosamente no banheiro e se tranca. Depois de alguns minutos escuto alguns grunhidos. – Esta tudo bem? – Pergunto. – Só o macacão que não quer passar das minhas cochas! – Diz ele com um tom risonho. Cai numa gargalhada no momento em que ele começou a gritar.

– Conseguir chegar a cintura! – Berra ele do banheiro. – Mas acho que irei precisar de ajuda...

Ele destranca o banheiro e vejo um Phil vermelho por causa da raiva e com o macacão vestido ate a cintura.

– Os chocolates quentes do Dan te fizeram...

– Crescer! – Diz ele com uma voz grossa.- Crescer, viu!

– Tudo bem... – Digo com a voz tão meiga que chega a ser enjoativa. – Agora vira de costas!

Ajeito o macacão entre sua costa nua. Seus ossos estão amostra e sua coluna me afronta. Pouso o tecido em seus ombros lagos e viro-me para o peitoral lustroso que irei ter que vestir. Phil era um garoto com boa forma, sem duvida alguma. Seus traços fortes vinham de uma antiga linhagem de costureiros. Que ficavam dias entre a mata para achar produtos para seus tecidos. Por isso seus músculos eram tão desenvolvidos e seus ombros largos.

Caminhei com meus dedos sobre o corpo que nunca havia tocado. Seu tórax. Seu pescoço delineado. Seu peito marcado por dor. Ele poderia ser meu marido. Mas seu corpo não me era familiar. Eu o olhava trabalhar todos os dias. Suas pernas caminhando sobre o Dromo. Seus cabelos lisos entre sua testa. Seus braços atirando flechas em silhuetas humanas. E ate mesmos seus grandes lábios se reerguendo para um sorriso despojado. Meus olhos nunca sentiram tal ligação como neste momento.

Fiquei em transe por um tempo, pensando em como Phil era desconhecido para mim. Terminei inesperadamente de colocar o macacão entre seus braços e em seus ombros. Ele deu o velho sorrisinho irônico e deu um beijinho em minha testa.

– Eu não poderia pedir noiva melhor! – Diz ele com uma voz languida.

– Muito menos eu! – Digo dando um beijinho em sua bochecha. Mesmo “casados”, nos tínhamos o mesmo afeto de antes. Nada de “Meu amor” ou “Meu bebe”. Éramos os velhos “Phil” e “Lisa” de sempre. Os mesmos abraços, as mesmas carícias. Isso que me intrigava. Phil não precisou mudar seu comportamento para se sentir bem ao meu lado!

Vestimos as botas com mais agilidade, e as mascaras não foram difíceis de colocar. Olhei sobre uma pequena janela que havia no quarto e vi o Distrito 8 em um caos total. Pacificadores enlouquecidos, pessoas histéricas, casas e palácios em chamas, tudo de cabeça para baixo.

– Phil! Olha isso! – Digo o chamando.

– Eles não eram tão fracos como o Snow pensava! –Quando Phil acaba sua frase um homem abre a porta de nosso quarto e nos guia por corredores pequenos. Eles chega em uma sala minúscula e grita – Prontos para o lançamento! – Lançamento? Só me dou conta do “lançamento” quando o chão começa a abrir e uma corda é posicionada no centro. Saímos do aerodeslizador sobe cordas, e escorregamos nas cordas ate o chão.

– Pronto para acabar oque havíamos começado? – Digo em seu ouvido.

– Já nasci pronto! – Diz ele com um sorriso. Saímos dentre a multidão enfurecida buscando meios de nos rebelar. A primeira coisa que Phil faz é dar alguns socos em um pacificador resmungão. Quando o pacificador finalmente cai sobe o chão ele retira a arma dele e joga em minhas mãos.

– Você sabe atirar não é? – Pergunta ele rápido.

– Flechas... – Digo.

– É basicamente a mesma coisa! As duas podem matar alguém! – Diz ele berrando por causa do tumulto.

Vejo ele se perder em meio a multidão e tento seguir sozinha par outro lado do Dromo. Flash Black’s surgem a minha cabeça. Meu pai sendo decepado. A ultima respiração da minha mãe sobre a cama e o tiro de canhão do meu irmão. O ódio é tão grande que fico cega e não sei oque fazer. Atiro em alguns pacificadores que insistem em revidar. Este era o poder que a Capital queria impor sobre mim. Você é a filha do sol! Digo a mim mesma. Eles não podem meter medo em você! Foram as ultimas palavras de Marcus.

As balas encistem em sair de minha arma e um dedo esta travado sobre o gatilho. Atiro loucamente contra os escudos negros dos pacificadores. Largo a arma com um impulso e penso em meus dois irmãos que ainda estão vivos. Eles devem estar. Não posso deixar que eles morram.

Saiu correndo pela multidão quando encontro a lucidez. Tenho que acha-los vivos ou mortos! Digo a mim mesma. Jogo a arma na mão de um refugiado qualquer e corro dentre as chamas que queimam pneus velhos e caixotes de tecido. – Anna! – Grito. Mas eles nunca iriam escutar. – Nicolas! – Berro novamente. Mas o barulho das pessoas uivando não deixa que meus irmãos me escutem. Tento me lembrar do caminho ate minha casa eles devem estar lá. Com tudo num verdadeiro caos eu nem sei onde estou literalmente.

– Ele foi ferido! – Grita Dan ao meu lado. Fico desesperada. Eu necessito salvar meu irmão. Não posso perdê-lo. Grito para Dan me levar ate o local aonde ele esta.

Saio desesperada em meio às pessoas, mas subitamente um pacificador me pega pelo pescoço. O ar que restara de meu pulmão se esvai e eu fico literalmente sem ar. Começo a me debater entre os braços do pacificador, mas ele só me segura mais e mais. Acabou. Minha vida acabou. Nicolas ira morrer e Anna cairá na depressão.

Quando meu cérebro fica literalmente sem ar. Vejo uma visão tremula. Um pacificador um pouco mais alto que Dan, chega por trás do pacificador que esta me matando e lhe dar um soco entre o queixo. O pacificador que antes estava me sufocando, agora estava inconsciente no chão. E o meu salvador sai correndo para o lado contrario. Fico inconsciente por alguns segundo, imaginando por que ele quis salvar minha vida. Justo minha vida. Mas Dan rapidamente pega em meu braço e me guia para o meu problema atual. Nicolas ferido.

Tento raciocinar tudo que tinha ocorrido desde quando eu e Phil descemos do aerodeslizador. Meu surto com uma arma, meus gritos histéricos, a vida que foi salva por um pacificador qualquer. Estava tão confusa com minha vida que os outros teriam que me guiar. Como Dan esta fazendo agora.

– Entre! Entre! – Diz ele no vácuo da minha mente. Meus pés tropeçavam no chão e ele me deixa num alçapão velho. Anna esta com a expressão fechada, Nicolas esta com a perna ferida e com a cara não muito boa. Gemidos saem de sua boca facilmente e Anna começa a se desesperar!

– Ele... – Diz ela com a mão ensanguentada e com os olhos trêmulos.

– Ele oque? – Digo desesperada.

– Ele levou um tiro no tornozelo! Mas conseguimos retirar a bala! – Diz ela estancando o sangue da perna de Nicolas. – Sorte dele que a arma não era de energia solar! Se não nós teríamos que amputar sua perna!

– Meu pequeno... – Digo sentando ao seu lado. Seu olhos estavam negros por causa da tinta. E sua boca insistia em mostrar dor. – Você não irá morrer!

– Disto eu sei... – Esforça ele para falar.

– Precisamos tirar ele daqui e levar ele para casa! Daqui a pouco os rebeldes estarão aqui... – Diz Dan pegando os panos ensanguentados. Dois homens robustos que eu não conhecia, levaram Nicolas em uma espécie de maca. Eu e Anna seguimos um pouco atrás. Anna estava com as botas que antes estavam nos pés de nosso irmão. E eu desolada e arrasada por tudo que estava acontecendo.

– Pensei que você e Phil haviam morrido! – Sussurra ela com uma voz baixa e fanha.

– Nós já escapamos da morte milhares de vezes... Mas desta vez foi diferente! – Digo.

– Diferente? – Pergunta ela.

– Em casa eu te conto tudo! – Digo com firmeza.

Andamos atrás do bando que levara Nicolas com agilidade. As pessoas não estavam amedrontadas de fato. Passávamos pelas casas e ruas e tudo estava em um caos total. Eu estava tão confusa que não sabia se ficava contente pelo povo ou triste por causa de meu irmão.

Chegamos rapidamente na casa de Phil que estava escura e sombria. Os homens deixaram ele encima da mesa e foram embora para o levante. Anna continuava a pressionar um pano no tornozelo em carne viva. Minha mente estava centrada em deixar meu irmão vivo.

Ela me dava ordens como: Pega isso, trás aquilo! E eu como uma marionete compreendia. Meu corpo só conseguia seguir as ordens de Anna e depois de algumas horas conseguimos estancar o ferimento do tornozelo. A testa de Anna não estava mais com as rugas de preocupação. Aliviei-me um pouco e sentei no sofá tentando respirar. O ar que aspirava não conseguia saciar minha ansiedade, e meus bronquíolos estavam desesperados por ar puro.

– A pior parte passou... Agora precisamos de gases limpas! – Diz ela.

– Me deixa respirar um pouco, foi muita coisa para raciocinar! – Digo com palavras ofegantes.

– Você quer respirar enquanto seu irmão esta morrendo!? – Diz ela com raiva.

– Calma Anna! – Digo com um tom mais alto. – Precisamos nos acalmar!

– Me... Me desculpe! Eu... Eu estou muito nervosa! – Diz ela com os dedos trêmulos. Era muita pressão para uma garota de 14 anos sem pai e mãe. Anna sabia ser calma nos horas certas. Mas as adolescentes de sua idade não se preocupavam como tal. Não tinham que cuidar de outras pessoas.

– Agora senta aqui e me deixar acabar com esse ferimento! – Digo saindo do sofá. Ela se deita um pouco e depois de alguns minutos capota como uma pedra de sono. Olho para Nicolas e vejo que ele já havia desmaiado há horas. Achei alguns panos velhos debaixo da despensa e enfaixei seu tornozelo.

Com os dedos sujos de sangue sento sobre uma poltrona na frente do sofá aonde Anna repousava. Fecho meus olhos e penso em tudo que me aconteceu desde essa noite. Que noite. O levante, o plano de Plutarch, meu casamento, a volta ao distrito 8, meu salvador da morte que nem mesmo conheço, meu irmão morrendo aos poucos. Tudo!

Quando finalmente abro meus olhos vejo que estou em minha casa e estamos no começo da manhã. Vejo Phil com o braço numa bandagem e ele me diz que estamos num regime de apreensão. Ficaremos trancafiados em casa durante uma semana, por cauasa de nossa revolta de ontem anoite. Só me resta uma duvida. Será que Twill e o resto do grupo conseguiu mesmo fugir e espalhar o levante entre os outros distritos?


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Notas finais do capítulo

Será mesmo que Twill e o grupo de refugiados conseguiu fugir para os outros Distritos?
Será mesmo que Lisa e ira participar do plano de Plutarch?
E Nicolas, será que ele irá morrer?
No proximo Capitulo...



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