Meia-noite e quatorze minutos de uma sexta-feira de descanso (feriado de Corpus Christi) e acabei determinar de ver o anime do Inuyasha. Realmente, essa saga do Kanketsu-hen tem um final relativamente descente se comparado com o final da saga normal (sim, aquela que passava no Cartoon Network quando éramos pequenininhos)... mas o que importa não é necessariamente se o final foi bom ou não,  se o Naraku morreu ou não, se (obviamente) a Kagome e o Inuyasha ficaram para sempre juntinhos felizes para sempre amém salve salve. O que me importa neste exato momento, no qual estou escrevendo (e quase dormindo sobre o teclado) esta crônica é: Como nós somos fracos.

                Estou ciente de que é um anime e que o cachorro mata baratas com o Kaze no Kizu, mas tirando o surrealismo e pensando só um pouquinho... eles levam cortes e cortes, podem estar com o braço com uma puta de uma ferida mas estão lá, três episódios seguidos lutando contra o vilão principal. E nós aqui fazemos o que? Somos assaltados por um “malandro” antes das 7 da amanhã de uma quarta-feira em um ponto de ônibus. E sabe o motivo principal pelo qual entregamos o celular ao malandro? É, o fato de ele estar com uma faca. Uma faca! Faquinha! Dessas bonitinhas que eu queria comprar no mercado municipal... E ainda querem me fazer pegar carona para ir para o colégio (que é 3 quadras daqui de casa) só porque essa é a segunda vez que sou assaltada de manhã e a quinta que sou assaltada nesta mesma região.

                Então, não sei ao certo se consegui repassar a você, possível leitor desse texto, a minha indignação com o mundo. A sensação de ser fraco, não só de força física, mas psicológica também, uma vez que poderíamos pensar rapidamente em como agir de uma maneira mais “correta” em uma situação dessas se nosso querido medo fosse mais bem controlado por nós mesmos. Realmente, é revoltando perceber tal fraqueza.

                Não! Mas não! Sabe o que é o melhor? Pessoas que falam que você deveria ter “reagido”, deveria ter pensado, se esforçado em ajudar o seu namorado que estava ali tentando bater no cara, só pra te defender e defender a sua amiga.....

                PORRA MEU!!!!!!!!! Eu sei que eu podia ter ajudado o cara a socar o ladrão! (Afinal já fiz algum bom tempo aula de kung fu e judô)....MAS CACETE!!!! ACHA QUE É TÃO FÁCIL ASSIM? Se soubessem como a gente fica depois de uma situação dessas (quem já passou por alguma situação parecida possivelmente entenderá essa sensação), pensando e repensando no que poderia ou não ter feito, no que deveria ou não ter feito para não terem levados eu celular/IPod/MP3/5 reais para o ônibus/qualquer coisa assim!:

- Nossa, e se eu tivesse atravessado a rua...;

-Por que não joguei  a granola que eu tava comendo na cara dele?;

-Por que eu não chutei o cara ao invés de socar?....;

- Por que raios que eu cumprimentei aquela guria mesmo? Da próxima vez me toco e não falo com gente que tem cara de drogado....

 e por ai a fora. (e notem que a gente ainda pensa em “próxima vez”...igual a: “isso vai me acontecer de novo! Mas que merda!!!” ¬¬)

                 Tu passa o dia com essas coisas na cabeça, faz prova com essas porcarias na cabeça, passa a semana com medo de andar sozinha na rua....e ainda vem uma mala e fala que era pra tu ter regido melhor???? AAAAAAHHH MEU! VAI SE FODER!

                E também vá se foder a carona e a porra do gás carbônico e o maldito monóxido de carbono desses carros ai! Me explica! Por que eu iria pegar carona com uma pessoa (que, é sério, ela é super simpática e carinhosa, mas...) com a qual não gosto de pegar carona se eu posso ir a pé pra desgraça do colégio?? Tenho que ficar me sentindo cada vez mais fraca e fraca, tendo que me trancar em casa e nos carros pra me ver segura dos assaltantes livres que andam por ai e pelo Senado? Ahh! Poupe-me dessas nojeiras!

                Admito ser uma pessoa que não pensa muito, que na hora que ocorre algo muito inesperado nem eu sei como reagirei, que não me esforço em demasia pra melhorar essas ruas de Curitiba...mas vou fazer o quê? Ligar pro 156 reclamando? Ir à polícia fazer queixa? Vota em sei lá quem pro outro lá não ganhar e daí, quem sabe (muito provavelmente que não), alguém coloque mais policiamento nas ruas nas manhãs pois os aluninhos de ensino fundamental e médio que vão para seus colégios a pé e de ônibus não tenham seus celulares e aparelhos eletroeletrônicos roubados! Não, não sei o que seria melhor fazer...tu sabes a resposta? Se sim, favor me avisar...

                Peço para que, se forem criticar meu ponto de vista, primeiro se coloque em tal situação e pensem em como reagiria... (pois farei isso quando reler este texto). Nesses momentos o papel e a caneta (ou o computador, também tá valendo) me servem de cano de escape, em que posso gritar sem que atrapalhe o sono da vizinhança e que talvez, só talvez, alguém o leia, escute-o, reflita sobre ele e vamos ver se a palavra que aqui fica eterna na mente das pessoas consegue mudar um pouquinho o rumo desse mundo (que está indo lentamente para o abismo sem fim.)