–É pedir de mais ter uma vida? –Berrou o Lucas virando as costas para o pai. – Poder fazer minhas próprias escolhas?

–Tecnicamente você vai ter que fazer 20 escolhas. –Jonathan, adora irritar o Lucas, só não percebe isso.

O jovem voltou o olhar para o pai, seu olhos brilhavam de raiva.

–Vocês me dão tudo o que eu não preciso. Deem-me a chance de viver como alguém normal... De sair dessa prisão, sem que seja para alguma coisa comercial, só para acalmar o povo.

–É seu dever fazer isso, você deve isso a mim, à sua mãe e a todos que vão depender de você em pouco tempo... –Ele tentava convencer o filho, como nas diversas outras discussões, mas, desta vez, eu acho que não irá funcionar.

–Não sou nenhum tipo de ator, eu sou seu filho. O mesmo que podia brincar nas laranjeiras da fazenda quando tinha 5 anos, o mesmo que podia ir para a escola normal, o mesmo de antes de você ser o próximo na linha real, e amaldiçoar a mim e aos meus descendentes com o seu maldito sangue azul! –Ele esgotou o ar de seus pulmões nesta última frase. Cansado de brigar, deixou seu peso leva-lo para o chão.

Jonathan virou as costas, entendendo o gesto do filho como desistência.

Aproximei-me do jovem no chão aos poucos.

–Mãe, não sei o que fazer. Nunca consigo agrada-lo, nunca consigo tomar as decisões, ele sempre se intromete. –Sentei-me ao seu lado e deitei sua cabeça em meu colo acarinhando seus cabelos macios. Olhando para mim, seus olhos começaram a lacrimejar.

–Não posso te dizer mais o que fazer, você faz 18 anos amanhã, querido, agora a escolha é sua. –Falei com a minha voz mais acolhedora.

–Foi assim que o tio Henrique conheceu a tia Clara?

–Foi, sim, querido.

–Eles eram tão felizes... –Lucas ficou pensativo por alguns segundos. – Acho que vou aceitar à seleção.