A Saga de Sirius Black escrita por TonAbsolutto


Capítulo 2
Cartas




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/439636/chapter/2

Ainda com o cabelo todo emaranhado e esvoaçante, a face intercalada por finos arranhões em quatro linhas, o humor praticamente um dos piores fora do natural, Bella voltava pra dentro da casa dos tios xingando Sirius até uma posterior quinta ou sexta geração, seus passos tão fortes que mais pareciam uma marcha. O primo vinha logo atrás, cantarolando e continuando a perturbá-la. Em dado momento, aproximando-se um pouco mais dela, Sirius perdera completamente a noção do juízo – ou na verdade ele nunca a obteve – e assim tapeou uma das nádegas de Bella de forma sensual. Se a garota já estava vermelha, conseguiu alcançar uma tonalidade que beirava o roxo.

– TIIIIIIAAAAAA... EU NÃO AGÜENTO MAIS FICAR AQUI COM ESSA PESTE! VOU-ME EMBORA! – gritou toda sonora enquanto ia para o banheiro tentar arrumar seus cabelos rebelados.

– Eu também te amo, prima, obrigado – Sirius respondeu o mais sarcástico possível, sentando-se na sala para assistir televisão. Aquilo sim era um dos aparelhos trouxas que valia pena.

– Sirius – a voz de trovão do pai ocupou toda a casa – Eu não queria cansar-me lhe dando uma sova, mas vou ter de fazê-lo. Quando é que você vai tomar jeito, moleque?

– Danou-se, vou pro quarto mesmo por que já vem sermão.

– Negativo! Senta aí! Você vai ficar quietinho me ouvindo.

Sirius sentiu algo como a indignação de Belatrix, ao perceber o irmão se divertindo com a cena no lance de escadas acima, mandando língua pra ele.

– Sirius, quando não é seu irmão é a sua prima, quando não é ela é algum vizinho indefeso. O que dá em você para se divertir tanto com essas traquinagens idiotas?

– Sei lá. É o que há.

– Não adianta conversar, Orion. O jeito é partir pra outra lição mesmo – Wallburga chegou dizendo, empunhando sua varinha e mirando-a no próprio filho. Seja o que for que ela estivesse pensando, assustou até mesmo o marido, apesar deste não ter reagido para impedir.

– ESPERE, TIA! – uma voz diferente soou na casa agora. Sirius, quem encolhera no sofá sem saída, sorriu ao ouvir aquela voz.

Uma garota muito parecida com Belatrix entrava na sala, diferente pela altura um pouco maior e os cabelos dois dedos mais curtos, cheio de luzes e madeixas claras. Não tinha o mesmo corpo escultural que Bella, ainda que sendo a irmã mais velha, contudo Andrômeda possuía lá seus encantos.

– Tia, não faça isso. Não precisa de tanto. Poxa, o Sirius é só um menino.

– Um menino mal-criado e levado – ela replicou ainda com a varinha em punho – Não sei de quem ele herdou esse jeito cretino e maroto, mas vou acabar com isso agora mesmo.

– Não, tia – Andrômeda interveio novamente, entrando na frente do primo – Olha, heer... a ideia foi toda minha. Não o castigue, foi minha a culpa.

– Ah não, “Drô”, não precisa fazer isso – o garoto disse ao se levantar, pondo-se a lado dela – Não esquenta, isso é normal. Se ela me transformar em um animal ainda estou no lucro. Animais podem cruzar com várias fêmeas sem precisar dar satisfação a ninguém.

– Andrômeda, você é uma metida sem vergonha mesmo, hem? Sempre defendendo esse idiota, vai acabar se tornando a mesma coisa – Bella apareceu em cena apenas para acrescentar isso, penteando seus cabelos.

Um pandemônio de discussão tomou aquele lugar. O Sr. e Sra. Black trocavam farpas somado a Andrômeda mais Régulo quem resolveu ajudar no mutirão Anti-Sirius e por fim Belatrix. As vozes ricocheteavam pelo ambiente como num tiroteio, até que uma coruja peculiar bateu a janela e ninguém percebeu. Em seguida outra coruja maior e mais felpuda também apareceu, e esta sim chamou a atenção de todos os Black. Com um toque de mágica, o Sr. Black fez a janela abrir-se e assim as duas aves entraram planando perfeitamente perto de Sirius. Cada uma trazia consigo um envelope de carta, ambas endereçadas a mesma pessoa.

Sirius Black? – Régulo leu incrédulo, fora ele o mais curioso e quem tomara a frente pra pegar as cartas. Por um instante o garoto pensou em rasgá-las, e de fato o faria caso Sirius não fosse mais rápido, tomando-as num gesto brusco propositalmente para machucá-lo.

Todo mundo prestava atenção no rapaz enquanto lia a primeira carta, abrindo um sorriso maroto peculiar, chegando ao fim da mesma rindo com vontade.

– Ai, ai... A Lu é demais mesmo.

Apenas Andrômeda riu. O resto não estava acreditando ainda. Ao passar para a segunda carta, Sirius não sorriu como na primeira, mas pelo contrário, abriu um semblante sério e obtuso. Após terminar de ler ele virou-se para o pai e questionou intrigado:

– É assim que eles convidam as crianças para ir a Hogwarts? Por cartas? Pensei que aquele velhinho lá o qual o senhor tanto fala viria pessoalmente.

– HOGWARTS? HOGWARTS? É SÉRIO? – Wallburga quem se exaltou tomada por um ímpeto de euforia, arrancando a carta das mãos do filho e lendo para ter certeza. Era estranho, a mãe ficara infinita vezes mais feliz que o próprio filho com a notícia – OH, GRAÇAS A MERLIN! ENFIM CHEGOU! Sirius vai pra Hogwarts!

– Nossa mãe, fico feliz pela senhora se importar tanto com a minha educação – o rapaz replicou no tom mais pesado de sua ironia. Tanto ele como todos os presentes sabiam o porquê de tamanha euforia vindo da Sra. Black. Hogwarts significava “Ausência de Sirius” e “Ausência de Sirius” conseqüentemente resultava em “Paz absoluta na casa”.

Ninguém entendeu quando, de repente, Sirius soltou um sonoro palavrão e subiu para o seu quarto calado, a face transpassando um certo sinistro característico de Belatrix e não dele. Até mesmo a própria prima que o odiava tanto ficou encabulada com aquela reação, subindo atrás dele sendo acompanhado pela irmã mais velha. Quando as meninas entraram em seu quarto, depararam-se com um Sirius fechado falando sozinho, dizendo algo como “É bom mesmo que eu suma desse inferno” – fora as suas últimas palavras até que calou-se novamente quando viu as duas chegando.

– O que foi, Bella? Quer ficar com mais um gatinho?

– Você é insuportável mesmo, cara. Sorte a da Tia Wallburga, enfim se livrar de você – ela respondeu secamente, usando o espelho do quarto para terminar de desembaraçar os cabelos – Pelo que sei, a minha carta também está para chegar. Eu não acredito que terei de suportá-lo um ano inteiro, ao longo dos meus próximos sete anos.

– Se cairmos na mesma casa, prima, juro que não irei me segurar e entre esses sete anos te dou uns amassos.

– Aaaah, eu não te agüento! – dessa vez ela foi mais rápido, pulando pra cima dele e ambos caindo sobre a cama entre tapas no que Sirius agora estava na desvantagem, pois os longos cabelos da garota sobre sua cara lhe impediam de qualquer visão. Andrômeda por sua vez, pegou um livro na cabeceira e sentou-se na poltrona do cômodo, bocejando indiferente à retaliação dos dois.

Ouviram então a voz da Sra. Black subindo as escadas chamando pelo filho com desprezo. Bella parou com os tapas, ainda em cima de Sirius numa posição nada inocente, encarando aquele par de olhos cinza com o seu próprio olhar avassalador. Tia Wallburga entrou no quarto no momento em que ela dava um estalado tapa na cara do primo, saindo de cima dele resmungando.

– Acho bom agora você aprender a me respeitar – disse passando pela tia e saindo.

– Sirius, não se preocupe que seu pai e eu, amanhã mesmo, trataremos de providenciar todo o seu material. Dizem que você precisa estar presente na compra da varinha, mas isso é lenda, a todos os Black se destina a mesma – a mulher falou mecanicamente como quem falava a um desconhecido. Sirius sentou-se na cama sem prestar atenção, até que ela emendou – E pare de gracinhas com a Bella, essa menina é tão imperial quanto eu.

– Por isso que as duas se dão tão bem – Andrômeda sibilou logo que a tia sumiu de vista. Sirius sorriu, feliz por ter aquela prima, que apesar de ser muito semelhante com a irmã em aparência, em nada se dizia em questão de personalidade. Andrômeda era calma e serena, sempre bem humorada, enquanto Belatrix era a fúria e frieza na forma humana. Desejável forma humana, Sirius poderia acrescentar.

– Vou conversar com o velho lá, o tal do Dum... Dumbe-o-quê?

– Dumbledore. Alvo Dumbledore – ela respondeu rindo com a careta dele.

– Isso aí mesmo. Vou acertar com ele se posso morar em Hogwarts, como zelador ou o que seja. Não quero ter de voltar pra cá no próximo verão.

– Relaxa, primo. Essa pressão toda deles em cima de você é por que tu és diferente. Todos eles são prepotentes e ambiciosos, até mesmo o pirralho do Régulo. Já você não. Apesar desse seu jeito traquinas, no fundo qualquer um pode ver em ti uma ótima pessoa, linda tanto por fora como por dentro.

– Você não precisava de toda essa poesia só para me chamar de bonitão, prima – disse ainda sorrindo, levando um tapa amigo da garota que não deixou de rir com ele outra vez.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!