Trevas e Fogo escrita por Nathally Howard


Capítulo 5
Uma Conversa Proibida //Nathally


Notas iniciais do capítulo

Oie! Apenas um aviso rápido: Para entender esse capítulo você vai precisar ter lido/ ler o Prólogo.
Okay?
Kissus da Nathy



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Acordei com uma forte batida na porta do chalé

Penso que não fui a única a ser acordada, pois vi vários campistas levantarem e resmungarem algo em grego ou na nossa língua mesmo. Não eram bonitos elogios.

Uma garota de cabelos castanhos e olhos da mesma cor, Júlia, abriu a porta. Outra garota, está de cabelos castanhos e olhos num verde deslumbrante, sempre com seu sorriso estampado na cara, exceto em batalhas, entrou. Ela vestia jeans azul e a camisa laranja do acampamento. Calçava All Star branco.

– Oi, Becca. – Cumprimentei-a.

– Oi, Nathy! – Ela me respondeu. – O que você vai fazer hoje?

Forcei um pouco a memória para lembrar quais seriam as minhas atividades.

– Hã... Escalada... Arco e flecha... Acho que canoagem... Nada de mais.

– Isso é ótimo! – Ela exclamou claramente feliz.

– Por...? – Perguntei. Não acho que isso tenha soado muito animado.

– Na verdade... Você sabe um pouco de música, não é?

– Eu sei um pouquinho, Becca... Mas você não respondeu minha pergunta!

– Tá, tá! Depois respondo! Mas agora... Você sabe tocar um pouquinho de violão, não? Se não me engano, Connor me contou que você tinha dito a ele que uma colega, de quando você estudava, te ensinou um pouco, não foi?

– É, bem isso... Mas pera... Ele fala de mim pra você??

Ela riu alto.

– Calma... Só foi uma vez quando eu perguntei.

– Okay... Mas agora responda minha pergunta! - Já estava perdendo a paciência com aquela garota.

– Tá bem! Eu estava pensando de te ensinar algumas músicas no violão... No meu chalé todos já sabem de todas que eu sei! E daí eu pensei em você que não deve saber nenhuma, vai ser legal te ensinar. Topa?

Francamente, eu não gostava muito de tocar instrumentos, mas eu podia escapar das atividades, e de ficar sangrando.Além que de a Becca era bem... Divertida. - Topo! Mas... Hã... Horário?

– Pode ser agora! Nós podemos ir tomar café da manhã e daí eu tenho o dia inteiro para te ensinar um monte de coisa!

Eu sorri. Acho que com a falta de Connor, eu havia ganhado uma nova amiga. Não que eu quisesse que ele ficasse fora! Mas ter uma conversa com alguém que não fosse Travis ou Connor talvez me fizesse bem.

– Tá ok, Becca... Vou só me trocar e então nós vamos.

Nem esperei a resposta dela e já me dirigi ao banheiro do chalé. Um pouco depois eu já usava minha camiseta laranja do Acampamento, meu jeans preto rasgado e meus inseparáveis All Stars pretos. Era bem parecido com que Becca usava, mas quase o acampamento inteiro se veste assim, pequenas exceções ao chalé de Afrodite.

Nós saímos e comemos alguma coisa. A tarde se passou rápido, como sempre acontece quando estamos nos divertindo um pouco.

A filha de Apolo me emprestou um dos vários violões que existiam no chalé 7. Ela me ensinou várias músicas e eu saí de lá com várias partituras que, surpresa! Agora eu sabia ler. Pensando bem, qualquer um voltaria sabendo ler partituras se passasse um dia inteirinho com a Becca e seu violão.

Naquele momento, já era tarde da noite, eu já tinha jantado e provado de algumas guloseimas na Fogueira. Não conseguia dormir, diferente dos outros no chalé que já deviam estar no décimo quinto sono.

Pela janela, olhei a praia escura, sem Lua. Parecia tão agradável ali... Tinha uma pequena possibilidade de eu dar uma escapadinha para lá. Estava escuro e eu era silenciosa, as harpias não me descobririam.

Desci do beliche que, felizmente, eu ficava com a parte de baixo. Coloquei uma jaqueta por cima da camiseta laranja, prendi meus cabelos em um rabo de cavalo e saí o mais silenciosamente o possível.

Sem muita dificuldade e o mais discreto que conseguia, cheguei à praia. As ondas do mar iam e vinham, fazendo um som agradável. Sentei-me na areia e deixei a água molhar meus pés descalços, havia tirado o All Star e o deixado no chalé, pois achei que faria muito barulho. O menor dos ruídos poderia ser meu fracasso.

Tentei não pensar, apenas relaxar e deixar aquela paz incomum tomar conta de tudo.

Claro que minha sorte não é a melhor sorte de todas, sempre tinha que ter um problema para estragar tudo!

Senti que meu coração sairia pela boca e uma rápida sensação de pânico espantou toda a paz quando ouvi uma voz desconhecida dizer:

– Linda noite essa, não é?

A voz pertencia a um garoto que estava de pé ao meu lado. Encarei-o surpresa, o que, raios, qualquer pessoa estaria fazendo lá? E nessa hora? E bem no dia que resolvo ir! E como ele tinha me visto? Eu não havia feito nenhum barulho! Tentei ignorar minha falta de sorte e prestar atenção no cara. Ele não era nem muito alto, nem muito baixo. Possuía olhos e cabelos tão negros quanto a escuridão da noite, que também me lembrava um pouco os meus próprios. A pele dele estava um pouco pálida e ele definitivamente precisava se alimentar mais. Olheiras beiravam seus olhos e ele tinha um jeito estranho de parecer ter o controle de tudo apenas com seu silencio.

Nico Di Angelo, era assim que se chamava. Já tinha ouvido alguns campistas falarem sobre ele, do jeito que ele aparece como um fantasma e faz os outros sentirem um pouco de medo dele. Apesar de tudo, ele não me intimidava.

– Claro. Será que eu poderia saber o que está fazendo aqui? – respondi de um jeito calmo, tentando esconder a surpresa em minha voz. Não acho que obtive sucesso.

Ele me lançou um meio sorriso. Certo, isso talvez me desse medo, aquele sorriso, nem que fosse meio, dava um ar intimidante. Como se ele tivesse visto tudo que eu sentia e estivesse se divertindo com isso.

– Procurando uma pessoa. Temos que conversar, Nathally.

– Talvez não, Nico.

Falar com aquele cara não estava na minha lista de Coisas Que Sejam Uma Boa Ideia. E definitivamente estava na de Coisas Estranhas Que Não São Uma Boa Ideia.

–Eu sei mais do seu passado do que você, Nathy. Eu posso te falar o que sei

Okay, falar com ele acabou de mudar de lista.

Mas... Ele também poderia estar blefando. Como um garoto que nunca nem se quer me deu um “oi” pode saber sobre mim?

– Não brinque com isso Di Angelo... Você não sabe nada...

–A única aqui que não sabe nada é você, Nathally. Eu sei por que nossos passados estão entrelaçados. Você não sabe absolutamente nada sobre seu próprio passado, nem quem são seus pais, nem se teve irmãos, nem onde morou, nem...

– JÁ CHEGA! – eu gritei, mesmo desejando não fazê-lo e sabendo que poderia me ferrar com aquilo, mas aquele garoto estava me tirando do sério, não queria ouvir nem mais uma palavra sair de sua boca

– Você está mentindo, Nico. Eu possa até não saber, mas você também não sabe...

As minhas palavras saiam não como se eu quisesse convencer ele, mas como se eu mesma estivesse tentando acreditar naquilo. Bem lá no fundo eu sabia que ele poderia me ajudar, mas eu não queria me render a esse sentimento.

– Ah, é mesmo, Nathally? Como pode ter tanta certeza? – ele falou e eu senti uma pontada de ironia no tom de sua voz. – Eu sei sobre você, Nathy, quer uma prova disso?

Não, eu não queria prova nenhuma, ele simplesmente não podia saber nada!

Pouco tarde demais, percebi porque ele simplesmente não podia saber nada e porque eu não queria que nem ele e nem nenhuma outra pessoa soubessem. Eu tinha medo. Medo de que o meu passado seja horrível, medo de que eu fosse algum erro. Percebi que tinha medo de descobrir a verdade. Eu já sabia que nunca fui amada, mas ter certeza absoluta disso... Podia machucar. Eu sabia que a verdade não teria piedade de mim, o que descobriria não seria as mil maravilhas.

– Você se sente excluída, não? Ninguém a entende, você não gosta muito de se aparecer e não se encaixa em nenhuma atividade do acampamento. Acertei?

Encarei-o horrorizada, ele havia dito exatamente o que sentia. O que mais ele sabia sobre mim?

– Sim... – respondi hesitantemente.

– Você já... Hum... Já passou por coisas estranhas, que pareçam não ter explicação? Tremores no chão, por exemplo.

Meu coração saltou do peito novamente. Era exatamente o que estava acontecendo comigo, coisas estranhas. Abri a boca para responder, mas o som não saia. Talvez eu estivesse surpresa demais, ou nervosa demais. Fechei a boca e o encarei, dessa vez não escondi nem o medo nem a surpresa em minha expressão.

Ele suspirou e sentou ao meu lado.

–Nathally, você quer que eu conte o que sei?

Ele não podia estar mentindo, eu não poderia evitar o inevitável. Mais cedo ou mais tarde eu teria de descobrir o meu passado. Pelo jeito seria mais cedo.

Respirei fundo e balancei a cabeça em sinal afirmativo.

Meia hora depois eu já sabia tudo, eu não deveria ter nascido. Eu era filha do deus do Mundo Inferior. E o garoto sentado ao meu lado, agora com uma expressão menos assustadora e mais consoladora, era meu irmão.


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Notas finais do capítulo

É isso! Obrigada por estar lendo a fanfic e espero que esteja gostando *-*
Xxx. Nathy



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