Estou ansioso. Faltam pouco mais de dez minutos para a meia noite. Durante estas quatro semanas, tentei ser o homem que Lina desejava. E tentei me convencer de que fiz isso por ela. Mas a verdade é que não foi.

Fiz isso por mim. Porque eu desejo ser o homem que Lina precisa. Desejo protegê-la, fazê-la feliz.

Pensei na melhor maneira de surpreendê-la. Por todos esses dias, quis mostrar o quão especial ela é. Mas hoje é o dia de convidá-la a fazer, de fato, parte da minha vida. Meu coração já é dela, mas hoje ela iria decidir se o aceita ou não.

Ando de um lado para o outro no quarto. Relembro todas as coisas que fiz para a pequena aventura de Lina. Há algumas horas, mandei um buquê de rosas e uma pequena caixinha. Eu só espero que ela não abra antes da hora. Ou estragaria a surpresa. Meu plano é que ela vá descobrindo os presentes um a um. E ali na caixinha está o bem mais precioso. Meu coração.

Meia noite. Decido vestir uma roupa mais apresentável. Não sei o motivo, mas estou nervoso. Decido usar uma camisa branca com minha bermuda jeans favorita. Não quero parecer formal demais, mas quero dar a ideia de que aquele é um momento especial. Lina deve estar saindo do quarto agora. Lembro dos bilhetes e começo a me preocupar. E se ela não entender? E se ela desistir?

– Calma, Klaus - murmuro.

O segundo lugar planejado foi o meu jardim secreto. A verdade é que, há muito tempo, aquele vêm sendo um lugar para pensar nela, em Lina. Planejar nossos momentos ou revivê-los. Espero que ela tenha achado a lanterna especial e descoberto meu truque.

Meia noite e dez minutos. Onde ela deve estar agora? Talvez no refeitório ainda. Ou indo para o jardim. Mas e se ela não conseguisse desvendar a última pista?

– Klaus, concentre-se - digo a mim mesmo.

Sorrio. Impossível ela se perder para chegar até aqui. Passei o dia todo hoje organizando tudo, mas sem dúvidas o que mais me deu trabalho foi a pequena trilha que fiz até o meu quarto.

Meia noite e vinte. Estou muito agitado. Não sei o que fazer com as mãos ou como ficar com uma aparência melhor. É quando ouço os passos. Sei que é Lina.

– Ah, meu Deus! - sussurro. Nenhuma garota me deixou tão nervoso antes.

Ouço a batida e respiro fundo. Espero vê-la com o colar, a corrente que mandei fazer. Então abro a porta. Ela sorri. Meu Deus, como pode ser tão linda? Sorrio de volta. Ela abaixa o rosto, talvez envergonhada, e uma mecha se desprende do seu cabelo, mas Lina rapidamente a prende de volta. Pego sua mão e a guio para dentro do quarto.

Não sei o que dizer, o que fazer. Não sei o que estou sentindo. Estou feliz, grato, sentindo-me bem, e tantas outras coisas boas, que nem consigo descrever. Mas principalmente, não consigo acreditar que ela está aqui. Olho para seu pescoço, perguntando silenciosamente onde está o colar.

– Quero que você o coloque - diz.

Sorrio e pego o pequeno bolsinho da sua mão. Ela vira-se de costas para mim e aprecio a pequena corrente com duas voltas. Em uma delas, o pequeno coração lapidado. O meu coração, que agora pertence a Lina. E na outra, as nossas iniciais. Assim, juntas. Como desejo que eu e Lina estejamos. Fecho a corrente.

– Você me aceita? - pergunto, olhando fixamente para Lina.

– Estou aqui, não estou?

– Isto é um sim, então?

Ela não me responde, apenas me beija. Ainda não consigo acreditar que ela está aqui. E que, por algum milagre, sinta o mesmo que eu. Eu a aperto mais, retribuindo o beijo fervorosamente e com amor. Levo-a para cama e deitamos.

– Você sabe de tudo, não é? - pergunta. Sei do que ela está falando. E não preciso mentir para ela.

– Sim. Eu sei. Mas não me importo.

Então a beijo, esquecendo o passado e sequer pensando no futuro.

Somos um do outro esta noite. E tudo o que me importa é Lina.