Durante esta semana, aproximei-me de Lina. Tentava pensar num jeito de conquistá-la, mas eu sei que conseguir a confiança dela não é fácil. Ela é extrovertida e tímida, ao mesmo tempo, e isto me fascina de um jeito anormal. Quando ela sorri para mim, meu coração parece que treme no peito.

E eu quero que ela saiba de tudo isso. E foi assim que tive a minha ideia genial.

Estamos no refeitório agora, tentando resolver as questões da lista que o professor Romualdo passou. Pelo menos, sei que ela está resolvendo. Porque eu não consigo pensar em nada além do que estou prestes a fazer.

Estou nervoso, e dou um tapa em mim mesmo mentalmente. Eu nunca fiquei assim por causa de uma garota antes.

Ela estende a mão na mesa. Quero tocá-la, e não reprimo esse impulso. Durante esta semana, evitei me reprimir. Se eu quero tocá-la, eu toco. Principalmente porque amo vê-la envergonhada. Ela me olha, mas eu apenas sorrio. Então Lina puxa a mão, e enfim eu a encaro.

É agora, tenho que falar logo.

Aproximo-me com uma desculpa qualquer.

– Pode me ajudar nesta questão? – pergunto.

Ela nem me responde. Debruça-se sobre meu caderno, resolvendo os cálculos, fazendo anotações e me explicando. Mas eu não estou interessado nos números. Olho para ela. Uma mecha cai em seu rosto, e eu sinto vontade de colocá-la no lugar. Então estendo a mão e a toco. Sinto Lina ficar tensa, sua respiração parar por dois segundos, exatamente da mesma forma que sempre acontece quando estou muito perto dela. Uma pergunta está em minha mente:

– Por quê?

– Por que o quê? – ela pergunta de volta.

– Por que você não gosta de mim?

Ela sorri. E eu conheço aquele sorriso. É o sorriso que ela dá antes de alguma resposta irônica.

– Claro. Porque você é o garanhão da faculdade. E todas as garotas precisam gostar de você não é? – diz. Sei que ela está tentando me distrair, mas não permito isso.

– Não perguntei sobre outras garotas. Quero saber sobre você.

Eu a encaro. Ela evita me olhar.

– Não é isso – afirma.

– Diga-me o que é, então – insisto. Eu não desisto assim tão fácil.

– Eu não... sei.

Calo-me. Sei que tenho que falar. O momento é esse. Então começo:

– Essa semana, sonhei que você era minha namorada. Acordei bem, de um jeito que não acordava há muito tempo. – Aproximo-me dela, desejando beijá-la. – Lina, eu não sei o que está acontecendo. Só sei que algo me liga a você de uma forma inexplicável. Eu nunca me senti assim...

– Klaus, eu...

– Não, deixe-me terminar. – Respiro fundo, tenho que falar tudo. – Durante seis meses, estive observando você. Quieta, misteriosa, parecia que queria sumir. E isso me fazia desejar saber que garota você é. Mas você não parecia olhar para mim. Você não olhava para ninguém. Então, durante todo esse tempo, orei esperando um milagre. Aí há três meses, o professor nos colocou como parceiros, e não vou mentir agora e dizer que fiquei num estado abaixo do êxtase. Agora estou aqui, com você, e o que mais desejo é... – Paro. Não posso beijá-la agora, não quero assustá-la. – Então eu te proponho algo. Preciso de um mês. Dê-me um mês para provar que estou apaixonado por você. Sim, Lina, desde aquele dia, estou apaixonado por você. E somente nesta última semana, vim perceber isso. E eu só quero uma chance.

– Klaus...

– Não, não fala. Vou fazer isso. Um mês. Após completar trinta dias, vou estar te esperando, aqui mesmo, a meia noite, para saber tua resposta.

Levanto-me, sentindo mais leve, e mais decidido. E, seguindo minha regra de não reprimir meus desejos, aproximo meu rosto do dela e digo:

– Tudo o que eu mais desejo agora é... isso.

Então a beijo.

– Boa noite, minha princesa – digo e saio.

Você pode dizer o que quiser, pode chamar de careta, ou qualquer outra coisa. Mas a verdade é que estou gostando desta história.

Eu estou vivendo algo que sempre vi nos filmes, ou li em alguns livros.

Eu estou vivendo um amor clichê.