Ainda faltavam dois dias pro baile, mais como estratégia para o meu vestido não ser copiado, minhas criadas adiantaram todo o trabalho para não correr o risco. Mais, ao contrário delas, parecia que todas as outras criadas das selecionadas tinham deixado tudo pra cima da hora.

Como todos os vestidos para bailes de mascaras são bem elaborados, era necessário que começassem a fazer este, no mínimo, uma semana antes da festa. E foi exatamente isso que as criadas, NÃO fizeram.

Os corredores estavam uma loucura, várias criadas aceleradas com vestidos muito bem guardados em capas pretas para fazer medição e ajustes. Umas até ainda estavam tirando medidas. Estava tudo muito cheio na ala do castelo onde ficam os quartos das selecionadas. Tão cheio assim porque a rainha disponibilizou criados para ajudar com este tipo de preparativos para o baile. E era exatamente disso que eu queria fugir.

Resolvi dar uma volta pelo castelo, tentar me distrair e até,com muita sorte, esbarrar com Marlee pelos corredores. Conversar, desabafar, com Marlee agora seria ideal pra mim e pra minha cabeça, poder pedir ajuda e uma direção para uma amiga seria muito bom pra mim.

Assim que saio do quarto acabo esbarrando com a criada de Celeste, que parecia ter acabado de sair do quarto dela, dava pra notar apenas pela expressão de inquietude dela. Com isso alguns desenhos de mascaras acabam caindo no chão com alguns tecidos e linhas.

Resolvo logo ajudar a criada a pegar as coisas e então acompanho ela até seu destino. Uma ótima distração!

–Desculpe, não foi por mal.- Digo a ela ajudando-a.

–Desculpe-me a senhorita. Deveria tomar mais cuidado ao andar!

–Foi descuido meu na verdade, você estava tão aflita em se afastar daqui que nem me percebeu.

–Verdade, estar na companhia de Celeste nunca é bom e prazeroso. Se é que me entende?!- Ela disse com um sorriso sarcástico no rosto.

–Sei bem disso, já tenho experiência- Logo começamos a rir.

–Nem todas tivemos a sorte que suas criadas tiveram. Apesar de achar que Celeste usa essa arrogância como defesa. Desculpe-me novamente pela intimidade senhorita America.

–Não, imagine, é bom conversar com alguém nesse castelo. Mas, por favor, conte-me mais sobre essa sua teoria relacionada a amável Celeste.

–Pois bem, acho que ela usa a arrogância e sua sensualidade para se defender e tentar evitar certas situações que podem acabar prejudicando-a, afetando ela.

–Nunca tinha pensado nisso, mais de certo modo, faz muito sentido.

–As vezes pego ela falando consigo mesma, parece planejar algo que vai fazer.

Nossa conversa não durou muito, logo chegamos no ateliê do castelo, o ponto final para a criada.

–Pois bem, aqui é sua para. Até uma próxima vez.

–Até senhorita America. - Em um ato inesperado, a criada coloca, rapidamente, suas coisas em uma mesinha e me dá uma braço repentino- Saiba que a senhorita é a mais querida de todos.

Assim que me solta dou passos lentos pelo corredor. A criada havia repetido as palavras exatas que haviam sido pintadas em minha parede no último ataque dos rebeldes. Isso teria alguma relação? Até então ninguém ficou sabendo desse acontecimento, e também, ninguém ouviu falar de coisas do tipo com as outras selecionadas.

Confesso que fiquei receosa depois disso, tentando interligar, achar alguma conexão entre esses dois fatos.

–America? O que faz andando pelo castelo?

Sou interrompida quando esbarro em Maxon. Lá estava ele, todo desarrumado, seus cabelos não estavam extremamente alinhamos e bem penteados como o de costuma. Sua gravata já não estava no pescoço, havia ido parar em seu bolso, e sua camisa estava toda desajeitada. Parecia até que ele havia acordado atrasado para um compromisso. Podia até desconfiar disso, se não fosse pela calma dele em esperar minha resposta. O que até demorou, estava muto ocupada admirando-o todo desajeitado, mais como sempre, encantador.

–America?

–Oh, Maxon, não tinha o visto. Mais respondendo sua pergunta, estava tentando me distrair.

–E percebo que conseguiu distrair-se, tanto é que estava tão distraída que não me viu indo em sua direção.- Ele ri e eu permaneço reparando em cada detalhe do seu rosto.

–Concordo.

–Venha comigo, também quero me distrair. Podemos fazer isto juntos?

–Sim, é claro.

–Venha comigo por favor.

Maxon acaba me levando para um canto estranho pra mim, até então do castelo. Um lugar com muitas flores. Um tipo de jardim escondido.

–Que lugar é este?

–Um tipo de refúgio da minha mãe. Ela vem aqui quando precisa se distrair, assim como nos dois.

–Uma ótima escolha, devo dizer.

Andamos por mais ou menos uns dois minutos pelo jardim. Até que não resisti e resolvi me sentar em baixo de uma árvore que tinham perto, enquanto isso Maxon apenas me observa em pé, na minha frente, sorridente.

–Venha Maxon, sente-se também.

–Prefiro ficar aqui admirando você.

–Deixe disso e sente-se logo Maxon. Eu já prefiro algo melhor.

–E o que seria, posso saber?

– Ficar aqui sentada junto com o futuro rei de Illéa todo bagunçado.

Não demora muto para Maxon sentar-se comigo e me envolver em seus braços.

–Não lhe disse que minha preferência era melhor.- Damos risos.

–Nisso tenho que concordar, mais a minha ainda é boa.

Ficamos alguns segundos em silêncio, apenas abraçados, quietos, aproveitando o momento.

–Por que demorou tanto a vir me ver?

–Não está nada fácil, a visita de Daphne não é apenas amigável. Temos que resolver algumas coisas pendentes com a França nesse tempo.

– Então é por isso que vocês dois andam sumidos?

–Exato, por causa disso estamos passando bastante tempo juntos, mais até do que eu desejo.

–Ela deve estar adorando isso.

–Como?

–Nada de mais, esqueça.

Passamos ainda um tempo naquele lugar secreto do castelo, Conversando, rindo e até mesmo em silêncio. Isso até Maxon ter que voltar a suas tarefas e eu ao meu tédio.

Até algo totalmente inesperado acontecer...