2025 escrita por P H Oliver


Capítulo 7
Equação


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que eu demorei mais de um mês, mas, hey, eu estava sem internet. Eu aproveitei esse tempo para estudar um pouco mais para escrever um ótimo capitulo! Espero não ter nenhum erro dessa vez =D



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Abrir os olhos pela manhã foi a parte mais difícil para Aaron. Ele poderia passar o dia ali, pensando sobre a noite anterior, sobre Philip e ele, e sobre as sensações novas que passavam por seu corpo a cada vez que se lembrava do breve selar de lábios.

Uma hora, era medo, outra, um desejo de poder repetir a situação, mas sempre acompanhando esses sentimentos, havia a dúvida. Aaron sempre namorou mulheres bonitas, sempre se sentiu atraído por elas, apesar de já fazer um bom tempo que não namorava. Nunca havia se interessado por homens. Até Philip chegar.

– AARON! – Grita Roberto da cozinha – O CAFÉ ESTÁ PRONTO!

– JÁ VOU! – Ele grita de volta. Perto da porta, ele se lembra de que América dormiu no apartamento, e corre para trocar seu pijama decorado de porquinhos. Ele jurou para si mesmo muito tempo atrás não contestar o gosto de Roberto para pijamas.

– Bom dia, Roberto. – Aaron diz ao sentar-se à mesa – Bom dia, América.

– Bom dia. – Disseram em uníssono.

Depois de um bom tempo em silêncio, e depois de mil pensamentos relacionados à noite passada, Aaron se levanta da mesa e agradece Roberto pelo café, como sempre faz. Ele senta no sofá e liga a televisão. No canal passa o telejornal, e a repórter informa que Adolf não tem previsão de retorno, ninguém consegue entrar em contato, todos estão confusos... “Quem não está confuso nessa situação?”, se pergunta Aaron, sem saber o quanto aquela frase se aplicava em sua vida.

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No momento não estou em casa, mas pode deixar uma mensagem, assim que eu chegar escutarei, passar bem, Philip. É a mensagem que Aaron escuta pela quinta vez. “Ele deve estar ocupado. Sim, é isso, ele está ocupado”. Aaron já não consegue aguentar a necessidade de perguntar a Philip se aquilo havia sido calor do momento. Ele acreditava que não. Ele esperava muito que não.

Aaron está com medo de dizer algo a Roberto, mas foi pego de surpresa algumas horas atrás, antes do entardecer, quando seu amigo perguntou o que Philip Morrison fazia na casa deles. Aaron respondeu evasivamente, referindo-se logo a seu trabalho. Roberto pareceu não acreditar, pois América contou para ele que viu o jovem com uma expressão esquisita.

Depois de esperar pacientemente algum retorno de Philip, Aaron decide ir a casa dele. “Não estou indo longe demais?” “Não, claro que não” “Mas isso parece desespero!” “Isso parece ato de alguém apaixonado” “Cale a boca!” “Cale você!”. Aaron cessa sua discussão mental e pega as chaves de seu carro.

Dirige, sem mal olhar para a estrada a sua frente, e nem precisa, pois se lembra de cada uma das ruas que deve tomar para chegar à casa de Philip. Ele repassa um texto mental, tentando explicar ao máximo para ele tudo o que se passa em sua cabeça; O quão confuso ele está, como isso é novo para ele...

“E se ele disser que foi calor do momento?”, ele se aflige perguntando coisas do gênero. Mas ele decide que não pode desistir. Já chegou longe demais para voltar agora. Ele estaciona na frente da casa aconchegante de Philip e respira fundo. Sai do carro e chega perto da porta, batendo três vezes. Mas pela janela da sala ele vê algo.

Philip, em pé, apenas de bermudas jeans, abraçado com alguém um pouco mais alto que ele, com os cabelos espetados, pele clara, olhos castanhos... Mas é tarde demais para fugir: Philip enxergou Aaron e saiu correndo para abrir a porta para ele.

– Aaron, você aqui? Que surpresa. Não quer entrar?

– Acho melhor não, Philip. Não quero... Não quero atrapalhar nada que esteja acontecendo aqui.

– Do que... Do que você está falando?

– Eu vi vocês abraçados. Bem, eu vou embora. Desculpa qualquer incomodo. – Aaron se vira e sai andando, mas sente a mão de Philip segurando seu braço gentilmente.

– Deixa de besteira, Aaron. Ele é somente meu irmão, Jonas.

– APENAS SEU IRMÃO?! VOCÊ ACHA QUE SAIRÁ IMPUNE DISSO?! – Aaron escuta alguém gritar lá de dentro. Ele ainda pensa em ir embora de vez, mas Philip segura sua mão e o puxa para dentro de casa. Aaron sorri e Philip também.

– Quem é esse, Philip? – Pergunta Jonas.

– Modos, Jonas, modos. Esse é um... Amigo. Seu nome é Aaron.

– Prazer em conhecê-lo, Jonas. – Aaron aperta a mão de Jonas e este o olha com um olhar de soslaio.

– Só um amigo, Philip?

– Sim, garoto, só um amigo! Agora vai fazer nossa merenda.

– Você não manda em mim, eu já tenho mais de vinte anos.

– Mas continua sendo mais novo que eu. Agora cuida. – Aaron fica ali parado, observando a briga de mentirinha dos dois irmãos. De perto ele percebe as semelhanças entre ambos: o mesmo olhar, o mesmo sorriso largo, as mesmas feições delicadas. Masculina, mas delicadas. As únicas diferenças gritantes são os cabelos e a cor de pele. Jonas é mais branco, pelo fato de morar no Canadá.

– Bem, se me permite dizer, você é bem bonito sem camisa. – Sussurra Aaron para que Jonas não escute.

– Eu... Ah... Obrigado. – Philip enrubesce e Aaron ri. Este chega mais perto de Philip e o abraça, inalando fortemente o cheiro cítrico de seu perfume. Philip ri com o gesto, que lhe faz cocegas no pescoço.

– Quero falar com você. – Diz Aaron. – Em particular. – Acrescenta.

– É tão importante assim? Meu irmão voltou hoje e... – Aaron silencia as palavras de Philip selando seus lábios brevemente.

– Sim, é importante.

– Jason, volto já! Preciso comprar... Leite. – Grita Philip.

– Tudo bem, mas volta logo. Estou faminto.

Aaron e Philip vão em direção à porta, saem, e entram no carro. O mais jovem respira fundo, suas mãos tremem com medo de ouvir o que Aaron tem a dizer. O mais velho se sente do mesmo jeito; Parece sua primeira vez.

– Seu irmão parece ser muito legal. – Começa Aaron, quebrando o silêncio desconfortável.

– Ele... Bem, ele é bacana. Ele é muito bacana. Ele foi o único que ficou do meu lado quando eu... Bem, quando eu contei a verdade para os meus pais.

– Tá, Philip. Não é sobre isso que eu quero falar. Olha, eu sei que nos conhecemos pouco, e tudo o mais, mas eu quero saber algo, e quero que você seja sincero. Ok?

– Ok.

– Ontem à noite... Antes de você ir embora. Você me... Você...

– Te beijei. Eu sei. Desculpa ok? Eu não queria fazer aquilo, eu, sei lá, estávamos lá, no sofá, chovendo... Eu estava para morrer de depressão, mofando dentro de casa, e você foi a única pessoa que conseguiu me fazer sair do meu luto. Desculpe-me pelo... – Aaron não deixou Philip terminar. Tomou seu rosto em suas mãos e olhou no fundo dos olhos castanhos do rapaz.

– Philip, eu não quero que peça desculpas para mim. Na verdade, eu vim aqui saber se aquilo foi só o momento ou se você gostaria de fazer de novo. E de novo. E de novo. Até o fim dos tempos. É isso.

– Aaron, seu grande tolo. – É a última coisa que é falada antes que ambos se beijem ali mesmo, dentro do carro, como se nada pudesse impedi-los.

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Já faz uma semana que Aaron e Philip estão oficialmente juntos. Jason é o único que sabe sobre os dois; Aaron ainda não havia criado a coragem necessária para revelar a seu amigo seu namoro inusitado. Ele aproveitou a semana para conhecer melhor não só Philip, mas Jason, uma das pessoas mais extrovertidas que Aaron já teve o prazer de conhecer.

Agora Aaron passa suas noites deitado em sua cama, pensando sobre o amanhã, sobre as conversas que teve com Philip e Jason, como tudo parecia incrivelmente bom. E aproveita para absorver os detalhes do mais novo que antes lhe passaram despercebidos: os cachos pretos cobrindo sua cabeça, seus olhos castanhos, claros ao sol, suas sobrancelhas arqueadas e seu sorriso torto.

Mas o que Aaron mais gosta em Philip são os lábios. Não são grandes. São delicados. Muitos passam seus sentimentos pelo olhar, ou pelo modo de se comportar... Mas Philip não. Philip passa seus sentimentos pelos lábios. Um sorriso de tristeza, um de felicidade, um palavrão de dor sem som algum. E com os beijos. Ah, os beijos...

E o modo de falar de Philip. Aaron lembra vividamente, de cada detalhe, duas conversas que ambos tiveram. A primeira foi um dia depois do beijo no carro, quando eles estavam no sofá da sala de Philip. Aaron havia sussurrado no ouvido do outro “o que nós somos?”. E Phil havia respondido “uma equação”.

“Uma equação?” espantou-se Aaron. “Sim, uma equação. Nós somos as incógnitas. As variáveis. Não sabemos o resultado dessa equação... Tudo depende das duas incógnitas que a complementam”. Aaron havia gravado isso em seu coração. E a outra conversa foi nessa mesma noite, no terraço do condomínio de Aaron, enquanto eles observavam as estrelas.

“Posso perguntar algo para você, Ron?”, dissera Philip. “É claro que pode”. “Eu lembro que um dia, enquanto conversávamos... No mesmo dia do beijo. Eu havia perguntado se você realmente queria que alguém o ajudasse a descobrir o seu interior”, lembrou Philip, “e eu quero saber... Se eu posso ser essa pessoa. Que vai te ajudar. Por que eu gostaria muito”. Aaron não pensou duas vezes na hora de responder para seu amado.

“É claro que pode meu amor. Para sempre”.


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Notas finais do capítulo

E ai, o que acharam? Deixem reviews



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