2025 escrita por P H Oliver


Capítulo 6
Sob O Sol De Toscana


Notas iniciais do capítulo

Sofrimento para América risos. Bem, ficou um pouco cansativo no final, mas eu curti o resultado, espero que gostem.



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O FLASH DA CÂMERA FEZ AMÉRICA VER GALÁXIAS SOBRE SEUS OLHOS. Ela estava no Central Park para um ensaio intitulado Sob o Sol de Toscana. Roberto estava logo ali, incentivando-a a cada pose feita. As roupas feitas para o ensaio eram todos vestidos com cores vibrantes. Mas América não ligava para as roupas.

A única coisa que andava preocupando-a era a demora de Stefan para voltar para casa. Ela tentou ligar inúmeras vezes para ele, mas todas as chamadas caíam na caixa postal. Na noite anterior haviam batido em sua porta, e ela, ansiosamente, abriu esperando encontra-lo. Mas era apenas sua vizinha, Marie, indo entregar sua correspondência.

América não podia se sentir mais devastada. Ela sabia dos riscos que envolviam amar Stefan, mas ela não podia escolher quem amar, podia?

– Olhe para a câmera querida. – A voz de Johana, a fotografa, a despertou de seus devaneios.

– Perdão, é esse sol cozinhando meus miolos. – Brincou América. Johana sugeriu então uma pausa para um pouco de água. Roberto reparou que sua amiga estava muito distraída.

– Ainda pensando em Stefan, América? Você está comprometendo seu ensaio, por favor, pelo menos pelos quinze minutos que ainda faltam, pense. No. Ensaio. Ok? – América assentiu para seu amigo. Ela faria o possível para que sua mente se concentrasse nas expressões sexys que tinha que fazer.

Vinte minutos depois América já dirigia pelas ruas tentando alcançar seu apartamento, seu refúgio, o único lugar no qual poderia pensar à vontade em Stefan. Ela sabia que Roberto apenas estava preocupado, porém ele poderia ter sido mais compreensível com ela. Stefan foi o primeiro namoro verdadeiro de América. Os outros a beijavam por dinheiro.

Chegando ao seu recanto de paz, segundo a plaquinha de boas vindas à porta, América encara o ambiente ao seu redor, vazio como uma casa fantasma. Ela não se dá o trabalho de abrir as cortinas, deitando-se no sofá e absorvendo a penumbra à sua volta.

Mal América fecha os olhos para descansar, seu telefone toca. Ela pula do sofá e o caça dentro de sua bolsa, até que o encontra. Stefan. Seu coração pula e ela suspira aliviada. Com as mãos tremendo, ela atende o telefone e logo fala:

– Onde você está, seu filho de uma...

– América, calma, por favor. Eu estou subindo as escadas. – Foi o suficiente para América desligar o telefone e correr para a janela que dava para a entrada do condomínio. Lá estava ele, com os cabelos loiros penteados para trás, com uns quilinhos a mais, roupas limpas. América só desgrudou os olhos dele no momento em que ele atravessou a porta de entrada.

Pouco tempo depois, a campainha do seu apartamento toca e ela abre a porta exasperadamente. Lá estava ele, encarando-a com seus olhos cor de mel, um sorriso de desculpas no rosto. Seu cheiro era exatamente o mesmo: lavanda do perfume e menta do chiclete que nunca abandonava seu bolso.

– Ah, Stefan, eu estava tão preocupada... – Ela o abraça pelo pescoço e o puxa para dentro do apartamento. – Muito preocupada! – Ela desiste do abraço e passa a dar pequenas tapas em seus braços fortes.

– Relaxa América. Eu estou ótimo. – Vendo o olhar de descrença no rosto de sua amada, ele continuou. – Eu não estava chapado. Juro. – América não desfez o olhar, e Stefan, sem saber como convencer sua amada, apenas a pegou pela cintura e encostou seus lábios aos dela.

Ele aumentou a intensidade do beijo, e América o acompanhou, no mesmo ritmo, desejando-o tanto quanto ele a desejava. Logo, ela estava pendurada em seu colo e se dirigindo para o quarto. Eles deitaram, América tirando a camisa de Stefan, sentindo seu corpo quente junto ao dela.

– Eu te amo Stefan. – Ela sussurrou em seu ouvido.

– Eu também te amo América. – Ele sussurrou de volta.

América logo não sentia mais nada; Não era mais ela, América Germanotta, e ele, Stefan Montgomery. Agora eles eram um só: um só corpo, uma só mente, uma só alma e um só coração.

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América passa sua mão no espaço vazio ao seu lado. Ela abre os olhos lentamente, absorvendo a pouca luz solar que a cortina deixava passar. Ela não fazia nada; Apenas respirava, absorvendo todos os cheiros possíveis: o perfume de Stefan no lençol, o seu próprio perfume... E algo mais, como se ela pudesse sentir o cheiro do amor deles dois. E havia algo mais, algo mais gostoso de sentir no momento: ovos mexidos.

Ela se levantou e enrolou seu corpo despido nos lençóis brancos. Saiu pela porta e foi para a cozinha. Lá estava Stefan, com uma cueca Box preta, fazendo ovos mexidos. América absorvia cada curva feita pelos músculos torneados em seus braços e pernas, suas costas com a marquinha que ela tanto amava, os ombros largos por conta dos dias de glória como nadador.

Ele se virou e pôs os ovos em um prato. As torradas pularam da torradeira e de repente o café da manhã estava pronto. Ele olhou para cima e a viu ali, parada, o absorvendo com os olhos. Ela chegou perto dele e, sem dizer nada, o beijou suavemente. Ele retribuiu do mesmo modo.

– Você não tem noção do quanto eu amo você Stefan.

– Você também não tem noção do quanto eu amo você.

Eles foram para a mesa e comeram silenciosamente, apenas olhando um nos olhos dos outros. Ao acabar, não havia nada que eles pudessem fazer a não ser tomar banho e se arrumar. América foi primeiro, e, enquanto a água molhava seus cabelos e limpava sua pele, ela não foi capaz de reprimir um sorriso.

Claro, não havia sido a primeira vez em que eles faziam o que fizeram noite passada. Mas para América foi... Diferente. Eles estavam unidos por algo maior que o amor, maior do que tudo. Algo que ela nunca havia experimentado antes com ele. Quase como se ele quisesse... Provar algo.

Ela saiu e enxugou seus cabelos. Ele estava na cama, falando com alguém no telefone. Mas, assim que ela chegou, ele desligou o telefone.

– Com quem você estava falando amor?

– Ah, era minha mãe... Ela ligou para dizer uma coisa.

– Posso saber o quê?

– Bem, eu não cheguei a falar onde estive essa semana... Eu estava com ela. Ela está doente.

– O que ela tem?

– Ela está com... Com câncer.

– Oh, Stefan. – América correu para o seu amado e o abraçou. Ele fungou e apenas sussurrou “vou tomar banho”. América ficou sentada ali, entorpecida. Ela se levantou, se vestiu, prendeu seu cabelo em um rabo de cavalo e voltou para a cama. Ela fechou os olhos e pensou simplesmente em nada, mas seu momento de concentração foi interrompido por um barulho que indicava uma nova mensagem no telefone de Stefan.

América levantou e olhou o visor do telefone. Pegou-o em suas mãos e leu o nome na tela. Marina. Ela se tentou a abrir a mensagem, mas não o fez. Ela apenas procurou nos contatos o nome “mãe” ou “mamãe”, e não achou. América não abre a mensagem. Pensa “talvez essa seja a mãe dele”. Ela não sabia o nome da mãe dele.

No mesmo momento em que ela decide abrir a mensagem, Stefan abre a porta do quarto e entra. No instante que vê América segurando seu celular, ele estanca.

– Quem é Marina, meu amor? – Pergunta América, levantando-se da cama e chegando perto dele.

– É... Minha mãe. Deve ter mandando alguma noticia. Deixe-me ver Meri, por favor. – Stefan tenta pegar o celular, mas América apenas afasta a mão.

– Se é da sua mãe eu posso abrir então. – Ela abriu a mensagem, mas no mesmo momento desejou não ter feito aquilo. Um ódio que não era típico de seu comportamento a invadiu, e ela olhou cínica para Stefan. – Quer que eu leia, meu amor? – Não recebendo resposta, ela leu. – Essa semana foi a melhor semana da minha vida, amore mio. Espero receber mais visitas suas. Ah, e você esquece algumas cuecas suas aqui. Espero que venha buscar lugar. Com amor, Marina. Que fofo não é mesmo Stefan?

– Eu posso explicar, Meri.

–Não me chame assim. Não mais. Pegue suas coisas e saia da minha casa.

– Deixe eu me explicar, por favor.

– SAIA DA MINHA CASA! – Gritou América, com lágrimas de ódio no rosto. Ela chegou perto dele e sussurrou, quase como se suas palavras pudessem feri-lo. – E pensar que eu amei você. – E então ela deu uma tapa em sua cara, deixando a marca de seus cincos dedos na face dele. Stefan pegou suas coisas rapidamente e foi em direção à porta, América atrás.

Ela abriu-a e ele parou e a olhou nos olhos, e apenas sussurrou “me perdoe”. América o empurrou porta afora e fechou sem piedade. Ela encostou-se e deslizou lentamente até o chão, abraçando seus joelhos e chorando. Chorando como nunca havia chorado antes. Chorando como se seu coração houvesse sido quebrado. E foi exatamente isso o que aconteceu.

Horas se passam, porem ela permanece ali, desolada, com medo de levantar e a realidade a jogar de volta ao chão. Mas ela sabe que uma hora terá que o fazer, e decide que nenhum momento será melhor que o agora. E é isso o que ela faz, enxugando as lágrimas, limpando o rosto, soltando os cabelos, olhando-se no espelho. E ela via uma mulher forte, que não precisava de Stefan, apesar de ser duro admitir isso para si mesma.

Ela não sabia o que fazer, então apenas pegou as chaves de seu carro e desceu as escadas do apartamento. Entrou no seu modesto carro, e ligou-o, sentindo o motor a reconfortar, a vibração do carro seguindo os batimentos de seu coração. E ela começa a dirigir sem rumo. Ela não sabe o que fazer. Não há o que fazer numa hora dessas.

Então ela apenas dirige até achar um bom bar. E lá está ela, sentada, bebendo vodca, esperando que o álcool a apague, apague as dores, as memórias ruins, mas ela sempre foi forte com bebidas. Ela não aguenta mais sentir o cheiro de homens e mulheres e bebidas e por isso volta para o carro, mesmo sabendo não ser prudente.

Mas ela está bêbada, então sua mente apenas produz um “dane-se minha segurança”. Ela sai dirigindo, passando sinais vermelhos, e de repente ela decide ir para o Central Park. E em um segundo ela está lá, absorvendo o verde, as poucas pessoas que passeavam por ali correndo para fugir do clima que se fechava, trazendo pesadas nuvens cinza.

Mas América não. Era disso que ela gostava; Da chuva, do frio, coisas que ela raramente tinha em sua terra natal. Então ela fica ali, sentada em um banco, sentindo as primeiras gotas de chuva caindo em sua pele. E do nada, uma tempestade começa, com os ventos açoitando os cabelos dela, os trovões a acordando.

América começa a tremer de frio e decide sair dali. Ela sai andando lentamente em direção ao seu carro, se perguntando por que esse drama todo em volta de tudo que Stefan fez. Mas ela se entende. Claro que se entende. Ela dedicou três anos de sua vida para, não três dias, três semanas, três meses, mas três longos anos, onde ela sofria todas as noites em que ele passava fora, achando que ele estava drogado ou bêbado, ou, pior, morto. E ele devia estar lá, com a vagabunda dele, enquanto a idiota esperava noites a fio, sem dormir, amedrontada.

Mas ela sabia que não ia ficar assim. Ele tinha que saber que ela não guardava ódio, ou remorso, ou o que quer que seja. Ela tinha que mostrar para ele que ela é forte, independente. Mas ela se pergunta se há coragem suficiente dentro dela para isso. Amor próprio suficiente.

Ela finalmente chega ao carro, liga-o e põe o aquecedor no máximo. Dirige em direção ao apartamento de Roberto. Não tinha certeza se seria incomodo, mas ele era o único no momento que podia consola-la. Ela dirigia praticamente cega, por conta da chuva forte, mas conseguiu chegar sã e salva no apartamento dele.

Quando ela saiu do carro, viu que já era de noite. Não se surpreendeu, sabia que horas havia se passado desde que acordara de manhã, feliz, observando seu amado. Subiu as escadas para o andar do apartamento dele, e, no corredor, viu um jovem baixo de cabelos encaracolados, que lembrava muito alguém, porem não lhe veio o nome na cabeça.

Ela parou em frente à porta e bateu. Quem atendeu foi um homem de pele branca, cabelos mesclados, olhos grafite, com um sorriso contagiante no rosto. “Esse deve ser Aaron”, ela pensou.

– O Roberto está? – Grita América, tentando superar o barulho da tempestade.

– Ele acabou de chegar. Pode entrar. – Ele abriu mais a porta e deixou-a entrar. Ele correu e entrou numa porta e logo voltou, trazendo um roupão com cheirinho de rosas para América. – Se enxugue e se enrole. Deve estar morrendo de frio. Creio que você seja América, certo?

– Sim, sou eu. E você é Aaron não? – Ele assentiu. – Pode chamar Roberto para mim?

– Creio que você queira conversar em particular, então é melhor ir ao quarto dele. É aquela porta ali. – Disse ele, apontando.

– Obrigada. – Aaron balança a cabeça e América vai em direção a porta que lhe foi apontada. Ela bate e espera um pouco, e logo Roberto aparece com um pijama de urso panda. – Urso panda, Roberto? Você tem 27 anos ou sete?

– Meu Deus, olhe seu estado! Entra. – América entrou no quarto e reparou que era muito bonito. Móveis de madeira, uma cama de casal, fotos de quem ela julgou ser a família de Roberto.

– Seu quarto é lindo Rob. Muito mesmo.

– Eu não acho que você veio comentar a beleza do meu quarto, América. O que aconteceu? – América sentou na cama e pediu para que Roberto sentasse também. Ela começou dizendo que na noite passada Stefan havia ligado para ela e dito que estava subindo. Disse também que eles haviam feito sexo, e América falou que havia algo diferente daquela vez.

– O que havia de diferente Amme?

– Ele estava se sentindo culpado, Rob.

– Culpado pelo que? – América respirou e admitiu o que não queria em voz alta.

– Por... Bem, por ter me traído.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Sejam sinceros, mandem reviews, kisseeeeeeeees =*



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