2025 escrita por P H Oliver


Capítulo 2
L'italiana


Notas iniciais do capítulo

E ai, estão curtindo?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/439170/chapter/2

AMÉRICA ESTAVA NA MULTIDÃO QUANDO O TIRO FOI DISPARADO. Seus cabelos ruivos se destacavam no meio das pessoas que corriam. Mas ela permanecia ali, estupefata, encarando o local onde se encontrava o corpo do Presidente e seu secretário, chorando ao lado do corpo. Ela não sabia para onde correr. Ela nem sabia se devia correr.

Mais tarde, quando o Presidente já estava no necrotério, a algazarrava já havia se espalhado e o mundo todo já tomara conhecimento da morte de George. América estava sentada em seu sofá, seis horas depois do ocorrido, no seu apartamento pequeno e confortável. Estava vendo um documentário sobre o nazismo quando o programa foi interrompido e a noticia foi anunciada.

Não haveria um funeral. América achou muito triste o fato de que George Buckman II não teria um velório e um funeral por não ter família. Claro, havia Philip Morrison, seu secretário, que muitos sabiam ser como um filho para o Presidente falecido. Mas ele mesmo anunciou que não faria um funeral. Ele não gostaria disso.

Ela não conseguia mais assistir a televisão. Ela estava com fome, mas o estômago ainda estava fraco para suporta qualquer coisa. Ela se sentou na janela aberta e olhou para o céu. Nuvens cinza se juntavam, cobrindo o Sol, e o logo o céu chorava junto com milhões de cidadãos norte-americanos. Lágrimas acabaram brotando dos olhos de América. Ela não sabia o motivo; Talvez a pressão da agência de modelos em que começara a pouco consolidar sua carreira, ou apenas a solidão que sempre a acompanhava.

Ela nunca havia superado as saudades de casa. E isso era o que mais corroía seu intimo, mesmo depois de oito anos morando nos Estados Unidos. Bisogna sapere che cosa si sta ottenendo in! Fora a última coisa que ouvira do pai. Você deve saber no que está se metendo.

Saiu da Itália, saiu de perto de seu pai, de sua irmã e de seus dois irmãos aos dezoito anos para tentar seguir com sua vida nos Estados Unidos. A vida como fazendeira na Itália não era para ela. Ela sempre sonhou alto, pensou grande... E agora ela estava conseguindo tudo o que mais queria: uma carreira.

Após muita luta, conseguiu, depois de oito anos, muito suados por sinal, um trabalho consolidado como modelo. Ela nunca acreditou em si. Não por que fosse feia, pelo contrário, sua pele, antes pálida, agora apresenta um leve bronze devido aos dias que se passaram sobre o sol para um ensaio fotográfico. Seus cabelos ruivos brilhavam como nenhum outro, seus olhos pretos eram realçados em seus olhos grandes e cílios curvos.

Ela não era extremamente magra, como muitas modelos por aí. Mas também não era gorda. Ela apenas possuía corpo. Mas ela nunca atribuiu a si mesma o mérito de ter ingressado no mundo da moda; Ela devia tudo a seu amigo, melhor amigo na verdade, Roberto. E por se sentir sozinha, decidiu telefonar para ele, afim de que o convencesse a lhe fazer companhia.

– Roberto? – Perguntou América, após duas tentativas.

– Sim? – Respondeu uma voz grave e profunda, quase que surreal, do outro lado da linha.

– Poderia vir à minha casa? Eu... Estou sozinha de novo. Ele saiu ontem. – Foi tudo o que ela se deixou dizer com sua voz doce firme, antes de soluçar.

Roberto nem precisou responder; Chegou ao apartamento de América menos de 20 minutos depois. Ela abriu a porta e o deixou entrar. Abraçou seu amigo, com uns 20 centímetros mais alto que ela, e deitou a cabeça em seu peito, permitindo-se chorar como não fazia já há algum tempo. Sentia a mão de Roberto acariciando seus cabelos e sussurrando que estava ali com ela e que ela estava segura.

Depois de quase vinte minutos aos prantos, eles se sentam no sofá cor creme da sala de estar. América começa a falar sem esperar que Roberto a peça:

– Ele partiu ontem à noite, de novo Roberto. Tenho certeza de que ele está por aí, ainda chapado por conta das drogas. Eu achei que o havia mudado Roberto! Ele tinha me prometido!

– Você sabe como Stefan é América. Sabia desde o inicio como ele era, em que mundo ele vivia, e você, caridosamente, tentou muda-lo, internou ele em clinicas, ofereceu moradia, casa, mesa, banho. Você já fez tudo o que pôde Amme.

– Mas não posso simplesmente deixar de... Deixar de amar ele Roberto! Eu criei um vinculo com ele. Ele é especial para mim.

“Ele”, a pessoa de quem eles tanto falam, é Stefan Montgomery. América o conheceu em um ensaio fotográfico e ambos se apaixonaram. Porém Stefan entrou no mundo das drogas, e vem batalhando há longos três anos contra o vicio, e América nunca saiu de seu lado.

Agora, sentada ali, América percebe o quanto está mexida. A morte do Presidente realmente mexeu com ela, de maneira inconsciente, mas mexeu. Talvez ela esteja se lembrando de sua família, que mantem contato apenas por cartas, e-mails, telefonemas.

América nunca foi chegada tanto aos seus pais; Ambos nunca apoiaram o fato de ela querer algo melhor do que uma vida de fazendeira. Mas seus irmãos não. Seus irmãos sempre foram iguais a ela. Sempre sonharam em buscar uma carreira melhor do que a do campo.

Sua irmã havia conseguido ingressar na faculdade de fotografia, seu sonho desde pequena. Seus irmãos agora construíam um restaurante; Gêmeos, com 30 anos, terminaram a faculdade de Gastronomia fazia pouco tempo. Não que os pais estivessem infelizes com os caminhos traçados pelos filhos. No fundo, o medo deles é deixa-los livre nesse mundo.

– Às vezes Amme. – A voz grave de Roberto a despertou de seus devaneios. – Criar vínculos é apenas um obstáculo para nós, seres humanos. Um dia nosso vinculo, por exemplo, definhará e morrerá. Com um de nós, mas morrerá. E um de nós vai sofrer não é mesmo? Não podemos nos deixar levar por nossas emoções América! Você sabe disso.

– Você tem razão Roberto. Você sempre está certo não é mesmo meu querido? Você só errou uma coisa. – América deixou pairar no ar a dúvida de Roberto e respondeu. – Rob, há vínculos que nem a morte desfaz.

E América deitou mais tarde em sua cama de casal com esse pensamento na cabeça. Há vínculos que nem mesmo a morte desfaz.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentem please



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "2025" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.