2025 escrita por P H Oliver


Capítulo 1
Parte Um-2024 O Discurso


Notas iniciais do capítulo

Bem pequeno, mas espero que gostem =D



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O PRESIDENTE TERMINAVA DE ARRUMAR SUA GRAVATA. Olhava-se no espelho de corpo inteiro que possuía em seu escritório, com ornamentos dourados e pratas, uma relíquia passada entre gerações desde seu tataravô, Abraham Buckman. Fez o sinal da cruz, como sempre faz antes de discursar, e pediu proteção. Ele sempre pedia.

– Senhor, cinco minutos até o inicio do discurso público. – Era Philip Morrison, seu secretário. – Temos bastante público hoje.

– Obrigado Philip. – O presidente lhe dirigiu um sorriso afável.

George Buckman deu uma olhada em seu escritório antes de sair. Sua mesa de trabalho de madeira de lei marrom escura reluzia depois da limpeza do dia anterior. Suas várias estantes com os mais variados livros, que vão desde assuntos mais comuns, como História, até assuntos mais complexos como Economia, Física, entre outros. Isso era algo do qual o Presidente gostava de se gabar: sua grande variedade de conhecimentos.

A pintura de cor clara aconchegante, que lhe dava um gostinho de casa, as luminárias brancas e o lustre reluzente bem no meio da grande sala. George olhava para aquilo tudo com muito pesar; Sentia no fundo de seu coração que aquela seria a última vez que iria pisar ali, no lugar que fez ser sua segunda casa. E o que aprendeu foi que, quando um Buckman segue seu coração, está seguindo a verdade.

Não tinha família para se despedir, era viúvo, perdeu sua esposa pouco tempo atrás, com apenas seis anos de casados. Não tinha filhos; Ambas as partes do relacionamento matrimonial harmonioso entre o viúvo e a falecida eram estéreis.

George ajeitou mais uma vez a gravata imaculadamente arrumada. Estava nervoso. Ele seguia seu coração, e o final desse caminho não lhe parecia agradável.

Abriu a porta do escritório, Philip esperando-o pacientemente como o bom secretário que era. George o olhou e sorriu; Via em Philip a imagem de um filho, um filho que nunca tivera. O Presidente o acolheu quando o rapaz mais precisava. Então ele passou a criar um laço de amizade muito intimo com ele, e logo George já não pode negar que Philip era sim seu filho, não de sangue, mas de coração, o que não o torna menos especial.

– Quero que saiba, Morrison. – Começou o presidente. – Que sempre foi um bom secretário. Um bom amigo. Um bom filho. Uma boa pessoa. Nunca mude quem você é por alguém, nunca se submeta a uma situação que não lhe agrade, e que você sabe que não é certa. Lute por uma causa. Seja a voz do futuro. Lidere, perca, lidere de novo, tente até ganhar. Você tem um coração de ouro garoto... E o mundo precisa saber disso. A América precisa de pessoas como você.

Philip foi pego de surpresa. Abraça o Presidente como um filho abraça seu pai. Não consegue controlar uma única e pequena lágrima.

– Por que você está falando isso agora senhor? Não que não tenha gostado, foi muito bonito... Mas está falando como um condenado a forca. Você está bem... Pai?

– Ah, meu filho... Estou mais do que bem. Às vezes seguir seu coração pode ser assustador, mas todos nós temos um desfecho, como um livro ou um filme... Às vezes esse desfecho é bom, feliz, que nos faz chorar de emoção... Especial. Às vezes pode ser ruim, triste, que nos faz chorar de tristeza. Mas não deixa de ser especial não é mesmo? – O Presidente então solta uma risada rouca, aquela a qual Philip está acostumado.

– Vamos senhor. O público o aguarda.

Então Presidente e secretário, melhores amigos, pai e filho, andam lado a lado, sem saber que aquele seria seus últimos momentos juntos.

∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞∞

O Presidente sobe ao pódio e liga o microfone. A multidão que antes aplaudia, onde alguns vaiavam, de repente se silencia. Ele respira fundo.

– Caros norte-americanos. Convidei-os aqui hoje para que possamos por em par nossos problemas familiares. Nossa economia caiu, mas se levanta vorazmente, subindo cada dia mais alto. Nossa criminalidade também caiu, mas isso não é algo ruim. Sei que nossos roubos a bancos aumentaram, os assassinatos, principalmente aos moradores de rua. Mas isso é algo que também estamos controlando.

George olha para Philip, sentando em sua cadeira próxima ao presidente. Philip olha para ele, levanta o nariz como se estivesse se sentindo superior, infla os pulmões e sorri para o Presidente. Isso faz com que George volte a se sentir confiante novamente, o suficiente para terminar o discurso, e dar o grande anuncio.

– Mas não creio que eu continue sendo a pessoa certa para isso. Não consigo mais lidar com todos os problemas que nossa sociedade acarretou, não me sinto mais capaz de nos ajudar. E é por isso que estou renunciando ao cargo de presidente e admitindo no poder meu vice-presidente, mais capaz do que nunca, Adolf Amilcare. Tenho certeza de que assim que ele voltar de sua conferência com um país aliado, ficará muito feliz em receber essa noticia.

A multidão ficou em silêncio. Os funcionários do governo presentes, também. Até Philip Morrison ficou. Ninguém sabia da ideia do presidente. Philip se levanta do seu lugar, e sussurra para o presidente:

– Senhor, você não pode fazer isso, é loucura! Se com o senhor no Governo já estamos com problemas, imagine com Adolf! Ele é louco senhor, ele não sabe o que é um governo, e creio que ele não irá querer isso. Sou seu secretário, sei de todas suas conferências, não havia nenhuma marcada para essa semana, ou mesmo para hoje! Eu lhe amo muito, como um filho ama um pai, mas essa é a decisão mais estúpida que o senhor já tomou!

O Presidente respira fundo, e olha sério, nos fundos dos olhos do seu secretário:

– Você não entende Philip! Eu vou morrer logo. Sinto isso. Minha saúde está frágil, meu coração já não é o mesmo. E com tantos problemas no nosso Governo, logo serei morto, se não pela população, por alguém mais próximo ainda do Governo! Você sabe que isso é uma realidade, meu pai saiu do poder por que foi assassinado por causa de problemas menos graves que os do nossa democracia atual! Estou condenado à forca.

Mal o Presidente falou suas palavras, ouve-se um estampido vindo do meio da multidão, fumaça, um homem caindo ao chão, um homem em lágrimas caindo junto ao corpo, alguém encapuzado saindo correndo da multidão e as pessoas correndo de um lado para o outro ao meio dos gritos.

– Pai, não, não, isso não pode estar acontecendo, por favor, você não pode morrer. – Philip falava em meios aos soluços. O presidente segura as mãos de seu filho e sussurra em meio a morte:

– Phil... Aceite minha morte como eu estou aceitando. Não se esqueça de que você ainda tem sua família. Não vai ficar sozinho no mundo meu querido... Se cuide.

– Não pai, não, por favor, não morra. – Philip chora mais agora que o sangue que flui da marca de tiro bem no coração de George começa a mancha-lo. – Eu não tenho mais família, eles me abandonaram, por favor, por favor, Senhor Deus, permita que ele fique aqui, fique comigo pai, por favor.

Mas era tarde demais. George já não escutava mais a voz de seu filho, suplicando para que fique com ele. Ele só escutava sua respiração pesada e lenta, e seus fracos batimentos cardíacos. Sentia a mão de Philip sobre a sua mão direita, e também sentia uma presença mais forte, algo segurando sua mão esquerda, dizendo “venha querido” suavemente, amenizando a dor de seu ferimento.

Essa presença mais forte era sua mulher. Finalmente eles iriam se encontrar novamente.


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Notas finais do capítulo

Digam se gostaram e o que precisa melhorar POR FAVOR beijinhos =*



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