No outro dia na escola tudo estava diferente. Bernardo tinha me buscado em casa para irmos juntos a escola. Quando chegamos na escola todos me olhavam de mãos dadas com ele e ficavam cochichando com os colegas. Vai saber o que eles diziam, mas eu aposto que era algo sobre eu ser novata e já esta ficando com um dos alunos, mas Bernardo pra mim não era um aluno e sim meu visinho. Por isso não dava muita importância para os olhares tortos e indiretas que me jogavam.

- Se cuide – E ele me deu um selinho demorado

Eu apenas sorri para ele e fui para a minha sala de aula. Chegando lá muito feliz eu olhei para todos e empinei o meu queixo e me sentei atrás do Bolinha como sempre. Ao invés de ficar sentindo o cheiro dos gases dele apenas o cutuquei.

- Ou menino – Ele virou para me olhar

- Fala...- Ele me olhou com a maior cara de quem não estava nem ai pra nada

- Tem como você trocar de lugar comigo. Alias eu me chamo Marisa e que eu acho que você sabe que tem...- Ele me interrompeu

- E eu sei do meu problema – Ele ficou triste – Tudo bem venha, fique aqui e eu fico atrás de você

- Já foi ao medico ver isso?

- Já sim. E eles dizem que e normal por que eu tenho que emagrecer.

- E você não consegue não é?

- Exatamente – Ele se levantou e tirou as coisas dele da cadeira, e eu me sentei no lugar dele

- Eu te ajudo a emagrecer... Qual e seu nome?

- Eu me chamo Kevin, mas todo mundo me chama de Bolinha.

- Prazer Kevin, vou te chamar pelo teu nome e eu quero te ajudar

- Ninguém fala comigo, porque esta falando comigo?

- Porque eu simplesmente não sou todo mundo. – Eu sorri e logo a professora chegou

Eu me virei e fiquei olhando para a professora. A irmã de Bernardo não parava de me olhar, ela sempre fazia comentários sobre mim para suas amigas, isso me incomodava eu preferia que ela chegasse a mim falando às coisas que pensava do que ficar cochichando por ai. Isso me dava nos nervos, mas eu respire fundo e fingi nem estar vendo nada. A professora era de historia, ela era bem velha e ficou falando por horas sobre uma historia, ou melhor, lendas urbanas que as pessoas gostavam de contar a seus filhos, de geração em geração. Eram todas as aulas delas, cada dia tínhamos uma aula diferente. Na segunda era o português que a professora também era de química. Na terça era matemática e física. Na quarta era historia e geografia. Quinta inglês e espanhol, e na sexta era Ed. Física com o meu professor da minha ex escola, eu nem sabia que Marcelo dava aula naquela escola, mas era bom ter um rosto amigo naquelas horas.

A professora tinha passado um trabalho em grupo como eu não tinha ninguém com quem fazer chamei o Kevin para fazer comigo. Conversamos muito. E ele era bem legal quando não estava soltando gazes. Marquei com ele de nos encontramos a tarde e da uma corrida e de lá fazer o trabalho. Quando bateu o intervalo como sempre eu não gostava de sair pelo fato deu ser ainda novata, Bernardo foi ate minha sala e se sentou ao meu lado e Kevin dessa vez resolveu ficar.

- E entao, como ta sendo a aula? – Pergunto Bernardo

- Bem legal, quero que conheça o Kevin – Apresentei o Kevin a ele

- Ola. – Disse Kevin tímido

- Eae cara, como você ta? Teu nome e Kevin, nossa nunca passou pela minha cabeça isso

- É ninguém imagina isso. Estou bem, sua amiga e tão legal cara – Admitiu Kevin

- E ela e mesmo cara – Bernardo disse num tom baixo

- E obrigada pelos elogios, mas então eu e Kevin vamos fazer um trabalho hoje.

- Não tínhamos marcado o cinema hoje Marisa? – Bernardo me olhou feio

- mas e um trabalho. Não posso ir ao cinema e alem do mais prometi a Kevin ajudar a ele emagrecer – Eu entortei os lábios

- ah tudo bem deixa, fazer o que. – ele ficou bem chateado

- Se você não quiser fazer o trabalho hoje, nos fazemos outro dia Marisa – disse Kevin

- não, quero me livrar disso logo. – Disse com firmeza

Logo bateu o sinal para voltamos a sala, e Bernardo se levantou e me deu um selinho e saiu pela porta sem dizer nada. Eu não podia fazer nada, que bobeira ele ficar daquele jeito, mas eu resolvi nem falar nada, deixou pra lá, eu queria ajudar o meu único e primeiro amigo, custava ele entender aquilo?

Quando acabou a aula eu fui esperar o meu pai como sempre. Eu tava começando a achar que meu pai estava me empurrando para o Bernardo. Mas eu não entendia por que ele queria aquilo. Pediu para ele me da uma carona, pediu para ele me levar na escola cedo, e so podia ele ter pedido para ele ir me levar novamente naquele dia. Ta eu queria ficar com o Bernardo sim, mas não queria ser sufocada.

Meu pai não chegou. Bernardo estava preste a sair quando resolvi ir sozinha, se não iria chegar atrasada para o trabalho com Kevin. Fui andando devagar em direção a minha casa, mas sempre eu tinha a impressão que estava sendo seguida e sempre olhava para trás para ver se Havia alguém e nada, não tinha ninguém comecei a pensar que era fruto da minha imaginação. Por um belo susto ouvi lobos uivando. Mas lobos uivando na cidade? Que estranho, comecei a acelerar meus passos. Quando cheguei ao portão do meu prédio eu virei meu rosto para trás e acabei percebendo que havia um homem encostado no muro fumando um cigarro olhando para mim, mas ele estava de cabeça baixa então eu não pude identificá-lo. Entrei imediatamente no meu prédio.

- Ei Marisa – Era o portei Senhor Lucas. – Tem um menino ali te esperando

- Obrigada por avisar Senhor Lucas

Fui em direção aonde era a sala de esperar e vi o Kevin sentado me esperando.

- Kevin – Cheguei perto dele

- Desculpo, se eu vim cedo e que eu ...

- Não se preocupe, vamos logo começar a estudar. Vamos estudar n parque hoje, e assim fazemos uma caminhada ta bom?

- Combinado, eu seguirei todos os seus conselho

Eu sorri e saímos em direção ao parque da cidade. Quando chegamos lá havia uma pista no qual passava por um bosque e saia novamente na cidade era a única pista para correr na cidade, eu não gostava muito de bosques, nem colinas, nem florestas depois do acidente com os lobos. Mas eu resolvi ceder meu medo e ir, era por uma boa causa e alias os lobos estavam bem longe de mim.

Começamos a correr eu e Kevin e assim falando coisas sobre o trabalho que íamos fazer com essa atividade física e testando nossa memória iríamos aprender mais porem cansar muito mais também eu tinha que andar um pouco devagar por causa de Kevin que e bem gordo. Mas uma hora ele começo a pegar o espírito do esporte e começou a correr rápido. Corremos a parte da cidade inteira quando íamos entrar no bosque eu senti um arrepio muito forte, tão forte que eu parei de correr na hora.

- Por que parou? Logo agora que eu peguei o ritmo – Ele dizia muito animado

- Eu não sei por que, eu não estou me sentindo bem Kevin – Então eu comecei a respirar fundo, eu realmente não me sentia bem

- Marisa, o que houve? – Ele chegou bem perto de mim

- Não sei – Eu estava tossindo muito

- Caramba – Ele batia em minhas costas bem devagar

Foi quando eu fechei meus olhos e os apertei com força eu ouvi uma voz, uma voz mesmo dizendo.

“Não vá lá dentro, não entre no bosque. Vá embora Mary com o teu amigo agora imediatamente. Você corre perigo.”

Eu não sei por quanto tempo eu fiquei apagada, mas quando eu abri os olhos minha respiração voltou ao normal e eu olhei para Kevin ele chorava muito e tinha uma multidão em minha volta.

- Marisa você acordou nossa – Kevin sorria desesperadamente

- eu to bem, podem ir embora pessoal – eu olhei em volta mandando todo mundo ir

- nossa que susto que você me deu – ele me abraçava

- Kevin vamos embora daqui – eu segurei nos braços dele e me levantei, olhei para dentro do bosque, era claro ate uma parte que tinha luz, mas ao final dessa parte era tão escuro que parecia algo sombrio. Ainda bem que não entramos lá.

Kevin fez questão de me deixar no portão do meu prédio eu disse exatamente com todas as palavras que não era necessário, mas ele insistiu e eu não pude negar. Me despedi de Kevin e entrei rapidamente em meu prédio.