Anjos e Demônios escrita por dobreva


Capítulo 8
Lembranças




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– Sua? Acha que alguma vez ela foi sua? – disse Max com a mão cheia de sangue. – Nunca foi, amigo.

– Já não foi fácil agüentar viver anos longe dela, e você mentindo sobre a suposta... – ele se calou, se o que for que ele iria falar, não falou. – Você é mais que um traidor! – eles começaram a se empurrar, Max o jogou contra a parede do recinto. Jon caiu no chão, mas logo se levantou.

– Traidor? Quem foi que perdeu o livro? Quem foi que nos colocou nisso?! – Nunca vi Max com aquela fúria nos olhos, foi de arrepiar.

– O que diabos está acontecendo aqui?! – meu pai gritava, ele conseguiu tirar Jon dali que começou a bater de novo. E eu fui acalmar Max.

– Estão malucos? Isto é um enterro, nem assim Samantha poderá ter descanso? Jon, eu estou decepcionado com você. – Jon estava ofegando, mas sentia o ódio dentro dele. Depois ele respirou fundo e se acalmou.

– Mil desculpas, Roni. Eu sei, fui um completo idiota em fazer isso aqui, mas não me controlarei de novo se ele encostar aquela boca suja em Amanda de novo. – Eu fiquei paralisada quando ele disse isso, droga. Atrás de mim, eu senti Max rosnar, o que foi estranho.

– O que ele fez? – meu pai disse devagar cada palavra.

– Ele beijou Amanda, sem que ela queira.

– Isso não é verdade, não é Amanda? – Max disse, e me virou. – Algum momento você se esquivou?

Engoli em seco. Não, mas fui uma surpresa pra mim.

– Eu...er.. – Não conseguia dizer nada, Jon me olhou com decepção, raiva e tristeza, se ele não tivesse se virado, poderia jurar que vi uma lágrima em seu olho.

– Você, Campbell. Vá para casa. – Meu pai ordenou. Ele assentiu e saiu dali. - Amanda, venha aqui.

Eu gelei. Sobrou pra mim. Fui ao encontro de meu pai. E ele me olhou nos olhos.

– Pai, eu...

– Amanda. Não me importa se você quis beijá-lo ou não, você é jovem, eu sei. Mas não se meta em encrenca. Tudo bem?

– Tudo bem pai. – ele acariciou minha bochecha e me deu um beijo na testa.

– Vai ficar pro enterro?

– Vou.

– Então vamos lá, dar nosso último adeus. – ele me abraçou, e fomos recomeçar a cerimônia.

Depois que tudo acabou, todos os familiares foram embora, meu pai disse que eu podia ir para casa e descansar, ele iria ajudar a limpar o local. Mas eu sabia que ele não queria ir embora.

– A homenagem foi linda. – disse Mayara ao meu lado.

– Foi mesmo.

– Jon nem olhou pra você, depois da briga... Aliás, por que eles estavam brigando? – engoli em seco.

– Por que Max me beijou. – ela ergueu as sobrancelhas.

– Nossa, dois caras em menos de um mês, você está podendo hein Mandy – disse May na tentativa de me fazer sorrir, o que vai ser muito difícil. – Desculpe, estava tentando te animar.

– Tudo bem May. – eu suspiro.

Quando saímos do cemitério, eu vi Max. Ele estava com um homem, que usava um casaco até os pés, os dois pareciam discutir. Quando Max encontrou meu olhar, ele fez um gesto para que eu fosse até ele. Eu fiquei em dúvida se ignoraria, ou não, mas eu precisava de uma explicação. Comecei a andar em sua direção.

– Amanda, onde pensa que está indo? - May me puxa pelo braço.

– Preciso conversar com ele.

– Cuidado Amanda, não vá fazer besteira. – eu assenti, e ela me soltou.

Quando me virei o homem que estava junto com ele, não estava mais lá. Ele também não. Será que ele foi embora? Eu pisquei pra ver, se era ilusão minha mas, não era. Desisti, e fui encontrar May, e levei um susto enorme, quando Max estava atrás de mim.

– Você me assustou. – ele estava sério, mas depois, sorriu torto.

– Desculpe.

– Quem era aquele homem? – ele franziu a testa e fitou o chão.

– Não é da sua conta.

– Tudo bem. Então, por que me beijou ontem? – ele ergueu uma sobrancelha.

– Você não gostou? – gostei. Gostei muito. Amanda! Foco! Foco!

– Você não respondeu minha pergunta.

– Você também não respondeu a minha, então...

– Eu perguntei primeiro. – ele suspirou e seus olhos brilharam.

– Eu te beijei, porque... Você me atrai. Quis fazer isso desde o dia em que esbarrei em você. – fiquei de boca aberta. – agora responda a minha.

– Sim. – falei rápido. Ele sorriu.

– Sim o que?

– Sim, eu...eu gostei. – ele abriu um sorriso. Num impulso, ele me pegou pela cintura e me beijou. No começo eu tentei me soltar, mas seu braço envolto de mim era forte, ele segurou meu rosto com as mãos, e acariciava minha bochecha. Rendi-me. Envolvi meus braços em seu pescoço e passava a mão por seu cabelo. O beijo foi longo e bom. Eu já senti isso, mas não foi por ontem, parecia... uma lembrança. Na minha cabeça passaram cenas, que eu vivi com ele, mas não pareciam ser desse ano, dessa década, desse século. Como se, eu tivesse vivido em outro tempo com ele. Eu estava feliz. Ele estava feliz.

Ele soltou levemente o braço, e meu rosto. Eu estava sem fôlego.

– É, eu também gostei. – ele sorri, eu fiquei sem fala. – deve estar se perguntando, porque vieram todas aquelas cenas em sua mente.

Como ele sabia disso?

– Como você...

– Você vai achar confuso, mas irá entender logo. Tudo que viu foi real Amanda. Por isso que sente que já me conhece, ou Jon, e se você pensar no que falamos na briga, irá entender tudo.

– O que? Como assim? – não conseguia acreditar no que ele estava falando. Mas lembrei de meu sonho em 1864. Será verdade aquilo?

– Acho que você já sonhou com isso... Deixe-me adivinhar, 1864? – eu assenti. – foi uma época boa, era melhor conviver com você quando Jon não estava por perto.

– Espere aí... Jon? Ele também... – sua expressão alegre se tornou de raiva.

– Infelizmente. Amanda, não posso te contar tudo, mas espero que você possa entender. E tudo que lhe contei, tem a ver com você. – ele franziu o cenho novamente. – Amanda, eu gosto de você. Muito. E queria você sentisse o mesmo.

– Eu sinto. – e sentia mesmo.

– Acho que deva entender tudo primeiro.

– Como vou entender isso Max?

– Sonhe Amanda. Se você sonhar, irá lembrar. Eu tenho que ir. Se cuide. – ele me deu um beijo rápido, mas intenso, e depois um beijo na testa. –Tenha bons sonhos.


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