Ouvi meu despertador tocar pela quarta fez, adiei ele de novo, o sono era beeeem maior que a minha vontade de levantar e me arrumar para a escola então me virei e voltei a dormir mais um pouco.

Ele tinha mais que dois metros de altura pelo que eu pensei, braços tatuados, dentes pontudos e amarelos, vestia uma armadura de couro e estava me perseguindo no ginásio do meu colégio. Ninguém a não ser eu e ele estava lá, e o que mais me preocupava era que eu não achava a porta de saída. Por mais que eu corresse mais rápido que um carro de corrida, aquele monstro estava chegando cada vez mais perto. Eu tinha certeza que uma hora ou outra ele iria me alcançar e me matar, o desespero tomou conta de meu corpo, não havia saída nenhuma, não podia ser…

– Gabi acorda, se troca que o almoço ta quase pronto. - Minha mãe, uma das pessoas mais doces e encantadoras de todo o universo porém também conhecida como Alessia Hanks, me cutucava sem parar. Meu coração estava disparado por causa daquele pesadelo e eu estava suando demais. - Está tudo bem filha?

– Ahn… Aham - Eu disse meio zonza e me revirei na cama ainda ofegante porém tentando disfarçar com um sorriso torto.

–Vou por o almoço na mesa.- Minha mãe disse sorrindo e saiu.

Sentei em minha cama, acho que tenho pensado demais na minha série preferida (Percy Jackson) e por isso ando sonhando com monstros. Me levantei para por o uniforme, finalmente a ultima semana de aulas tinha chegado! Faltavam mais dois dias para eu estar livre de todos os imbecis da minha escola, de todos que riem de mim e me menosprezam por ser dislexia e me excluem de todas as formas possíveis. Não, eu tinha sim meus amigos apesar de pouquíssimos e é claro que iria sentir falta deles mas a escola no geral é formada por idiotas metidos que me davam dor de cabeça só de lembrar.

Uma hora e meia depois eu estava no carro com a minha mãe, o dia estava ocorrendo normalmente. Até a aula de educação física. Eu, Lucia e Sarah fomos correndo para o trocador para que o grupo de patricinhas de nariz empinado não chegassem antes e ocupassem tudo com coisas de "menininhas". Depois nós se juntamos com meus outros dois amigos e como a aula era livre, fomos jogar handebol.

–Já volto, preciso tomar água!- Eu disse cansada após ganhar humilhantemente dos meninos magricelos Chase e Vincent e corri para os bebedouros.

O corredor fedia a algo parecido com cachorro molhado mas bem mais forte e no fim dele eu por mais estranho que isso soe vi o monstro que me perseguiu no meu sonho. O que veio na minha cabeça foi "CORRE", e foi tão forte que parecia um extinto tomando conta de meu corpo, apenas o segui.

Corri em direção a quadra de handebol, meus amigos me olhavam como se nada de mais estivesse acontecendo, não entedia como não entraram em panico. Aquele bichano ia me devorar viva e depois os meus amigos logo logo e seus rugidos apenas me deixavam mais convencida, sai para fora do ginásio no intuito de afasta-lo do pessoal e esbarrei num menino que nunca tinha visto, mas o mais estranho era que ele segurava uma espada.

– Corre que eu cuido desse daqui- Ele gritou como se toda a situação fosse apesar de perigosa, também cômica e animadora.

– Você ta louco!? Ele vai te devorar! - Eu disse desesperada, o menino deveria ter a minha idade e se parecia com um Leo de Percy Jackson, mas no momento pensei que eu estava ficando paranoica por causa do monstrengo fedido.

– Já fiz muito mais que derrotar um lestrigão! Agora corre! - Ele disse e o lestrigão voou em nossa direção, sai correndo e por conta da adrenalina que me dominava, minha velocidade era mais rápida do que já fora em qualquer outra situação antes.

Me escondi perto da saida da escola, fiquei olhando para ver se o garoto saia do ginásio. Pensei que estava louca, vendo monstros, garotos com espadas, achei que tinha viciado demais em Percy Jackson... Até ver ele saindo, quando digo que ele parecia o Leo Valdez era porque ele era idêntico!

–Ta tudo bem? - Eu disse ainda chocada com tudo isso.

–Han... Comigo ta, eu ia perguntar isso pra você agora já que está me olhando como se eu fosse uma assombração. - Ele disse me olhando

–Oi?! Queria que eu sorrisse levando em conta o monstro atacando meu colégio? Estou assustada, mas estou bem se é isso que quer saber... E acho que não nos apresentamos ainda, eu sou Gabriela Hanks, mas pode me chamar de Gabi - Eu disse tentando manter a calma, tentando focar na parte que o pior provavelmente ja havia passado.

–E eu sou o Leo, me chama assim mesmo - Ele disse e sorriu.

–Voce vai se assustar se eu disser que voce é identico a um personagem da minha serie preferida? - Eu disse meio envergonhada de simplesmente jogar isso na cara dele mas logo solto uma risada.

–Não, até porque a serie é real, eu sou o Leo Valdez e agora vou te levar pro Acampamento Meio Sangue. - Ele disse, e se eu tivesse bebendo algo eu teria cuspido tudo.

– O que!? - Eu disse

– Eu te explico no caminho, ainda temos que parar pra falar com a sua mãe - Ele disse e apenas concordei com a cabeça, falar com a minha mãe era o que eu mais queria naquele momento afinal ela era meu porto seguro.

Leo andava apressado porém como eu estava ainda em choque e elétrica por conta dos acontecimentos de hoje eu conseguia acompanha-lo, estavamos quase no meu apartamento. E por mais assustada que eu estivesse, olhar para aquele menino que se dizia ser o Leo era incrivel, ele era muito igual ao do livro.

–Han... Leo... - Eu disse tentando conversar, não estava entendendo nada e o silencio dele não colaborava.

–Que?- Ele disse um tanto animado, como se estivesse aguardando o som da minha voz já fazia um tempo.

–E essa história de voce ser um personagem, voce estava brincando né? - Eu disse tentando entender e ele deu uma leve risada.

–Não não, sou eu mesmo, Leo Valdez, sensação do verão e com o tanquinho que toda garota adora! Viva o Team Leo!- Ele disse nós rimos.

–Serio, me explica isso Leo Valdez. - Eu disse, ele era irritante, mas de um jeito legal.

– Pode me chamar só de Leo, eu te explico mais tarde. - Ele disse e chegamos no meu apartamento.

Subimos até o meu andar jogando conversa fora com piadinhas vindas da parte dele e assim que entramos ouvi a minha mãe gritar perguntando quem era.

–Sra. Hanks! Han... Eu sei que o normal é vir um sátiro... Han... Mas... Han... Deu alguns probleminhas e eu tive que vir, os monstros acharam a sua filha e ela tem que ir para o acampamento. Já.- Ele disse olhando para ela, minha mãe parecia ter acreditado mesmo que ela sempre risse de mim falando sobre Percy Jackson.

– Pelos Deuses! E o que estão esperando?- Ela gritou, eu estranhei, por um momento eu tive certeza que era um sonho. Não era possível! Porém a única coisa que me fazia acreditar era a real expressão preocupada da minha mãe.

–Sua carona?- Ele disse e eu bati nele - Por favor...

–Ah sim, claro. - Ela disse e corri pro meu quarto preparar as malas.

Percebi que Leo vinha logo atrás de mim e se sentou na minha cama, jogando um pequeno ursinho de pelúcia meu pra cima e pegando novamente repentinas vezes.

–Sei que não sou uma garota e não entendo de voltagens de chapinha apesar de ser filho de Hefesto, mas não precisa levar muita coisa, só o básico.

–Ta bom, o basico pra me mudar temporariamente pra um acampamento de semideuses, nasci pra isso... -Digo um tanto tensa e pego o ursinho que ele jogava pra cima, aquilo estava me deixando cada vez mais apressada e não tinha cabeça pra distrações de ursinho voando.

–Ei!

Em poucos minutos terminei as minhas malas, levei realmente o básico do básico, Leo ficou inclusive surpreendido afinal meu quesito de básico era menor do que qualquer outra garota e 47 vezes menor do que o de uma filha de Afrodite. Caminhamos nós três para o estacionamento e entramos no carro da minha mãe.

Eu não quis conversar durante a viagem, minha cabeça borbulhava tentando processar tudo que havia acontecido e nada, absolutamente nada, fazia sentido. Eu que sempre sonhei em um dia ir para o Acampamento Meio Sangue e viver entre os meus personagens preferidos, mas agora estava assustada e confusa. Não sabia o que queria. Achei que estava delirando. Queria meu cobertor e meus livros, onde tudo era seguro e ficcional.

–Estamos quase lá- minha mãe disse.

Continuei mais um tempo em silencio, mas queria respostas.

–Leo, da pra me explicar agora?? - Eu disse

–Ah, beleza -Ele disse e começou - Bem, pelo que eu sei você já leu todos os livros e tals, na verdade o objetivo do Rick era fazer com que os mortais não acreditassem que a história era de verdade e assim mantendo todos nós no acampamento a salvo, sem quase nenhum transtorno. A maioria dos fãs acreditam que a saga seja fictícia, ninguém imagina que trombou com um Deus ou com um ciclope enquanto caminhava na rua, pode dizer, genial não é?

–Wow- Foi tudo o que consegui dizer

–E as histórias de Percy e dos 7 da profecia são reais também, e por isso você ta falando com o Leo Valdez do seu livro... Caso ache que ele inventou tudo e não sou tão incrível e gostosão como me descrevem.

–Puta que pariu - Eu disse boquiaberta.