O Diário de Charlotte McTaylor escrita por Charlotte Ramsey


Capítulo 2
Não acredito que tudo aquilo vai voltar


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.



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20/09

Charlotte McTaylor

Agora são exatamente 8h23am, vou ter que ir para a casa da Maeve antes do meio-dia. Ontem falei com a Avery, tentei convencê-la de me adotar, tentei falar a ela o quanto era especial viver ao seu lado, tentei ser bem expressiva quando falei isso, mas ela me disse que saia muito, que não era responsável o bastante para adotar-me e que seria melhor eu ter minha mãe ao meu lado. Ninguém entende essa relação entre eu e a Maeve, absolutamente ninguém. Talvez o Sr. Mohammed porque é o trabalho dele, ele tem que entender seus pacientes de alguma forma. Falei para ela que não me importava se ela tivesse tempo ou não para mim. Ela teria me dado muita atenção naqueles dias, mas entendo que foram apenas 8 dias, e que pro resto de nossas vidas seria mais difícil.

Estou agoniada. Não quero ir para aquele lugar, lembrar-se da minha mãe dizendo que me amava, e agora ela me odeia. Na verdade sempre me odiou, mas nunca mostrou isso por completo. Que ela não ia com a minha cara eu já sabia, mas que ela me odiava eu nunca imaginava. Lembrar-se do meu pai em todo o canto da casa, e dos momentos únicos que eu passei com ele lá.

Ontem, depois de falar com a Avery vim-me para meu quarto e fiquei lembrando-se do velório do meu pai e depois vi o filme.

Eu estava tão sozinha naquele lugar. Ele foi enterrado às 17h45, eu fiquei lá até 22h40, parecia que eu estava ainda com ele. Mas tinha alguns pés de barro nos separando. Eu o ouvia dizendo que eu era especialmente dele e que ele nunca me deixaria, prefiro acreditar nisso a acreditar em que ele me deixou. Ainda não posso acreditar que ele não está mais aqui, parece que ele foi viajar e que logo vai voltar, mas só em pensar que ele nunca mais voltará, que nunca mais vou ver o sorriso dele novamente, da vontade de me enterrar ao lado dele. Queria poder voltar lá, falar com ele e dizer a ele tudo o que está me ocorrendo.

Quando chegar a casa, vou direto para o quarto do meu pai, e vou pegar o agasalho dele, o que ele mais gostava. Vou dormir com o agasalho todas as noites.

Sabe, Drake, é assim que eu vou te chamar agora, você parece o Drake, um garoto que conheci na quinta série, ele gostava de me ouvir falar, ele me entendia um pouco. Uma vez, ele me viu chorando e colocou seus braços ao redor de mim e disse que quando eu precisava dele, ele estaria ali, sempre que eu precisasse. Ele era meu melhor amigo, me ouvia como ninguém. Ele morava em uma casa no campo, lá tinha um balanço pendurado em uma árvore completamente linda, com folhas laranjas, amarelas e vermelhas. A gente se balançava lá todos os dias depois da aula, cabia nós dois. As folhas da árvore caiam sobre nossas cabeças e o pôr do sol ali, bem perto de nós.

Eu me sinto em obrigação de procurá-lo, mas agora que eu vou me mudar novamente para aquele lugar, não vou poder. Sinto muito Drake.

Agora são 9h27. Pouco antes a Avery se encostou na porta do quarto, com a perna direita no joelho, tomando uma xícara de achocolatado e disse que minha mãe havia ligado, que iria me buscar as 11h.

Não posso acreditar que tudo aquilo vai voltar. Outra vez.


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