Acordei com o sol em meu rosto,apalpei a cama e vi que estava vazia além de mim.

Me sentei e olhei em volta,nem sinal de Guilherme.

–Guilherme?-Chamei mas não ouve resposta.-Amor você esta ai?-Nada.Me levantei e do jeito que estava desci as escadas,vi na parede um bilhete amarelo.

"Sô,eu e a Nara fomos numa Starbucks tomar café,não esperem pela gente.Qualquer coisa me ligue,beijos te amo.

Xx Henrique"

Suspirei e guardei o bilhete numa gaveta.

–GUILHERME?-Chamei mais alto mas nada dele.

Droga e se ele estivesse fazendo alguma burrada.

Sai correndo até sua casa e entrei sem bater nem nada.

–Guilherme?-Chamei mas não ouve resposta,escutei uns barulhos no andar de cima. Subi as escadas correndo e abri a porta do seu quarto.-Gui você esta...bem?-Me surpreendi ao encontrar ele já de banho tomado e com uma outra roupa,em cima da sua cama tinha malas e ele arrumava suas roupas dentro delas.

Ele me fitou meio surpreso.

–Gui.-Corri até ele e o abracei forte,ele me apertou contra seu peito e ali desabei.Eu chorei tanto esses últimos meses que acho que meu corpo esta necessitando de mais água.

–Me desculpa amor,desculpa por tudo.Desculpa por ter que te fazer passar por tudo isso bem no dia que lhe pedi em namoro.-O olhei e seus olhos estavam marejados.

–Você é o homem da minha vida Guilherme,eu sempre estarei do seu lado,principalmente nos momentos ruins.-E voltei a abraça-lo forte.

–É tão bom ouvir isso,saber que não estou sozinho nos momentos que mais preciso.-Ele sussurrou.

–Eu sempre vou estar do seu lado,para o que der e vier amor.

Ficamos um bom tempo em silêncio apenas abraçados.

–Para onde você vai?-Olhei para as malas.

–Para qualquer lugar que não seja aqui.-Disse suspirando fechando suas malas.

–Você pode morar lá em casa se quiser.-Ele sorriu de canto.

–Acho melhor não,não quero atrapalhar.

–Que incomodar o que,você vai morar comigo e ponto final,e não adianta resmungar pois quem manda nessa porra toda aqui sou eu.-Falei num tom sério mas brincalhão.Caímos na gargalhada.

Era bom vê-lo sorrindo e não aos prantos como ontem,eu definitivamente achei meu lugar,achei uma razão por qual eu acordo todos os dias,achei alguém por quem vale a pena lutar até o fim.

–Tudo bem mandona.-Disse sorrindo e passando os braços em volta dos meus braços me prendendo,deixando nossos rostos bem próximos.

Sorri também e nos aproximamos mais e selamos nossos lábios.

–Eu te amo princesa.-Ele disse no meu ouvido.

–Eu te amo mais.-E encostei minha cabeça no seu ombro.Ele começou a balançar o corpo como se dançássemos ao som de uma música lenta e calma,uma música que só nós dois podíamos escutar.

–Sobre ontem...-Ele começou mas o cortei.

–Não precisamos falar sobre isso agora se preferir.-O fitei e ele assentiu.Voltei a encostar minha cabeça no seu ombro e continuamos a nossa dança sem música.

Depois de um tempinho ali resolvemos ir para minha casa.

–Aliás você esta linda nesse vestido todo amassado,com esse cabelo embaraçado e essa maquiagem toda borrada.-Ele disse rindo enquanto entrávamos em casa.

Peguei meu celular usando o reflexo dele como um espelho.

Abri a boca.

–Eu estou horrível,por que não me avisou antes?-Ele riu e soltou as malas passando os braços em volta da minha cintura.

–Esta nada,você é linda e maravilhosa de qualquer jeito.Até com a cara tudo borrada e parecendo que levou um soco.-Novamente riu.

–Idiota.-Falei rindo e dei um leve soco no seu ombro.

–Aiii você me bateu.-Choramingou e fez bico.-Isso dói viu.-Revirei os olhos.

–Seu bobo,nem doeu nada.

–Doeu sim.-Ele me puxou mais contra si.

–Doeu nada seu bebezão.-Ele riu e se abaixou me pegando pelas pernas e me jogando em seu ombro.-Guilherme me soltaaa.

–Nunca.-Disse e começou a girar comigo em seu ombro,eu gargalhava.

–ME SOLTA,EU TO FICANDO TONTA.AHHHH.-Gritei e ri ao mesmo tempo.

–O que esta acontecendo aqui?-Guilherme parou de girar se virando em direção a voz que vinha da porta.Inconsequentemente eu fiquei virada para o lado oposto.

–Amor.

–Hum?

–Me coloca no chão.

–Ah claro.-Ele me colou no chão e me virei,vi minha mãe e Humberto segurando algumas sacolas e não entendo nada do que estava acontecendo.

–Então será que poderiam me explicar pois eu não estou entendo nada.-Ela disse sorrindo de canto.

–Brincadeiras de casal.-Falei sorrindo e Gui me abraçou de lado.-Ah mãe eu tenho uma ótima notícia.

–Vocês estão namorando.-Ela disse.Meu sorriso morreu,fiquei desapontada,eu estava louca para contar para ela.

–Ahhh,como sabia?-Fiz bico.

–Meu genro pediu sua mão para mim antes de te pedir em namoro.-O olhei sorrindo.

–Então foi por isso que passou o dia fora?-Ele sorriu.

–É,por isso também.-Minha mãe colocou as compras no chão e veio em minha direção me abraçando.

–Filha eu lhe desejo toda a felicidade do mundo,que vocês sejam tão feliz quanto eu e Humberto somos.-Sorri.

–Obrigada mãe.-Humberto veio até mim e me abraçou.

–Fico muito felizes por vocês,se Deus quiser vocês vão ser felizes para sempre.-Sorri.

–Obrigada,pois eu digo o mesmo para você e para a mamãe.-Ele sorriu e seus olhos brilharam.-Eu fico muito feliz em te ter como meu padastro.

–Não pense de mim como só seu padastro,pense também que eu sou um amigo e que quando precisar pode contar para qualquer coisa.-Sorri.

–Valeu.-O abracei forte,olhei para mamãe que mal aguentava de tanto sorrir.

–An...filha poderia me explicar que malas são essas?-Ela perguntou,olhei para Gui e fui para o seu lado.

–Então mãe...será que podemos conversar a sós?

–Claro.

–Humberto você poderia me ajudar com minhas malas?-Guilherme perguntou.

–Claro,só vou levar essas compras para a cozinha.-Ele assentiu.Gui subiu e Humberto foi para a cozinha,eu e mamãe nos sentamos na sala.

–Então mãe...Guilherme vai morar aqui em casa tudo bem?-Ela franziu o cenho.

–Mas por que?

–Ontem mãe,ele,o pai dele e Nara tiveram uma briga muito grande na frente da escola toda.Alguns segredos foram revelados e Gui e Nara foram expulsos de casa.-Ela ficou boquiaberta.

–Expulsos de casa?-Assenti.-E como eles estão?Cade a Nara?

–Então mãe ela passou a noite aqui e...

–Filha não precisa nem mais me explicar,temos quartos livres e é claro que os dois podem morar aqui com nós.-Sorri de uma orelha a outra.-Só espero que o pai deles não ache ruim.

–Não vai não mãe mas muito obrigada mesmo.-A abracei forte.-Eu te amo tanto.

–Eu também te amo querida.-Senti um leve beijo no topo da cabeça.-Mas agora me conte tudo o que aconteceu ontem.

–Ah mãe só uma coisinha antes de eu te contar tudo.

–O que?

–Henrique voltou.-Ela arregalou os olhos e ficou boquiaberta novamente.

–Meu filho voltou?-Assenti e ela levou a mão na boca.-Ahhhhhhh que maravilha.Cade ele Sôphie?

–Ele e a Nara foram tomar café,não sei que horas voltam mas agora me deixe lhe contar o que houve ontem.-Ela assentiu sorridente e lá foi uma hora e meia de conversa.Contei tudinho a ela e não escondi nada.

Ela estava abismada.

–Filha mas o pai deles não pode fazer isso com eles e nem Guilherme fazer aquilo com o pai,pode dar cadeia para os dois.

–Como assim?-Franzi o cenho.

–O pai deles pode ser preso por abandono de incapaz ou pela Lei Civil aonde ele é obrigado a sustentar e educar seus filhos e bom já Guilherme é pior,ele pode ficar preso por tentativa de homicídio e bom o pai dele pode processa-lo por danos morais,assédio moral e mais alguns processos.-Suspirei.

–Então quer dizer que se for provado que Guilherme tentou matar seu pai ou que foi ameaçado ele pode ser preso e ainda processado?-Ela assentiu.Passei a mão pela nuca.-Droga,o pior é que além de estar gravado ainda tinha muitas testemunhas.

–Perai você disse gravado?-Assenti e tirei do sutiã o cartão de memória da câmera.

–Nessa gravação aparece o pai de Guilherme os julgando?

–Eu acho que sim,por que?

–Bom,então o Guilherme e Nara podem processa-lo também,pode até ser os mesmo processos deles,assédio moral,danos morais...enfim se isso for muito além de uma briga de família e for parar na justiça,filha eu só te peço uma coisa.-Ela me segurou pelos ombros.

–O que?

–Diga toda a verdade,nunca minta para o poder jurídico se não além de ferrar com seu namoro você acaba se ferrando também.-Assenti.

–Mas mãe e se eles me chamarem e eu falar tudo o que vi,eu vou estar testemunhando contra o Guilherme.

–As vezes é o melhor a se fazer,pode ser que se acontecer algo com ele as circunstancias podem ser menores do que uma consequência com mentiras no meio.-Suspirei e olhei para minhas mãos.

–Eu estou com tanto medo.-Voltei a olha-la.

–Não precisa sentir medo,eu estou aqui,Guilherme também e até Humberto e além do mais tem seus amigos também,eles te ajudaram umonte ontem.-Assenti.-Filha mas eu tenho uma última pergunta.

–Diga mãe.

–Você o ama tanto ao ponto de passar por tudo isso?-Olhei para minhas mãos pensando bem no que iria responder,se bem que não preciso pensar muito,basta ouvir meu coração.

–Eu o amo ao ponto de dar minha vida para ele.-E aquela foi uma das verdades mais verdadeiras que eu já tinha dito em toda a minha vida.

Minha mãe olhou algo atrás de mim e sorriu,virei minha cabeça e na ponta da escada estava parado Guilherme,ele estava com os olhos brilhando e um sorriso de uma orelha a outra.

Ela se levantou e nos olhou.

–Vou deixa-los sozinhos,qualquer coisa estarei no quarto.-Ela subiu correndinho e ele veio em minha direção.

Me levantei e ficamos frente a frente nos olhando,seu olhar era tão profundo ao meu que parecia que ele podia ler minha alma.

Não precisávamos falar nada,o silêncio já dizia tudo por nós.

Levantamos nossas mãos as entrelaçando.

–Me promete uma coisa?-Falei num tom tão baixo que apenas nós dois podíamos ouvir.

–Tudo o que você quiser princesa.-Ele disse no mesmo tom que eu.

–Promete que nunca vai me deixar.-Seu olhar de-repente mudou e suas feições também.Ele engoliu seco mas me fitou e novamente eu sentia que ele podia ler minha alma.

–Eu prometo.-E me abraçou forte,enterrei meu rosto no seu peito e pude sentir seu coração disparado.-Eu tenho uma ideia.-Ele disse me olhando.

–Qual?

–Que tal irmos até o parque e fazermos um piquenique? Só nós dois.-Sorri.

–Vamos.

E lá fomos nós dois preparar tudo juntos,minha mãe ate nos emprestou uma cesta grande igual aquelas de filmes mesmo.

Colocamos tudo dentro do carro e fomos até o parque.

Assim que chegamos sentamos embaixo de uma grande árvore,tudo era muito simples mas são os pequenos momentos que mais marcam nossas vidas.

Guilherme tinha trazido seu violão também.

Conversamos,rimos,comemos morango com chocolate...Estava sendo a melhor tarde de toda a minha vida e com a pessoa que eu mais amo.

Teve um momento que eu estava deitada com a cabeça no seu colo e ele olhava para algum ponto fixo como se pensasse.

–Amor.-Ele me chamou,olhei para cima o fitando.

–Sim vida?

–Obrigado por ontem,por ter ficado do meu lado apesar do idiota do meu pai ter estragado totalmente nossa noite.-Suspirei e me levantei me sentando na sua frente.

–Eu já falei que não importa o que acontecer eu sempre estarei ao seu lado.-Ele sorriu.

–Ainda não posso acreditar que o meu maior segredo foi revelado para a escola toda em questão de minutos e o pior que todos devem estar achando que eu realmente sou ruim.-Passei a mão pelo seu rosto.

–Amor eu tenho certeza que eles sabem que não foi você o vilão da história e além do mais quem são eles para poderem te julgar? Não são nada,se você se aceita assim tudo bem.Resto é resto.-Ele sorriu.

–Me perdoe por tudo,por ter que te fazer passar por uma briga que nem sua era.-Suspirou e olhou para suas mãos.

–Tem certeza que quer falar disso?-Ele assentiu e me fitou.

–Ontem eu fiquei descontrolado,eu não pensava em mais nada além de acabar com meu pai,acabar com aquela angústia que eu levo por tanto tempo.Mas sabe o que foi mais engraçado? Legal na verdade,apesar de eu estar todo enfurecido quando escutei sua voz,eu parei.Sua voz me acalmou de um jeito que ninguém nunca tinha conseguido uma proeza dessa.-Sorri de canto.-Não sei o que teria feito se você não tivesse chegado a tempo.

–Eu prefiro nem pensar nisso.-Ele suspirou e se deitou na grama colocando as mãos atrás da cabeça.

–Quando eu vi meu pai ali destruindo as paixões de mim e de Nara eu não aguentei,acabei falando tudo o que estava guardado dês de sempre e bom agora meu pai,se é que eu posso chama-lo de pai,me odeia e...bom ele é capaz de fazer qualquer coisa,não importa se somos filhos dele ou não.

–Acho que não Guilherme,seu pai os ama.

–Nos ama mas sempre quis nos destruir,não importava como.Acredite se quiser,ele gostava de você por conta da sua mãe pois quando o contei que você dançava ele mudou totalmente,falava que não aceitaria nosso namoro e tudo mais mas eu não estava nem ai,o que importava era estar ao seu lado,custe o que custar.-Ele disse me olhando.Sorri e fui até ele deitando no seu lado,abracei sua cintura fazendo seu peito como travesseiro.-Quem diria,uma garotinha fofa e delicada conseguiu me fazer parar no momento que ia fazer uma idiotice,uma garotinha pequenina que passou uma noite inteira consolando esse marmanjo aqui.-Ri.

–Isso se chama amor.-Ele me olhou e me deu um beijo na testa.

–Sabe qual é o meu maior medo?-Neguei.-De você deixar de me amar.

–Eu nunca seria capaz de fazer uma coisa dessas.

–Eu tenho medo que por conta de tudo isso você acabe me deixando,eu não suportaria passar por tudo o que estou passando sozinho.Você é a força que me faz seguir em frente todos os dias linda.

–Como eu disse mais cedo,eu te amo ao ponto de dar minha vida por você,não seria por qualquer coisa que eu te deixaria.-O fitei.

–O que eu fiz de tão bom para merecer você?-Ele me puxou mais contra si.

–Você nasceu.-E nos beijamos.

“A vida de ninguém é repleta de momentos perfeitos. E se fosse, não seriam momentos perfeitos. Seriam apenas normais. Como você poderia saber o que é a felicidade se nunca tivesse experimentado as quedas?”

— P.S. Eu te amo.