Anjos Mortais escrita por Jéssica Belantoni


Capítulo 17
Duvidas? Adeus.


Notas iniciais do capítulo

Bom gente esse é o ultimo Cap. da anjos mortais, é muito difícil postar rs *choro*
Já faz algum tempo que tenho que postar mas a coragem não aparecia, eu ainda não vou colocar como finalizada por quero postar o link do próximo volume, enfim dando um pouco de Spoiler do próximo volume "Segredos de Clarisse" é nada mais nada menos do que a historia de Victor e Clarisse que é minha favorita :D
Nesse Cap. fala muito dos dois então espero que gostem:3

Boa Leitura



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—Você entendeu Emilly? Não saia de casa sem que eu te ligue. — Ordenou Victor enquanto Lucas estacionava em frente à casa da jovem.

—Estou com uma sensação péssima! — Confessou a mesma.

—Vai ficar tudo bem, vou deixar a Liss com você.

—Victor eu nem a conheço, o que eu direi a minha mãe?

—É uma ótima oportunidade Emilly, sua mãe deve estar trabalhando essas horas, só peço que permaneça em casa com as janelas fechadas, mandarei Lucas buscar as duas quando começar a festa.

—Eu não faço questão de ir a essa festa.

—Querida você vai rever seus amigos, e digamos que eu prefiro te ter debaixo de minhas asas, vamos não seja teimosa.

—Minha fantasia vai ter que ser esplêndida!

—Acredite querida Rogers não lhe daria uma fantasia qualquer, agora vamos se apresse e vá até sua casa— Respondeu Victor encostando seus lábios nos de Emilly.

Emilly correu para varanda onde buscou a chave debaixo do tapete, assim que entrou percebeu a presença de Liss quase como um vulto.

—Eu nem a vi entrar assombração.

—Desculpe Emi.

—Não me chame assim não somos amigas, eu nem sei se o Lucas fez uma boa escolha — Atacou Emilly recebendo como resposta o silêncio — Desculpe eu não quis ser rude estou um pouco nervosa.

—Eu entendo, mas quero que saiba que eu o amo muito.

Emilly mau deu ouvidos a Liss caminhou lentamente pela casa sentindo seu coração apertar em cada passo, subiu até seu quarto, tudo continuava igual, até mesmo seu celular ao lado do computador sua curiosidade aguçada a levou a checar alguma mensagem encontrando o celular sem bateria alguma, o carregador continuava na gaveta onde a mesma havia guardado.

Seu banheiro continuava com o mesmo cheiro de sais, o que trouxe estranheza a Emilly todos estavam vencidos o sabonete estava embolorado, só então conseguiu reparar a camada de poeira que se estendeu por todo o espaço.

Assim que a jovem retornou até a cozinha onde encontrou Liss parada em pé em frente ao fogão com uma expressão triste.

—Eu te deixei tão triste assim?

—Oh Emilly, eu não estou triste. —Sorriu Liss.

—Engraçado você me lembra alguém, como você e o Lucas se conheceram?

—Eu e o Lucas? — Assustou se a jovem constrangida. — Bem digamos que temos uma ligação, ele apareceu em minha vida e depois se afastou, como você já sabe nós não podemos nos relacionar com humanos, estávamos atraindo muitos olhares por sermos diferentes, pelas razões dele que na época eu não entendi ele se afastou, mas não deixamos de pensar um no outro um dia se quer, um dia muito difícil em minha vida ele apareceu novamente, a minha reação não foi das melhores, você não faz ideia do que eu o fiz passar, e no fim, eu estou com o grande amor da minha vida. — Terminou Liss pegando um copo no armário lavando e o enchendo de agua. — Tome você precisa se hidratar.

—Liss tem mais uma coisa que preciso te perguntar.

—Pergunte. — Respondeu a mulher sorrindo enquanto encaixava as mãos em frente ao quadril.

—Eu não te convidei para entrar em minha casa. — Alertou Emilly — Um impuro não pode cruzar a porta de uma residência sem o convite do anfitrião, e você acabou de me contar que já foi humana, então se eu não te convidei a entrar significa que você já esteve aqui, mais de uma vez já que sabe perfeitamente onde os copos se encontram.

—Emi. — Liss retraiu seu largo sorriso a um pequeno sorriso estreito.

—Me responda! —Gritou Emilly.

—Lucas precisava de informações sua, ele não poderia vir até aqui sem que os outros notassem, eu fiz isso por ele me aproximei de sua mãe, a Mel estava sozinha, eu a fiz companhia nesses longos anos, ela achou que iria te perder, ela sentiu medo, eu senti que ela precisava de mim acabamos virando amigas, desculpe se isso não te agrada, mas ela morreria se ficasse sozinha, tudo que ela queria era a filha que estava oceanos a frente desse lugar, eu só a consolei, desculpe Emilly, desculpe, desculpe.

—Não se desculpe, eu agradeço por ter cuidado dela esse tempo todo, eu me pergunto se ela sentia tanto a minha falta por que não foi me ver mais vezes.

—Ela adoecia em tristeza profunda todas as vezes que ia, você estava cada vez mais magra, ela perdeu as esperanças quando você não acordava mais.

—Eu estava drogada.

—Como ela poderia saber? Sua mãe não é um monstro, ela te ama muito.

—Eu só queria poder ver ela mais uma vez, como ela deixou a casa nesse estado?

—A Mel pegou todos os horários possíveis no hospital, ela nunca quer voltar aqui, ela sente falta dos seus passos pela casa, ela sente falta de te mandar tomar seus remédios.

—Você sabe muito sobre a minha mãe.

—Acredite ela sabe muito sobre mim também, talvez ela me conheça melhor que o próprio Lucas.

Emilly iria perguntar mais coisas a Liss mas o ambiente calmo foi cortado pelo som do celular de Liss.

—Erika? Sim eu já estou aqui, não, eu preferi passar no shopping antes, isso apenas um adereço para a fantasia, okay nos encontramos no baile.

—Erika é a namorada do Edmundo não é?

—Isso! Ela só queria saber por que eu não cheguei com Lucas.

—Ela deve ser uma víbora assim como Edmundo.

—A Erika? Coitada, não conheço ninguém tão amável, presumo que se não fosse pela Erika o Edmundo continuaria um estupido idiota, você não vai reconhecer o garoto de cabelos de fogo, eu nem sei como ele veio com o pai depois de tudo o que houve.

—Depois de tudo o que houve?

—Victor não te contou? Como eu posso começar?

—Do começo!

—Quando você foi embora Gabriel enlouqueceu comprou quase a cidade toda, ele conheceu a Erika quando tentou comprar a padaria do pai dela, o senhor não queria vender a padaria então Gabriel seduziu a pobre garota iludindo a coitada para que o ajudasse a forçar o próprio pai a vender a padaria, Erika cegou o próprio pai com propostas absurdas, depois que o velho vendeu tudo que tinha Gabriel abandonou Erika que viu seu pai se suicidar depois da falência, ela com quinze anos se viu sozinha sem ninguém para ajudar, foi então que Edmundo a encontrou toda esfarrapada na rua a acolheu como amigo, lhe deu uma moradia no centro e uma pequena padaria para tocar, mas Erika acabou se apaixonando, Edmundo a rejeitou, ele tinha uma mulher em casa, mas Edmundo era infeliz Karyn havia se tornado uma mulher ignorante, amarga que só pensava em dinheiro, Lucas me contou que um dia ele chegou na mansão e encontrou Karyn bêbada estapeando Edmundo que não levantou um dedo contra ela, nesse tempo todo ele nunca transformou Karyn porque temia passar a eternidade ao lado de uma mulher tão mesquinha, quando Karyn descobriu sobre a Erika contou tudo a Gabriel que até o momento se encontrava como líder dos Carmichael graças o sumiço de Victor, Gabriel como mestre ordenou que Karyn teria qualquer poder sobre Erika e que a mesma jamais poderia ser transformada, Edmundo entrou em colapso com as regras de Gabriel, Edmundo tinha direito ao trono tanto quanto Gabriel e em meio a essa guerra Edmundo perdeu Karyn de seu campo de visão, o primeiro lugar a procurar a mulher louca foi na padaria de Erika onde encontrou a mesma esfaqueada sobre o chão da cozinha, Karyn havia usado o sangue de Erika para assinar seu nome no chão branco, Erika morreria sozinha no chão da padaria, Edmundo ficou horrorizado com a monstruosidade que Karyn uma mera humana foi capaz de fazer, ele nem pensou duas vezes antes de transformar Erika, mas isso causou problemas ao trio inseparável, Gabriel ordenou exilio a Edmundo despertando fúria em Rogers que como soberano anulou a ordem de Gabriel, a transformação de Erika causou curiosidade em Richard que acabou descobrindo sobre a linhagem sangue azul de Gabriel e Edmundo que colocaram a vida de Roberta em jogo anos atrás, resumindo Richard, Edmundo e Gabriel não são amigos tornaram se grandes desconhecidos um do outro.

—Eu nem sei o que dizer ou pensar sobre isso, eu estou mesmo horrorizada! — Alertou Emilly estremecendo— Mas e Karyn?

—Ela desapareceu naquele dia, Edmundo a procurou por meses, ele sempre dizia que passaria o resto da vida de Karyn ao lado dela, mas isso se tornou impossível, ela já não era mais a mesma.

—Edmundo poderia ter feito com que ela desaparecesse! —Respondeu Emilly negando a si mesma a verdade.

—Ele jamais faria algo contra ela, ele se sentia culpado pelo monstro que Karyn havia se tornado.

—Eu não entendo, ela sempre foi mais amarga do que eu e a Roberta, mas ao ponto de matar uma pessoa, isso não se encaixa de jeito algum.

—Erika jamais mentiria sobre isso, agora Lucas está chegando a porta poderia ir atende-lo?

—Como você? — Perguntou Emilly segundos antes de ouvir leve batidas à porta.

—Emilly me concede a passagem? —Perguntou Lucas.

—Claro Lucas!

Lucas entrou na casa colocou algumas sacolas na mesa e estendeu dois sacos pretos de veludo no sofá de dois lugares.

—Lis eu trouxe algumas coisas pra que Emilly se alimente durante o dia, Victor ordenou que ela coma um pouco de tudo pois ele não pode vir até aqui, suas maquiagens estão na mochila, deixe me voltar agora antes que notem minha ausência.

—Lucas! —Chamou Emilly.

Lucas olhou para Emilly encontrando a garota com os olhos transbordando em lagrimas que escorriam por seu rosto corado.

—Emilly o que houve? — Assustou se o jovem se aproximando da velha amiga.

—Estou confusa, eu não conheço mais ninguém, se passaram apenas quatro anos e tudo isso mudou, a Karyn tentou matar alguém, Gabriel é louco e o Victor é o príncipe? Que mundo é esse? Tudo é duvidoso! —Choramingou a garota.

—Tudo aqui é incerto a você Emilly, mas só posso te dar uma certeza, eu sempre estarei ao seu lado, jamais te deixarei sozinha novamente, você passou por muito sofrimento, talvez você não precise dessas pessoas, talvez você não precise de mim, mesmo assim eu estarei aqui, me desculpe não poder te passar tudo o que aconteceu aqui, nosso tempo é curto, mas eu prometo que vou esclarecer as coisas quando tudo acabar. —Respondeu Lucas abraçando Emilly.

—Eu senti muito a sua falta!

—Eu enlouqueci quando te perdi, mas agora estamos aqui novamente. —Sorriu ele— Agora eu preciso ir, pego as duas as dez pode ser?

—Claro! —Respondeu Emilly esfregando os olhos assim que soltou os braços de Lucas.

—Emilly, guarde muito bem o que eu vou lhe dizer, querida você não precisa de ninguém nem de Victor, nem de Gabriel, nem dos seus amigos, você só precisa confiar em você mesma e manter sua essência viva.

—Isso é ainda mais confuso! —Alertou Emilly.

—Na hora certa você vai entender! —Respondeu Lucas beijando a testa da garota.

Assim que Lucas saiu Liss começou a retirar os alimentos das sacolas.

—Emilly por que você não vai tomar um banho vou preparar algo para você.

—Minhas coisas estão todas vencidas!

—Na minha mochila tem uns produtos de higiene, fique à vontade em usar.

Emilly pegou tudo que precisava e seguiu até seu banheiro onde jogou todas as coisas no lixo.

Já fazia muito tempo desde que a agua que caia daquele chuveiro molhava o corpo sofrido da heroína, sua mente estava sendo invadida por uma nostalgia grande, todas as lembranças agora estavam tão distantes, quase como eu um livro esquecido no fundo da biblioteca. A jovem sabia que teria que se manter forte a frente de Gabriel, talvez fosse cedo demais para investir em Victor, mas a mesma nunca imaginou que poderia encontrar Gabriel mais uma vez.

“Por que me pediu em casamento se nem iria me transformar, quem era você e quem você é agora?” —Refletiu a garota.

Emilly não tentou cessar as lagrimas que estavam presas em seu interior durante longos quatro anos, a dor que dilacerava seu peito era mais forte do que qualquer substancia injetada em seu corpo durante seus anos cinzentos.

Assim que Emilly saiu do banheiro não resistiu em olhar seu celular, havia muitas mensagens de Roberta, milhares de mensagens durante os quatro anos, enfim Emilly tomou coragem de ler as mensagens de Gabriel.

“Volta pra mim” —Havia centenas delas.

“Me perdoe” —Outras centenas.

“Eu achei que você fosse diferente das outras, mas nunca passou de uma vadia!” —Algumas dessas estavam perdidas entre as outras pedindo perdão ele poderia ter mandado em momento de fúria.

Depois de não obter respostas Gabriel deveria ter desistido, isso não aconteceu, ele passou enviar três mensagens por ano.

“Feliz ano novo”

“Feliz Aniversário”

“Feliz Natal!”

A última mensagem havia sido mandada a um ano e meio atrás.

“Sinto sua falta, te amo e sempre te amarei Emilly”

—Maldito seja você Gabriel! —Gritou Emilly ao arremessar o celular.

—Emilly o que houve? —Assustou se Liss aparecendo desesperada no quarto.

—Estou muito confusa, eu não quero isso, ele me enganou em cada suspiro!

—Vamos querida eu preparei um chá com pão e queijo pra você.

Emilly nada respondeu a Liss apenas caminhou até a cozinha se assustando ao ver que em tão pouco tempo Liss havia limpado a casa toda.

Havia algo muito familiar em Liss, não apenas em sua aparência ou em sua voz, mas até mesmo o modo em que o queijo havia sido colocado na fatia de pão, Emilly sabia que já tinha provado algo assim, mas por algum motivo não conseguia se lembrar de nada.

—Você sofreu muito com eles não é mesmo? —Perguntou Liss completando a xicara de chá de Emilly.

—Um pouco!

—Então erga a cabeça querida e vá a essa festa para dissipar suas dúvidas e dizimar suas magoas, ninguém tem direito de te deixar tão triste e pelo que vejo você guardou isso pra você por muito tempo é hora de liberar essa tristeza Emilly.

Emilly tentou segurar as lagrimas, mas elas não paravam o nó havia se desfeito e seu peito clamava por desabafo.

—Eu ainda o amo! —Resmungou Emilly. —Mas eu amo o Gabriel que nunca existiu, o que me confunde é que de alguma forma eu também amo o Victor e estou dividida.

—Você só vai saber o que realmente sente quando o encontrar Emilly, e sobre Victor pode ser apenas gratidão.

—Não é gratidão Liss, eu amo o Victor, mas ao mesmo tempo me sinto presa ao antigo Gabriel.

—Hoje você vai encarar seu presente e seu passado Emilly, talvez depois de tudo isso você encontre uma resposta pra tanta tortura.

—E se meu coração escolher o Gabriel e ele for um tremendo idiota como está parecendo? Não há possibilidade de voltarmos ele agora tem a Tiffa.

—Se ele te ama ele vai dar um jeito.

—Mas e Victor?

—Victor tem que entender Emilly.

—Não quero pensar nisso.

—Certo que tal começarmos arrumar o seu cabelo? —Perguntou Liss animada.

—Eu não quero prendê-lo ele pesa muito.

—Eu jamais prenderia um cabelo tão bonito podemos apenas dar uma leve ondulada para ele pegar vida.

—Eu não quero parecer um leão.

—Está me subestimando Emilly. —Respondeu Liss dividindo o longo cabelo de Emilly.

Emilly ajudou Liss a se arrumar, demorou um pouco até que o cabelo de Emilly ficasse perfeito. Liss cuidadosamente maquiou Emilly em seguida colocou uma máscara com purpurina preta. Enquanto Liss teve o cabelo preso em um coque alto completando seu rosto com uma máscara preta com roxo.

Assim que Liss abriu os grande sacos Emilly se espantou ao ver dois vestidos belíssimos.

O vestido menos chamativo era roxo Emilly optou por ele, mas Liss foi logo avisando que o roxo era par com a marcara dela restando para Emilly apenas o vestido preto e vermelho.

—Podemos trocar de mascaras Liss, eu vou me sentir desconfortável.

—Eu até trocaria Emilly mas você é muito mais magra do que eu, sinto muito.

Assim que Emilly sentiu sua derrota colocou o vestido com a ajuda de Liss que explodiu em emoção a hora que viu a heroína completa.

—Você está DI-VI-NA, quase se parece com um anjo!

—Um anjo mortal! —Completou Emilly.

—Não sei qual é a mais linda! —Resmungou Lucas entrando pela porta da sala.

—Pode dizer ela está muito mais linda que eu! —Respondeu Liss sorrindo.

Lucas se aproximou de Emilly fechou uma parte do vestido acima do decote da jovem abotoando com uma pedra de safira protegendo totalmente a visibilidade do pescoço da garota.

—Quer mesmo ir? —Perguntou Lucas.

—Não, mas eu quero ver a Roberta, quero saber como todos estão, mas ao mesmo tempo estou com medo.

—Não há mal algum em sentir medo Emilly, eu estarei cuidando de você.

A cada passo que Emilly trajava para perto da mansão Carmichael seu coração apertava com milhares de lembranças ocupando espaço em sua mente, o portão de ouro maciço continuava intacto parecia ter sido lustrado como nunca. Seu coração disparou ao ver Helena recebendo todas as pessoas, Emilly se misturou ainda mais a multidão quase como uma sombra atrás de Lucas que a olhava e sorria.

—Seja bem vida. —Cumprimentou Helena.

Emilly arregalou os olhos, a emoção era grande demais para seu peito ver Helena e sua face perfeita, ao contrário de Victor e Lucas Helena havia mudado um pouco, o anjo imortal agora tinha os cabelos de ouro mais longos encaracolados.

Helena levantou os olhos para ver a convidada, seus olhos de boneca reconheceram os de Emilly rapidamente, antes de Emilly pudesse fugir a loira cercou seu braço com seus dedos longos extremamente quentes.

—Ela está comigo! —Impediu Lucas.

Helena não deu ouvidos a Lucas, abraçou Emilly desesperadamente desaparecendo em milhares de partículas reaparecendo em uma parte deserta da mansão.

—Você está viva! —Alegrou se Helena.

—O que te fez pensar que eu estivesse morta?

—Você desapareceu sem deixar rastros, Victor assumiu a culpa pelo seu desaparecimento.

—Ele fez isso?

—Sim, não faz muito tempo, mas não te encontramos em lugar algum, sua mãe não nos respondia estava sempre muito abatida, Gabriel estava louco ele acabou com toda a união da família, e quando Victor disse que o que houve com você era culpa dele, todos desmoronamos, Gabriel o espancou e ele nem Lucas moveram um dedo provando que o que houve com você era muito sério, quando Lucas abandonou Victor ai sim percebemos que Victor havia perdido o reinado, então sua presença tornou se rara e um dia ele simplesmente desapareceu e foi assim por dois anos.

—Lucas e Victor brigaram?

—Ninguém entendeu muito bem, lembro que me levantei com os barulhos, os outros já estavam na sala, Victor estava ao chão com uma expressão triste e Lucas estava arqueado em cima de Victor puxando seu colarinho, ele gritava muito enquanto chorava, ele se levantou deixou Victor ao chão e foi embora, faz dois meses desde que ele voltou trazendo consigo a mulher e hoje Victor voltou e você também, que porcaria está acontecendo aqui Emilly?

—Estou tão confusa quanto você, nem mesmo entendo por que Victor disse que o que houve comigo era culpa dele.

—Sua presença aqui vai causar muito tumulto.

—Eu não quero que saibam que eu estou aqui.

—Então por que veio?

—Victor insistiu muito para que eu viesse!

—Victor? Você e Victor?

—Mais ou menos, nem seu sei ao certo como nos tornamos assim.

—Nesse tempo todo ele sabia onde você estava? —Perguntou Helena ainda mais confusa.

—Sim Helena, eu estive com ela esse tempo todo! —Respondeu Victor aparecendo do canto mais obscuro.

Emilly percebeu que aquele Victor trazia a mesma expressão fria de quatro anos atrás.

—Por que mentiu sobre ela?

—Eu não menti sobre nada, agora só te dou um aviso se tornar a pega-la pelo braço mais uma vez serei obrigado a cortar sua mão.

—Victor! —Assustou se Emilly.

—Você está agindo como se ela fosse... —Estremeceu Helena —Oh Victor você não fez isso, não me diga que escrevia sobre isso em seus diários por isso nunca me deixou ler.

—Tem segredos Helena que é um perigo para si próprio eu não poderia envolve-la nisso.

—Sobre o que estão falando?

—Você vai saber em breve querida. — Respondeu Victor tomando as mãos de Emilly agora com um olhar triste.

—Victor. —Resmungou Emilly.

Victor abraçou Emilly aparecendo em seus aposentos, Emilly tentou soltar se para poder encara-lo, mas Victor a apertou ainda mais forte.

—Me perdoe por tudo querida. —Pediu Victor com a voz tremula.

—Victor por que está chorando? —Perguntou Emilly ao encontrar suas esmeraldas transbordando.

—Me perdoe Emilly.

—Você não precisa do meu perdão Victor, o que está acontecendo?

—Eu fiz uma coisa errada.

—O que houve?

Antes que Victor pudesse contar algo a Emilly soaram leves batidas à porta.

—Tio Victor o senhor está ai? —Chamou a voz familiar.

—Edmundo! —Sussurrou Emilly.

—Sim Edmundo? —Perguntou Victor sem abrir a porta fazendo sinal para que Emilly se mantivesse em silêncio.

—Meu pai quer ver o senhor.

—Espere um instante eu já saio. — Respondeu Victor enquanto desabotoava a roupa de época.

—O que está fazendo? —Perguntou Emilly quase sem som.

—Quero que tome meu sangue não poderei fazer isso mais tarde.

—Eu estou bem.

—Mas pode não estar bem mais tarde e eu não quero arriscar. —Respondeu Victor ainda muito triste— Vamos morda.

—Morder? —Assustou se Emilly.

—O ferimento dessa manhã ainda não cicatrizou por completo você consegue— Respondeu Victor sentando se ao chão.

Emilly se ajoelhou a frente de Victor desabotoando um pouco mais a camisa do anjo de porcelana.

—Você vai sentir dor? —Perguntou Emilly.

—Provavelmente, na verdade eu não posso ser concreto sobre essa resposta já que nunca ninguém me mordeu. —Respondeu Victor sorrindo— Vamos seja rápida meu irmão me espera.

Emilly se aproximou da pele extremamente branca, encontrou um pequeno sinal sobre o pescoço de Victor, delicadamente sua língua contornou o pequeno risco antes que seus dentes rompessem a pele com muita dificuldade.

Victor agarrou a roupa de Emilly assim que sentiu os dentes da humana ferir sua pele, agora ele sabia que tal ato tinha uma dor cruel e ao mesmo tempo agradável.

Emilly sentiu a boca transbordar em sangue escorrer pela sua garganta, seu corpo não permitia que a mesma parasse com o ato, Victor a afastou.

—Já é o suficiente meu amor.

Emilly entrou em delírio quando sentiu o sangue de Victor correr por seu interior, ela estava nessa mesma mansão tudo estava manchado com seu próprio sangue até mesmo a pequena menina desesperada em prantos puxando a barra de sua saia enquanto um homem loiro de olhos azuis perfurava seu coração, acima do ombro do homem havia um espelho Emilly apertou os olhos para poder ver seu próprio reflexo, mas encontrou o reflexo de Clarisse.

—Emilly eu preciso ir. —Alertou Victor trazendo a garota para sua realidade — Eu não vou conseguir cicatrizar isso tão rápido será que poderia me emprestar seu sangue?

—Meu sangue? —Perguntou Emilly oscilando entre realidade e delírio.

Victor pegou o dedo indicador da jovem e perfurou com sua própria unha forçando a atenção de Emilly para a realidade, Victor apertou o dedo de Emilly forçando o sangue a sair, em seguida passou o dedo sobre seu próprio ferimento fazendo com que o mesmo se juntasse com o som de algo começando a queimar.

Emilly não entendia direito em qual realidade estava, percebeu o momento em que Victor cercou seu rosto encostando os lábios nos seus, por mais que Emilly estivesse perdida em lembranças que não eram suas o beijo de Victor foi correspondido como se fosse o último, todo o amor que havia em seu peito estava gritando e foi naquele momento em que percebeu que daria sua própria vida por Victor.

Victor acariciou o rosto da amada entregando um leve beijo na testa, Emilly tentou impedir sua saída, mas o mesmo sorriu e se dividiu em milhares de partículas.

Assim que Emilly conseguiu recuperar o controle de seus movimentos se levantou e caminhou para fora do quarto, sua memória continuava bagunçada fazendo com que a mesma se perdesse, suas pernas amoleceram fazendo com que seus joelhos encontrassem o chão.

—Ei você está bem? —Perguntou uma jovem um pouco mais nova que Emilly —Vejo que bebeu mais da conta foi?

Emilly olhou a garota tentando saber se ela era de sua realidade ou da memória que não a pertencia, a garota a sua frente passava a inocência nos olhos escuros ela era uma criatura como todas ali presente, mas era a que mais se parecia com uma humana, a jovem era alta de corpo escultural dos cabelos negros encaracolados sua pele cor de pinhão reluzia, certamente era o ser mais bonito do local.

—Você é humana! —Assustou se a jovem —Você tem que ir embora garota!

Emilly não conseguia responder a mulata do sorriso encantador, não conseguia dizer o quanto estava agradecida em ter sido levantada.

—Mas pelas suas vestimentas você é a acompanhante do mestre Victor, menina fuja disso tudo, quando se tornar um de nós vai perceber que estamos no inferno abitado apenas por demônios.

—Não diga isso! —Respondeu Emilly com muito sacrifício. — Eu os conheço a muito tempo e eles não são o que está dizendo.

—Não seja boba não se iluda com os Carmichael, são todos sedentos de poder.

—Eu não conheço você, mas certamente não estamos falando dos mesmos Carmichael, agora será que poderia me levar para o salão onde todos se encontram.

Emilly encarou os olhos negros da mulata a sua frente.

—Você se parece um pouco com a amiga da Roberta.

Emilly sentiu uma dor forte em seu peito ao lembrar do sorriso da amiga e sua mente tornou a vagar entre realidade e alucinação.

—Garota por favor me leve com os outros preciso de rostos familiares. —Gemeu Emilly.

—Erika!

Emilly olhou uma vez mais para Erika, no fundo queria odiá-la por causar dor a sua amiga, mas esse sentimento não poderia existir a respeito de uma pessoa com um sorriso tão delicado.

—Você é a esposa de Edmundo.

—Esposa não sei, mas estamos juntos! Você o conhece?

—Sim.

—Marrentinho dos cabelos de fogo!

—Desculpe mas acho seu marido um pouco arrogante e metido!

—Então você só conhece ele superficialmente, ele não é assim, apenas tem essa pose por temer o pai, mas creio que você não queira saber disso não é mesmo venha pode se apoiar em meu braço.

—O que houve com a Karyn? —Perguntou Emilly segurando no braço de Erika e caminhando.

—Não sabemos e eu realmente me sinto culpada por tudo que causei a ela, as vezes penso que sou um monstro, mas eu te juro que nunca tive nada com o Edmundo, não antes de conviver com ele, antes disso éramos apenas amigos. —Respondeu a garota envergonhada.

—Não estou te cobrando nada!

A garota nada respondeu apenas continuou caminhando com Emilly até o grande arco dando passagem ao salão de festas do Carmichael.

Como de costume esse era mais um baile de luxo da família Carmichael, o salão completamente cheio de pessoas ou melhor dizendo demônios em corpos humanos, a música que soava era a top do momento com a letra repleta por melancolia e luxuria o que caia perfeito como uma luva com os donos do local.

—Vamos reencontre seus amigos... E-MI-LLY! —Soletrou Erika desaparecendo no ar.

“Droga como ela pode saber sobre mim se nem me conhece?” —Pensou a heroína.

A mente de Emilly ainda vagava por épocas diferentes a cada batida da música as pessoas desapareciam e retornavam em segundos causando um enorme desconforto a Emilly, a música alta só dificultava ainda mais o desaparecimento da alucinação.

Emilly continuou parada a entrada do salão com as mãos no ouvido, a música se misturava com sons ecoando em sua cabeça, frases confusas e sem sentido.

“Mamãe”

“Quando morrermos viramos estrela?”

“Estaremos sempre juntos meu amor”

“A eternidade se torna curta quando se trata de nós dois”

“A sua essência querida”

Emilly estava confusa demais com as vozes ecoando todas juntas, a única a soar era a de Victor, o que se tornava impossível já que o mesmo jamais havia lhe dito qualquer uma delas.

O suor começou a escorrer pela testa de Emilly, talvez a loucura também fosse um indicio de sua doença.

—A senhorita se sente bem? —Se aproximou alguém.

Emilly olhou para a pessoa que havia se aproximado, seus olhos encontraram um casal, o rapaz loiro de azuis parecia preocupado com ele havia uma garota um pouco mais baixa que Emilly seu rosto era familiar, a garota ao contrário do rapaz estava horrorizada sua expressão era confusa tanto quanto a de Emilly seus olhos estavam arregalados e sua boca entre aberta. Emilly não conseguia responder o rapaz a palavra “mamãe” ecoava desesperadamente em sua cabeça bagunçada causando novamente alucinações novamente sua visão voltava as lembranças que não eram suas, com a batida da música o casal não desaparecia como os outros convidados eles apenas se transformavam nas crianças que corriam em um corredor em uma de suas últimas alucinações em Paris. Emilly nem reparou o momento em que sua mão levantou se em direção a garota tentando toca-la, as lagrimas cortavam sua face quebrando sobre o chão ao pronunciar um nome.

—Alice! —Sussurrou Emilly.

A garota a frente de Emilly estremeceu tornando sua pele ainda mais pálida do que estava desmaiando nos braços do rapaz em sua companhia.

Emilly confusa com a cena correu em direção a multidão, tapando os ouvidos tentando abafar a música cada vez mais alta, seu coração apertou ao encontrar o rosto familiar de Roberta em meio à multidão, seu extinto fez com que se aproximasse da amiga antes que pudesse tocar o ombro da mesma recuou a própria mão ao ver Tiffa ao lado de Roberta conversando como grandes amigas, os olhos de Tiffa encontraram os de Emilly causando novamente o aperto no peito de Emilly tornando oscilar as memorias intrusas, por mais que apertasse as mãos sobre os ouvidos à musica continuava a envenenando sua alma, a garota nem percebeu que estava se contorcendo e atraindo olhares, assim que conseguiu tomar o controle de seus pés Emilly deu meia volta com os olhos fechados tentando impedir as lagrimas ainda com as mãos tapando os ouvidos a jovem forçou seus pés a correr se chocando com algo, mais precisamente alguém a sua frente, assim que tomou o choque toda a alucinação e a dor se dissipou dando espaço ao alivio em seu coração.

Percebendo que a música nem estava tão alta Emilly soltou suas mãos dos ouvidos mantendo as pressionadas sobre algo a sua frente, demorou alguns segundos para Emilly perceber que se tratava do peito de alguém, só identificou os botões pretos no terno grafite. Sua reação de imediata não foi recuar, já havia sentido aquele perfume antes, assim que tomou distância e coragem para encarar a pessoa Emilly estremeceu, ele estava ali tão perto como já esteve a quatro anos atrás seus cabelos estavam mais claros em um tom de loiro escuro, havia se tornado um homem realmente digno do brasão Carmichael, mas seus olhos de cristais continuavam os mesmos, ele não estava de máscara como todos presente no baile e mesmo se estivesse Emilly teria reconhecido Gabriel a milhas de distância.

Emilly sentiu se protegida por estar mascarada e Gabriel não parecia ter reconhecido a mesma já que sua expressão continuava fria o que tranquilizou seu coração que parecia estar na garganta, no fundo ela desejava ouvir a voz que havia esquecido a muito tempo, percebendo a roda que havia se formado a sua volta Emilly envergonhada forçou sua fuga virando novamente em direção de Roberta que a fitava, antes que pudesse correr em direção a amiga sentiu Gabriel puxar seu punho forçando contato como fazia antigamente, assim que seus olhos se encontraram novamente Gabriel agarrou a marcara de Emilly jogando a no chão.

—Quantas vezes preciso dizer que odeio que dê as costas a mim? —Disse Gabriel puxando o punho de Emilly para trás de seu próprio corpo enquanto a outra mão segurava sua nuca.

A voz de Gabriel embriagou Emilly que sentiu seu coração explodir, o beijo poderia ser recusado, mas Emilly não queria isso, fazia muito tempo desde que o gosto de Gabriel havia deixado os lábios de Emilly, aquilo era loucura afinal ela sabia que Victor estava observando tudo podia sentir as esmeraldas em sua direção.

—Eu não sou uma de suas vadias! —Resmungou Emilly assim que pode respirar— Eu nunca fui.

—Jamais! —Corrigiu Gabriel sem notar que a música havia desaparecido— Você jamais foi uma.

—Não foi o que você disse a quatro anos!

Gabriel fixou os olhos atrás de Emilly, Victor estava apenas esperando uma reação e não demorou para Gabriel alcançar seu colarinho.

—Mentiroso desgraçado! —Gritou Gabriel com o mesmo temperamento esquentado de sempre.

—Retire as mãos do mestre Gabriel! —Gritou Lucas em tom de ordem aparecendo ao lado de Victor.

—Você disse que ela havia morrido desgraçado! —Gritou Gabriel.

—Eu nunca disse isso, eu apenas disse que tudo o que havia acontecido com ela era culpa minha e eu não menti sobre isso.

—O que quer dizer com isso Victor? —Perguntou Emilly confusa.

—Eu posso te contar tudo Emilly. —Respondeu Miguel aparecendo ao lado direito da garota— Ou devo dizer Clarisse?

—Clarisse? —Assustou se Emilly.

Todos presentes estremeceram perante a presença de Miguel inclusive Emilly ao encara-lo.

Miguel segurou estupidamente o queixo de Emilly causando raiva em Victor, Gabriel e Lucas.

—O que foi os três estão disputando a donzela? —Sorriu Miguel de forma maligna— Como teve coragem de fazer isso com essa pobre criaturinha?

—Do que você está falando? —Resmungou Emilly aflita.

—O que foi querida você não se lembra? —Continuou Miguel— Eu vou te ajudar!

Miguel esticou um pedaço de sua língua fazendo um pequeno risco com seu polegar deixando o sangue escorrer.

—Vamos não seja tímida você adorava meus beijos. —Gargalhou Miguel ao ver o desespero de Emilly.

Victor não aguentou a cena e partiu para cima de Miguel, Gabriel o seguiria mas Lucas o impediu.

—O que está fazendo cachorro idiota?

—Gabriel esse é Miguel irmão de Victor, seu pai, você não deve ir contra as leis dele.

—Está louco? Meu pai está morto!

—Ele nunca foi morto, apenas exilado pelo pecado contra as leis de Rogers.

Rogers o grande mestre dos três reis apareceu a frente de Victor, seus cabelos vermelhos queimavam como fogo combinando perfeitamente com seus olhos cor de sangue flamejante.

—Você fez isso Victor? —Perguntou o homem com a voz tão maligna e sombria quanto a do irmão do meio.

Victor não conseguiu responder o irmão, Rogers sem obter resposta olhou para Miguel autorizando que continuasse a tortura.

Emilly tentou se soltar, mas Miguel era tão forte quanto rocha. Miguel sorrindo de forma macabra entre abriu os lábios de Emilly a força com sua língua envenenada, a jovem relutou a todo custo se soltar do demônio que a derrubou no chão a imobilizando com seu próprio peso.

Assim que o sangue apodrecido desceu pela sua garganta sentiu um sino estourar em seu peito as lembranças que não eram suas agora faziam sentido as crianças correndo de um lado para o outro Nathanael e Gabriel sempre brigando sendo apartados por Alice que acabava chorando sendo amparada pelo gêmeo Alex, o sorriso de Victor toda vez que a via, mas as memorias ruins começaram, pilhas de corpos o homem loiro de terno branco todo manchado de sangue, o nascimento de Nathanael e Gabriel, Alice na barra da saia da mãe gritando desesperada enquanto um homem loiro rasgava seu coração o mesmo homem loiro que estava acima de seu corpo, Miguel o homem que destruiu a vida de sua amiga Mellody que destruiu a vida da pequena Clara.

—Maldito seja Você Miguel Carmichael. —Respondeu Emilly acertando um tapa no rosto de Miguel com um tapa.

Miguel estremeceu em um rugido, mataria Emilly ali mesmo, mas foi surpreendido por Gabriel jogar lhe longe.

—Garoto idiota! —Gritou Miguel estremecendo em ódio profundo—Karyn querida.

Todos presentes se espantaram com Karyn aparecer na sombra do homem, Emilly chorou ao perceber que a amiga já não era mais humana e que agora trazia consigo uma aparência insana, Miguel havia enlouquecido Karyn.

Karyn retirou de seu manto uma pequena adaga com escritas em latim, Miguel estendeu o braço direito e a mesma cortou a pele grossa do demônio manchando a adaga prata com seu sangue imundo.

—Seu pai não te contou que não somos imortais meu querido? E que para matar um impuro basta arrancar o coração, que para matar um nascido demônio basta manchar o instrumento com sangue de um mestre? —Começou Miguel tomando a adaga das mãos tremulas de sua boneca. —Adeus garoto!

Miguel Correu em direção de Gabriel que se manteve em pé protegendo Emilly que estava atrás desesperada.

Emilly sentiu seu coração agonizar perderia o amor de sua vida ali mesmo, o filme de sua vida passou perante seus olhos, lembrou se de Gabriel na biblioteca e a primeira troca de olhares com seu anjo, pode ver Gabriel mais uma vez por seu telescópio e a forma que ele a encarava de sua janela, as trocas de mensagens, o Gabriel que a segurou quando quase caiu do muro tentando invadir a mansão, o Gabriel aflito em perde-la, o Gabriel protetor.

“Pra onde aquele Gabriel foi?” —Refletiu ela erguendo os olhos desesperada encontrando Gabriel a fitando enquanto sorria por cima do próprio ombro.

—Eu ainda te amo, chaveiro! —Resmungou Gabriel segundos antes de arregalar os olhos com impacto da adaga atingir o peito jogando sangue em seu rosto e no chão a sua volta.

Emilly sentiu seu coração se esmagar no momento em que os vestígios de sangue apareceram em seu vestido, as pessoas estavam horrorizadas Tiffa e Roberta gritaram em prantos, as lagrimas desabaram, a certeza que teria que encontrar havia acabado de aparecer, Clarisse amava Victor, Emilly sempre amou unicamente Gabriel.

—Ele, é seu filho, Miguel. —Resmungou a voz familiar com muita dificuldade.

Tudo pareceu distante a Emilly que só entendeu o que havia acontecido quando Gabriel deu dois passos para trás caindo sentado ao chão com muito sangue em sua roupa, com um corpo em seu colo.

—Helena! —Gritou Emilly se ajoelhando ao lado da amiga— Meu Deus Helena.

—Emilly —Sorriu Helena.

Emilly começou a chorar desesperadamente, apesar de tudo foi Helena quem a ajudou com Gabriel, foi Helena que a ajudou quando suas amigas não lhe davam ouvidos.

—Por que Helena? —Perguntou Gabriel.

—Clarisse era minha melhor amiga, mas ela nunca deveria ter confiado em mim, aquele idiota que me golpeou traia ela comigo —Começou Helena com muita dificuldade— Eu invejava tudo que ela tinha, depois que ela se foi me assumi tentei roubar o Victor pra mim, falhei ele nunca esqueceu ela, sempre vai ser ela a ocupar o coração dele, eu vi você crescer Gabriel, me apaixonei de verdade—Agora Helena chorava— Eu me apaixonei pela primeira vez em minha vida, eu estava cansada de ser a segunda opção, Não foi difícil tirar a Tiffa do caminho afinal ela era como eu, uma vadia, mas ai apareceu a Emilly— Continuou Helena olhando para Emilly enquanto a mesma segurava sua mão— No começo eu queria o seu mal, queria te tirar do caminho dele, você era persistente uma pedra no meu caminho, mas eu nunca consegui te odiar, no fim acabei percebendo que você me via como sua amiga, mas dessa vez eu também te via como minha amiga, e foi por você que desisti dele Emilly, agora a pouco quando eu te vi bem na minha frente aquilo foi um sonho, eu desmoronei quando achamos que você tinha morrido, te ver viva me fez entender que a sua história com Gabriel não havia acabado e que todo esse tempo eu estive certa sobre você, você é minha amiga, minha única amiga.

—Você é a minha melhor amiga Helena. —Respondeu Emilly desesperada.

—Adeus pequena. —Despediu se Helena começando a brilhar como uma estrela.

—Adeus Helena. —Gritou Emilly caindo nos braços de Gabriel assim que Helena explodiu em milhões de partículas brilhantes.

—Quando morremos viramos estrelas? —Perguntou Gabriel.

Emilly sabia que ele havia perguntado isso a Clarisse quando ainda era uma pequena criança.

—O espetáculo acabou vamos continuar. —Começou Rogers pegando Emilly pelo braço aparecendo ao lado de Victor e Miguel. —Irmão responda você implantou a essência de Clarisse nessa garota?

—Sim. —Assumiu Victor.

—Essência? —Perguntou Emilly ainda confusa.

—Me perdoe Emilly —Começou Victor — Há mais ou menos vinte e três anos atrás João Lucas procurou Clarisse contando estar doente e que precisava de ajuda pois sua doença era hereditária e sua namorada estava gravida e provavelmente a criança nasceria com o mesmo problema, ele pediu ajuda pela filha, como isso é proibido eu e Clarisse decidimos manter em segredo, nós o transformamos com a intenção de quando a criança apresentasse os sinais da doença nós matarmos o pai e darmos a essência a filha afim de salva-la, mas então a Clarisse foi tirada de mim, eu me vi sozinho, eu estava confuso, o egoísmo falou mais alto eu não poderia deixa-la partir assim, com o consentimento do João Lucas eu retirei a essência dela e implantei na criança, a essência não é nada mais do que a qualidade do ser, nunca imaginei que na verdade ela fosse como a alma do ser humano, era pra essa criança crescer apenas bondosa e generosa como a Clarisse, mas quando notei que os defeitos também foram herdados eu me afastei, quando voltamos para cidade eu não imaginei que ela estaria tão perto, eu só soube o que havia feito quando nos aproximamos pela primeira vez, eu vi Clarisse, tentei ao máximo negar isso a mim mesmo, mas a verdade está ai.

—Meu Pai se chamava João Lucas? Lucas?

Victor olhou assustado para Emilly, não percebeu que havia dito o nome do pai da mesma, o que deveria ter sido mantido em segredo.

—Lucas? —Resmungou Emilly olhando Lucas com olhar amedrontado.

—Não o culpe ele não sabia que era você e muito menos que o nome da filha dele era Emilly.

Emilly percebeu que Lucas estava abraçado a Lis e que a mesma estava em prantos e no fundo aquela cena a enjoava, enquanto sua mãe sofria horrores pela partida de seu pai ele estava ali tão perto agarrado com uma mulher qualquer.

—A família já se encontrou que bonito! —Disse Miguel batendo palmas— Voltando a sentença, Victor querido irmão assim como você me tirou tudo eu quero tudo o que lhe pertence e ter a sua mulher não me agrada, e como dois corpos não ocupam o mesmo espaço teremos que apagar Emilly. —Tagarelou Miguel— Oh é mesmo você ainda não explicou isso a ela, querida Emilly para Clarisse retornar você teria que enlouquecer ou morrer para dar espaço a ela, mas a verdade é que corre o risco dela nunca voltar, esse inútil nunca te deixou morrer com medo que sua amada não retornasse e perdesse de vez a essência que existe em você, isso tudo é muito chato e confuso certo? —Continuou Miguel— Mas a verdade é que nada disso me interessa, eu não ligo para nada disso, na verdade Emilly eu até gostei de você quando nos encontramos no jardim da Clarisse o problema é que eu não posso ter pena de você, Victor pode perder tudo até a própria vida que ele não se importaria então Emilly a sentença dele é a sua, MORTE! — Gritou Miguel enfiando a adaga que ainda estava em seu poder bem no peito de Emilly rasgando o tecido frágil de seu coração.

Todos presentes entraram em estado de choque, Rogers soltou Emilly que desmoronou caindo nos braços do anjo de olhos verdes antes que seu corpo batesse ao chão.

Victor rapidamente rasgou o próprio punho.

—Irmão, mais uma coisa, se salvar ela estará infringindo a minha lei e terá como pena a sua morte. —Sorriu Miguel lambendo a adaga com sangue de Emilly e Helena.

—Rogers por favor irmão o que você decidir. —Implorou Victor.

—Anulo sua lei Miguel, quando Victor te destronou ele não te matou, então Victor se você transforma-la, você será exilado dos Carmichael de total ou parcial reinado, a garota pertencerá a minha linhagem junto com seu filho Miguel.

—O que eu tenho á ver com isso?

—Tramou tudo pelas costas do teu Senhor! —Gritou Rogers— Decida Victor.

Emilly percebeu que sua visão estava se apagando, estava difícil respirar, a dor nem a incomodava mais, seus ouvidos não conseguiam captar nada que estavam dizendo, seu coração estava parando mais uma vez.

—Clarisse meu amor eu te amo muito, sempre te amarei! —Resmungou Victor próximo ao ouvido de Emilly.

Emilly ouviu a despedida de Victor quase podia ver as lagrimas que o anjo derrubava.

“Sempre te amarei Victor” — Ecoou a voz no interior da jovem adulta.

Emilly fechou seus olhos para o mundo quando Clarisse se despediu, estava tudo muito escuro, parecia um sonho, Emilly estava com um vestido branco na altura do joelho seus pés descalços pisavam na agua que marcava até seu tornozelo, o medo tomou conta de seu corpo.

“Eu morri? Não acredito que estou morta, vá a merda vida!” —Pensou a jovem desesperada começando a chorar— “Não pode ser, eu não posso ter morrido assim, eu quero viver, quero ver minha mãe, Lucas que agora é meu pai, Gabriel! Não é justo, Deus não me deixa morrer assim”

—Emilly? —Chamou uma voz familiar.

Emilly virou se de encontro com a voz, ela estava ali pálida com os longos cabelos negros extremamente molhados assim como seu vestido branco.

—Clarisse?

—Achei que não iria me reconhecer. —Sorriu Clarisse tremendo de frio.

Clarisse continuava linda como a pintura no quarto de Victor, mas sua aparência era abatida doentia, seus lábios não tinham vida, seus olhos opacos eram contornados por olheiras escuras, parecia ter chorado por séculos.

—Você está bem? —Perguntou Emilly se aproximando de Clarisse.

—Fique onde está! —Gritou Clarisse— Se você se aproximar minha existência irá engolir a sua.

—Não foi por isso que Victor te colocou em mim? Foi para que retornasse não foi?

—Não o entenda mal Emilly, imagine o sacrifício de criar os filhos sozinho, nós vivemos bastante tempo juntos é difícil você dormir com a pessoa que ama, fazer planos eternos com ela e um dia do nada ela é tirada de você— Continuou Clarisse começando a chorar— Quando a pessoa é tirada de você, a única coisa que te resta são as lembranças e elas são uma tortura já que são coisas que você jamais poderá fazer novamente na companhia um do outro, eu estava aqui presa a essas lembranças, eu fiquei tanto tempo aqui que me esqueci da voz dele, quando ele apareceu eu precisava de contato nem que fosse apenas um olhar, eu precisava ser você já que o meu corpo ele jamais tomaria novamente, eu só queria poder dizer mais uma vez o quanto eu o amo, mas isso acabou te enlouquecendo, minhas lembranças começaram a cruzar com as suas e as minhas vontades tomaram lugar das suas. —Clarisse agora gritava desesperada enquanto as caiam freneticamente— Isso tudo nunca foi sua vontade Emilly sempre fui eu e o meu egoísmo tentando encontrar uma forma de me comunicar com metade de minha alma que ainda se encontra naquele mundo, eu e Victor somos almas entrelaçadas, mas não é justo com você. —Continuou Clarisse agora olhando para Emilly enquanto lentamente a agua a engolia para baixo— Não se aproxime! —Gritou Clarisse percebendo a aproximação de Emilly— Eu o amo muito, mas não é justo tirar de você o seu amor verdadeiro que não é o Victor Emilly e você sabe disso, no fundo sempre soube, meu amor com Victor já deixou dois tesouros no mundo Alex e Alice.

—Eles estão vivos? —Assustou se Emilly.

—Sim peço que mantenha em segredo, Emilly querida vá e seja feliz eu torço muito por você, vamos corra! — Respondeu Clarisse começando a brilhar

Havia uma luz amarelada saindo de Clarisse iluminando toda a escuridão, seus cabelos agora flutuavam secos enquanto a agua engolia a esfera brilhante Emilly tentou acompanhar seu brilho, de repente uma grande explosão aconteceu fazendo com que Emilly abrisse os olhos no mundo real.

Assim que Emilly abriu os olhos um grito ecoou em suas cordas vocais, a dor era forte demais sem explicação, Victor estava cravando os dentes em seu pescoço, suas presas eram tão venenosas quanto as presas de uma cobra, o segundo grito soou mais forte enquanto lentamente as presar rasgavam tecido por tecido, Emilly se debatia, penetrando nos músculos até chegar na veia ligada no coração, as mordidas que Gabriel já havia feito na garota nem se comparava com aquela, agora Emilly entendia porque Victor nunca relou os dentes em sua pele.

No momento em que Emilly parou de debater-se Victor encheu a boca do sangue que escorria do próprio punho ferido e colocou na boca de Emilly forçando a garota a tomar.

Emilly pensou que a pior parte de uma transformação era a mordida, descobriu que estava errada quando sentiu seu coração pulsar pela primeira vez o sangue fervendo, era como despejar água fervente em seu corpo, cada cicatriz estava se formando enquanto seu corpo se retorcia em uma dor mortal parecendo ser infinita, quando tudo finalmente passou Emilly pode abrir os olhos todos estavam a sua volta esperando uma só palavra.

Os olhos de Victor estavam amedrontados, Emilly sabia o que ele temia e era o que tinha acontecido.

—Eu sinto muito, ela se foi. —Disse Emilly assim que conseguiu controlar sua fala.

Victor como o mestre dos Carmichael deixou a máscara de gesso cair mostrando a todos que sua dor era real.

—Ela te ama muito, você tem que cuidar dos tesouros que deixaram em terra Victor isso é importante pra ela. —Continuou ela.

—E eu irei agora posso fazer isso! —Sorriu ele— Emilly sinto muito por tudo que te causei eu fui um monstro me perdoe.

—Victor você salvou minha vida, não uma vez ou duas, mas muitas vezes, mas você sabe que tudo o que passamos juntos nunca fui eu e você.

—Eu sempre soube— Sorriu Victor— Acho que chegou a hora do Adeus não é mesmo?

Victor abraçou Emilly que podia sentir o coração partido de seu anjo, podia ver em seus olhos verdes que a decepção era gigantesca.

—Mestre eu irei com o senhor!

—Jamais Lucas, eu te tirei sua filha, agora é hora de se tornar pai e proteger a ela, você e sua esposa.

—Mestre...

—Te dou sua liberdade novamente Lucas. —Respondeu Victor se dirigindo para porta do salão —Antes que eu me esqueça Miguel, quando eu retornar minha linhagem te derrubará do trono, maldito rei.

—Estarei ansioso por esse dia querido irmão. —Respondeu Miguel.

—Okay, Carmichael da mansão, os que não querem reinar na mão de Miguel esperem ao lado esquerdo do salão, os que pretendem formar uma nova ordem com Miguel passem para o lado direito.

Para surpresa de Emilly e Gabriel do lado esquerdo junto com Lucas e lis estavam Richard, Roberta, Edmundo e Erika provando que o Trio se formaria novamente.

Rogers era ainda mais louco que Victor reuniu todos os seus súditos presentes na mansão calculando mais de cem pessoas e ordenou que todos fossem ao aeroporto.

—Eu não posso ir assim. —Cismou Emilly.

—Por que? — Perguntou Erika.

—Não posso deixar minha mãe.

—Sua mãe? —Perguntou Roberta confusa— Emi faz muitos anos que não vemos sua mãe.

—O que? —Perguntou Emilly aflita na fila do embarque.

—Vamos Emilly já conversamos sobre isso. —Disse Lucas puxando a garota pelo braço até a parte interna da aero nave.

—Mentirosa! —Gritou Emilly olhando Lis entrar no avião. —Você disse que ia fazer companhia a ela e na verdade ela desapareceu a muito tempo.

—Ela não mentiu, apenas omitiu o fato de que eu ia ver a sua mãe e fazer companhia para ela. —Respondeu Lucas— Eu precisava de notícias suas, sua mãe pensou que eu fosse meu próprio filho, meu amor por ela nunca mudou eu continuo apaixonado.

—Como pode dizer isso estando com essa megera?

—Não seja cruel Emilly.

A discussão se encerrou assim que Lis soltou uma deliciosa gargalhada, despertando a raiva de Emilly que já estava frente a frente com a mulher.

—O que tem tanta graça? —Perguntou Emilly irritada.

—Emi me conte uma coisa, você tem tomado seus remédios nos horários certos? E pela manhã tem tomado um café reforçado, porque eu odeio quando você sai correndo sem se alimentar direito, e me diga querida você ainda usa seu telescópio para “Stalkear” seus vizinhos? —Sorriu Lis deixando lagrimas desenhar sua face perfeita— Me diga Emilly como se chama sua mãe? Vamos dizer o nome dela bem lentamente “Me-LIS-sa”

—Mamãe —Resmungou Emilly deixando as lagrimas caírem enquanto abraçava a mãe sofrida.

—Demorou para perceber filha desnaturada.

—Mas como a senhora está tão nova? —Perguntou Emilly confusa.

—Está me chamando de velha? —Sorriu Lis —Rogers conseguiu me deixar na idade em que engravidei de você e olhe como eu era linda.

Enquanto Lis rodopiava pelo avião Edmundo entrou irritado.

—Como assim o senhor comprou o avião Pai? Vamos colocar ele onde?

—É mesmo Ed vou ligar pro Clovis pra ele comprar o aero porto.

Emilly reparou que aquele Rogers era completamente diferente do que estava no baile, agora ele era gentil e alegre tinha no rosto um sorriso encantador e ao mesmo tempo perturbador.

—Vai sentar ao meu lado?

Gabriel estava sentado na poltrona tentando abrir o terno apertado, Emilly sentou se ao seu lado.

—Este não é o lugar de Tiffa?

—Não, esse é o seu lugar! —Respondeu Gabriel sorrindo— Ninguém ocupa seu lugar chaveiro!

—Todos me falaram o quanto você mudou e se tornou um cara temível e odiado, eu não consigo encontrar esse cara.

—Eu estava em fase de abstinência, confesso que experimentei uma droga muito forte e quando eu não podia mais usufruir isso me destruiu.

—Você usando drogas? —Assustou se Emilly.

—Sim Emilly e essa droga tem um nome, se chama amor, quando você me deixou eu enlouqueci, fiz muita coisa errada, machuquei muitas pessoas, mas fiz isso tentando saciar a dor que estava em meu peito, a dor de não te encontrar em meus braços, a dor de não ver seus olhos muito menos seu sorriso, a dor de não poder ouvir sua voz chamando meu nome. Com o tempo isso apenas piorou percebi que talvez eu nunca mais sentisse sua pele. E quando ele deu a entender que você estava morta ai a porra ficou séria, eu desejei a morte dia após dia.

—Está dizendo que é tudo culpa minha?

—Jamais. É apenas seu efeito colateral.

—Você ainda fala difícil. —Sorriu Emilly.

—Apenas quando estou nervoso.

—Eu te deixo nervoso?

—Muito!

—Por que?

—Eu não sei.

—Por que você nunca me transformou?

—Pelo simples fato de que eu não tinha certeza se eu era mesmo puro, afinal eu te mordi várias vezes e você nunca se transformou, todos acham que eu posso transformar alguém mas a verdade é que nem eu e nem meu irmão podemos, não reparou que eu envelheci um pouco?

—O que isso tem a ver?

—Olhe a sua volta, Roberta, Richard e Edmundo até mesmo Lucas estão paralisados no tempo e eu ainda sim envelheci um pouco. —Respondeu Gabriel despertando a curiosidade de Emilly.

—E por que isso acontece apenas com você e Nathanael?

—Somos híbridos! Filhos de Miguel e uma humana. —Respirou Gabriel— Na noite em que você queria se entregar eu me irritei e acabei te mordendo várias vezes você se lembra? Seu corpo todo.

—Jamais me esqueceria.

—Aquilo foi uma tentativa de te transformar e você poder ficar bem logo, na sopa que você nunca tomou tinha gotas de meu sangue.

—Isso é tudo verdade?

—Eu nunca mentiria para você.

—Por que deixaram Richard transformar a Roberta correndo o risco que a mesma se tornasse outra coisa?

—Bem sobre isso o único que tinha escolha era o Ed que na época era um cara muito idiota como você se lembra.

—Tem muitas outras coisas que quero que me conte, como quando era criança e brincava com os filhos de Victor.

—Isso deveria ser segredo.

—Clarisse me mostrou.

—Teremos muito tempo para colocar as conversas em dia.

Emilly arrastou a conversa com todos os amigos até o novo País onde moraria por um tempo.

Não demorou muito para que Emilly voltasse a sorrir como antigamente, até mesmo Tiffa estava se relacionando bem com a heroína, Roberta mais madura como de costume deu a notícia a todos em breve seria mamãe, Richard ainda em choque precisou do consolo de Edmundo que logo conquistou a amizade do loirinho novamente, Erika tornou se grande amiga de Emilly que ainda assim sentia falta de Karyn.

Emilly amava a sensação do sol entrar pelas cortinas enquanto podia ler um bom romance, espreguiçando na cadeira recordou que já haviam se passado seis meses desde que tudo havia acontecido, seus pensamentos se perdiam tentando encontrar os olhos de esmeralda em algum lugar do mundo, temia por sua segurança, a partida prematura de Helena nunca se fechou em seu peito gostaria muito de ouvir seus conselhos.

—Eu quero ler esse livro chaveiro!

—Em meu quarto tens que bater na porta Gabriel!

A jovem levantou se a encarar Gabriel, esse comportamento intruso provocava uma irritação imensa na jovem.

—Quanto tempo tenho que aguentar? —Perguntou Gabriel entristecido.

—Sobre o que está falando?

—Quero que seja minha novamente. Unicamente e exclusivamente minha!

—Isso é posse demais, não acha?

—Não divido o que é meu.

—Eu não sou sua. —Respondeu Emilly.

—Tem certeza? Se realmente não me quer então me pare eu nunca mais me aproximarei de você. —Respondeu Gabriel se aproximando de Emilly.

Emilly não recuou, sabia da investida Gabriel e ansiava por isso, sentiu o momento em que Gabriel encostou os lábios delicadamente nos seus completando com sua língua aveludada dançando com a sua, era algo magico já que não haviam se tocado depois da transformação de Emilly.

Gabriel puxou a garota pela cintura apertando seu corpo contra o dela, era o mesmo cheiro de anos atrás o mesmo sentimento que sentiu quando percebeu a jovem na biblioteca do colégio com dificuldades para pegar os livros mais altos, era o mesmo sentimento de quase cinco anos atrás, nunca foi desejo, desde o princípio já era amor.

Emilly não relutou quando Gabriel desceu por seu pescoço explorando caminhos que ainda não conhecia.

—Você é homem suficiente para mim? —Perguntou Emilly deitada em sua cama completamente despida.

—Não! —Respondeu Gabriel Olhando fixamente os olhos de Emilly— Nunca serei homem suficiente pra você. Nenhum homem que caminhe sobre essa terra será o teu nível.

—Você é o que mais se aproxima disso!

Gabriel delicadamente se fundiu ao corpo da amada causando a ambos sensações de luxuria, jamais havia tocado alguma mulher com tanto desejo e nunca na vida havia feito amor.

No amanhecer Emilly despertou no peito viril de Gabriel que estranhamente estava adormecido e foi assim olhando o jovem com expressões humanas em sono profundo que entendeu o que Clarisse havia dito, Gabriel era a alma entrelaçada a sua e se alguém o tirasse de seu futuro não suportaria.

Emilly colocou seu roupão e seguiu até a sacada do quarto que dava de frente a um grande jardim, pode ver uma nova amiga sorridente regando as plantas.

—Bom dia Alice! —Gritou Emilly sem se importar se acordaria Gabriel, afinal era sempre uma alegria ver um dos tesouros.

—Bom dia Emilly. Bom dia Gabriel! —Acenou Alice.

—Gabriel que tal termos filhos?

—Ficou louca foi? Acabamos de voltar. —Respondeu Gabriel sorrindo enquanto abraçava a namorada — Quando tivermos nossos filhos quais nomes pretende dar?

—Só tenho um nome ainda.

—E qual é? —Perguntou Gabriel sorrindo.

—Helena.

Fim.


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Notas finais do capítulo

Acabou D: ... Chora não Segredos de Clarisse começara a ser postado amanha :D

Beijos açucarados da tia Jeh Bel ♥



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