Jôh tenta ignorar a pressão nos seus ouvidos, o frio que sentia a leptospirose que podia pegar com aquela água imunda e nadou mais fundo, também tenta ignorar que se declarou para o garoto que gosta.

A garota achava que teria algum monstro espreitando as águas do poço, mas parecia que era só água mesmo, mas alguma coisa ainda dizia a ela que algo iria dar errado.

Quanto mais chegava perto do ponto cintilante mais a pressão aumentava. Ao chegar ao ponto cintilante viu que era apenas uma caixinha de vidro com algo que cintilava violeta, ao tocar na caixinha ela foi transportada para um campo estrelado de estrelas violetas, olhou em volta e gritou:

– Olá! – O som se transformou em eco. – Alguém?! – Eco.

– Menina! – Alguém falou.

Jôh olhou em volta procurando a pessoa que falará.

– Sou eu, sua mãe. – Jôh olhou para o seu, e viu que as estrelas formavam um rosto, que falava.

– Mãe? O que você quer? – Perguntou, curta e grossa. – Eu estou morta?!

– Não, você não está morta. – Respondeu a constelação de Nix. – Temos pouco tempo. Artemis só me permitiu de aparecer assim por poucos minutos.

– Fale, então!

– Vim aqui pedir que não continue com essa missão, pois é suicida e não posso ver minha prole perfeita ser morta. Mas, vá para Miami, lá você encontrará a Senhora, jure lealdade a ela e trabalhe para ela. – Disse Nix em uma voz abismal e ecosa. – Você não serve para ser a boazinha, você adora matar como qualquer filha minha, também o que é esperado da filha da deusa que criou tudo de ruim. – Nix termina.

Seria mentira dizer que Jôh não ficou tentada a fazer o que a mãe Imortal disse, pois seu lado Mal e Bom estavam sempre em luta, e na maioria das vezes o mal sempre ganhava, e era nessas vezes que ela matava... Como gostava de matar. Sentia prazer em ver o sofrimento, sentia-se uma deusa quando via que era tão fácil acabar com uma vida tão frágil e, além do mais se sentia a pessoa mais feliz do mundo. Mas tinha aquela parte de si que dizia que isso era ruim, uma parte de si que dizia que não devia ficar feliz com o sofrimento de outras pessoas e sim triste. Também tinha ele que era sua força quando não tinha mais nenhuma era sua luz no fim do túnel e todas essas outras coisas melosas.

– Não posso deixar meus amigos. – Respondo me sentido a tentação um pouco menor.

– São apenas pessoas; descartáveis. – Nix não se dá por vencida. – Não se lembra como eles ficaram quando você matou a primeira vez, abismado e quase te deixaram. Não te querem mais, e vão te matar na primeira oportunidade!

Jôh demora um pouco para responder, pois era meia verdade, mas lembra de algo.

– Mas... Mas, ele... – Tenta dizer, mas foi interrompida pela sua mãe.

– Sabia que o garoto ia ser um problema. – Diz em um tom exasperado. – Nico Di Angelo, o filho de Hades, não gosta de você, e também filhos de Hades são muito desleais. O garoto te odeia, posso te dizer já que sou a deusa que fez isso.

Jôh cerra os punhos de raiva, mas também de tristeza e medo.

– E o que posso falar da filha de Hermes, simplesmente nada, talvez, imprestável. O filho de Hefesto é outro imprestável. Os dois são imprestáveis, estão sempre te atrapalhando.

Os olhos de Jôh cintilavam com mais força do que qualquer dia misturando todos seus sentimentos.

– Cale-se! – Grita para Nix com a voz de uma deusa.

– Como ousa?! – Grita a deusa de volta. – Posso te matar por isso.

– Não, não pode, por que está no Tártaro! – Grita puxando a adaga. – Eu posso não ser uma pessoa boa, mas meus amigos são e não vou deixar ninguém os machucar, cada um deles já salvou sua “prole perfeita”, cada um deles já deu uma chance e cada um deles com certeza é melhor que eu, mas meu orgulho é muito pra ser morta por isso por uma deusa maldita. – Jôh puxa a caixinha cintilante que estava todo tempo aos seus pés. – E mais, como pode deixar sua outra filha assim? Ela está sofrendo, e você não faz nada. – A garota abre a caixinha de vidro. - Espero que curta sua estadia no Tártaro, pois assim que eu morrer vai ter o prazer de ir ai atormenta-la... Ah, e obrigada pela dica. Miami, não?

Jôh ergue a adaga e crava no centro da caixinha aberta acabando com sua visão com a mãe.

A garota acorda de baixo d’água quase sem oxigênio. Ela nada o mais rápido possível para superfície, assim que chega nela puxam-na para terra firme. Tossindo água ela abre os olhos dando de cara com Nico.

– Graças aos deuses, você está bem! – Exclama Nico preocupado.

– Sim, estou bem!

– Antes de tudo, como ousa dizer aquilo e depois pular para morte certa?! – Grita nervoso.

– Me desculpa, mas não temos tempo agora Nico. – Fala levantando-se e já se encaminhando para a porta de saída. – Sei onde a Sra está!

– Como assim? – Nico pergunta puxando Jôh, mas se solta. A garota vira-se com uma cara de poucos amigos.

– Não temos tempo, me ouviu?! Helena está morrendo, só pode, pois minha mãe veio me procurar!! – Berra para Nico.

Os olhos de Jôh brilhavam como nunca, e assim saiu atrás dos outros.