Memórias Póstuma de Um Suicída escrita por Chiharu


Capítulo 2
Amor


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo tratará do amor, por favor quem não concordar não me atire pedras.



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Memórias Um - Amor


Amanhã, mesmo que seus sentimentos se separem de mim,
Ashita anata no kimochi ga hanarete mo
Com certeza continuarei te amando.
Kitto kawarazu aishiteiru
Amanhã, mesmo que você não possa me ver, com certeza
Ashita anata ni boku ga mienakute mo
Continuarei te amando.
Kitto kawarazu aishiteiru
Cassis- The gazettE

 

Amor, sublime amor. Ou não tão sublime assim. Diga-me: o que é o amor? Decerto, muitos vão dizer que "o amor é algo que não pode ser explicado, apenas sentido". Uma das muitas frases pré-feitas para aqueles que nunca pensaram no que realmente é o amor. O amor é um sentimento considerado divino, mas nós conseguimos realmente senti-lo? Todos dizem que tem alguém a quem eles amam nesse mundo, o que de fato deve ser verdade. Mas é realmente amor? Como uma pessoa pode dizer que ama se nem aos menos consegue explicar o amor? Muitos devem estar pensando "Você diz que as pessoas não conseguem definir o amor, mas você consegue?". Eu consigo definir o amor do meu ponto de visão. Muitos iram querer me matar depois de lerem minha definição. (Oras, mas de que adianta? Eu sou um suicida mesmo.). Para mim, o amor é uma mistura de vários sentimentos. Carinho, proteção, comodidade, confiança, ódio, ciúme. Mas não felicidade. Por que a felicidade vem quando se mistura todos esses sentimentos, assim como a tristeza. Quem nunca foi ferido com amor? Quem nunca se decepcionou? Quem, um dia, não pensou "Será que alguém me ama?". Muitos tem a necessidade de serem amados, mas, quais as mudanças que o amor traz para sua vida? Ele te deixa mais alegre, ele te livra da solidão, ele te dá vontade de dar o melhor de si. Mas, muitas vezes, ele também te deixa eternamente machucado quando o amor acaba. Te deixa carente, triste, e tem aquela história de "nunca irei amar novamente" quando algum tempo depois já se tem um novo amor... Se o amor é algo tão divino, por que ele nos machuca tanto? "Se morrer fosse bom, os Deuses não seriam imortais." Isso se aplica também ao amor.  

 

   Suicídio um - O que é amor?

Naquela manhã de inverno, as cortinas escuras impediam que os fraquíssimos raios de sol adentrassem o quarto. Estava deitado na cama, os cabelos bagunçados e os olhos semicerrados. Ainda com a luz apagada, me sentei na cama, não havia conseguido dormir direito a noite. Os sonhos, não pesadelos, atordoavam minha mente, desnorteando-me. Neles, estava tudo escuro, eu escutava choros e gritos, e eu estava sozinho sem poder fazer nada. Não que isso fosse muito diferente da minha realidade. Passei as mãos pelos cabelos os bagunçando ainda mais. Fui até o banheiro, as paredes revestidas por azulejos brancos, as torneiras douradas, aquele espelho enorme. A única coisa que via nele era um rosto pálido e sem vida, olhos sem um brilho sequer. Me apoiei na pia e encarei o espelho. Abri a primeira gaveta da esquerda e vi o salvador. Ali estava ele, um estilete que reluzia a luz. Não o peguei. Não que não me sentisse mal, mas eu queria conseguir passar um dia sem ele... Me vesti e desci as escadas, fui tomar café da manhã.
 Otou-san, como sempre, já havia saído para trabalhar. Okaa-san estava arrumada, como sempre. Passava algo brilhante nos lábios... Acho que o nome é Gloss. Meu irmão mais velho estava sentado a mesa, passando manteiga no pão, o mais novo comia cereais.

- >Okaa-san, vai tomar café conosco hoje? - Perguntei, me sentando no canto mais isolado da mesa.
- Tomar café?! Oh não! Isso engorda. - Disse no tom mais antipático possível. - E já disse para não me chamar de Mãe, isso me faz sentir velha. -Disse, voltando-se para o espelho. Esquecendo completamente que eu existo.
Suspirei o mais longamente possível, encarei o copo de leite, estava quase cheio. >Okaa-san
saiu, aos poucos todos foram saindo, e eu me vi sozinho na mesa. Senti algo quente nos meus olhos... Lágrimas. Elas rolaram o meu rosto de encontro a minha boca e o meu queixo. Limpei-as rapidamente com a manga da camisa. Acabei de beber o leite e subi correndo para o meu quarto. Lá, tranquei a porta, liguei o som o mais alto possível. Tocava uma música rápida. No banheiro abri a gaveta e peguei o meu estilete. Subi a manga da camisa e com enorme prazer, passei o estilete sobre o pulso marcado por cortes anteriores. Cortei fundo o bastante para que o sangue quente que corria em minhas veias inundassem minha pele. Via aquele sangue vermelho, mais vermelho que o mais puro vinho. Me sentia mais leve, era como se por um momento, a dor do pai ausente, da mãe que ignora, dos irmãos com quem não falo sumissem e desse lugar a uma grande paz. Mas, aos poucos, o sangue parava, até que só ficasse a marca. Lavei o resto de sangue que continuara no meu braço. Era o suficiente por hoje.


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