Desventura Divina: A Jornada de Ouro escrita por Lady Meow


Capítulo 17
O final tem escamas venosas e não escova os dentes


Notas iniciais do capítulo

Bem, olá!
Como posso explicar? Depois do ultimo capitulo que postei, JdO voltou a hiato, porém nos ultimos dias, graças a uma maratona de Game of Thrones e algumas teorias sobre a historia, minha inspiração voltou com força total!
Terminei de escrever esse capitulo em 30 minutos, sério, estou surpresa comigo mesma shaushushaushua
Enfim, nao vou enrolar nas notas com vários pedidos de desculpa, melhor compensa-los logo com o capitulo. Sei que não deve estar o melhor dos capítulos, mas tentei dar o meu melhor no momento, espero que consiga agrada-los pelo menos um pouco ♥ (Perdoem qualquer errinho, não fiz uma revisão muito boa)
Até as notas finais! Espero que gostem e se emocionem!



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NARRADOR

Incapazes de poder usar a visão e quase totalmente corrompidas pelo medo, as duas semideusas sentiam as espadas empunhadas em seus punhos pesarem tanto quando seus corações batendo — se tudo desse certo, como queriam — pela ultima vez.

Ainda bem que estavam em uma profundidade considerável, para não poder ouvir o calor da batalha que acontecia lá em cima, os gritos de outros heróis menores — mas nem por isso menos importantes — que lutavam para que elas pudessem cumprir seu destino, começando uma batalha final que precisaria do fim das suas vidas para ser concluída com sucesso.

Todo o aprendizado de golpes e estratégias de luta cara a cara com monstros que ganharam durante a experiência da Jornada de Ouro havia sido bloqueado de forma que nenhum delas conseguia se lembrar do que fazer, chegando a quase nem saber como se lutava com uma espada. Ah... O medo, ele bloqueia todas as coisas numa forma de deixar tudo mais apavorante.

Valentine apertou a mão de Ronnie mais um pouco, um gesto rápido, Ronnie respondeu fazendo o mesmo. A única coisa que as confortavam num momento tão serio como aquele era a companhia da outra. Ambas se aproximaram mais um pouco, de forma que suas costas ficassem juntas e cada uma virada para um lado.

O fato do tempo parecer correr mais rápido era apenas uma ilusão, por fora, cada segundo parecia levar uma eternidade, exceto para o Basilisco, pois a besta reptiliana aparentava estar alguns quitíssimos de segundo adiantada quando tentou atacar pela primeira vez.

As garotas só não se deram muito mais mal por que já estavam preparadas para um ataque, porém não esperavam que ele fosse executado de uma forma tão rápida.

Como elas haviam esquivado do bote? Valentine acabou escorregando no mármore liso e arrastando Ronnie para o chão justamente quando seriam abocanhadas em um ataque só pela cobra gigante.

— Isso foi extremamente patético! — comentou Ronnie, tateando o chão a procura de sua espada e procurando apoio na amiga ajoelhada para levantar.

— Não vamos conseguir chegar perto daquela coisa sem morrer antes se continuarmos nesse ritmo. — disse Valentine no seu típico pessimismo, apesar qualquer um seu lugar seria tão pessimista quanto, já que as chances das duas tolas semideusas. Elas precisavam elaborar um plano, porém não seria possível enquanto o Basilisco estivesse tentado a devora-las. Ronnie e Valentine precisam se esconder.

Esconder.

Desaparecer.

Aqueles sinônimos despertaram na filha do deus dos mortos uma antiga memoria, trazendo uma sensação e um poder adormecido nela a quase toda sua vida, mesmo que não lembrasse. Ela sentia seus dedos ficando mais leves, o ar gelado passando por eles, o cheiro de enxofre. Havia sombras em todo aquele lugar, dançando nas paredes sobre controle das tochas com fogo esverdeado. Pequenos pontos de escuridão profundo, mantinha

Sombras. Algo que soava como uma própria extensão do corpo de um filho de Hades. Reconfortante para eles, assustador para os outros. O pensamento fez uma ideia brotar na cabeça da garota: e se elas se tornassem “sombras” por um pequeno momento? Um momento suficiente para que pudessem planejar algo?

Valentine agarrou o pulso de Ronnie e no mesmo instante desejou que elas se tornassem sombras, literalmente. Como se fossem atingidas por uma explosão nuclear, sentiram seus corpos se desintegrarem... mas ao mesmo tempo continuavam ali, desde de um único fio de cabelo até a ultima célula do dedo mindinho, estava tudo ali... Mas como?

Isso quebrava as leis da física, mas estamos em um mundo onde existem deuses gregos e monstros, desde o deus com o poder mais tosco a uma mulher com cabelos de serpente. Então isso era algo completamente normal para os padrões divinos.

— O que você fez? — perguntou a filha de Hefesto. Sua visão ainda estava bloqueada pela venda.

— Nós transformamos em sombras por um momento... Acho que aquela coisa não ira nos ver porque estamos escondidas nas próprias sombras, nós somos as sombras criadas pelas tochas de fogo grego.

— Entendi tudo. — ironizou — Como fez isso?

— Não faço a mínima ideia, foi um instinto, como se uma memoria tivesse voltado, como se a sensação de que já fiz isso no passado... Ah, esquece. Fiz isso para que possamos ter um tempo para criar uma estratégia melhor. Não podemos enxergar, nossos sentidos de batalha são os piores possíveis..... O que podemos fazer?

Podia-se ouvir as engrenagens no cérebro da Ronnie trabalhando para pensar em algo

— Se orientar pelo som, talvez? Fazer o máximo de barulho possível para que possamos saber onde a outra esta? Esse lugar tem uma ótima frequência e movimentação do som, e também cria eco... Isso é possível, falando pelo lado físico... Sem contar o fato de que estamos em duas, podemos usar essa vantagem numérica como distração?

— Ronnie! Você é um gênio! Isso foi tão brilhante que se pudesse saber onde você esta te beijaria agora mesmo!

— Isso soou tão lésbico, Valentine...

— Estou realmente muito esperançosa, pode dar certo, pode realmente dar certo!

— Nunca ouvi alguém tão empolgado pra morrer.

— Precisamos voltar pra batalha! Vamos usar duas batidas seguidas para indicar que estamos na luta, uma pra indicar que estamos tentando atacar o Basilisco e três para o caso de termos sido feridas, ok? Esses serão nossos comandos de batalha.

— Mas Valentine....

— Não temos mais tempo! — Valentine odiava toda pressa e toda a falta de planejamento, mas realmente não tinham tempo. Não sabiam por quantos segundos mais o truque aguentaria e estavam tão vulneráveis caso o efeito acabasse. — Antes de tudo, bem, eu amo você.

— Você é minha melhor amiga, amo você também.

Com uma lufada de ar frio, perceberam que tinha acabado e estavam de volta ao santuário caído, prontas para entrar no verdadeiro clamor da batalha.

— Pronta? — Perguntou Valentine elevando a voz, mas não para Ronnie e sim para aquela criatura, numa forma de convoca-la para o ataque.

— Minhas pernas estão bambas, sinto como seu meu coração fosse explodir e não estou conseguindo respirar, acho que estou totalmente pronta.

— Então vamos lá! — Gritou novamente, tentando chamar atenção novamente e dessa vez, foi claramente ouvida pela serpente gigante. Suas escamas se rastejarem no mármore para correr para o bote. — Corra pra esquerda! — ordenou para Ronnie, e no momento em que ouviu a boca da fera se abrir e as presas se posicionarem para dilacerar carne, correu para a direita e em seguida para trás.

Um estrondo veio a tona quando o Basilisco se chocou contra a parede do altar onde se encontravam a segundos atrás. Devido à velocidade em que ele vinha, era claro que o impacto de colisão havia sido muito forte, o suficiente para deixa-lo atordoado e consequentemente mais lento. A filha de Hades gostaria de poder tirar a venda apenas para ver o tamanho do galo que se formaria na cabeça daquele monstro com aquela batida.

Com rapidez, a mesma bateu o pé duas vezes quando se encontrava em uma distancia considerável e segura. O ar ali estava ligeiramente mais frio e úmido, e o barulho das ondinhas da água batendo nas bordas do lugar onde pisava indicava que estava próxima a água. Deveria ter mais cuidado por ali.

Duas batidas em resposta e mais uma com intervalo maior de segundos. Em seguida, uma lamina cortou o ar e se chocou com alguma coisa tão dura quanto. Ronnie soltou um guincho como se estivesse usando o máximo de força para empurrar algo. O solado das sandálias se arrastava para trás.

Valentine se locomoveu para onde vinha o som de respiração ofegante. Ronnie claramente precisava de ajuda, seu coração indicava isso.

A garota afro-hispânica estava fazendo o máximo de força que podia para tentar empurrar a espada para mais fundo da boca da criatura, que chocava as presas afiadas contra a lâmina de bronze de Fatal. O bafo azedo e nauseante de réptil estava deixando a semideusa tonta, sentia que sua força sobre-humana não seria suficiente para continuar emburrando o gigante para a borda contraria naquele cabo de guerra maluco, que devia se chamar “empurra de guerra”. Estava sendo facilmente empurrada em direção à água, só não sabia se seria pior cair naquele monte de lodo ou ter a cabeça decepada.

— Ajuda! — Implorou ela em alto e bom som, o suficiente para que Valentine soubesse onde ela estava.

— Estou indo!

Chutar o traseiro (literalmente, Valentine havia chutado a calda da serpente) havia sido a coisa mais funcional que havia ido à cabeça da Dama Fantasma. Burrice ou uma forma nada convencional de tentar evitar com que o pior acontecesse com sua amiga — melhor amiga —.

Felizmente, funcionou. O Basilisco esqueceu completamente de devorar Ronnie e se virou para quem havia o... tocado (?). Valentine empunhou a espada, podia ver a língua bifurcada entrar e sair da boca do monstrengo, experimentando qual seria o provável sabor da sua próxima refeição, que seria ela.

Elas precisavam encontrar uma forma de matar aquela criatura. Para isso, elas precisavam de máxima sincronia. Uma ideia passou em sua cabeça: e se uma atacasse primeiro, enquanto a outra desferiria um golpe mortal. Causaria suas mortes, é claro, mas não haviam muitas opções. Uma morreria primeiro, deixando o Basilisco entretido enquanto a outra morreria após desferir o golpe. Havia chances do plano dar errado? Sim, muitas.

Mas elas não tinham escolha, tinham?

“Tudo bem, eu ataco primeiro e você usa as sombras para cair exatamente em cima da cabeça dele fincando a espada ali, ok?”. Ronnie disse em sua mente. Como aquilo havia acontecido? Não sabia, mas infelizmente, não teria muito tempo pra saber.

“Ok”. Respondeu da Filha de Hades.

Seu coração estava a mil. Sentiu o Basilisco dar seu bote, esperei que as presas se agarrasse em sua pele, porém algo interviu. Ouviu o barulho da lamina de espada raspar contra o ar e rasgar carne.

Um grito estridente vindo de Ronnie tomou a sala. Um grito que duraria muito tempo.

Valentine a venda e logo convocoui as sombras entre seus dedos e entrou dentro delas. O ar frio era capaz de congelar as lágrimas que saiam de seus olhos fechados, não tinha coragem de olhar o que estava acontecendo. Precisava fazer sua parte.

Quando abriu os olhos, percebeu que estava exatamente em cima da cabeça da criatura. A ponta da espada de Ronnie estava atravessada e a ponta rasgava a parte de cima da cabeça da criatura, porém as duas ainda continuavam vivas. Ronnie ainda gritava enquanto usava o resto de suas forças para continuar empurrando a espada para dentro da boca da criatura que estava aberta, o veneno escorria da pele perfurada e corria pela ponta da espada até se espalhar por todo o corpo da semideusa, que lutava bravamente contra ele.

Vendo que a amiga não aguentaria muito, Valentine agarrou a espada fortemente e saltou de dentro da sombra, enfiando a espada no topo da cabeça da criatura e arrastando ela a medida que caia de lado, degolando o Basilisco e fazendo explodir uma chuva de sangue e ácido que saia da pele em jorros enormes que atingiram em cheio as garotas, fazendo-as gritar em conjunto.

A cabeça cortada caiu aos seus pés e o corpo do monstro desabou instantaneamente por cima de Ronnie.

Seus corpos entravam em colapso com o contato com a secreção. O veneno invadia a pele, passava pela carne e entrava dentro das veias, causando um pandemônio interno. Seus corpos tremiam, os anticorpos tentavam eliminar as toxinas porém acabavam morrendo, o veneno corria por tudo, a medida que passava por correntes sanguíneas, tecidos, músculos, ossos, ia corrompendo órgãos vitais.

Valentine gemia, a dor era insuportável. Ela estava sentido si própria morrer. Queria chorar, gritar, porém mal conseguia respirar, sentia o gosto de sangue vindo de sua língua que era violentamente mordida involuntariamente, a garota não tinha mais controle sobre seus músculos.

Tentava entender o que estava vendo, porém não conseguia processar direito as imagens, seus olhos ardiam, lágrimas de sangue escorriam por sua pele, porém ela já não tinha mais sensibilidade. Novamente tentou enxergar o teto da caverna, porém seu nervo ótico havia entrado em contado com o veneno e tudo que enxergou foi o escuro.

E então não havia mais dor.

E não havia mais frio.

E o barulho havia acabado. 


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Notas finais do capítulo

(Gif fofinho no começo para aliviar a tensão e sofrimento)

Então? Como estão? Chocados? Tristes? Confusos? Nervosos? Querendo matar a autora?
Sei que não ficou a melhor das coisas, mas acho que ficou razoável. Ficou meio pequeno, para os parâmetros de JdO, porém como é apenas o final do capitulo 16.....
Enfim, o que acharam? Elas morreram? O que aconteceu? E a batalha que acontecia no Acampamento? Bem, isso só será explicado no próximo arco de A Jornada de Ouro, o arco final. Finalmente podemos nos despedir da jornada, porém para entrar em uma nova parte da historia, com novos (nem tão novos assim talvez) personagens e explicações sobre coisas não descritas nos 17 capitulos anteriores! Espero que tenha conseguido fazer uma despedida (?) digna para as personagens, o próximo capitulo será totalmente diferente, com POV diferente, fiquem ligados!
Desculpa novamente pela demora para postar, sabe como é complicado a vida de escritor, mas o importante é que consegui ultrapassar as barreiras! Me falem o que acharam nos comentários, me ameacem por ser perversa e todo o resto, sinto saudades de vocês!
Beijos e até a próxima! ♥

(P.S: ME DIGAM QUAIS DUVIDAS VOCES TEM QUANTO A ESSE ARCO DE JDO NOS COMENTÁRIOS! ASSIM PODEREI RESPONDE-LAS NOS PRÓXIMOS CAPITULOS, OK?)



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