Eternit escrita por Uma Jujuba Azul


Capítulo 12
Capítulo 12




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“Tudo um dia tem um final, e está chegando o meu...”

No meu sonho eu estava em pé de costas para porta que da acesso ao terraço e este estava a minha frente. Sentado na beira dele estava Nico de costas para mim e ao seu lado estava de pé estava a minha mãe. Ela pareceu perceber minha presença e se virou para mim.

– Thalia, Thalia, você me tirou meu filho, o único filho que eu realmente amava e não me arrependia de tê-lo. Agora chegou a hora da minha vingança. Você vai provar do próprio veneno. Eu vou tirar de você quem você mais ama, assim como você fez comigo. – ela dizia tudo sorrindo como se ela tivesse esperado a vida toda por esse momento. – Diga uma última palavra a ele Nico di Ângelo. – disse se voltando para ele.

– Você não entende mesmo não é Grace? – ele repetiu a mesma frase que disse na festa se virando para me ver.

O olhar de Nico era intenso, aqueles olhos negros me encaravam com uma mistura de ódio, desespero e tristeza.

– Nico... – eu não conseguia me mover, não conseguia gritar, apenas conseguia sussurrar seu nome enquanto via ele se virar novamente e minha mãe passar a mão por suas costas – Nico... – o desespero me corria e quando finalmente consegui me mover minha mãe empurrou Nico e ele caiu do 13° andar – NICOOO – gritei e corri até a beira do terraço.

Olhei para baixo e vi que Nico caia lentamente, como se estivesse em câmera lenta, mas eu podia me mover normalmente, então tudo o que eu fiz foi me atirar do terraço atrás dele.

Acordei suando e com o coração acelerado, olhei para os lados e vi que eu estava no meu quarto e que tudo não passara de um sonho...um pesadelo na verdade. Me acalmei e fui verificar a hora no meu telefone. Já passava das cinco da tarde. Ontem depois da festa fui para o terraço e fiquei lá pensando no que vinha acontecendo na minha vida de uns meses para cá, depois de ver o nascer do sol resolvi descer para meu apartamento e dormir pois eu já estava cansada e com muito sono, logo que deitei a cabeça no travesseiro peguei no sono.

Agora que eu já havia me acalmado e já lembrava do que realmente tinha acontecido na noite passada, eu pensava nas palavras de Nico na festa e depois em meu sonho. “Você não entende mesmo não é Grace?”. Eu queria muito entender o que significava essa pergunta. O que eu não entendo? Ele? Sim, isso eu realmente não entendo, num dia se preocupa comigo e no outro se agarra com a primeira vadia que vê. Ele devia estar bêbado ontem, por isso fez essa pergunta idiota e sem sentido.

Afastei da minha mente todos os pensamentos que envolviam Nico e resolvi ir comer alguma coisa pois estava com fome e uma puta de uma dor de cabeça. Fui até a cozinha e comi um sanduiche, depois tomei um remédio e fui tomar um banho. Minha mãe não estava em casa, o que achei meio estranho afinal era sábado e ela nunca trabalha sábado, devia ter saído, pensei. Então é claro que um pensamento escroto me veio a cabeça: minha mãe não está em casa num horário que ela sempre está, Nico deve estra com uma bela ressaca então deve estar dormindo ou no terraço... No terraço! Será que minha mãe foi atrás dele no terraço?! Me olhei no espelho e ri, eu estava ficando louca, pensando que minha mãe vai matar Nico como no meu sonho.

Quando já passava das onze da noite minha mãe chegou em casa, porém não chegou sozinha, junto dela estava um cara estranho, alto, com a cabeça raspada, olhos escuros, vestia uma calça jeans clara e uma jaqueta militar fechada, devia ter em torno dos 40 anos. Fiquei observando minha mãe ir até a cozinha, buscar um copo de água e parar perto da mesa ao lado do estranho.

– Thalia este é Steven, um amigo meu – ela disse apontando o cara – Steven esta é Thalia, a garota que te falei – estranho, muito estranho, minha mãe falar sobre mim para alguém.

– Muito prazer - disse ele, com uma voz grossa e estendeu a mão, a apertei e notei que ele era forte, se eu tivesse que lutar contra ele seria preciso umas 3 Thalias para fazer algum efeito.

– Thalia seja educada e mostre a casa para o nosso convidado enquanto preparo um lanchinho para nós – ela disse indo até a cozinha, eu estranhei mas mesmo assim fiz o que ela pediu.

Fui mostrando a casa, comecei pela sala e a cozinha, depois mostrei o banheiro, o quarto da minha mãe, quando estávamos chegando ao escritório resolvi perguntar.

– Você é militar? – eu estava curiosa pois parecia.

– Comandante - ele disse sorrindo – na verdade estou me aposentando.

– Legal – deu um sorriso mínimo.

Mostrei o escritório e depois fomos em direção ao meu quarto, chegando na porta dele o tal de Steven me empurrou apara dentro e trancou a porta.

– MAS O QUE?! – comecei a gritar quando vi que ele estava tirando a jaqueta e sorrindo para mim.

O que aconteceu naquele quarto foi algo horrível, que eu não desejaria nem para meu pior inimigo. Tão assustador e doloroso que eu preferi não recordar e descrever o que se passou. Depois daquilo, vi ele Steven ir embora e entregar um bolo de dinheiro para minha mãe. Eu não acredito que ela fez isso, ela foi capaz de deixar um cara me estuprar em troca de dinheiro. A sensação que eu tinha era horrível, eu sentia nojo não só da minha mãe, mas de mim mesma também. Eu fiquei lá, deitada na minha cama, sentindo meu corpo doer e as lágrimas escorrerem. Eu não conseguia acreditar no que havia acontecido comigo.

3 semanas depois...

A minha vida piorou ainda mais depois daquela noite, e aquilo já havia se repetido pela sexta vez hoje. Eu me sentia um lixo, uma inútil, sentia nojo do meu próprio corpo, que já estava coberto de roxos e marcas escuras, e tinha medo o tempo todo.

Era por volta das duas da manha quando levantei da minha cama, vesti uma camiseta do Nirvana, uma jaqueta preta e uma calça jeans também preta. Sai sem fazer barulho nenhum e fui até o terraço. Me sentei em sua beirada e fiquei lá, vendo a noite, o contraste que eu gostava do céu estrelado com as luzes e barulhos da movimentada Nova York. Senti as lágrimas escorrerem pelo meu rosto, mas não me importei, afinal estava sozinha.

Todos os motivos que um dia eu tive para continuar vivendo agora não existiam mais. Olhei para baixo e vi os carros passando. Olhei novamente para o céu, respirei fundo, fechei os olhos e me impulsionei para frente a fim de cair lá de cima.

Infelizmente senti alguém me segurar e puxar para trás no exato momento que eu iria cair.

– O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO SUA LOUCA?! – gritou Nico me segurando pelos ombros.

Depois da festa eu não tinha mais falado com ele apenas o via no colégio mas o evitava.

Nico me encarava e esperava uma resposta minha. Eu queria falar, queria gritar para ele me soltar em deixar em paz, queria realmente me atirar daquele prédio e morrer. Porém eu olhei em seu olhos negros e simplesmente não consegui, então tudo o que fiz foi chorar. Ele me abraçou, sem entender muito bem o que estava acontecendo, mas me abraçou forte e deu alguns passos para trás se afastando mais da beira do prédio.

– O que você ia fazer sua louca? – ele perguntou sussurrando.

Eu não respondi a sua pergunta, apenas afundei ainda mais minha cabaça em seu peito. Ele me apertou um pouco mais e passou as mãos em meu cabelo.

– Está tudo bem... – ele sussurrou – tudo bem...

Eu queria acreditar nas palavras dele, queria acreditar que realmente estava tudo bem, mas eu sabia que não era verdade, então apenas continuei ali, chorando abraçada nele. Eu gostava de ficar abraçada nele, fazia eu me sentir mais calma e protegida, mesmo sabendo que não estava tudo bem.

Ele me soltou lentamente e limpou meu rosto com calma.

– Vem – ele disse pegando minha mão e me puxando. Eu não falei nada apenas fui com ele até o seu apartamento.

Ele me deu um copo com água e depois que eu bebi me levou até seu quarto. Entrou fechou a porta e me colocou sentada na cama se sentando ao meu lado.

– Por que você iria se matar? - ele perguntou calmamente passando o braço em volta de mim e me puxando para mais perto.

Eu não conseguia responder e não queria que ele soubesse o que aconteceu, eu sentia nojo de mim e não queria que ele sentisse o mesmo. Fiquei em silêncio e senti as lágrimas escorrerem novamente pelo meu rosto. Ele me abraçou de novo e eu me aconcheguei em seu peito.

– Tudo bem amanhã você me fala – ele disse.

Nico se soltou de mim e deu um beijo na minha testa.

– Você pode dormir aqui se quiser – ele disse e eu concordei com a cabeça.

Ele tirou o tênis e deitou, eu fiquei sentada olhando ele.

– Vem – ele disse me puxando pelo braço.

Tirei o tênis e deitei ao lado de Nico e ele me puxou para mais perto, me abraçando.

Eu acabei adormecendo deitada em seu peito e com ele passando a mão em meus cabelos.


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Notas finais do capítulo

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