–Por mais que eu realmente não ligue para o que você veste, Nico, eu preferiria não ter que presenciar esse tipo de cena.-Hades nem mesmo olhou para cima do mapa que estudava ao fazer a afirmação. O garoto corou em dez níveis diferentes de vermelho, puxando o casaco para mais perto.

–Acredite, nem eu. Dessa vez a culpa nem é minha.-ele resmungou e o Deus do Submundo riu seco, se virando para olhar propriamente o filho.

No mesmo instante ele se afastou da mesa, erguendo as mãos, mas não chegando a tocar no garoto.

–Isso pinga Afrodite.

–Jura?- o menino ergueu os braços, esquecendo que precisava manter o corpo coberto, gesticulando obcenidades para o teto.- Incrível como essa mulher parece me adorar. Incrível.- Sarcasmo encharcava suas palavras, mas seu pai já estava mais que acostumado. Ele teve dificuldades em não ficar encarando o filho nas roupas brilhantes, e jurou ter uma ânsia estranha de subir até o Olimpo para ter uma conversinha com a deusa do amor.

–O que eu já falei sobre palavrões dentro de casa, Nico?-Foi a primeira coisa que o deus conseguiu articular, piscando algumas vezes com uma cara confusa que seria cômica se a situação não fosse tão absurda.

–Fottiti com questa... - O dedo comprido do pai estava no seu nariz antes que ele pudesse continuar.

–Solo di píu la parola, e io ti butto nel Bunker di Eros.– A ameaça pareceu ser séria, pois fez Nico parar de mexer os braços como se quisesse sair voando ou socar alguma coisa. Provavelmente os dois.

–Bene.– Ele ajeitou o casaco e Hades deixou o dedo abaixar devagar.- E o que eu faço agora? Essa coisa não vai embora!

O deus do Submundo suspirou cansado antes de gesticular para o filho o seguir.

–Você pode começar me contanto exatamente o que aconteceu.

(…)

Nico esperava por tudo, menos que seu pai começasse a rir dele quando terminasse o relato.

–Smettila di essere così male!– O menino choramingou batendo o pé no chão impaciente.

–Scusa, scusa.–O deus tomou uma respiração funda e esfregou as bochechas vermelhas com as mãos de forma divertida- Eu só não acredito que você não percebeu o que aconteceu.

–O que aconteceu então?- Nico retorqui, cruzando só braços. O pai o olhou pelo canto dos olhos, culpado.

–Iê. Sabe bem que eu não posso te dizer nada. Aqui- ele estendeu a mão para o filho, pedindo para se aproximar. O menino pegou a mão estendida sem hesitar, mesmo parecendo irritado.

Foi rápido, mas o calor que suas calças jeans costumavam emanar o trouxe um bem merecido conforto.

–Não sei exatamente o que ela fez, então desfazer é complicado.- Hades pareceu a ponto de começar a rir de novo, mas se conteve bem.- Suas roupas devem ficar as mesmas, talvez alguns números menores. Deve ir embora com o tempo.- abanou a mão e se ergueu do banco de pedra. -Agora vamos. Não podemos deixar o Olimpo esperando.

>>> NOTAS FINAIS, OKAY. LEIA.

LEIA.

OUVIU.

Ó.Ó