Basket Case escrita por schristinef


Capítulo 1
The Forgotten


Notas iniciais do capítulo

I don't feel strange, it's more like haunted, Another moment trapped in time...



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De súbito – no meio da minha aula favorita, Matemática, apesar de dominar todas que tenho – recebo a notícia do falecimento de meu pai. Ouço o diretor me chamando, é muito comum ele me chamar já que sou o “problema” da vida dele, ou pelo menos de seu trabalho.

– Senhorita Cage, por favor, me acompanhe. – Diz ele.

Não dou à mínima, finjo que não ouço e continuo o que estou fazendo.

– Emma, queridinha, não me faça te arrastar, esse não será o momento mais apropriado para continuar chamando a atenção. – Pede o diretor.

Resmungo baixinho, mas o sigo. Ainda não entendo porque tanta implicância comigo, pois não sou a única que tenta arruinar a vida dele.

– Bom Srta., acabo de ser informado da morte de seu pai. Pelo que entendi, ele foi atropelado pelo senhor Stark.

– Sim e eu tenho um namorado fantasma, não sei se o senhor o vê, mas ele está bem aqui do meu lado. – Zombo.

– Não estou brincando, sua mãe acabou de me ligar. Acho que a Srta deveria ligar para ela, pois vejo que acredita que eu brincaria com isso. – Diz ele com uma pontinha de irritação e sai.

Sabe, já recebi vários trotes, visto que meu pai é um empresário famoso, porém nunca chegaram a esse ponto. Ligo para minha mãe, ela não atende. Tento mais três vezes e cai na caixa postal. Decido ir para casa.

Chegando lá encontro ela chorando, na sala. Ela não me viu, mas não me pronuncio mesmo assim. Nunca em meus dezessete anos a vi chorar, ela sempre me pareceu muito forte, e essa é a primeira vez que ela aparenta ser frágil e precisar de ajuda. Vejo que várias peças de louça e decoração estão quebradas, não consigo conter o sorriso mesmo em tal situação, normalmente eu perco a cabeça por essas coisas.

Nunca nos faltou nada, uma vez que meu pai tem muito dinheiro. Agora minha mãe irá pegar o dinheiro dele e provavelmente torrá-lo. Ela finalmente me vê, seca rápido as lágrimas e age como se fosse mais um dia normal de sua bela vida. E diz:

– Tudo vai ficar bem.

– Da minha parte com certeza, da sua é que me preocupo.

Avisto no braço do sofá os remédios dela. Agora sim me preocupo mais ainda, por isso pergunto:

– Você não está tentando se matar está? Por que a rainha do drama aqui sou eu, não entendo porque pensa que irá conseguir o meu lugar.

Ela finge um riso, acha que irá me convencer. De repente ouço a voz de um homem, ela é até familiar. Olho para minha mãe, ela está me observando, dá para ver o quão aflita está.

– Sim, sim, Pepper... Sim... Fique calma, eu estou resolvendo tudo aqui... Não você não precisa vir ok?... Diga-me quantas vezes eu errei e não consertei tudo?... Tá, muito obrigado. Fique calma, até depois.

Ele não me nota e dirigi-se até minha mãe.

– Bom, Beatrice, há quanto tempo não! Sinto muito, me distraí, estava falando com a Pepper. Meus pêsames. Se eu puder ajudar de alguma forma. – Noto que ele não é muito sincero e parece muito cansado.

– Obrigada Tony, – Ronrona minha mãe, já não estou gostando muito disso tudo. – quero conversar com você sobre um assunto um tanto delicado, e não, não é sobre o atropelamento do meu marido.

– É claro, diga.

– Mas terá que ser a sós. – Antes que ele dissesse algo, ela me aponta com a cabeça.

Não estou tão longe dele, dá para notar que ele é alto, talvez um pouco mais alto que meu pai, um metro e oitenta e cinco creio. Imaginava que era mais baixo. Ele vira para me ver, o engraçado é que somos um pouco parecidos na fisionomia, o cabelo, sobrancelhas e o mesmo tom de azul dos olhos. Mas é mera coincidência.

– Me desculpe, não notei sua presença. Sou Tony Stark. – Fala, acho que percebeu essas semelhanças. – Seu nome?

– Emma. – Praticamente cuspo as palavras, e ele sorri sarcasticamente.

– Admito ter culpa nisso, mas não fique bravinha, posso lhe recompensar sou muito rico.

– Não preciso do seu dinheiro senhor Stark. ­– Digo da maneira mais seca possível. – Meu pai ERA também muito rico.

Ele ri, e acho que ele não tem medo de morrer. Já que é tão engraçado, e não consigo me conter, avanço nele. Tony, nota e segura o pulso com que eu ia socá-lo. Ele ri novamente, com mais gosto. Com sua distração, lhe dou uma cotovelada na boca do estomago, ele se dobra de dor. Não sou muito alta, mas sou muito forte. Aproveito o momento e dou-lhe um chute e ele cai gemendo de dor.

– EMMA CAGE, ISSO NÃO SE FAZ. – Grita a traidora, não consigo acreditar nisso, por que ela defende esse babaca?

Saio de casa correndo, a esmo, não tenho vontade de estar em lugar nenhum no momento. Quando volto minha mãe e o cretino estão rindo, parece que ela não contou o segredinho que eu não poderia ouvir. O vejo se levantar, ele promete voltar para conversa sobre aquilo. Me escondo, quando ele sai noto que pelo jeito ele ainda sente muito dor. O que é ótimo.

Meu pai irá ser enterrado amanhã, pela manhã, então entro em casa rápido, pois assim minha mãe não me vê e vice versa. Subo pra o meu quarto depressa, mas sem barulho, me tranco no quarto e durmo um sono sem sonhos tranqüilo como a morte.

No outro dia, minha mãe quase derruba a porta. Vamos nos atrasar, o estranho sou eu não ter chorado uma vez sequer. Sempre achei essa atitude de não chorar frívola, mas eu simplesmente não conseguia. No local, só ouço como meu pai foi bom, vejo como todos derramam suas lágrimas falsas. Pelo jeito tentando me fazer confiar na sua verdade e pesar. Diziam-me como meu pai era importante, que fará falta e muitas outras baboseiras. Nenhuma história de como era alegre, caridoso, gentil, e muito especial. Mas acho que só eu penso isso. Só eu vejo isso.

Terminada a cerimônia, eu e minha mãe vamos pra casa. Ela tenta puxar assunto, mas me faço de surda. Eu vi como ela também fingia, sempre soube que ela amava aquele cretino do Tony Stark. Meu pai, penso que também sabia, amava-a demais para admitir. E agora morreu e não faz falta para minha amada mamãe. Creio ser muito dura com ela às vezes, contudo ela foi realmente cretina hoje. Sei, ou penso saber, que minha mãe amou meu pai alguma vez em sua vida, mas é duro para eu ver que ela não sente nada com a morte dele. Mesmo tendo a encontrado chorando ontem, não sei se me convenço dessa dor.

Passaram-se dois meses, o idiota ligou avisando que chegaria as dez para conversar. Aproveito para sair, como não tenho amigos saio sozinha. Ele chega e eu saio, não nos dirigimos sequer uma palavra. Decido ir ao cinema, estão em cartaz filmes que já assisti, mas assisto novamente um que já irá começar.

Chego só às duas da manhã, é sábado e soube que o Sr. Stark irá dormir aqui. Nesse período de dois meses minha mãe saiu com vários caras. E quando entro a encontro sendo quase engolida por um garotinho de dezessete anos que estuda comigo, o nome eu já não sei é só mais um babaca.

– Você poderia me explica que merda é essa? – Pergunto quase gritando.

Eles se soltam com um pulo, que bom que os assustei.

– Acho que a senhora pensou que eu não voltaria mais né? Pena que se enganou.

– Você não está entendendo filha eu só estava...

– Não mãe, eu estou entendendo muito bem. E você trouxa o que está fazendo aqui ainda? Vamos, cai fora!

Ele sai correndo, e se não o fizesse... Bom só Deus pra contar.

– VOCÊ PENSA QUE EU SOU O QUE? EU SOU A RESPONSÁVEL AQUI! NUNCA MAIS USE ESSE TOM COMIGO MOÇINHA! – Grita ela.

– Estou vendo quanta responsabilidade. Meu pai morre há pouco tempo você se agarra com o primeiro que vê. Sei que a senhora não o amava, mas, por favor, disfarce um pouco. Tenha um pouco de respeito pela memória dele.

– COMO OUSA DIZER QUE EU NÃO O AMAVA! EU O AMEI MUITO, SUA INGRATA!

– Ingrata? Eu? Bom pelo menos não sou eu que destruo a imagem que eu tinha de gratidão, aquele homem te amava e você não dá a mínima para a morte dele!

– PARE DE FALER ASSIM! ELE NÃO ERA SEU PAI, E SIM O IDIOTA DO TONY STARK!

Dito isso, começa a se desculpar, mas depois de um tempo se cala. Ouço os sons ao meu redor, não consigo distingui-los. De repente no meio da discussão com minha mãe ela solta a bomba. Consigo ver alguém entrando na sala, mamãe diz ser meu pai. Não entendo esse mal estar, já que ela só disse a pior coisa que eu poderia ouvir ultimamente, que o meu pai não era aquela pessoa com quem eu convivi todos os meus dezessete anos, mas sim o ilustríssimo Tony Stark.

– Bom, já que ela sabe, eu posso me retirar. – Diz Stark.

Eu desmaio, já não entendo o que eles dizem. Acordo na minha cama, com uma dor forte na cabeça acho que bati quando desmaiei. Mas acredito que meus pais tenham discutido. Isso é muito estranho, ainda não consigo acreditar que Tony Stark seja meu pai. O pior é que somos bem parecidos, e mesmo não o conhecendo direito eu tenho absoluta certeza de que somos.

Ultimamente estive pensando em ir à livraria e comprar alguns livros. É, acho que vou fazer isso mesmo. Espero que eles não estejam na sala. Pena que não tenho muita sorte, e ainda tem outra mulher lá. Ela é alta (imagino ter um metro e setenta e dois), magra, bem bonita, me parece séria, mas não surpresa. Julgo que ela não se surpreenda facilmente, já que trabalha para o Tony. Quando me vêem, Stark se levanta e se dirige a mim:

– Que bom que acordou, precisamos do seu sangue.


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Notas finais do capítulo

E então?