Nova Terra escrita por Raposa das Bibliotecas


Capítulo 7
Rei do Sul


Notas iniciais do capítulo

Olá, desculpem a demora, espero que gostem!



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O cheiro de cera tomou conta da sala, o líquido cintilante descansou quente sobre a folha amarelada e cheia de rabiscos de tinta preta escrita com pena. Os carimbos foram prensados, primeiro uma rosa deu forma à cera, depois uma coruja e por fim um grifo. O Rei do Sul leu com os olhos novamente a carta, avaliou todas as condições. Ele se comprometeu a ceder três gigantes para ajudar na construção da muralha do Norte-Ocidente para que as feras não entrassem em seu reino. Ele já estava em crise há muito tempo por conta dessas criaturas horrendas. O Rei do Oriente se comprometeu a ceder doze dos seus melhores pedreiros para uma construção rápida da muralha.

–Tragam-nos o vinho! – Disse o Rei do Oriente

Mulheres de pele acobreadas entraram no salão portando jarros de cobre cheios de vinho do bom trazidos do Oriente. As mulheres portavam pouca roupa, sutiãs de couro e uma pequena saia rodada preta, seus longos e negros cabelos estavam presos em um coque no alto de suas cabeças.

–Vosmicê sabe como viver- disse o Rei do Norte ao do Oriente.

–Me chame de Calasar.

O Rei do Norte fez uma reverencia com a cabeça, quase que imperceptível. As mulheres ainda estavam no salão segurando os jarros, uma mão na asa dos jarros e a outra na parte inferior. O Rei do Sul caminhou até a janela e viu alguns soldados correndo para dentro da floresta e viu algumas aves negras levantarem voo. No Sul isso não bom sinal.

–O céu está avermelhado. –Ele disse.

Os Reis foram até as janelas e observaram.

–Seus homens acabaram de entrar na floresta.

–Meu Rei? –Disse um homem louro portando roupas simples que adentrou sem ser chamado no salão.

–Quem é você?

–Isso não importa. Temos uma emergência.

O Rei olha para os outros analisando o que pode fazer quanto a isso e por fim diz:

–Esperem aqui, por favor.

Ele sai segurando o cabo de sua espada.

–Sabe qual o nome desse castelo? –Pergunta Calasar.

O Rei do Sul faz um gesto negativo com a cabeça.

–Skyfall. Ganhou esse nome assim que as pedras que o constituem despencaram dos céus. Cada uma guarnecida por um grifo e posta em seus lugares por eles. Desde então Skyfall é o lar dos Reis e dos grifos. Mas existe outra criatura nas terras do Norte, criaturas inimigas dos grifos, inimigos naturais, entende? –O Rei do Sul assentiu, sem prestar muita atenção.

–E qual seria o nome destas criaturas?

–Hipogrifos! –O portão foi aberto com um rangido. O Rei estava vestido com sua armadura e montado em seu cavalo. Ambos disparando para a floresta.

–O que acha que está acontecendo?

–O céu vermelho, isso significa...

–Morte!

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O Rei do Sul subiu as escadas e foi para seus aposentos. Sua mulher ainda dormia na cama, mas ele não estava disposto a nada, somente a dormir. Tirou suas botas, suas roupas pesarosas, desatou os nós nos cabelos crespos e deitou-se seminu na cama com sua mulher. Seu coração estava doendo, uma dor que ele nunca sentiu antes, não conseguia pregar os olhos, o sono não vinha e um pensamento ruim o atormentava. Morte.

O homem se levantou e caminhou até a sacada e ficou olhando para a floresta cinzenta.

–O que aconteceu, Wiliam?

–Durma mulher, nada aconteceu. Ainda.

A Rainha ficou calada, odiava o marido, ela podia empurrá-lo agora da sacada, ninguém ia sentir falta. Mas ao invés disso, ela se levantou e procurou um de seus vestidos verdes no baú.

–Cadê Malmer?

–Eu pensei que ele estaria aqui com você. Ele não é seu cachorrinho?

–Não fale assim dele! –Disse a Rainha e o Rei ouviu uma pontada de raiva em sua voz.

–Eu sei. Eu o amo. –Ele voltou-se e continuou observando a floresta. O céu vermelho ainda estava intacto.

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–Wiliam, Wiliam- a Rainha chamava, seus olhos estavam vermelhos, seus cabelos bagunçados. –Wiliam, acorde! ACORDE! –Ela gritava e sentou-se no chão aos prantos.

–O que foi mulher? O que foi? –Ele perguntou assustado. Nunca a tinha visto assim.

–Mal-Malmer- lágrimas saltavam de seus olhos. Ela não conseguia se conter.

Wiliam se levantou, não conseguia acreditar, será? Seu filho querido, Malmer, estava morto?

–Não brinca com uma coisa dessas, mulher.

–Acha que estou brincando seu gordo idiota? –Agora sim ele estava assustado. A Rainha levou as mãos aos olhos novamente, suas mãos já estavam empapadas.

O Rei vestiu uma calça marrom surrada e começou a descer as escadas.

–Malmer! Meu filho! Malmer?

Correu para o salão principal ainda gritando o nome do filho, chamando-o.

–Malmer, Malmer.

O corredor parecia ainda mais interminável. Quando acabou, viu uma roda de Sors e um Mestre ajoelhado, balando a cabeça em negativa.

–MALMER, MEU FILHO!

O Rei correu e se ajoelhou junto ao corpo, vendo-o frio, inerte. Sua garganta vermelha e sua roupa da mesma cor.

–MALMER! –Ele gritou, chorando, suas bochechas redondas estavam vermelhas de raiva, de tristeza, molhadas com lágrimas que nem ele sabia que possuía.

As portas do castelo se abriram e o Rei do Norte entrou, agora já estava usando roupas casuais, mas sua espada ainda está em sua bainha.

–Eu sinto muito, meu Rei.

–FODA-SE VOCÊ. FODA-SE TODO O SEU REINO. –Wiliam voltou a chorar, abraçando o corpo do filho.

O Mestre se levantou e começou a murmurar algo, mas o Rei não lhe deu ouvidos.

–... A Filha do Leste estava junto de seu filho meu Rei. Ela, ela também morreu.

Isso só fez o Rei ficar mais irado ainda. Sua raiva o sufocava. Ele depositou a cabeça do filho com cuidado no chão como se ele pudesse acordar a qualquer momento e se levantou. Sua pança a mostra, seu dedo inchado se elevou e foi em direção à cara do Rei do Norte.

–Você e sua casa pereceram se acha que vou ajudá-los. Quero mais que estas bestas fodam seus cadáveres.

–Você não pode fazer isso! –Disse o Rei do Norte. –Você assinou.

–Um pedaço de papel é um pedaço de papel. Quero mais que vocês se explodam! Vocês mataram meu filho.

–Ele foi para a Floresta Cinza sem guardas. Ele não avisou ninguém.

–E os mortos dos seus guardas não o viram sair? Por que não trancaram os portões? Isso é responsabilidade sua. Os sangues destas crianças estão em suas mãos.

–Não estão!

O silêncio reinou no salão.

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–Vocês não terão nossa ajuda. Podem ter certeza que não! – A caravana do Sul partiu do castelo do Norte. Trompas soaram, os corpos de Malmer e de Qimin foram guardados em caixotes com sal, impedindo que apodreçam antes de um verdadeiro velório.

O ódio de Wiliam se espalhou para todos os habitantes do Sul. A notícia da morte do Príncipe Malmer e da Filha do Leste Qimin chegou rápida ao Sul.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e não deixem de comentar!



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