Nova Terra escrita por Raposa das Bibliotecas


Capítulo 22
Violet


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Desculpem a demora! O UniMonstro teve que formatar o computador dele e lá se foram os capítulos que estavam prontinhos... Eu também estive enrolada... Depois, o Nyah esteve fora do ar... E aí, o que estão achando? Faz um tempinho que ninguém comenta!... Aqui vai o primeiro capítulo do Ocidente!... E o segundo já está no forno! Se você está gostando, comente! Se não está, comente e diga o que acha que deve ser melhorado! Também recebemos críticas! ;) Reviews, please! E quem está acompanhando sem comentar, esperamos que estejam gostando. E muito obrigada por lerem nossa história! Saudações e até o próximo capítulo!

Ah! Agradecimentos especiais ao Rato das Bibliotecas, pela recomendação! ^^" Ficamos super felizes com suas palavras!

— Raposa das Bibliotecas



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Ela fazia mais um de seus passeios pelos jardins do castelo. Adorava o contato com a natureza e, para desespero de sua mãe e da ama, também costumava ficar descalça, a fim de sentir a terra. E era exatamente isto que ela estava fazendo neste momento: descalça, o vestido meio sujo e desalinhado, comia amoras silvestres sentada em um grande galho, na copa da amoreira.

– Violet! Violet! Onde será que se meteu aquela menina, desta vez? – ouviu chamar a voz inconfundível de Kenana, a ama.

Rapidamente, ela chupou os dedos lambuzados com o caldo da fruta e saltou ao solo, espanando a terra das vestes. Sua mãe, Lady Zorah Bromberg de Carvalhos Flamejantes, não ia gostar nada se a visse novamente naquele estado!...

– Estou aqui, Kenana! O que houve? – Pulou ela diante da ama, que se sobressaltou, levando as mãos ao peito.

– Ai, minha Deusa Berthe, que susto! Oh!... – reparando na sujeira que maculava a beleza do vestido, outrora impecável, que deveria ser de uma cor de salmão, e agora estava meio beje e marrom. - Quantos vestidos a senhorita ainda vai estragar, menina? Venha, precisamos aprontá-la; vossa mãe mandou chamá-la, precisa estar pronta para comparecer ao jantar que seu pai vai dar ao Lorde Charlton. – Explicou, agarrando o braço da garota.

– Por que sempre tenho que descer a esses jantares? Não me dizem respeito! Ludgera que vá! Por que não chamam a ela e ao seu marido? Eu não vou! Papai quer que eu conheça Sor Feres, filho de Lorde Charlton, porque pensa que terei de me casar com ele! Ele acertou esse casamento desde que eu tinha oito anos! Argh! – Violet soltou-se do aperto da mão da ama e estacou no caminho.

– Ora! Mas a senhorita terá que se casar um dia; por que não com Sor Feres? Ele é um moço bonito, educado e será um Lorde um dia, como vosso pai!...

– Eu nem o conheço, ama!

– Certo, certo... Mas vamos! Se não aprontar a senhorita, vossa mãe irá me servir no jantar!

– Há, há, há... Pelos deuses, Kenana, vosmicê é exagerada!... Mas eu vou subir, então!... Só me deixe respirar mais um pouco desse ar puro primeiro, e prometo que encontrarei vosmicê lá em cima rapidinho!...

– Ah, está bem! E se a senhorita começar a demorar, desço aqui e a levo arrastada!... – Disse Kenana, em um tom sério, mas a expressão de seu rosto era divertida.

Violet ficou observando a ama desaparecer no interior do castelo. Ah, se Sor Feres fosse um nobre homem do jeito que diziam, ela bem podia se apaixonar por ele e tudo seria mais fácil... Queria mesmo era aprender algo que gostasse de fazer e ter suas próprias aventuras; não queria se casar com ninguém. Por que as mulheres eram sempre tratadas com tanto desprezo, como se não tivessem valor ou não servissem para fazer nada realmente interessante no mundo? Parideiras, era isso que eram para aqueles que administravam as coisas em sua sociedade. Parideiras e governantas, donas de casa. Ser mãe e cuidar da casa de um grande homem era também uma tarefa difícil e preciosa. Mas não eram reconhecidas por isso, também. Queria poder fazer suas próprias escolhas...

– Pobre menina, mal sabe ela que pode fazer suas próprias escolhas!... – ouviu dizer uma vozinha penalizada. Mas não era uma voz como outras. E era tão baixa, que era quase um sussurro. Talvez um sopro. Isso! Era como se o vento sussurrasse uma brisa por seus ouvidos.

Virou-se, tentando achar a fonte de comentário tão peculiar sobre seus pensamentos. Seus pensamentos! Como, raios, poderia alguém saber o que estava pensando? Foi então que seus olhos pousaram sobre um campo de flores próximo. Tivera a impressão de ter visto os vegetais se balançando. Meteu-se por entre as flores. Ali, havia uma moita de dentes-de-leão. E qual não foi a sua surpresa ao flagrar dezenas de pequenas criaturas estranhas conversando, sentadas nas folhas da vegetação?! Na verdade, eram tão pequenas e tão parecidas com o próprio dente-de-leão, que se não fossem as vozes e os pequenos meneios de cabeça, Violet juraria que eram parte dos vegetais.

– Ei! Ela nos viu! Fomos vistos! Rápido! – ela os ouviu gritar, antes que tivessem todos desaparecido, na velocidade do vento, por entre os dentes-de-leão. Todos, exceto um.

O pequeno ser parecia analisá-la, enquanto flutuava no ar diante da face admirada da garota. Realmente, se parecia com o dente-de-leão: sua cabeça era formada por um pompom branco, que parecia feito de tufos de pêlo, igual à coroa da semente do dente-de-leão que as crianças adoram soprar, e seu corpo levíssimo era cheio dessas “coroas” nas costas, braços e pernas, de forma que voava facilmente ao sabor do vento. Seus olhos eram dois pontinhos pretos, que piscaram algumas vezes.

– Olá! – tentou Violet. – Quem ou o quê sois vós? E como se chama?

O serzinho falou, e Violet sentiu como se o próprio vento fosse a sua voz, profunda e muito diferente de outras vozes que já ouvira:

– Olá! Somos silfos. Meu nome é Zeki, e o seu? – ele batia, velozmente, pequenas asas membranosas constituídas por pêlos de dente-de-leão.

– Violet. Mas o que é um silfo?

– Violet... Bonito nome! Certamente deves ser graciosa e sensível como as violetas! Os silfos são elementais do ar. Cada elemento da natureza tem os seus. Nós somos os responsáveis por fazer ventar. Na verdade, estamos por toda parte. Somos como que a “alma” do ar. Muito me espanta que possa nos ver! Geralmente os seres humanos não conseguem nos ver. Tu és a primeira pessoa com quem converso!...

– E vosmicê é o primeiro silfo com quem converso! – disse Violet, achando graça do jeito da criaturinha. – Obrigada pelos elogios, mas também sei ser dura, quando preciso!... Mas como sabiam o que eu estava pensando?

– Nós sempre sabemos. Os pensamentos são transportados pelo ar. E além do mais, todo elemental pode captar telepaticamente os pensamentos, sem necessidade de palavras. Não esperávamos ser ouvidos. – ele sorriu.

– Telepaticamente? Quer dizer, por telepatia? Uau! Pensei que essas coisas fossem só superstição de algumas pessoas simples. – Violet estava cada vez mais admirada e abobada. – Vosmicês conversavam por telepatia, quando os ouvi?

– As pessoas simples, às vezes, acabam entrando em contato conosco, uma hora ou outra. Elas são mais predispostas a ver as coisas mais sutis, porque não costumam pensar tanto que é impossível, como vós, os mais... huuummm... instruídos! O que a torna mais interessante, Violet dos campos! Bem! Creio que Xinavane deve ter soltado uma exclamação alta, a qual ouvistes. Mas conversávamos com nossas bocas mesmo, afinal quem esperava ser ouvido? Pensamos que sim, podes fazer tuas próprias escolhas.

Violet estava boquiaberta.

– Mas como?... Como posso escolher, se são meus pais que o fazem por mim? Se nasci mulher num lugar onde só os homens podem tudo, e mesmo assim, eles se submetem a muitas coisas “pelo reino”, como dizem...

– Ora! Não importam as condições. Sempre há uma escolha! É só escolher, oras!... – disse o silfo com tanta convicção e simplicidade, que a menina teve vontade de rir.

De repente, Violet soltou uma gargalhada.

– Não pode ser assim tão simples!...

– Vós, humanos, é que são complicados! – retrucou o pequeno ser. - O que muda são os fatores que as pessoas levam em consideração! Mas levam com sua vontade. Por acaso, seus pais a amarrarão e farão sua boca abrir para proferir os votos?

Violet emudeceu, pensando. A perspectiva de poder fazer o que quisesse era, talvez, ainda mais perturbadora. Talvez fosse mais fácil se conformar com o seu destino e colocar a culpa em seus pais ou em seu mundo.

– Sim, e isto porque tu não estás habituada a pensar em ti mesma como a agente causadora de teu próprio destino. Obedecer a seus pais ou fazer outra coisa é algo que escolherás, ainda que não viesse a tomar ciência disso, como agora.

– Vosmicê pare de ler meus pensamentos!... – ela disse meio exasperada, meio divertida. - Então, vosmicê sugere que se meu mundo me desagrada é porque as pessoas escolhem se acomodar com aquilo que já está pronto para elas quando nascem?

– Eu não disse isso. Já estava na tua cabeça! – disse a criatura, dando risadas.

Um vento gélido fez com que um calafrio perpassasse a espinha de Violet. De repente, ela notou que o tempo escurecera e nuvens densas e escuras avançavam rapidamente, vindas da direção do castelo do Rei do Ocidente. Então, ela teve um vislumbre de uma imensa caveira formada pelos contornos das sombrias nuvens, e sentiu vontade de sair correndo. Podia jurar que havia sido real, que houvera realmente um crânio gigante no céu, mas fora muito rápido; a formação agora parecia apenas a de nuvens comuns. E ainda havia os pássaros... Uma revoada de pássaros que acompanhava as nuvens, fugindo de algum lugar.

– Um mal presságio!... – o silfo ficara quieto e compenetrado. – Vosso rei não age bem!...

– Como?

– Não ouviste os rumores? O Rei do Ocidente está a fazer negócios com criaturas que não conhece. Sua ambição desmedida ameaça não só a si próprio, como aos outros reinos!

– Tenho que avisar meu pai! Devemos avisar ao Rei!

– Não! O Rei jamais daria ouvidos a uma garota “tola”, como ele diria. Muito orgulhosos costumam ser os reis, e ainda mais este.

– Pelos deuses! O que eu faço, então? – Violet estava aflita.

– Violet! Violet! – e ela olhou para as escadarias do castelo, onde a ama vinha descendo quase correndo. - Eu falei que a traria arrastada, garota! – em alguns passos, ela já estava lhe segurando novamente pelo braço. – Vamos! Não há desculpa para tamanha demora!

A garota ainda arriscou uma olhadela para o lugar onde estivera o silfo, mas este já havia desaparecido, deixando-a preocupada e confusa.


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Notas finais do capítulo

Bem, é isso aí, pessoal! Esperamos que tenham gostado! ^_^



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