Filhos do Sol escrita por sancho


Capítulo 3
# 02 - Caminhando no Deserto


Notas iniciais do capítulo

"Imagine se você tivesse que tomar uma direção. E a direção que você tomasse te levasse a lugares que você nunca quis estar? Bem... essa foi a direção que eu tomei. - Elizie Garimund."



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Capítulo II – Caminhando No Deserto


 


 


O Sol afligia a terra morta enquanto que meus pés pisavam na terra rochosa. Eu olhei em volta e apenas o tom amarelo-alaranjado se destacava no horizonte. Caminhávamos na velocidade que nossos pés agüentavam; naquele lugar não havia nada, apenas alguns arbustos e cactos. Nossas armas já estavam quase sem balas e mais um dia caminhando seria fatal para nós, tanto pelo cansaço, tanto pela falta de água.


Eu já tropeçava nas minhas idéias e meu corpo já não respondia aos comandos dados pela minha mente, sentia que a qualquer momento poderia cair desacordada. Meus lábios estavam secos, minha pele, as poucas partes em que batia o Sol já estavam vermelhas e irritadas. As noites naquele lugar eram as mais frias possíveis, um lugar realmente inóspito.


Eu olhei para Roll que caminhava mais à frente, tentando encontrar um caminho para um lugar onde não sabíamos onde ficava. Eu mais uma vez olhei para os lados, mas dessa vez algo chamou a minha atenção. Uma leve nuvem de poeira se levantou e logo desapareceu. O que estava acontecendo? O sol já estava afetando minha visão?


Parei de caminhar e vi mais uma vez a nuvem de poeira; estava mais perto e parecia que se movia. Chamei Rolland que atendeu um pouco lerdo, mas veio ao meu encontro.


 


- O      que… (Arfando) o que foi Lizie? - Ele respirava com dificuldade.      Devia estar na mesma situação que eu.


- Olhe      ali. - Eu apontei na direção de onde eu havia visto aquilo. Não      havia nada.


- O      quê? Não há nada ali. - Ele me olhava por baixo da capa.


- Estava      ali. Eu vi! - Eu o encarava. Estava realmente ali à poucos minutos.


 


 


Algo se moveu. Um leve tremor abaixo de nossos pés fez com que nós nos afastássemos. Uma rachadura se formou e algo saiu de baixo da terra. Era grande como um carro, possuía garras fortes o suficiente para cavarem rapidamente e uma carapaça que parecia uma armadura. Ele urrou para nós e foi na direção de Rolland, se atirando sobre ele.


Rapidamente Roll rolou para o lado, evitando o abraço que certamente o levaria para o vale profundo. Empunhou as pistolas gêmeas e atirou. Muitos tiros acertaram a carapaça e sequer feriram a criatura, mas um dos tiros pegou em uma parte mais abaixo. Um líquido branco escorreu e pingou no cão. Ela urrou mais uma vez e entrou para debaixo da terra.


A nuvem de poeira veio na direção de Rolland que carregava as armas. Eu posicionei minha metralhadora que modo que minha mira ficasse perfeitamente posicionada na direção do bicho que vinha na direção de Roll. O rastro desapareceu, não deixando nenhum rastro de onde estaria a criatura.


Ele continuava atento, procurando de onde iria vir o ataque da criatura estranha. Nada, apenas aquele calor insuportável e o silencio. Um barulho pode ser ouvido. Bem baixo dos pés de Rolland, uma pequena área se levantou e em seguida desceu, formando um buraco e fazendo Roll cair lá dentro.


 


- ROLL!!!      - Eu gritei e pude ouvir o som dos tiros das pistolas dele. Em      seguida a criatura saiu do buraco ela andou para o lado e girou algumas vezes. Ela havia prendido a perna de      Rolland entre os dentes e estava carregando ele enquanto que ele      gritava de dor e atirava na parte de baixo dela.


 


Corri e me joguei rapidamente deslizando no chão e passando por baixo da criatura. Apenas apertei o dedo no gatilho até que a ultima bala do cartucho acabasse. Rolei para o lado. O monstro caiu e o líquido branco se espalhou ao redor do cadáver daquela criatura. Olhei para Rolland que abria a boca do monstro para que pudesse retirar a perna que continuava presa na parte da panturrilha. Ele gritou de dor quando retirou as presas afiadas do monstro da perna.


 


- Que      merda de monstro é esse? - Ele olhava para a criatura enquanto que      se arrastava na direção oposta. Corri na direção dele na      intenção de atendê-lo com o pequeno kit de primeiros socorros que      trouxemos da cidade.


- Eu      não sei. Tinha sido isso que eu tinha visto. Aquela nuvem de poeira      era ele se movendo. - Eu abri a mochila e peguei uma pequena caixa      com o primeiros socorros.


- Se      tiver mais dessas coisas estamos ferrados. - Ele conferiu a cintura      onde ficava o cinto com os pentes de balas de sua pistola. - Já      estou sem munição, devo ter umas duas ou três balas apenas. - ele      contou e jogou no chão.


- Eu      também estou sem munição. Esse aqui devia ser o ultimo pente.      Agora estamos nas mãos desse deserto.


 


Terminei de passar os remédios e enfaixei para que não pegasse a poeira. Olhei ao redor. Mais uma vez uma nuvem de poeira se aproximava ao longe. Será que realmente tinha mais dessas criaturas? Não era possível, minha hora já estava chegando? Aquele objeto negro se movia rapidamente. Rolland estava em meu colo, apoiado com a cabeça em minhas pernas, em poucos minutos ele havia esquentado e já estava com febre, parecia que aquele monstro possuía veneno em suas presas.


Eu apenas fechei os olhos e esperei pelo fim, ansiando para que chegasse rápido e eu não sentisse dor. Em poucos segundos o objeto negro parou na nossa frente e uma porção de pés pisotearam a terra freneticamente e vieram em nossa direção. Pegaram Roll e o colocaram em uma tábua de madeira e eu me pegaram pelos braços, já estava sem forças e não poderia resistir àquilo nem se quisesse. Eles me colocaram ao lado de Roll dentro de uma estrutura metálica e saímos rápidos daquele lugar.


Uma pessoa que usava uma mascara negra se aproximou de mim. Ele retirou a mascara. Era um homem de cabelos castanhos e olhos verdes.


 


- Você      está bem? - Ele me peguntou enquanto que os outros examinavam      Rolland. - Você foi mordida pelos Carniçais? - Ele me perguntou      mais uma vez, mas eu não conseguia responder por cansaço, apenas      balancei a cabeça em sinal de negativo. Ele remexeu algo e colocou      em meus lábios logo em seguida eu estava bebendo; era água. - Já      está bom assim. Não precisa me responder.


 


Eu não sabia onde estávamos, apenas que estávamos seguros. O movimento daquela coisa que se movia rapidamente me induziu a um sono profundo devido ao cansaço físico e mental. Uma voz me chamou, estava dentro de minha mente. Uma garotinha de cabelos longos me chamava, porém a cor deles me deixaram curiosa; eram brancos. Ela me chamava e dizia para eu ir ver ela.


Um solavanco me acordou. Uma mulher de cabelos castanhos e olhos de mesma cor estava me examinando. Eu levantei e dei um soco no nariz dela, de modo que ela caiu para trás. Eu desci da maca de onde eu estava deitada e ao tentar me por de pé, caí. Não conseguia sentir minhas pernas. Eu me arrastei pelo chão, não estava enxergando direito, minha visão estava turva. Consegui ver a porta e me arrastei até ela. Uma mão poderosa me puxou pelos braços e me pôs de pé.


Dois homens me agarraram pelos braços, girei o corpo e cai mais uma vez no chão. Me arrastei mais uma vez na direção da porta até que um par te botas marrons se puseram à minha frente. O mesmo homem que eu vi antes de desmaiar estava na minha frente; ele se abaixou.


 


- Você      tem bastante força eim? - ele riu um sorriso curto.


- Quem      são vocês? - minha visão girava.


- Não      somos inimigos. Isso é o que importa. - Ele levantou e pegou no      colo. Me colocou na cama sentada.


- Onde      está Rolland? - Perguntei enquanto que me ajeitava na maca.


- Na      outra sala. Está sendo tratado, ele tem bastante vontade de viver.      Uma vez infectado pelo veneno dos Carniçais é muito difícil de se      tratar, mas ele não quer morrer.


- Carniçais?      - Uma agulha penetrou no meu braço com força. A moça que eu havia      acertado o soco agora me aplicava um injeção com a outra mão no      nariz que sangrava. - Me desculpe por isso. - Falei e virei minha      atenção para o homem que falava.


- Aquelas      baratas super desenvolvidas que vocês mataram. Vocês deram sorte      que apenas uma atacou os dois. Mas afinal de contas, o que vocês      estavam fazendo ali naquele deserto? - Ele escorou-se na parede.


- Primeiramente      as apresentações, depois as perguntas. - Disse rispidamente,      independente da minha situação ali.


- Hum.      Tem razão. Meu nome é Yound Drifon. Mas pode me chamar de Drie. E      você, como se chama?


- Elizie...      Elizie Garimundi. - eu já conseguia sentir minhas pernas.      Levantei-me cambaleante e fui em direção a saída da sala.


- Para onde      você está indo? - Drie me perguntou enquanto que eu passava por      ele.


- FimLands. Conhece?  - Nossos olhares se cruzaram e em seguida ele fechou os olhos.


- Conheço, mas sinto      muito, mas você não pode sair agora. Nós já fechamos os portões.      Ah, e bem vinda a Gridreal. A cidade do deserto de Zarkon. Apenas      amanhã você poderá partir. Então até lá...  Um poderoso golpe      acertou a parte de trás do meu pescoço e me fez cair. - Apenas      descanse... - essas foram as ultimas palavras que eu ouvi antes de      desmaiar e ouvir mais uma vez a voz da garota me chamando para ir      encontrar ela.



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Notas finais do capítulo

"Você veio mais uma vez me ver... Estava tão sozinha aqui nesse lago profundo chamado vazio. Estou te esperando, e você sabe onde estou. Estou no berço de Kaligulas, onde o resto de nossos irmãos te aguardão."



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