O Quarto do furacão escrita por IsaOli


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Lembre-se: É apenas ficção, baseada no meu desejo de enredo e não do autor, por favor, deixem os seus comentários! A cena é baseada no início da 4° temporada de Downton, logo após Mary resolver abandonar seu luto que já dura 6 meses.



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"-Vamos Sybbie, precisamos levar as vacas até o outro lado da fazenda...George, ajude-nos para que elas não fujam!"

Tom estava deitado no chão todo desajeitado e distraído, brincando com as crianças e tão absorto que não viu a hora passar.

Ouvindo a porta se abrir tentou se levantar rapidamente e já estava sentado no chão quando uma figura apareceu. Não conseguiu se ajeitar, sua franja estava caída sobre a testa, tinha em uma mão um boneco e com a outra apoiava George que se assustou com o barulho da porta, então ficou alguns segundos imóvel, olhando á sua frente sem saber o que fazer primeiro: se dizia algo, se arrumava a sua roupa ou se colocava as crianças de volta no berço. Era Mary... Lady Mary. Ela nunca havia entrado antes naquele quarto, fazia seis meses que mal saia do seu próprio e lá estava ela, em frente a porta e com os olhos arregalados olhando para toda a bagunça que havia no chão.

"-Tom, que bagunça é essa? Onde está a Nanny?"

Tom sorriu, colocou George em seu colo pois parecia ter se assustado de verdade, e estava tão surpreso e ao mesmo tempo feliz de ver Mary ali, que olhou pra ela, deu uma ajeitadinha na roupinha do bebê e explicou:

"-Eu disse a Nanny que ela podia ir até a cozinha tomar um chá se quisesse, hoje ela estava sozinha e vi em seu semblante que estava cansada ou irritada, não sei, e então resolvi brincar com as crianças, e como você pode perceber, aqui estamos nós, brincando de fazendinha."

"-E por acaso passou um furacão nessa fazenda? Ou melhor, nesse quarto? E você por acaso estava no meio dele?

Tom voltou os olhos para si e percebeu que a sua aparência não era das melhores, aliás, uma aparência imprópria para se estar diante de uma dama ou até de qualquer pessoa, além das roupas desajeitadas, o cabelo todo bagunçado, com algumas partes sujo de papinha (mesmo que ele nem tivesse se dado conta disso) e além de tudo tinha se esquecido que há pouco havia tirado de vez os sapatos. "-Me perdoe Mary, me dê um minuto para poder me recompor e depois chamo a babá de volta, estava me divertindo tanto que até me esqueci da hora e principalmente do lugar onde eu estava."

Mary percebeu que suas palavras haviam sido entendidas como uma repreensão severa e resolveu esclarecer a Tom que ele tinha interpretado errado o que ela tentou dizer:

"-Oh Tom, eu só estou brincando com você, é que eu nunca vi um quarto tão bagunçado em toda a minha vida, principalmente nessa casa!" E então ela soltou um sorriso tímido e continuou: "-E não precisa chamar a Nanny, eu não vim falar com ela, eu vim ficar alguns minutos com meu filho e ver se tudo estava bem" e então entrou de vez, fechando a porta.

"-Então sente-se ali, e fique com George um pouquinho!" A essa altura Tom já estava de pé com George no colo, Sybbie estava tão entretida com as vaquinhas que não deu atenção á conversa dos dois, Mary pegou George dos braços de Tom e se sentou na cadeira perto da janela.

"-Como Sybbie cresceu! Parece que ontem mesmo eu a segurava em meus braços no dia do seu batizado" quis Mary fazer um comentário para desfazer de vez o clima estranho, embora imediatamente tenha se lembrado de um passado bonito que não existia mais.

Tom não queria lembrar do passado, não por ele, mas por perceber o que aquela simples lembrança de Mary trouxe em seu semblante, então, rapidamente resolveu mudar a conversa para tentar mais adiante alegrar Mary com algum outro assunto:

"-Deixe-me arrumar a bagunça antes que a nanny West volte... acho que ela não gosta muito de mim, mas não vou me afastar da minha filha só porque ela acha adequado que as crianças não fiquem tanto com os seus pais, ela vai ter que me aturar, quer queira ou não, eu sou bem durão quando preciso!" disse Tom mais pra si mesmo do que para Mary que nesse momento olhava perplexa todos aqueles brinquedos jogados no chão de uma só vez.

"-Então você nunca tinha visto tanta bagunça assim em um só quarto? Isso não é nada comparado ao que eu e meu irmão fazíamos em nosso quarto todas as noites" dizia Tom enquanto se arrumava todo afobado, tentando se recompor com dignidade diante dela, e Mary, discretamente tirou os olhos de sobre ele, olhando para os brinquedos novamente, pois percebeu que ele estava envergonhado por estar tão desarrumado assim na frente de uma dama, ela é claro, estava um pouco chocada com a situação mas preferiu fingir o contrário, resolvendo continuar a conversa:

"-Pra falar a verdade, não! Minha ama mal me deixava brincar com 2 bonecas de uma vez, isso quando me deixava brincar, ela preferia que aprendesse a sempre manter a pose de uma dama...Mary arrume a postura, dizia ela a cada cinco minutos"

"-Então você deve estar me odiando por ver George sentado no chão no meio de toda essa bagunça, não é?" Disse Tom apreensivo enquanto guardava os brinquedos na caixa, deixando somente meia dúzia em volta de Sybbie que ainda continuava a colocar as vaquinhas no seu estábulo improvisado.

"-Não Tom, pra falar a verdade eu fico muito feliz que alguém esteja cuidando de George porque ele precisa receber o afeto de alguém já que sou tão alheia, e você tem feito isso por ele, não poderia ser mais grata. Tenho medo de que um dia ele nem queira olhar pra mim"... "Mas...bom...só não mencione isso a vovó, se é que me entende, se ela tivesse visto essa cena, não falaria de outra coisa nos próximos quatro anos"

Tom sorriu, ele sabia muito bem que mesmo estando séria e com o olhar distante, Mary estava tentando ser simpática e cortês, um esforço de simpatia que Tom já tinha se habituado a gostar desde quando ele passou a ser um dos moradores de Downton, e sentira até saudades, Mary foi uma boa amiga para ele quando perdeu a sua amada e por isso, ele pegou Sybbie no colo e se sentou na cadeira ao lado para responder:

"- Você precisava do seu tempo, e sabe que eu entendo perfeitamente o que você está passando, jamais seria capaz de te julgar por isso, e fiquei muito feliz quando te vi entrar por aquela porta, eu sei que ama muito seu filho e não precisa se explicar para mim, você está voltando, não está? Isso é o que importa, todo mundo vai ficar feliz, George principalmente..." Tom fez uma pausa e olhou para George com satisfação, Mary estava se preparando para dizer que não tinha certeza se estava preparada pra voltar pra qualquer coisa que fosse, não sabia bem o que dizer e ficou caçando as palavras, mas Tom a interrompeu de seus pensamentos " -Você percebeu que ele adormeceu em seus braços?" Disse Tom com a voz mais baixa ao se dar conta disso.

"-E agora, o que eu faço? Devo o colocar no berço?"

"Eu sei que é errado, e que todo mundo diz que é mimo, mas eu prefiro ficar um pouquinho com Sybbie em meu colo quando ela adormece, ás vezes ela sorri enquanto dorme e isso é a coisa mais linda de se ver."

Mary seguiu o conselho de Tom e ficou sentada, quase imóvel, segurando seu pequeno príncipe, mesmo quando seus braços já estavam casados. Mas ela começou a prestar atenção em todas as suas feições e foi impossível não se lembrar de Matthew, então começou a sentir um nó apertar o seu peito, levantou-se e colocou George rapidamente no berço. A essa altura Sybbie que havia brincado até se cansar, também adormeceu nos braços de Tom, que percebeu uma tristeza profunda nos olhos de Mary e colocou Sybbie no outro berço, se virou com a intenção de dizer a Mary que já era a hora de chamar a babá e que eles deveriam descer e tomar um ar, mas mal teve tempo de pronunciar sequer uma palavra quando Mary disse:

"- Como você consegue ficar tanto tempo com eles, Tom? " parou por um momento, olhou nos olhos surpresos de Tom e se virando para a menina, continuou: "Sybbie se parece tanto com a minha irmã, e sabe, você pode não conseguir perceber ainda, mas George tem tanta coisa de Matthew, não consigo olhar diretamente pra ele sem me lembrar de tudo, sem ter que controlar o choro, por isso não consigo ficar tão perto assim dele" E caíram algumas lágrimas no canto dos olhos de Mary, que tentava controlá-las o máximo que podia, sentindo que seria um crime sofrer e chorar, além de demonstrar o que sentia para alguém, pois a única pessoa em que ela confiava para isso era Carson e ninguém mais.

"-Mary, eu vejo Sybil em cada mecha de cabelo de minha pequena, toda vez que olho em seus olhos, e sim, eu já chorei muito por isso e se parar pra pensar agora eu vou chorar de novo" Os olhos de Tom se encheram de lágrimas e ele se agachou, encostando seu queixo sobre suas mãos e se apoiando na grade de proteção do berço enquanto admirava o sono de sua filha.

Mary olhou assustada para Tom, ela não estava habituada a ver alguém falar tão abertamente sobre o que sente, principalmente se tratando de um homem, e um homem que até agora, ela tem como um homem extremamente forte.

Ele continuou:

"-Foi de chorar e colocar tudo pra fora que eu consegui superar, foi quando eu parei de ter pena de nós que eu consegui me aproximar dela, porque ela não precisa de minha pena, ela precisa do meu amor, e sabe, eu ainda... eu ainda tenho ela e isso é o que importa agora... e é assim que você poderia pensar também: "Ainda bem que eu tenho George!"

Mary olhou de volta pro filho, mas havia se deixado levar por todas as emoções tristes que permeavam sua mente, não pôde se conter, nem ao menos lidar com tudo aquilo e disse:

"-Mas eu não sou como você Tom, me desculpe, não aceito o que a vida fez comigo, eu não merecia ser feliz antes e não será agora que eu serei, a melhor coisa a fazer é me afastar, não sou uma boa mãe e não é o que eu sinto que George precisa receber, não posso, não estou preparada, não consigo olhar pra ele. Eu, eu vou embora agora, já fiquei mais tempo do que deveria" Mary se virou abruptamente e já estava à porta, quando Tom a chamou:

"-Mas Mary...." e não conseguiu terminar, Mary rapidamente se virou, enxugando uma lágrima, forçando um sorriso pra dizer:

"-Você fez um bom trabalho Tom, a babá nem vai perceber que um furacão passou por aqui, mas não se esqueça de limpar o seu cabelo antes de descer" enquanto endireitava a postura para ir embora.

Tom passou a mão em seu cabelo e percebeu a sujeira, deu um pequeno sorriso a Mary e disse "-Eu não vou desistir, você sabe? Por hoje, saiba que ele adormeceu em seus braços e isso é muito bom.... boa noite, nos vemos lá embaixo"

O jantar foi silencioso, exceto por Rose quebrá-lo mencionando que o "Dia dos namorados" estava chegando e que ela adorava essa época, fazendo com que todos ficassem apreensivos sobre seu infeliz comentário. A condessa-viúva que estava com mais frequência participando dos jantares em Downton, justamente para acompanhar o progresso de Mary, tratou de deixar um dos seus adoráveis comentários filosóficos sobre o que pensava sobre isso, tirando um sorriso discreto de Carson e um mais abobalhado de Edith. Mary parecia não estar ouvindo nada daquilo (o que fez Robert se sentir mais tranquilo) e Tom estava igualmente pensativo, ainda tentando descobrir o que poderia fazer para ajudá-la.

A batalha não estava perdida, ela está apenas começando....


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Notas finais do capítulo

Obs: No primeiro episódio da 4° temporada de Downton Abbey, podemos ver se desenrolar vários dias, ao menos uma semana se passou durante todas as cenas do episódio. Essa história fictícia teria se passado entre os primeiros dias dessa semana. O episódio retrata fevereiro de 1922



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