Respirar escrita por SasuSakuLovers


Capítulo 3
Capítulo 3




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/437320/chapter/3

Sasuke sentiu como se alguém estivesse batendo em sua cabeça com um martelo. Tudo que ele sentia era dor.

Ele tentou colocar a mão em sua cabeça para entender porque ela estava doendo muito, mas alguma coisa, ou alguém o impediu.

Ele tentou novamente, mas não tinha forças o suficiente então desistiu.

– Sasuke? - uma voz cansada o chamou. A voz era familiar, e Sasuke tentou lembrar a quem pertencia, mas por causa da dor que sentia ele não conseguia pensar direito. Tudo o que ele poderia dizer é, que a voz era de uma mulher. Ele tentou abrir os olhos, esperando que fosse capaz de reconhecer a pessoa de vista, mas sua cabeça doía para manter os seus olhos abertos.

Ele soltou um gemido baixo e doloroso.

– Oh, graças a Deus você acordou - sussurrou, a mesma voz - Você está sentindo dor?

Sasuke tentou dizer que sim, mas ele não conseguia formar palavras com sua boca. Felizmente, a mulher entendeu, e disse:

– Vou chamar a enfermeira, ok? Espere um segundo.

E então ela se foi, e junto a pressão que segurava sua mão. Ela estava segurando sua mão. Ele não tinha ideia de quanto tempo ficou ali sozinho, até ouvir vozes e alguém vindo em sua direção. Uma injeção foi aplicada em seu braço e depois da dor da agulha, o alívio foi quase imediato. Ele soltou um suspiro de aliviado.

– Melhorou? - perguntou a voz familiar.

Ele limpou a garganta.

– Sim - Sasuke resmungou - Posso beber… água? - ele perguntou com dificuldade.

Segundo depois ele sentiu algo pressionado contra seus lábios e a voz familiar ordenou que ele bebesse. E assim ele fez.

A água estava fria, e desceu rapidamente pela sua garganta que estava seca.

– O-Onde eu estou?

– Em um hospital.

Ele levou alguns segundos para processar a informação.

– O que aconteceu?

– Não se preocupe com isso agora - a mulher parecia nervosa, e se ele não estivesse tão cansado e confuso ele teria perguntado o por quê. - Você precisa voltar a dormir.

Ele não precisou fazer esforços para isso.

(...)

Sasuke acordou mais uma vez, porém agora ele já se sentia melhor. Dessa vez ele já conseguia abrir os olhos e mantê-los abertos. Ele encarou as paredes brancas ao redor, e depois olhou para os fios que estavam ligado em seu braço esquerdo. Sentada em uma cadeira, a uma curta distância, estava sua tia. Ela era baixa, tinha o cabelo curto, liso e incrivelmente preto, igual ao da sua mãe, a unica diferença é que o cabelo de Mikoto era mais comprido.

– Tia Shizune? - chamou Sasuke hesitante.

Ao som de sua voz, sua tia saltou da cadeira e olhou diretamente para ele.

– Oh Sasuke, você está acordado - ela levantou-se e guardou o livro que estava lendo antes de caminhar até ele. - Você está se sentindo bem? Parece bem melhor.

– Sim, eu me sinto um pouco melhor. O que aconteceu? Por que eu estou em um hospital? A quanto tempo estou aqui?

Ela parecia nervosa e levou alguns segundos para respondê-lo.

– Você teve um acidente de carro, se lembra? - perguntou ela.

Ele pensou por um momento, mas tudo estava confuso.

– Talvez, um pouco - Assim que ele disse isso, ele se lembrou de algo. Seus pais. Eles estavam com ele. - Meus pais, onde eles estão? Eles estão bem?

Ele sobressaltou-se tão rápido que ficou tonto e teve que fechar os olhos por alguns segundos.

Quando ele abriu os olhos, sentiu uma dor imensa ao ver os olhos de sua tia: cheios de desespero, dor e uma imensa tristeza. Quando ela resolveu falar, sua voz soava firme.

– Shh. Acalme-se. Primeiro, você está aqui cerca de um dia, é sábado a noite e você chegou na sexta-feira.

Ele não queria mais ouvir as respostas das suas perguntas anteriores, ele só queria saber como seus pais estavam.

– Onde estão meus pais? - Seu coração batia tão rápido que ele pensou que fosse desmaiar.

Sua tia pegou sua mão, mas dessa vez ele não se sentia confortável. Shizune ficou em silêncio por um tempo, ela estava tentando se preparar para responder a ele. Finalmente, ela falou:

– Querido, seus pais, eles faleceram no acidente. Eu sinto muito. A polícia disse que eles foram atingidos na cabeça e-

– Não - Sasuke sussurrou, sua voz soava distante, como se não tivesse vindo mesmo dele. - Não, eles não podem estar mortos, eu estava com eles ontem. Tinha um cara… Esse cara… Ele me salvou. Ele voltou para salvar meus pais. Ele os salvou. - a última parte parecia mais uma pergunta. Ele olhou para sua tia desesperadamente, mas ela não disse nada, ele sentiu seu corpo começar a tremer.

– Sasuke, eu sinto muito - o silêncio foi rasgado por um soluço dela - Eu sei que pode ser difícil de acreditar mas-

– Pare de mentir pra mim! - Sasuke gritou e Shizune se surpreendeu pelo tom de raiva que saía de sua voz. Ele gritou com tanta força, que não somente sua garganta doía como sua cabeça e ouvidos. - Pare de mentir pra mim! - ele falou novamente, mas dessa voz sua voz estava mais fraca e ele estava a ponto de chorar.

Seus pais estavam mortos.

Ele nunca os veria novamente.

– Sasuke, por favor, me diga do que você precisa?

Eu preciso dos meus pais, ele queria dizer.

– Preciso ficar sozinho, agora.

– Eu não posso fazer isso - disse Shizune. - Eu não posso simplesmente deixá-lo sozinho, não depois do que você acabou de saber.

– Sim você pode - disse ele - Eu não quero vez você aqui agora.

Mas ela não se moveu.

– Deixe-me em paz! - ele gritou sem se importar, sua garganta doía cada vez mais. Mas a dor física não era nada se comparada a que ele sentia por dentro. - Saia daqui.

– Sasuke, por favor, acalme-se eu-

Ele tomou uma respiração profunda.

– Tudo bem, se você não vai sair, eu vou.

Quando ela não se moveu, ele empurrou as cobertas e saiu da cama. A dor explodiu quando suas pernas tocaram o chão, fazendo-o cambalear. Ele caiu para a frente, não sendo capaz de manter-se em pé mais.

Alguém o pegou antes que ele pudesse cair no chão, os braços de sua tia o seguraram firme.

– Shh - foi tudo o que ela disse. E por alguma razão, aquilo o ajudou a se acalmar. Ela o levou para sua cama, e ele não fez nada para impedi-la.

Sasuke notou a umidade em suas bochechas. Ele estava chorando.

(...)

Quinze horas.

Quinze horas haviam se passado desde que ele havia descoberto que seus pais estavam mortos.

Quando ele acordou, por alguns segundos felizes, ele pensou que tudo estava normal, que ele estaria em sua casa, em sua cama, e seus pais estariam na cozinha tomando o café.

Mas então ele se lembrou.

A dor da lembrança era a mesma de que levar um soco no estômago.

Seu médico havia visitado-o apenas uma vez desde que ele tinha recuperado a consciência. Sua vista melhorou, e assim ele pode notar o corte profundo em sua panturrilha.

Agora, era hora do almoço, e tudo que ele precisava fazer antes de deixar o hospital era almoçar, o problema era que ele não estava com fome, seu estômago parecia estar estranho.

– Sasuke - disse Shizune, que não havia saído do seu lado em momento algum, apenas uma vez para buscar roupas para ele. - Por favor, você precisa comer. O médico disse qu-

– Eu sei o que ele disse - sussurrou Sasuke - Eu estava aqui, e não disse que não iria comer, apenas que não estava com fome.

– Ok.

Levou quase uma hora para Sasuke comer sua sopa de vegetais. Assim que ele deu a última colherada, ele perguntou:

– Podemos ir agora?

– Deixe-me chamar a enfermeira, Sasuke, ok? Ela já deve estar organizando os papéis para sua liberação.

– Tanto faz. Posso pelo menos vestir as roupas que você trouxe?

Shizune parecia querer se opor, mas cedeu de qualquer maneira. Ela pegou a bolsa ao lado da cadeira e entregou a ele.

– Você precisa de ajuda para chegar ao banheiro?

– Não, eu não tenho cinco anos - ele arrancou a bolsa da mão dela.

– Eu estava me referindo as muletas - ela entregou-lhe um par de muletas que estavam encostadas na parede perto de sua cama.

Sua mente estava tão ocupada com outras coisas que ele havia esquecido que teria que usar muletas até que os pontos em sua perna fossem removidos.

– Eu acho que posso lidar com isso - disse ele, sarcasticamente. Sasuke mancou até o banheiro, batendo a porta com força atrás dele.

Ele propositalmente evitou o espelho, não estava totalmente pronto para ver o quão diferente estava. Ele tinha que estar diferente, certo? Ele havia mudado suas roupas, estava vestindo uma calça jeans escura, uma camiseta e um moletom com capuz. Sua tia também havia comprado uns produtos de higiene pessoal para ele, mas ele não tinha energia para fazer mais do que escovar os dentes. Depois disso, ele ganhou coragem e se olhou no espelho.

Ele parecia diferente, e não era por causa dos hematomas profundos. Irritado, ele cobriu o lado esquerdo do seu rosto, onde ele havia batido a cabeça, a sua pele estava mais pálida que de costume. Ele quase não reconhecia a si mesmo no espelho, ele não se parecia nem um pouco com o Sasuke Uchiha de antes. Ele havia ido embora, pelo menos por enquanto, ele tinha desaparecido.

Ele não sabia por quanto tempo havia ficado se olhando no espelho, quando ouviu alguém bater na porta do banheiro.

– Sasuke, você está bem?

– Eu… - Sua voz falhou e ele limpou a garganta antes de terminar - Eu estou bem. Eu já vou sair.

Querendo sair o mais rápido possível daquele hospital, ele colocou o capuz do seu moletom na cabeça, porque de alguma maneira aquilo o fazia se sentir seguro.

A enfermeira estava parada lá fora, ela lhe deu um pequeno sorriso enquanto caminhava até ele.

– Hey, Sasuke. Como está se sentindo? - ele olhou para ela sem entender. - Ok, vou verificar seus batimentos cardíacos e você estará livre para ir pra casa. - ela apontou para a cama e ele sentou-se ali, entorpecido enquanto ela media sua pressão arterial e fazia anotações. - Tudo parece estar bem. Apenas certifique-se de manter-se hidratado e de ter uma boa noite de sono. Lembre-se, você pode ter dores de cabeça por um tempo, é sinal de que sua memória está retornando.

Ela se afastou dele e fitou-o por alguns segundos antes de balançar a cabeça em descrença, dizendo:

– Você é muito sortudo, não teve nenhuma lesão grave.

Sorte? Ele tinha sorte? Ele havia acabado de perder ambos os pais. Ele não chamaria isso de sorte.

– Posso ir agora?

– Sim, só espere um minutinho - disse a enfermeira - Há algo que eu quero falar para vocês.

Sasuke ficou em silêncio, de modo que Shizune teve que se pronunciar.

– Claro, o que foi?

– Sasuke, você passou por um trauma terrível, perdeu ambos os pais e…

– Nós precisamos falar sobre isso? - ele perguntou rudemente, levantando-se. Por que todo mundo tinha que lembrá-lo de uma coisa que ele estava tentando esquecer?

– Só escute o que ela tem a dizer, Sasuke - disse Shizune, dando-lhe um olhar de súplica.

– Tudo bem - ele sentou-se. Ele só concordou porque sabia que seria forçado a ouvir de qualquer maneira.

– Eu ia dizer que pode ser uma boa ideia para você pedir ajuda ou conselhos para alguém que saiba lidar com isso. Como um terapeuta, por exemplo. Vai ser bom falar sobre o que você está sentindo. Não é saudável guardar esses sentimentos só para você. É uma ótima maneira para lidar com a sua dor.

– Eu não sou louco.

– Sasuke, ir a um terapeuta não significa que você esteja louco. Significa apenas que você precisa de alguém que saiba conversar, alguém que o ajude a expressar seus sentimentos e ajudá-lo nesse momento difícil.

Ele se levantou.

– Isso é de ótima ajuda, mas eu vou ficar bem. Agradeço, de qualquer maneira - e com isso ele deixou o quarto, sem verificar se sua tia o seguia.

(...)

Assim que chegaram em casa, Sasuke imediatamente disse a sua tia que estava com dor de cabeça e precisava tirar um cochilo. Estar em sua casa, sem seus pais, tornava toda a dor maior. Ele dormiu o restante do dia, e acordou com um barulho vindo da cozinha. Ele desceu as escadas para ver o que sua tia estava fazendo.

– Hey - ela disse, virando-se para olhar para ele - Você está se sentindo bem?

Ele deu de ombros.

– Ótimo. Espero que esteja com fome. Trouxe algumas coisas daquele restaurante que tem aqui na rua, você já esteve nele?

Sasuke se sentou na mesa, que já estava coberta de recipiente brancos, com comida dentro.

– Sim, é bom.

Shizune parecia aliviada.

– Oh, eu não sabia o que você gostava, então trouxe diversas coisas para você escolher.

O jantar foi silencioso, e quase um pouco estranho. Quando eles estavam terminando de comer Sasuke perguntou:

– Quanto tempo vai ficar aqui? - seu pensamento estava longe quando ele perguntou isso, porém um pensamento lhe veio a cabeça: para onde ele iria quando ela fosse embora?

– Isso não importa. Quanto tempo for preciso.

Shizune deu uma mordida no seu frango com gergilim, e sem pensar Sasuke perguntou a ela:

– O que vai acontecer comigo quando você for embora?

Ela tomou um gole de sua bebida antes de dizer:

– Sasuke, seus pais queriam que você… Que você fosse morar comigo. Sua mãe queria…

– Oh, tudo bem - ele não sabia porque estava surpreso, mas ele estava. Ele deveria ter suspeitado que ela faria isso. Ele não tinha outro familiar para levá-lo. - Hum, onde você mora?

– Konoha, fica a poucas horas daqui. Sei que vai ser difícil para você. Terá que se ajustar a muitas coisas. Mas eu prometo fazer de tudo para que você se sinta confortável e você não estará sozinho, ok?

Ele acenou com a cabeça, mesmo que ele tivesse certeza que se sentiria sozinho por muito tempo.

(...)

Sasuke acordava durante a noite algumas vezes, encharcado de suor e tremendo. Seu peito e sua garganta doíam e ele não conseguia respirar, porque agora ele havia se dado conta, ele havia matado seus pais. Agora ele só não estava triste, mas também se sentia culpado. E a culpa era o pior de tudo.

Na sexta-feira, Sasuke recebeu uma visita.

Ele estava deitado em sua cama, ouvindo música, quando alguém entrou em seu quarto.

– Eu já disse que não estou com fome - disse ele, arrancado um dos fones de ouvido de sua orelha e levantando os olhos. Quando ele viu que era seu amigo, Naruto, ele se sentou na cama e perguntou em tom acusador. - Quem deixou você entrar?

– Oi para você também. E foi sua tia que deixou.

– Hum - ele observou Naruto sentar-se na cadeira da mesa de seu computador a poucos metros de distância dele.

– Cara, por que você ignorou minhas ligações? Você sabe como eu estive preocupado? Eu tive que descobrir pela boca dos outros, na escola, o que aconteceu.

Sasuke deu de ombros.

– Eu sinto muito.

– Sasuke - começou Naruto, correndo os dedos pelos cabelos nervosamente. - Eu estou tão triste cara. Eu… Não sei o que dizer.

– Não diga nada que já está bom.

– Você não pode estar falando sério. - Naruto levantou-se, jogando os braços para cima - Fale comigo, cara. Quer dizer, sou seu melhor amigo, pelo menos eu acho, você nem ao menos me contou. Apenas… - ele parou, sua voz ficou mais suave - Fale comigo

– Não há nada para falar. Eles estão mortos. Acabou. Estou seguindo em frente.

– Ah, certo. Seguindo em frente. É por isso que você está com essa aparência de que está prestes a desmaiar? E qual é a desse capuz?

Sasuke tocou no capuz que estava em sua cabeça. Ele havia começado a usá-lo desde que saíra do hospital.

– Eu não sei.

Sua resposta pareceu deixar Naruto com mais raiva.

– Isso é tudo que você vai me dizer? “Eu não sei”?

– Sinto muito.

Naruto suspirou.

– Olha, eu só parei aqui para ver como você estava lidando com isso, mas estou arrependido. E, você sabe… - ele começou com a voz suave - Você não precisa seguir em frente agora. Você pode se lamentar por mais tempo.

– Ok. Você já fez isso, então pode ir embora agora.

Naruto parecia derrotado.

– Tudo bem… Vejo você.

Sasuke assistiu Naruto sair do quarto, batendo a porta atrás de si.

Nem cinco minutos depois, Shizune entrou em seu quarto.

– Naruto parece legal - disse ela - Faz tempo que se conhecem?

Em vez de responder a sua pergunta, ele disse:

– Eu quero ir. Vamos amanhã. - ele sabia que era um pedido louco, e injusto para sua tia, mas ele não poderia ficar mais lá. Ele precisava deixar o lugar onde tudo lembrava seus pais.

– O quê? Sasuke, você não pode simplesmente…

Ele tomou uma respiração profunda.

– Eu quero ir amanhã - sua voz falhou e ele sabia que sua tia havia notado.

Eu não posso mais fazer isso, ele queria acrescentar.

– Ok, partimos amanhã.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Respirar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.