Respirar escrita por SasuSakuLovers


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Obrigada a todos que leram o primeiro capítulo! Essa história será escrita com pontos de vista alternados, no caso, esse capítulo será um "POV Sakura", boa leitura.



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– Por que você não pode fazer apenas uma coisa certa? Uma coisa tão simples.

– Por que você encontra defeito em tudo que eu faço!

– Isso não é verdade!

Sakura gemeu e virou de barriga para baixo, puxando o travesseiro sobre sua cabeça para tentar bloquear o som dos gritos da briga de seus pais. Eles continuavam a gritar, seus gritos atravessavam pelas paredes e seu travesseiro era tudo que ela tinha para poder impedir os gritos de chegarem aos seus ouvidos.

Sabendo que ela teria dificuldade de adormecer novamente, sentou-se na cama e encarou o relógio que havia em cima do seu criado-mudo, viu que era só cinco e quarenta e cinco da manhã, ela só tinha dormido por quatro horas.

Querendo fugir da gritaria ele foi tomar um banho, vestiu uma roupa mais adequada do que seu pijama, penteou os cabelos em um rabo de cavalo e começou a arrumar sua mochila.

Ela abriu lentamente a porta, quando uma cabeça apareceu. Era Yumi, sua irmã.

– Sakura? - ela a chamou. Sua voz estava trêmula.

– Bom dia, Yumi, o que aconteceu? - ela perguntou, mesmo sabendo exatamente o porquê de Yumi estar acordada aquela hora.

Sakura não poderia chutá-la para fora de seu quarto. Ela já estava vestida para a escola, sua mochila estava sobre seu ombro.

– Eu quero ir com você.

– São apenas seis horas da manhã, você ainda deveria estar dormindo. Tem aula hoje.

– Você também.

Correto, pensou Sakura.

– Sim, mas eu sou mais velha - esse argumento sempre funcionava - Além disso, eu estou indo nadar um pouco antes de ir para a escola, você ficaria entediada. Que tal você ir dar uma olhada no que Rayne está fazendo?

Naquele momento as vozes de seus pais ficaram mais altas e Sakura percebeu que Yumi estava visivelmente abalada.

– Ele não dormiu em casa novamente - disse ela, rapidamente - Por favor? - Yumi pediu levanto o lábio inferior para formar um beicinho.

Com aquele olhar Sakura não poderia lidar, então ela simplesmente disse um “ok” e se deu por vencida. Yumi sorriu para ela.

– Eu tenho uma ideia - Sakura disse - Por que não saímos para tomarmos café juntas?

– Sério? - a garotinha perguntou com os olhos brilhando de emoção.

– Sim.

Um enorme sorriso se formou em seu rosto.

(...)

Dez minutos depois Sakura e Yumi estavam sentadas uma de frente para a outra, em uma lanchonete no centro da cidade.

– Sakura - falou Yumi, hesitante, quando terminou de dar uma mordida em seu pequeno sanduíche. - Por que a mamãe e o papai brigam o tempo todo?

Sakura tomou um gole do seu café, buscando a melhor resposta para àquela pergunta.

– Eu… Eu não sei - ela respondeu honestamente. Ela sabia que precisava ganhar coragem para conversar com seus pais sobre o que realmente estava acontecendo. Parte dela queria ignorar as brigas deles, pois achava que logo tudo ficaria bem de novo, mas elas só aumentavam cada vez mais.

Yumi tinha apenas sete anos, não entendia muito bem tudo o que estava acontecendo, e aquilo estava a entristecendo. Rayne, seu irmão mais velho, mal parava em casa. Ela era a unica que poderia fazer alguma coisa em relação a isto.

– Oh, Sakura - ela disse suavemente - Você acha que eles vão se divorciar?

Sakura se surpreendeu com a pergunta.

– De onde você tirou essa ideia? E onde você ouviu sobre divorcio? Você tem apenas sete anos.

– Eu não sei - Yumi deu de ombros - Uma menina da minha escola me contou que os pais deles se divorciaram depois de brigarem o tempo todo.

– Olha, Yumi, eu não sei porque o papai e a mamãe tem brigado o tempo todo, mas isso não significa que eles irão se divorciar, ok?

A garotinha de olhos verdes acenou positivamente com a cabeça.

– Mas isso também não significa que eles não possam se divorciar?

– Sim - respondeu Sakura - Mas eu gosto de pensar que eles vão se acertar.

– Hey Sakura?

– Sim?

– Se a mamãe e o papai se amam tanto, porque eles passam o tempo todo brigando?

Sakura fez uma careta.

– Eu me pergunto isso também. Quando eu descobrir vou deixar você ser a primeira a saber.

– Tudo bem - disse Yumi - E você será a primeira a saber se eu descobrir.

Sakura riu. - Ótimo.

(...)

Sakura deixou a sala quando faltava dez minutos para sua aula acabar. Quando ela chegou ao seu armário, seu namorado, Sasori, estava lá. Ela sorriu quando ele se aproximou dela, mas seu sorriso desapareceu quando viu a expressão em seu rosto.

– O que foi? - ela suspirou. Enquanto esperava pela resposta dele, ela abriu seu armário e pegou seus livros.

– Você não me enviou nenhuma mensagem de texto.

– O quê? - ela perguntou chocada. Lembrou-se que havia falado com ele na noite passada. - O que você está dizendo? Nós conversamos por mensagem de texto durante toda à noite.

– Você não me mandou nenhuma mensagem de bom dia. Você se esqueceu ou alguma coisa assim?

– Oh - ela tinha esquecido de falar com ele - Sim, eu sinto muito. Meu dia não começou muito bem.

– Sério? Por que? Alguém se machucou? Deve ter acontecido algo muito ruim pra você não ter se lembrado do seu namorado.

– Ninguém se machucou, só meus pais que estavam brigando… - ela parou de repente - Olha, eu sinto muito. Não vou esquecer mais, prometo. Tudo bem?

Depois de ouvir isso, ele sorriu e se inclinou para beijá-la.

– Tudo bem pra mim - ele se afastou dela quando a campainha tocou - Vejo você na hora do almoço.

– Até depois - Disse Sakura.

Enquanto ela observava Sasori caminhar pelo corredor, ela começou a pensar sobre o seu relacionamento. Ela e Sasori estavam namorando desde maio, e ela gostava dele. Ele era bom pra ela. Levava flores sem motivo algum, levava ela para sair para diversos lugares divertidos, fazia tudo que uma garota espera do seu namorado. Ele era um pouco possessivo demais, mas Sakura se convenceu de que ele agia assim porque realmente gostava dela. Ela se sentia confortável e muito feliz com Sasori.

Muitas vezes, quando ela perdia o sono durante a noite, ela se perguntava eles foram feitos para ficarem juntos. Ela se perguntava quando iria sentir as borboletas no estômago com ele, se isso realmente existisse. Na maioria das vezes, ela só parava de pensar sobre isso quando seus pais iniciavam outra briga e começavam a gritar. Era estúpido se estressar com o seu relacionamento com Sasori quando ela sabia que não existia esse negócio de amor verdadeiro, relacionamentos da vida real nunca seriam como contos de fada ou como nos filmes.

(...)

A casa estava totalmente vazia quando Sakura chegou, ela agradeceu mentalmente, finalmente teria um pouco de paz. Esta era sua parte favorita do dia, porque era calmo e tranquilo, e ela conseguiria dormir por mais algumas horas. Quando seus pais voltavam do trabalho, a tensão ecoava pela casa como todas as noites.

Ela foi direto para seu quarto e jogou sua mochila no chão durante o caminho para à sua cama. Rapidamente ele se desfez de suas roupas antes de rastejar para de baixo das cobertas e adormecer.

Parecia que ela tinha acabado de fechar os olhos, quando sentiu algo balançar ela. Embora, quando ela abriu os olhos, não enxergou nada pois a luz do seu quarto ainda permanecia desligada.

Ela piscou seus olhos, por conta do sono e antes que pudesse ver o que estava acontecendo, ouviu sua mãe dizer:

– Sakura, o que pensa que está fazendo?

– O que está parecendo? Estou dormindo… Ou melhor, estava.

Mebuki suspirou alto.

– Você realmente precisa parar de dormir a essa hora, isso não é bom pro seu sistema imunológico, isso vai começar a afetar sua aparência e-

– Mãe - Sakura começou, sentando-se na cama - Eu não quero ouvir um sermão, ok? Estou bem, o que você quer?

– Yumi me disse que você a levou pra tomar café da manhã em uma lanchonete. Isso é verdade? - quando Sakura não respondeu, Mebuki acrescentou - Você precisa parar de fazer isso Sakura, não é saudável para ela, você nem sabe como é feita a comida nesses locais.

– Mãe, a gente só foi umas duas vezes desde o começo do ano, não acho que isso vai matá-la - falei indignada por ela estar tornando aquilo uma discussão.

– Não fale desse jeito comigo, Sakura.

– Eu não estou falando de jeito nenhum com você!

– Se você continuar a falar desse jeito comigo-

Sakura não sabia o que a fez fazer isso, mas ela saiu de sua cama, calçou seus tênis, e disse:

– Isso não teria acontecido, se você e a papai não a acordassem todas as manhãs com suas brigas.

Ela havia dito.

Ela finalmente havia parado de fingir que nada acontecia, parado de fingir-se de surda quando eles começavam a gritar. Sua mãe ficou ali, imóvel e Sakura aproveitou esse tempo para escapar. Sem dizer mais nada, ela deixou sua mãe ali de pé e saiu de casa na escuridão da noite.

Quando Sakura saiu de casa sabia que não havia sido uma boa ideia, mas ela se sentia mais em casa dentro do seu carro, do que em sua própria casa.

(...)

Durante o resto da noite, Sakura dirigiu ao redor da cidade, parando em parques para passear. Usando a lua como a lanterna, ela pensou sobre sua vida e se perguntou como tudo poderia deixar de ser perfeito e desmoronar em alguns meses.

Quando seus pés ficaram muito cansados e seu corpo muito frio, ela fez seu caminho para o seu lugar favorito longe de casa, The Hut panqueca. Era um restaurante a poucos quilômetros de distância de sua casa.

O Hut panqueca era velho. Havia sido criado no mesmo ano em que Sakura nasceu. Quando era mais jovem, seus pais a levavam lá e ela ao chegar perto do local pressionava o nariz contra a janela do carro, tentando sentir o cheiro das panquecas. Ela só tinha estado lá algumas vezes quando ela era pequena, principalmente em seu aniversário, porque sua mãe considerava aquele local imundo.

No dia em que Sakura tinha tirado sua carteira de motorista, ela foi até o restaurante. Finalmente, ela era capaz de pedir o que quisesse sem a mãe respirando no seu pescoço.E desde àquela noite, ela ia pelo menos uma vez por semana para beber uma xícara de café ou comer um pedaço de torta. Desde o verão passado, tornou-se quase um ritual noturno. Era bom ouvir o barulho de famílias felizes e casais, que ao invés de gritarem um com o outro, conversavam tranquilamente.

Sakura interrompeu seus pensamentos ao chegar no estacionamento do local, quando ela entrou no local o calor familiar da lanchonete fez com que ela seguisse seu caminho para o seu lugar favorito. Era uma mesa em um canto escondido da lanchonete, escondido da maioria das pessoas. Assim que ela sentou-se, pegou um de seus livros de sua bolsa e começou a ler.

Ela gostava de ler romances, porque eles tinham o que ela tão desesperadamente queria em sua vida: a paixão, e mesmo que não fosse possível, o amor. Ela sabia que ao ler aqueles livros, ela se decepcionava ainda mais pois nunca poderia viver aquilo. Com cada virada de página, as palavras fluiam como uma canção, e por um momento ela se tornou quem ela era antes de tudo começar a desmoronar. Uma menina que estava feliz e ainda acreditava que havia um cara lá fora, que faria suas pernas perderem as forças e borboletas aparecerem em seu estômago. Ela era uma menina que sonhava em encontrar o cara certo, porque ela ainda queria acreditar no amor verdadeiro.

Mas.

Ela não era mais aquela garota.

A leitura de Sakura foi interrompida quando alguém pousou uma xícara fumegante de café e um pedaço de torta na mesa.

– Uma torta para você, à moda da casa, como sempre.

Sakura sorriu, olhando para cima.

– Obrigado, Ayame - Ela pegou um garfo e cravou na torta, logo após o levou até a boca fechando os olhos ao sentir o gosto doce e azedo. Havia um pouco de framboesas e mirtilos e mais alguma coisa que ela nunca conseguiu descobrir. Manga, talvez? Ela engoliu e, em seguida, perguntou:

– Você nunca vai me dizer o que tem aqui?

– O que você acha?

– Uh... Que sim?

Ayame riu. - Boa tentativa, Sakura, e você sabe a resposta. Quantas vezes eu tenho que te dizer?

– Todos os dias, na verdade - disse Sakura, antes que de tomar um gole de seu café.

O sorriso de Ayame diminuiu um pouco com isso.

– Você vem muito aqui, Sakura - disse ela tristemente.

Sakura deu um leve sorriso, mas ela simplesmente não podia ir para casa. - Obrigada pela torta, Ayame.

Ayame deu um tapinha no ombro de Sakura antes de ir embora. Sakura sentou-se contra seu assento, retomando seu romance enquanto mordia ocasionalmente sua torta.

Era quase meia-noite, Sakura sabia por causa do vazio da lanchonete e o silêncio que havia substituído o barulho anterior, quando o seu celular tocou.

Ela olhou para a tela do seu telefone por alguns segundos surpresa por Shizune estar ligando para ela tão tarde. Sakura brincava com o cachorro dela, o Tonton, quando era mais nova e passava na frente de sua casa, até que um dia ela resolveu cumprimentá-la, ela acabou virando amiga de seus pais e eles começaram a se dar muito bem, ela era quase como se fosse da família.

– Olá? - ela respondeu confusa.

– Sakura? É a Shizune.

– Hey, Shizune.

– Eu espero que não tenha te acordado.

– Não, está tudo bem. Eu estava lendo.

– Ah, bom. Hum… - Shizune estava respirando profundamente, como se estivesse tentando se acalmar ou tentando não chorar. Ambas as possibilidades assustavam Sakura. Ela nunca havia ouvido Shizune falar daquele jeito.

– O que está acontecendo? - Sakura perguntou, quando parecia que Shizune não fosse falar.

Outra vez ela respirou profundamente.

– Houve uma emergência e eu preciso viajar para Getsu. Queria saber se você poderia cuidar de Tonton para mim.

– Claro.

– Oh, ótimo. Muito obrigada.

– Quanto tempo você vai ficar fora?

– Eu-eu estou muito triste, mas eu não tenho ideia. Comprei uma passagem só de ida. Deve ser apenas uma semana ou duas.

– Tudo bem. Pode levar quanto tempo quanto você precisar, não se preocupe.

– Obrigada. Meu voo sai às seis amanhã, por isso, se você pudesse apenas por algumas vezes alimentá-lo e levá-lo para passear, já está ótimo.

– Ótimo. Estou ansioso para vê-la de novo.

– Obrigada mais uma vez, Sakura. E desculpe pelo aviso tardio. Lembre-se, você sempre pode me ligar se precisar de alguma coisa.

– Ok. Boa Viagem, Shizune e não se preocupe com Tonton... Ele está em boas mãos.

– Obrigada. Tenha uma boa noite.

E então a linha ficou muda.


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